Estudando o Espiritismo

Observe os links ao lado. Eles podem ter artigos com o mesmo tema que você está pesquisando.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Semelhanças Entre a Fé e a Caridade

                                 
                     
                     Irmãs Gêmeas:
         
        Semelhanças Entre a Fé e a Caridade

                                                       Palestra  - Luiz Carlos Lemos

Meus irmãos,

Que a paz do Mestre Jesus esteja nos envolvendo a todos, neste momento, nesta oportunidade em que nos reunimos, mais uma vez, para estudar o Seu Evangelho, à luz da Doutrina dos Espíritos.

E que cada um de nós possa colocar-se em condições de ouvir, de entender e, sobretudo, de fazer, consigo mesmo, o firme propósito de tentar colocar em prática pelo menos parte dos ensinamentos que vamos estudar juntos.

Pela vida afora, angariamos muitos amigos, graças a Deus. Amigos de muitos lugares, de muitas etnias, de muitas crenças, que falam muitas línguas, que professam muitas e diferentes filosofias e religiões.

Amigos que são, Deus seja louvado, muito diferentes, uns dos outros.

Se eu digo “Deus seja louvado”, é porque é justamente nessas diferenças entres os nossos amigos, que encontramos um leque imenso de exemplos diferentes a seguir, de conceitos diferentes a considerar e a comparar, de coisas diferentes a aprender. Se todos os nossos amigos fossem iguais, bastaria que nós tivéssemos um só amigo, e nada mais teríamos a aprender. E isso, convenhamos, seria muito sem graça!...

No entanto, entre amigos tão diferentes, nós temos também a felicidade de possuir amigos que são muito, mas muito semelhantes entre si. São amigos nossos que são... irmãos gêmeos. E a convivência quase que diária com esses amigos gêmeos nos ensinou algo muito interessante: como é curioso, como é agradável, como é diferente estudar, observar e analisar os irmãos gêmeos! Por que?...

Justamente por causa das semelhanças! Porque na sua quase totalidade, a humanidade é composta de seres diferentes! Portanto, as diferenças entre as pessoas são... lugar comum. Diferente... todo mundo é! A semelhança, nesse caso, é que se torna a exceção.

Por exemplo: se passa por você, na rua, uma pessoa que não se parece em nada com Roberto Carlos, você nem nota essa diferença. Todo mundo é diferente de Roberto Carlos. Raríssimas pessoas têm o seu jeito de andar, o seu cabelo, a sua voz, o seu sorriso, o seu talento musical e poético...

No entanto, se passa por você, na rua, um sósia perfeito de Roberto Carlos, você pára na mesma hora para observar, para analisar, para detectar e comparar... as semelhanças! Se você for fã incondicional do trabalho do Roberto Carlos, você até se emociona! E, se você for um pouquinho mais atirado, você pede para tirar um foto, e pede até mesmo um autógrafo! E, se for atendido, vai ficar muito feliz!

Façam a experiência. Faça amizade com um par de gêmeos, e descubra o quanto você pode aprender com eles, através a análise de suas semelhanças.

Você aprenderá, por exemplo, que:

- Os irmãos gêmeos gostam de andar juntos.

- Os irmãos gêmeos têm, quase sempre, as mesmas preferências.

- Os irmãos gêmeos se preocupam um com o outro, e um quer sempre saber onde o outro está.

- Os irmãos gêmeos gostam de se vestir de maneira semelhante, para realçar ainda mais a sua condição de gêmeos.

- Os irmãos gêmeos têm um respeito muito grande um pelo outro.

- Os irmãos gêmeos se defendem mutuamente.

- Os irmãos gêmeos raramente competem entre si. Ao invés disso, eles se ajudam!

- Os irmãos gêmeos, com raríssimas exceções, nutrem um respeito muito grande pelos pais.

