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Estudando o Espiritismo
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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
A LEI DIVINA OU NATURAL
3ª AULA
TEMA:
A LEI DIVINA OU NATURAL
PARTE A
Caracteres, Divisão e Conhecimento da Lei Divina ou Natural
O Bem e o Mal
Caracteres da Lei Natural:
O que se deve entender por lei natural?
– A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem; ela lhe indica o que deve ou não fazer, e ele é infeliz somente quando se afasta dela. (L.E, questão 614)
Todos os fenômenos, físicos e espirituais, regem-se por leis soberanamente justas e sábias, seja no nosso mundo, seja fora dele e em todo o Universo. Tais leis formam, em seu conjunto, o que conhecemos como Lei Divina ou Natural, que é eterna e imutável como o próprio Deus.
Embora possamos pensar, em razão de uma análise superficial, que a Lei Divina sofra transformações, ela não é mutável. Só as leis estabelecidas pelo homem é que o são, porque são leis imperfeitas e sujeitas às modificações inerentes ao progresso.
À medida que os seres humanos evoluem, quer moralmente, quer intelectualmente, compreendem melhor a Lei Natural e passam a reformular antigos conceitos. Para isso, no entanto, fazem-se necessárias numerosas existências corporais, até que cheguem à categoria de Espíritos Superiores ou à categoria de Espíritos Puros, quando reunirão os conhecimentos indispensáveis a esse mister.
Divisão da Lei Natural:
A Lei Natural abarca dois tipos principais de leis:
I. As leis fisicas, que regulam o movimento e as relações da matéria bruta e cujo estudo pertence ao domínio da Ciência propriamente dita.
II. As leis morais, que dizem respeito ao homem considerado em si mesmo e em suas relações com o Criador e com os seus semelhantes.
Apesar de a Lei Natural compreender tudo o que existe na obra da criação, a maioria dos homens, no estágio evolutivo em que nos encontramos, não a conhece bem. É por isso que em todas as épocas da história humana tem Deus enviado ao planeta Espíritos missionários que, reencarnados nas diferentes áreas do saber, vêm até nós para no-la ensinar.
Desde as épocas mais remotas a Ciência tem-se dedicado exclusivamente ao estudo dos fenômenos do mundo fisico, suscetíveis de serem examinados pela observação e pela experimentação, deixando a cargo da Religião o trato das questões metafisicas e espirituais.
Com o progresso intelectual verificado nos últimos tempos ocorreu um distanciamento pronunciado entre a Ciência e a Religião, coisa que não deveria se dar, porque ambas são expressões da Lei Natural a que todos nós estamos submetidos.
Quanto mais o homem desenvolve suas faculdades intelectuais e aprimora suas percepções espirituais, tanto mais ele se vai inteirando de que o mundo fisico, esfera de ação da Ciência, e a ordem moral, objeto especulativo da Religião, guardam íntimas e profundas relações, concorrendo ambas para a harmonia universal, mercê das leis sábias, eternas e imutáveis que os regem, como sábio, eterno e imutável é o Seu legislador.
É assim que podemos verificar, sobretudo nos últimos anos, que a importância de determinados valores especialmente caros à idéia religiosa - como o afeto, a religiosidade, o amor e a solidariedade - tem sido comprovada por meio de pesquisas realizadas por vultos eminentes da Ciência terrena, fato que concorre para que se concretize um dia, que não está distante, a aliança entre a Ciência e a Religião, antevista por Allan Kardec na passagem seguinte:
"São chegados os tempos em que os ensinos do Cristo devem ter a sua execução; em que o véu propositadamente lançado sobre alguns pontos desses ensinos deve ser erguido; em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, tem de levar em conta o elemento espiritual, e em que a Religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, reconheça que estas duas forças se amparam uma à outra e seguem harmonicamente, prestando-se mútuo auxílio. A Religião, já não sendo mais desmentida pela Ciência, adquirirá então uma força invulnerável, porque estará de acordo com a razão e terá a seu favor a irresistível lógica dos fatos." (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 1, item 8.)
