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Estudando o Espiritismo
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domingo, 27 de dezembro de 2015
Aborto Delituoso
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postada no blog "O Que Os Espíritos Dizem" (www.kardec.wordpress.com)
Eduardo escreveu perguntando o que os espíritos dizem sobre o aborto delituoso. Há, neste site, um item sobre o ABORTO. Abaixo, minha resposta ao leitor:
Prezado Eduardo,
A Doutrina Espírita tem como fundamento a pré-existência da alma e a continuidade da vida após esta vida. Então, não começamos aqui, nem terminamos aqui.
Partindo deste princípio, creio que é mais fácil para vc desenvolver o tema.
Uma vez que não começamos nossa história aqui, nem a terminamos aqui, precisamos pensar nas conseqüências de nossos atos não a nível imediatista, mas considerando que somos espíritos eternos.
Cada existência é, para o espírito, um estágio no seu adiantamento. Nas diferentes encarnações ele experimenta as mais diversas condições de vida, nascendo sob diferentes etnias, em diferentes condições sociais, experimentando e aprendendo.
As condições da nossa vida terrestre são CIRCUNSTANCIAIS. Entretanto, os amores são eternos. Não começam nesta vida, nem acabam aqui.
Carregamos conosco nossas afeições, torcemos e trabalhamos pelo progresso e pela felicidade daqueles que nos são caros, nesta vida, e além dela.
O espírito, quando revestido da carne, tem o benefício do esquecimento do passado, que a Misericórdia Divina nos concede, para “começarmos do zero” em cada nova encarnação.
Mas o esquecimento do passado é apenas temporário, e o espírito, quando retorna à Pátria Espiritual, recobra a consciência e reencontra-se com seus entes queridos, e com seus desafetos.
Entre os que se amam, o reencontro é uma benção, e todos sentem-se felizes com o progresso alcançado. Entre os que se odeiam, o reencontro é um momento de cobrança. Para ver-se livre do débito, o espírito terá que voltar em uma nova encarnação, onde precisará conviver com aqueles a quem prejudicou ou com os quais mantém diferenças, a fim de se acertarem.
O aborto delituoso traz tristes conseqüências, tanto entre espíritos que se amam, quanto entre espíritos que se odeiam.
A vida familiar na Terra é planejada no Plano Espiritual, antes do reencarne. O Livro dos Espíritos, no item “Fatalidade” (questões 851 a 867) nos explica que fatalidade não existe. “Fatalidade, só nascimento e morte”, dizem os Espíritos. Portanto, o espírito é livre para fazer suas escolhas, e com isso, ele traça seu caminho de felicidade ou de sofrimento.
Na questão 861, os Espíritos dizem, textualmente: “…sempre confundis duas coisas bastante distintas: os acontecimentos materiais da existência e os atos da vida moral. Se há fatalidade às vezes, é apenas no tocante aos acontecimentos materiais, cuja causa está fora de vós e que são independentes da vossa vontade. Quanto aos atos da vida moral, emanam sempre do próprio homem, que tem sempre, por conseguinte, a liberdade de escolha: para os seus atos não existe jamais a fatalidade”.
É importante refletir sobre isso. Não podemos dar essa desculpa… para TODOS os atos da vida do homem, NÃO SE APLICAM as desculpas que normalmente damos (“estava escrito”, ou “foi o meu destino” e, pior ainda “Deus quis assim”). Somos responsáveis por todos os nossos atos, e nossa felicidade ou infelicidade é RESULTADO EXCLUSIVAMENTE DE NOSSAS PRÓPRIAS ESCOLHAS.
Se não existe, então, fatalidade, existe o que chamamos de “pré-programação”. A pré-programação determina a família, o grupo social, o local do reencarne, a condição social inicial, pré-disposições orgânicas decorrentes de lesões ao perispírito (conseqüências de vidas anteriores). Uma vez estabelecidas essas pré-condições, com as quais o espírito concorda e muitas vezes participa dessas escolhas, ele retoma então a veste carnal, com o véu do esquecimento, que é uma oportunidade de “reescrever a sua história”.