- Finalmente, com base na Codificação Kardequiana, os irmãos gêmeos ou são espíritos muito amigos, que escolheram livremente reencarnar nessa condição, ou são espíritos que já foram inimigos no passado, e que, agora, como gêmeos, estão lutando sinceramente pela reconciliação.

E como é bonito, como é saudável, como é gratificante termos amigos que se gostam, que se respeitam, que se preocupam uns com os outros, que se ajudam, e que buscam, através de uma convivência próxima e fraterna, a construção ou a reconstrução de uma amizade eterna!...

Pois bem, falando em Codificação Kardequiana, é bem lá, na Codificação, no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo décimo primeiro, “Amar ao Próximo Como a si Mesmo” que nós vamos encontrar o Espírito da Verdade nos dizendo:

A Terra, orbe de provação e de exílio, será então purificada e verá praticadas, na sua superfície, a Fé e a Caridade, que são virtudes filhas do amor.

Fé e Caridade, filhas do Amor. Linda imagem, de um belo conteúdo poético, mas, sobretudo, de uma verdade incontestável: A Fé e a Caridade são irmãs, posto que devem a sua existência a um único pai, que se chama amor. E, como nos ensinou João, “Deus é Amor”. ( João, 4 vv 8 e 16 )

Portanto, Fé e Caridade são dois magníficos presentes que recebemos da Bondade Infinita de Deus, o Senhor da Vida.

Como nós não temos condições de precisar qual delas – a Fé ou a Caridade – nasceu primeiro, preferimos pensar que elas são irmãs gêmeas. Que nasceram no mesmo momento mágico e maravilhoso em que Deus houve por bem criar as Virtudes!

Como boas irmãs gêmeas, a Fé e a Caridade são muito, muito parecidas. Vamos, pois, estudar hoje as semelhanças que podemos encontrar entre elas.

Quase sempre, a primeira imagem que nos vem à mente, quando falamos de Fé, é aquela célebre afirmação de Jesus:

“Se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível. (S. MATEUS, cap. XVII, vv. 20.)

A Sabedoria Popular, com o seu fantástico poder de síntese, reduziu essa afirmativa para “A fé remove montanhas”. Se a Fé remove montanhas, a Caridade, sua irmã gêmea, não ia ficar atrás. A Caridade também remove montanhas. Se não, vejamos:

Você conhece algo maior, mais pesado, mais doloroso, mais urgente, mais desconfortável que a fome?... Não essa fomezinha que a gente sente todo dia, logo antes do almoço ou do jantar. Não!... A fome de verdade, a fome de se sentir as energias abandonando o corpo físico, por falta de alimento e não se ter o alimento para repor essas energias. Essa fome que também se chama inanição. Essa fome quem prostra, paralisa e mata o indivíduo, seja ele racional ou não, tendo, inclusive, uma cruel preferência pelas crianças!

Se os sofrimentos podem ser considerados “pedras” em nosso caminho, a fome – pela sua extrema gravidade – pode ser considerada uma verdadeira montanha! Uma montanha que se abate sobre o indivíduo, como se fora uma avalanche, sufocando-o, esmagando-o e causando, muitas vezes, a sua morte!

Ah... mas se você pegar a Caridade que existe dentro de você – ela pode estar dormindo, mas ela está lá! – e transformá-la, materializá-la num belo prato de comida, num belo pedaço de pão, num belo de um copo d’água, então você terá removido – pelo menos momentaneamente – de sobre o seu irmão, a montanha da fome!

Você conhece algo mais triste, mais sufocante, mais terrível que a solidão? A solidão absoluta, sem tem com quem falar, a quem ouvir, como se comunicar? Para o ser humano, estar completamente sozinho, às vezes, é tão terrível quanto a fome.

Qual seria o motivo dessa nossa sensibilidade à solidão? É o instinto da sociabilidade, com o qual Deus nos presenteia, no momento da criação. Emmanuel nos fala, em Fonte Viva, que, se Deus quisesse que o homem vivesse sozinho, Ele teria destinado um planeta para cada um! Sendo Ele onipotente e sendo o universo infinito, poder e espaço é que não faltariam!...