Conhecimento da Lei Natural:
O conhecimento da Lei Divina ou Natural faz parte do progresso espiritual do homem. Revelada através dos tempos gradualmente, não se submete às injunções transitórias das paixões humanas, que sempre desejaram padronizá-las à sua própria vontade, submetendo-a a sua desonesta determinação.
Rodolfo Calligaris, no seu livro "As Leis Morais", no capítulo "As leis morais da vida", nos ensina que: "Ninguém contesta ser absolutamente indispensáveis habituar-nos pouco a pouco, com a intensidade da luz para que ela nos deslumbre e nos deixe cegos. A verdade, do mesmo modo, para que seja útil precisa ser revelada conformidade com o grau de entendimento de cada um de nós; dai não ter sido imposta. Ela sempre está ao alcance de todos, igualmente dosada"
Por outro lado não basta que apenas nos informemos a respeito da lei divina. É necessário que a compreendamos no seu verdadeiro sentido, para que possamos observá-la. Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem. Os homens de bem e os que se decidem a investigá-la são os que melhor a compreendem. Todos, entretanto, a compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso se efetue.
Por compreender isso foi que Paulo, em sua primeira epístola aos Coríntios (13: 11), se expressou desta forma: "Quando eu era menino, falava como menino, julgava como menino, discorria como menino; mas depois que cheguei a ser homem feito deixei de lado as coisas que eram de menino"
E, aqui, outra contribuição do Espiritismo a humanidade, pois segundo ensinamentos, em todas as épocas e em todos os quadrantes da Terra, sempre houve homens de bem inspirados por Deus para auxiliarem a marcha evolutiva da humanidade. Dentre todos, porém, foi Jesus o modelo da misericórdia divina.
O Bem e o Mal:
Conceito:
Bem - Designa, em geral, o acordo entre o que uma coisa é com o que ela deve ser. É a atualização das virtualidades inscritas na natureza do ser. Relaciona-se com perfeito e com perfectibilidade. Segundo o Espiritismo, tudo o que está de acordo com a lei de Deus.
Mal - Para a moral, é o contrário de bem. Aceita-se, também, como mal, tudo o que constitui obstáculo ou contradição à perfeição que o homem é capaz de conceber, e, muitas vezes, de desejar. Segundo, o Espiritismo tudo o que não está de acordo com a lei de Deus
Na questão 629 de L.E, os Espíritos nos apresentam a definição de Moral:
“A moral é a regra de conduta e, portanto da distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observação da lei de Deus. O homem se conduz bem quando faz tudo tendo em vista o bem e para o bem de todos, porque então observa a lei de Deus".
O escuro é ausência da luz. "Faça-se a luz e a luz se fez" (VT, Gênesis, cap. 1); a infelicidade é a ausência da felicidade; o frio é a ausência do calor, o mal é a ausência do bem, assim como ódio é a ausência do amor; portanto, não existe a escuridão, a infelicidade e o mal e muitos menos o ódio. Podemos ter certeza que nossos inimigos são aquelas pessoas que ainda não descobriram que nos amam.
De acordo com a Doutrina Espírita, o problema do bem e do mal está relacionado com as leis de Deus e o progresso alcançado pelo Espírito ao longo de suas várias encarnações.
Muitos pensam que Deus, que é o criador do mundo e de tudo o que existe, também é o criador do mal. Para tanto, as religiões dogmáticas elaboraram uma série de raciocínios sobre a demonologia, ou seja, o tratado sobre o diabo. Baseando-nos nessas imagens, seríamos forçados a crer que existem dois deuses, digladiando-se reciprocamente. A lógica e os ensinamentos espíritas apontam-nos, porém, para a existência de um único Deus, que é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Como um de seus atributos é ser infinitamente bom, Ele não poderia conter a mais insignificante parcela do mal. Assim, Dele não pode provir a origem do mal. Mas o mal existe e deve ter uma origem.