Assim sendo, a “pré-programação” pode ser seguida ou não, em decorrência do nosso livre-arbítrio: podemos optar por realizar aquilo que nos propusemos, ou fugir da batalha.
Os espíritos que se amam ou que precisam reencarnar juntos para se acertarem, SABEM desta pré-programação, participam dela, concordam, e submetem-se à nova encarnação, com o firme propósito de caminharem e evoluírem, ajudando a outros espíritos, e acertando-se com aqueles que nos devem, ou de quem somos devedores.
O que ocorre com o espírito, entretanto, é que uma vez revestido da carne, muitas vezes ele se afasta de suas intenções iniciais, e deixa-se envolver pela satisfação imediatista de seus interesses materiais. É então, que uma gravidez inesperada, em um momento difícil, “não convém”, e muitos preferem atender aos interesses da matéria, do que aos do espírito.
Imaginem então, qual não será o arrependimento de um espírito que, ao voltar à Pátria Espiritual, percebe que negou a possibilidade de reencarnar a um espírito que lhe é muito caro, talvez um pai ou uma mãe de vida passada, que ficou no Plano Espiritual aguardando ser acolhido na Terra conforme combinado, mas que teve essa possibilidade ceifada quando já se ligava ao ventre materno…
E quais não serão, então, as conseqüências de se negar a possibilidade de reencarne e de reacerto a um espírito com o qual temos sérias diferenças, que poderiam ser aplacadas através de uma nova vida, um novo recomeço, com o esquecimento do passado, onde ódios podem ser transformados em amores…
A mãe, encarnada, pressentindo a aproximação de um espírito que foi seu inimigo em vida passada, e que vem agora como filho, muitas vezes repele o ser que está se formando dentro do seu ventre. Mas os laços de amor que unem mãe e filho na vida carnal podem aplacar os ódios que se criaram em existências pregressas, e é um ato de amor receber em seu ventre um espírito que foi seu inimigo, ou o causador de sua infelicidade em vida anterior. É preciso ter fé na vida e fé em Deus, e não temer a batalha.
Uma conseqüência muito comum, no Plano Espiritual, é que os espíritos abortados transformam-se em obsessores daqueles que lhes negaram a chance de recomeçar, contrariando o que haviam se comprometido a fazer, em comum acordo… Sobre isso, leia-se o post http://www.oqueosespiritosdizem.com.br/index.php/o-que-os-espiritos-dizem/sobre-comportamento-e-carma/272-aborto#.Udbx06xknHU
Uma outra conseqüência deste ato pode se dar em uma vida posterior, na qual a mãe que praticou o aborto não poderá engravidar, ou terá filhos natimortos, ou os perderá em tenra idade. Tudo isso para aprender o valor da maternidade…
O homem não é menos culpado, e todo aquele que não assumir suas responsabilidades de pai, ou então insuflar a prática do aborto delituoso, sofrerá também as conseqüências, com a perda de filhos, com a falta de fertilidade, ou com a ingratidão dos filhos em existência futura.
Não existe o acaso na casa do Pai, nos disse Jesus. Não há ação sem reação, não há mal que passe incólume pela Justiça Divina. Mas essa justiça é revestida de AMOR, e é através das vidas sucessivas, que devem ser encaradas como POSSIBILIDADES DE REACERTO, que Deus nos ensina, pela prática, a seguir os preceitos do Cristo: fazer aos outros como gostaríamos que os outros nos fizessem.
Sempre temos que nos colocar no lugar do outro, especialmente quando se trata de uma decisão tão séria quanto permitir ou não a VIDA.