Esse instinto de sociabilidade, como todos os outros, tem sua utilidade, seu objetivo. Ele nos é dado, primeiro, para que a espécie seja preservada, tenha continuidade, no aparecimento de novos indivíduos. Mas, num segundo momento, esse instinto faz, também, com que nós evoluamos intelectual, moral e espiritualmente, através do aprendizado que podemos fazer, uns com os outros.

Mesmo assim, há pessoas que, por uma infinidade de razões, vivem ou se vêem totalmente sozinhas. E como sofrem!... Há registros de casos em que pessoas, obrigadas a viverem muitos anos em completa solidão, simplesmente enlouqueceram. Do mesmo tamanho e do mesmo peso que a fome, a solidão também pode ser considerada uma montanha!

Ah!... Mas se você pegar a Caridade que está dentro de você – porque ela continua lá!... – e transforma-la em boa vontade, em iniciativa e ação... Se você sair do seu sofá, da frente da sua televisão, do seu computador, e for visitar alguém!... Se você dedicar algumas horas do seu tempo para levar conforto, atenção e diálogo, a alguém que esteja completamente só...

Se você for aos hospitais, aos asilos, aos orfanatos, aos presídios e – com a sua simples presença – levar um pouco de vida a quem está morrendo de solidão...

Então, a um custo relativamente baixo – bastou boa vontade e iniciativa – você terá removido de sobre os ombros do seu irmão mais uma enorme e pesadíssima montanha!

Você conhece algo mais constrangedor, mais humilhante, mais desumano que a nudez, por absoluta falta de recursos para adquirir qualquer espécie de roupa?... Você sabe o que é não ter – absolutamente nada para vestir? Outra montanha!...

Ah!... Mas com um par de roupas usadas e uma pequena porção de boa vontade, olha a sua caridade removendo-a dos ombros sofridos do seu irmão.

Foi pura e simplesmente para ressaltar esses aspectos da Caridade que Jesus afirmou:

“Pois eu estava com fome, e vocês me deram comida; eu estava com sede, e me deram água. Eu era estrangeiro, e me receberam na sua casa. Eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim. Eu estava na cadeia, e foram me visitar. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos e irmãs, foi a mim que fizeram." ( Mateus – 25: vv 35, 36 e 40).

Realmente, nesta linha de raciocínio, a Fé e a Caridade, ambas, removem montanhas!

Por outro lado, quando falamos em Fé, com base na Doutrina dos Espíritos, vamos encontrar o modelo de Fé que os Espíritos Superiores nos recomendam: A Fé Raciocinada.

No Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo XIX – “A Fé Transporta Montanhas” – vamos encontrar o Espírito da Verdade afirmando:

“A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”

Muito bem! Se a Fé precisa ser raciocinada... e a sua irmã gêmea, a Caridade, estaria isenta? Claro que não! A lógica nos leva a entender que a Caridade também pode – e deve! – ser raciocinada, pensada, refletida à luz da Razão.

Quem nos dá o parâmetro claro e incontestável para esse “Raciocínio da Caridade” é o Próprio Jesus, quando afirma, em Mateus 7 – vv 12.

“Façam aos outros somente o que querem que eles façam a vocês; pois isso é o que querem dizer a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas.”

Se um alcoólatra nos pede uma garrafa de bebida, não podemos atender, “em nome da caridade”. Se um toxicômano nos pede recursos para comprar as drogas em que ele se acha viciado, atendê-lo não será, absolutamente, caridade. Se um suicida nos pede uma arma para acabar com a própria existência, atendê-lo será... crime!...

Ao alcoólatra, ao toxicômano, ao suicida e a tantos outros irmãos nossos que, ainda desorientados, destroem-se a si próprios, das mais diversas formas, a Verdadeira Caridade seria a palavra, o conselho, o exemplo, o apoio moral, a oportunidade de se desvencilhar dos seus vícios e tendências auto-destrutivas.