O mal existe e tem uma causa. Há, porém, males físicos e morais. Há os que não se pode evitar (flagelos) e os que se podem evitar (vícios.).
Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. No que tange aos flagelos naturais, o homem recebeu a inteligência e com ela consegue amenizar muito desses problemas.
No sentido moral, o mal só pode estar assentado numa determinação humana, que se fundamenta no livre-arbítrio. Enquanto o livre-arbítrio não existia, o homem não cometia o mal, porque não tinha responsabilidades pelas suas ações. O livre-arbítrio é uma conquista do Espírito e, consequentemente geram nossas escolhas.
Não podemos esquecer que "fazer o bem não é apenas ser caridoso, mas ser útil na medida do possível, sempre que o auxílio se faça necessário". (L.E questão 643)
Allan Kardec diz acertadamente que toda religião que não melhora o homem não atinge a sua finalidade. A pureza verdadeira é sempre a pureza moral, a única que aprimora o Espírito.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, Livro 3°, cap. I, questões 614, 647 e
648;
KARDEC, Allan - A Gênese – cap. III, itens 1 a 10; cap. XI, itens 33e 34; cap. XV, item 2;
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. XV; itens 4,5 e 6; cap. XVII, itens 1 a 3 e 7;
PARTE B
MÃOS LAVADAS
“Então chegaram a ele uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo: Por que violam os teus discípulos a tradição dos antigos? Pois não lavam as mãos quando comem o pão. E ele, respondendo, lhes disse: E vós também, por que transgredis o mandamento de Deus, pela vossa tradição? Porque Deus disse: Honra a teu pai e a tua mãe, e o que amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, morra de morte. Vós outros, porém, dizeis: Qualquer que disser a seu pai ou a sua mãe: Toda a oferta que faço a Deus te aproveitará a ti, está cumprindo a lei. Pois é certo que o tal não honrará a seu pai ou a sua mãe. Assim é que vós tendes feito vão os mandamentos de Deus, pela vossa tradição. Hipócritas, bem profetizou de vós outros Isaías, quando diz: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão, pois, me honram, ensinando doutrinas e mandamentos que vêm dos homens. E chamando a si as turbas, lhes disse: Ouvi e entendei. Não é o que entra pela boca o que faz imundo o homem, mas o que sai da boca, isso é o que faz imundo o homem. Então, chegando-se a ele os discípulos, lhe disseram: Sabes que os fariseus, depois que ouviram o que disseste, ficaram escandalizados? Mas ele, respondendo, lhes disse: Toda a planta que meu Pai não plantou será arrancada pela raiz. Deixai-os; cegos são, e condutores de cegos. E se um cego guia a outro cego, ambos vêm a cair no barranco. E respondendo Pedro, lhe disse: Explica-nos essa parábola. E respondeu Jesus: Também vós outros estais ainda sem inteligência? Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce ao ventre, e se lança depois num lugar escuso? Mas as coisas que saem da boca vêm do coração, e estas são as que fazem o homem imundo; porque do coração é que saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as fornicações, os furtos, os falsos testemunhos, as blasfêmias. Estas coisas são as que fazem imundo o homem. O comer, porém, com as mãos por lavar, isso não faz imundo o homem." (Mateus. XV:1-20).
"E quando Jesus estava falando, pediu-lhe um fariseu que fosse jantar com ele, e havendo entrado, sentou-se à mesa. E o fariseu começou a discorrer lá consigo mesmo sobre o motivo por que não se tinha lavado antes de comer. E o Senhor lhe disse: Agora vós outros, os fariseus, limpais o que está por fora do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio de rapina e de maldade. Néscios, quem fez tudo o que está de fora não fez também o que está de dentro?" (Lucas, XI: 37-40).