Cada nova encarnação é um passaporte em branco – podemos ir onde quisermos, depende de nós. As condições gerais do espírito são pré-estabelecidas, mas as possibilidades do espírito são ilimitadas. Cabe ao espírito fazer de sua história um sucesso, um hino de amor, ou então um mar de angústias e sofrimentos. Depende de suas próprias escolhas. Ninguém está fadado ao sofrimento eterno, o fracasso intransponível não é uma determinação divina, pelo contrário: Deus nos criou para a luz e para a felicidade. Podemos sempre “virar a mesa” transformar situações difíceis em exemplos de vitória, e temos visto isso incontáveis vezes, em todas as épocas. A felicidade não mora em castelos, ou em espaços físicos determinados. Não está em um país, em uma cidade, neste ou naquele grupo social, nesta ou naquela facilidade material. A felicidade mora dentro de cada um de nós.
Assim sendo, mesmo renascendo em condições difíceis, em locais inóspitos, podemos avançar muito em nosso progresso espiritual, pois Deus não nos perguntará quantos bens materiais conseguimos acumular, mas sim quantas dores conseguimos aplacar, quantos corações acalentamos, quanto de nossas paixões inferiores conseguimos dominar.
O espiritismo, se por um lado nos abre os olhos para as conseqüências de nossos atos, impedindo muitos abortos e muitos suicídios, por outro nos conforta a alma, mostrando que a finalidade da vida é o progresso e a felicidade, e tudo o que passamos, mesmo quando consideramos provas árduas, não passam de possibilidades de reacerto e de evolução.
por Liz Bittar
Todos os textos, áudios e artigos do site O Que Os Espíritos Dizem têm o intuito exclusivo de estudar e divulgar a doutrina espírita. A veiculação destes materiais é livre, desde para fins de estudo, pesquisa e divulgação do espiritismo. A comercialização de qualquer um desses materiais e conteúdos é proibida. Ao inserir áudios e textos de O Que Os Espíritos Dizem no seu site, por favor lembre-se de citar a fonte/autoria e o endereço do site www.oqueosespiritosdizem.com.br
Obrigada.
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Complementação:
LIVRO DOS ESPÍRITOS, UNIÃO DA ALMA COM O CORPO
O Livro dos Espíritos nos fala do Aborto no Capítulo VII do Livro Segundo: Retorno à Vida Corporal. No tópico II, “União da Alma com o Corpo – Abortos”, as questões 344 a 360 tratam especificamente do aborto (do ponto de vista do espírito que está prestes a renascer).
O aborto delituoso é abordado na questão 358, a saber:
Questão 358: “O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção?”
Resposta dos Espíritos: “Há sempre crime, quando se transgride a lei de Deus. A mãe, ou qualquer pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar a vida à criança antes do seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser o instrumento.”
Questão 344: Em que momento a alma se une ao corpo?
Resposta dos Espíritos: “A união começa na concepção, mas não se completa senão no instante do nascimento, Desde o momento da concepção, o espírito designado para tomar determinado corpo a ele se liga por um laço fluídico que se vai encurtando cada vez mais, até o instante em que a criança vem à luz; o grito que então se escapa de seus lábios anuncia que a criança entrou para o número dos vivos e dos servos de Deus”.
O Livro dos Espíritos está disponível no endereço http://livrodosespiritos.wordpress.com
O item em questão encontra-se no link http://livrodosespiritos.wordpress.com/mundo-dos-espiritos/cap-7-retorno-a-vida-corporal/ii-uniao-da-alma-com-o-corpo/
O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XIV, “Honra a teu pai e a tua mãe”, nos traz dois lindos itens, PARENTESCO CORPORAL E ESPIRITUAL, e A INGRATIDÃO DOS FILHOS E OS LAÇOS DE FAMÍLIA, leitura imprescindível para todos os que desejam compreender as implicações morais de nossos atos na vida familiar terrestre.