Façamos Caridade sim, mas com critério, razão e lógica, proporcionando a quem nos solicita apenas aquilo que nós gostaríamos que nos fosse proporcionado!

Por fim, a Fé e a Caridade têm em comum, as mesmas características dos irmãos gêmeos que vimos no início da nossa reflexão:

A Fé e a Caridade gostam de andar juntas. Quem crê de verdade que Deus é Amor, jamais se omite de fazer o bem. Quem faz o bem sempre é movido por uma Força Maior, na Qual acredita, à Qual respeita e obedece. Onde encontramos a Fé, se olharmos com mais atenção, encontraremos também a Caridade. Onde encontramos a Caridade sendo praticada, não tenhamos dúvida: a Fé está presente!

A Caridade e a Fé têm, quase sempre, as mesmas preferências. Os humildes, os simples, os pobres de espírito, os não-orgulhosos crêem com muito mais facilidade. A Fé parece já ser uma característica inerente a eles. Pois são justamente eles os preferidos da Caridade, que os auxilia, que os socorre, que os ampara e reanima.

- A Fé e a Caridade preocupam-se uma com a outra. A Fé diz: “Sem a Caridade eu estou morta!” Já a Caridade diz; “Sem a Fé nada do que eu possa fazer terá sentido!”

- A Caridade e a Fé “vestem-se” de aparências muito semelhantes. Ambas são humildes, silenciosas, discretas, sem ostentação. Ambas são alegres, espontâneas e sinceras. Ambas têm, na simplicidade, o toque mágico que as faz serem tão bonitas.

- A Fé e a Caridade se respeitam. A Verdadeira Caridade considera como irmãos até mesmo aqueles que não têm fé! E a verdadeira Fé acredita na melhoria, na evolução daqueles que ainda não foram despertados para a Caridade!

- A Caridade e a Fé se defendem mutuamente! Com o auxílio da Fé, chegamos à prática da Caridade. Com o auxílio da Caridade – e de todas as suas benéficas conseqüências – fortalecemos, dia a dia, a nossa Fé!

 - A Fé e a Caridade não competem entre si. Não há mérito algum na Fé destituída de Caridade nem na Caridade que não se baseia na Fé. Portanto, as duas jogam no mesmo time, e são absolutamente necessárias para que o homem cresça moral e espiritualmente.

- A Caridade e a Fé devotam um respeito absoluto ao Pai, ao Criador de Tudo, pois sabem que a Ele devem a sua existência. É a Deus que a Caridade nos conduz. É para Deus que a Fé nos transporta!

- E, finalmente, a Fé e a Caridade escolheram existir juntas, amparando-se e fortalecendo-se mutuamente, em favor da Humanidade. É missão das duas, livremente aceita, zelar pelos homens e conduzi-los, todos, no devido tempo, ao reencontro com o Pai.

Paulo, quando nos fala das Virtudes, cita a Fé e a Caridade, dizendo:

“Ainda que eu tenha a Fé possível, até o ponto de transportar montanhas, se eu não tiver Caridade, eu nada sou.”

Fica patente aqui, reflitamos, a absoluta necessidade de cultivarmos simultaneamente essas duas virtudes: a Fé e a Caridade. As duas, juntas, funcionam. Isoladas, elas não conseguem tirar o homem da triste condição de um pássaro de uma só asa, que não conhece a maravilha de voar.

Portanto, meus irmãos, sejam a Fé e a Caridade essas nossas duas asas, neste nosso voar infinito, na direção d’Aquele que nos criou e nos mantém.

Sejam a Caridade e a Fé o nosso mapa, o nosso roteiro e os nossos guias, nesta peregrinação em que buscamos os Tesouros do Reino dos Céus.

Que Jesus nos abençoe!

                                           

Juiz de Fora – MG – 30 de março de 2.009

Nenhum comentário:

Postar um comentário