Os Judeus haviam negligenciado os verdadeiros mandamentos de Deus, apegando-se à prática de regras estabelecidas pelos homens, e das quais os rígidos observadores faziam casos de consciência. O fundo, muito simples, acabara por desaparecer sob a complicação da forma. Como era mais fácil observar a prática dos atos exteriores, do que se reformar moralmente, de lavar as mãos do que limpar o coração, os homens se iludiam a si mesmos, acreditando-se quites com a justiça de Deus, porque se habituavam a essas práticas e continuavam como eram, sem se modificarem, pois lhes ensinavam que Deus não exigia nada mais. Eis porque o profeta dizia: "É em vão que esse povo me honra com os lábios, ensinando máximas e mandamentos dos homens".
Assim também aconteceu com a doutrina moral do Cristo, que acabou por ser deixada em segundo plano, o que faz que muitos cristãos, à semelhança dos antigos judeus, creiam que a sua salvação está mais assegurada pelas práticas exteriores do que pelas da moral.
É a esses acréscimos que os homens fizeram à lei de Deus, que Jesus se refere, quando diz: "Toda a planta que meu Pai não plantou, será arrancada pela raiz".
A finalidade da religião é conduzir o homem a Deus. Mas o homem não chega a Deus enquanto não se fizer perfeito. Toda religião, portanto, que não melhorar o homem, não atinge a sua finalidade. Aquela em ele pensa poder apoiar-se para fazer o mal, é falsa ou foi falseada no seu início. Esse é o resultado a que chegam todas aquelas em que a forma supera o fundo. A crença na eficácia dos símbolos exteriores é nula, quando não impede os assassínios, os adultérios, as espoliações, as calúnias e a prática do mal ao próximo, seja qual for. Ela faz supersticiosos, hipócritas e fanáticos, mas não faz homens de bem.
Não é suficiente ter as aparências da pureza, é necessário antes de tudo ter a pureza de coração.
“Porque a sua boca fala o de que está cheio o coração.” (Lucas: 6-45).
"Ouvi e entendei. Não é o que entra pela boca o que faz imundo o homem, mas o que sai da boca, isso é o que faz imundo o homem". (Mateus, XV: 1-20)
É muito mais fácil observarem-se preceitos materiais do que os preceitos morais. Isso porque os preceitos materiais se apóiam em formalidades exteriores, em ritos, em ostentação, em exibição, em extravasamento de orgulho, de egoísmo e de vaidade. Ao passo que a observância de preceitos morais apóia-se na regeneração intima do indivíduo; sem a reforma intima não é possível praticá-los.
Por isso, muitos são os que negligenciam as Leis de Deus, apegando-se a prática de regras estabelecidas pelos homens. É a esses que Jesus se dirige na lição.
Os preceitos materiais constituem doutrina, regras e convenções moldadas segundo a conveniência da casta sacerdotal dominante. Sua finalidade é fazer com que o fundo dos Mandamentos de Deus desapareça sob a complicação da forma, que melhor lhe convém.
As palavras de Jesus proferidas naquela época continuam atualíssimas. Por isso, segundo se lê em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VIII, item 10 - "Como era mais fácil observar a prática dos atos exteriores, do que reformar-se moralmente", de "lavar as mãos do que limpar o coração, os homens se iludiam a si mesmos, acreditando-se quites com a justiça de Deus, porque se habituavam a essas práticas e continuavam como eram, sem se modificarem, pois lhes ensinam que Deus não exigia nada mais". Eis porque o profeta dizia: "É em vão que esse povo me honra com os lábios, ensinando máximas e mandamentos dos homens" (Isaías 29: 13).
A transgressão de um preceito higiênico físico em nada é comparada com a transgressão de uma lei moral. Quando os homens se acomodam e aceitam lideranças sem analisar, todo o resultado é falseado e a fé acaba não se aliando à razão. Quase sempre, quando inquiridos sobre esta ou aquela razão de agir, não sabem responder, mas continuam fanáticos.
“Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” (Paulo, Romanos, 12:21)
BIBLIOGRAFIA:
Kardec, Allan - "O Evangelho Segundo o Espiritismo" – Cap. VIII, itens 8 a 10;
Emmanuel (Espírito), "Segue-me - Lições", item: O Bem que não foi feito, Os Sábios Reais, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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