Reproduzo, a seguir, um desses itens:
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
CAPÍTULO XIV – HONRA A TEU PAI E A TUA MÃE
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: A INGRATIDÃO DOS FILHOS E OS LAÇOS DE FAMÍLIA
9. A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta sempre os corações honestos. Mas, a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais odioso. E, em particular, desse ponto de vista que a vamos considerar, para lhe analisar as causas e os efeitos. Também nesse caso, como em todos os outros, o Espiritismo projeta luz sobre um dos grandes problemas do coração humano.
Quando deixa a Terra, o Espírito leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza e se aperfeiçoa no espaço, ou permanece estacionário, até que deseje receber a luz. Muitos, portanto, se vão cheios de ódios violentos e de insaciados desejos de vingança; a alguns dentre eles, porém, mais adiantados do que os outros, é dado entrevejam uma partícula da verdade; apreciam então as funestas conseqüências de suas paixões e são induzidos a tomar resoluções boas. Compreendem que, para chegarem a Deus, lima só é a senha: caridade. Ora, não há caridade sem esquecimento dos ultrajes e das injúrias; não há caridade sem perdão, nem com o coração tomado de ódio.
Então, mediante inaudito esforço, conseguem tais Espíritos observar os a quem eles odiaram na Terra. Ao vê-los, porém, a animosidade se lhes desperta no íntimo; revoltam-se à idéia de perdoar, e, ainda mais, à de abdicarem de si mesmos, sobretudo à de amarem os que lhes destruíram, quiçá, os haveres, a honra, a família. Entretanto, abalado fica o coração
desses infelizes. Eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários. Se predomina a boa resolução, oram a Deus, imploram aos bons Espíritos que lhes dêem forças, no momento mais decisivo da prova.
Por fim, após anos de meditações e preces, o Espírito se aproveita de um corpo em preparo na família daquele a quem detestou, e pede aos Espíritos incumbidos de transmitir as ordens superiores permissão para ir preencher na Terra os destinos daquele corpo que acaba de formar-se. Qual será o seu procedimento na família escolhida? Dependerá da sua maior ou menor persistência nas boas resoluções que tomou. O incessante contacto com seres a quem odiou constitui prova terrível, sob a qual não raro sucumbe, se não tem ainda bastante forte a vontade. Assim, conforme prevaleça ou não a resolução boa, ele será o amigo ou inimigo daqueles entre os quais foi chamado a Viver. E como se explicam esses ódios, essas repulsões instintivas que se notam da parte de certas crianças e que parecem injustificáveis. Nada, com efeito, naquela existência há podido provocar semelhante antipatia; para se lhe apreender a causa, necessário se torna volver o olhar ao passado.
Ó espíritas! compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteiraivos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a comprirdes. Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bemestar futuro. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda? Se por culpa Vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando de vós dependia que fosse ditoso. Então, vós mesmos, assediados de remorsos, pedireis vos seja concedido reparar a vossa falta; solicitareis, para vós e para ele, outra encarnação em que o cerqueis de melhores cuidados e em que ele, cheio de reconhecimento, vos retribuirá com o seu amor.
Não escorraceis, pois, a criancinha que repele sua mãe, nem a que vos paga com a ingratidão; não foi o acaso que a fez assim e que vo-la deu. Imperfeita intuição do passado se revela, do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para expiar. Mães! abraçai o filho que vos dá desgostos e dizei convosco mesmas: Um de nós dois é culpado. Fazei-vos merecedoras dos gozos divinos que Deus conjugou à maternidade, ensinando aos vossos filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas oh! muitas dentre vós, em vez de eliminar por meio da educação os maus princípios inatos de existências anteriores, entretêm e desenvolvem esses princípios, por uma culposa fraqueza, ou por descuido, e, mais tarde, o vosso coração, ulcerado pela ingratidão dos vossos filhos, será para vós, já nesta vida, um começo de expiação.
A tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não exige o saber do mundo.
Podem desempenhá-la assim o ignorante como o sábio, e o Espiritismo lhe facilita o desempenho, dando a conhecer a causa das imperfeições da alma humana.
Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que corta os rebentos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. Se deixarem se desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem de serem mais tarde pagos com a ingratidão. Quando os pais hão feito tudo o que devem pelo adiantamento moral de seus filhos, se não alcançam êxito, não têm de que se inculpar a si mesmos e podem conservar tranqüila a consciência. A amargura muito natural que então lhes advém da improdutividade de seus esforços, Deus reserva grande e imensa consolação, na certeza de que se trata apenas de um retardamento, que concedido lhes será concluir noutra existência a obra agora começada e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor. (Cap. XIII, nº 19.)
Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade. Com efeito, quantos há que, em vez de resistirem aos maus pendores, se comprazem neles. A esses ficam reservados o pranto e os gemidos em existências posteriores. Admirai, no entanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Vem um dia em que ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os braços para receber o filho pródigo que se lhe lança aos pés. As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus. E um momento supremo, no qual, sobretudo, cumpre ao Espírito não falir murmurando, se não quiser perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de vencerdes, a fim de vos deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do mundo terrestre, quando entrardes no mundo dos Espíritos, sereis aí aclamados como o soldado que sai triunfante da refrega.
De todas as provas, as mais duras são as que afetam o coração. Um, que suporta com coragem a miséria e as privações materiais, sucumbe ao peso das amarguras domésticas, pungido da ingratidão dos seus. Oh! que pungente angústia essa! Mas, em tais circunstâncias, que mais pode, eficazmente, restabelecer a coragem moral, do que o conhecimento das causas do mal e a certeza de que, se bem haja prolongados despedaçamentos d’alma, não há desesperos eternos, porque não é possível seja da vontade de Deus que a sua criatura sofra indefinidamente? Que de mais reconfortante, de mais animador do que a idéia que de cada um dos seus esforços é que depende abreviar o sofrimento, mediante a destruição, em si, das causas do mal? Para isso, porém, preciso se faz que o homem não retenha na Terra o olhar e só veja uma existência; que se eleve, a pairar no infinito do passado e do futuro. Então, a justiça infinita de Deus se vos patenteia, e esperais com paciência, porque explicável se vos torna o que na Terra vos parecia verdadeiras monstruosidades. As feridas que aí se vos abrem, passais a considerá-las simples arranhaduras. Nesse golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família se vos apresentam sob seu aspecto real. Já não vedes, a ligar-lhes os membros, apenas os frágeis laços da matéria; vedes, sim, os laços duradouros do Espírito, que se perpetuam e consolidam com o depurarem-se, em vez de se quebrarem por efeito da reencarnação.
Formam famílias os Espíritos que a analogia dos gostos, a identidade do progresso moral e a afeição induzem a reunir-se. Esses mesmos Espíritos, em suas migrações terrenas, se buscam, para se gruparem, como o fazem no espaço, originando-se daí as famílias unidas e homogêneas. Se, nas suas peregrinações, acontece ficarem temporariamente separados, mais tarde tornam a encontrar-se, venturosos pelos novos progressos que realizaram. Mas, como não lhes cumpre trabalhar apenas para si, permite Deus que Espíritos menos adiantados encarnem entre eles, a fim de receberem conselhos e bons exemplos, a bem de seu progresso.
Esses Espíritos se tornam, por vezes, causa de perturbação no meio daqueles outros, o que constitui para estes a prova e a tarefa a desempenhar.
Acolhei-os, portanto, como irmãos; auxiliai-os, e depois, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará por haver salvo alguns náufragos que, a seu turno, poderão salvar outros. – Santo Agostinho. (Paris, 1862.)
O Evangelho Segundo o Espiritismo está disponível no endereço http://evangelhoespirita.wordpress.com
O item em questão encontra-se no link http://evangelhoespirita.wordpress.com/capitulos-1-a-27/cap-14-honra-a-teu-pai-e-a-tua-mae/instrucoes-dos-espiritos/i-a-ingratidao-dos-filhos-e-os-lacos-de-familia/
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