Estudando o Espiritismo

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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Inconsciente - Adenáuer

Inconsciente (1)

- Constitui-se de conteúdos sem energia psíquica suficiente para atingir a consciência. É a parte da  psiquê onde se encontram os conteúdos arquetípicos. Jung diz que o inconsciente  “é a fonte de todas  as forças instintivas da psique”. Seu conteúdo não está relacionado de modo perceptível com o eu. No inconsciente está tudo que sei, mas que não estou pensando no momento ou que esqueci; tudo que é captado subliminarmente, mas não percebido; tudo o que faço involuntariamente bem como novas elaborações psíquicas a partir do material existente. Neste último caso atribui-se uma função criativa ao inconsciente. Tudo isso poderá se tornar consciente algum dia. Muitas vezes estar com os conteúdos inconscientes acessíveis à consciência poderá provocar sintomas psicóides. Os conteúdos inconscientes, dispostos de forma simbólica, quando acessíveis pela consciência, deverão sofrer a necessária interpretação. Jung colocou que existem duas espécies de inconsciente: o pessoal e o coletivo. O pessoal é formado pelas experiências, reprimidas ou não, que o indivíduo tem em sua vida consciente desde a infância. O coletivo é resultante das experiências da humanidade sedimentadas na psiquê coletiva, pela hereditariedade. Os conteúdos do inconsciente coletivo, para Jung, não podiam ser adquiridos individualmente, mas coletivamente. Para ele toda a mitologia seria uma espécie de projeção do inconsciente coletivo ou psiquê objetiva.

Consciência e Inconsciente (2)

       Consciência, por um lado, é consciência do eu, por outro é campo de registros. Pode-se afirmar que não há propriamente uma consciência, mas sim um campo de acesso pelo eu. Esse campo varia para cada indivíduo de acordo com suas capacidades evolutivas. Por outro lado o inconsciente seria a parte do ser humano não acessível diretamente pelo eu, portanto fora do campo da consciência. Em conseqüência, consciente e inconsciente se referem a um único todo. 
     A consciência, como o inconsciente, é uma espécie de filtro de entrada e saída de registros informacionais e de sentimentos do Espírito. Não são campos reais, mas virtuais, pois não se tratam de entes materiais e estáticos. Contêm registros que se perderão ao longo da evolução do Espírito.
     Não se situam no Espírito, mas nas ‘camadas’ superficiais e profundas do perispírito e são acessáveis por mecanismos sutis, desenvolvidos nas experiê ncias de contato com a matéria. 
        O termo inconsciente é incompleto e indefinido, pois pretende conceituar algo negando outro. É como querer descrever uma cadeira dizendo que ela não é uma mesa. O inconsciente é, no entanto, a expressão usual para designar a codificação transitória das experiências que o ser espiritual, encarnado ou desencarnado, vive na sua relação com o mundo. Ele pertence ao domínio perispiritual que se estrutura em redes conectadas por “nós” emocionais. 
        O termo inconsciente é, de certa forma, inapropriado para designar seu conteúdo, visto que se trata de uma negação de algo (in = não), portanto não define a si mesmo. Os conteúdos não são de fato conscientes. Mas para quem? Não são conscientes para o  ego, mas o são para o Espírito. O que é chamado de inconsciente é tudo que se constitui das experiências e de seus resíduos já vividos e disponíveis ao Espírito.
         Sobre o inconsciente Jung escreveu: “Assim definido, o inconsciente descreve um estado de coisas extremamente fluido: tudo o que sei, mas que no momento não estou pensando; tudo aquilo de que antes eu tinha consciência, mas de que agora me esqueci; tudo o que é percebido pelos meus sentidos, mas que não foi notado pela minha mente consciente; tudo aquilo que, involuntariamente e sem prestar a atenção, sinto, penso, recordo, quero e faço; todas as coisas futuras que estão tomando forma em mim e que em algum momento chegarão à consciência: tudo isto é o conteúdo do inconsciente.” Jung dizia também que “a consciência não se cria a si mesma; emana de profundezas desconhecidas.”
        O  ego, usando o campo da consciência, acessa-a por comparação. Nesse momento ele se torna dual. O inconsciente é uno, constituindo-se num todo dinâmico. O ego apenas acessa sua superfície, onde se encontram os eventos mais recentes. O inconsciente é uma instância com raízes no perispírito. A lógica que vigora no inconsciente é não-linear e é estruturada diversamente daquela que pertence à consciência. O paradigma no inconsciente é emocional, enquanto que na consciência é cognitivo. Tudo que é consciente se torna inconsciente. É uma tendência inata (funcional) ao automatismo dos processos inconscientes. A repetição de experiências induz ao automatismo. A consciência, por sua vez, é produto da evolução do Espírito que, nos primórdios de sua caminhada evolutiva, é “inconsciente pleno”, isto é, uma estrutura que vai aos poucos se diferenciando da totalidade inconsciente e formando conexões cada vez mais complexas. 
        O inconsciente por si só é neutro. Seu dinamismo é provocado pela energia psíquica mobilizada ininterruptamente pelo Espírito. Se a ele atribuirmos o caráter autônomo, como pensam alguns, teremos três centros de domínio da personalidade: o ego (na consciência), o inconsciente (se a ele atribuirmos autonomia) e o Espírito. Em verdade a autonomia do inconsciente, tanto quanto do ego, é relativa. O domínio real da personalidade pertence ao Espírito, mesmo nos estados em que não nos parece existir controle algum.
        A consciência se ilumina quando o ego  é tomado coercitivamente de assalto e assiste aos lampejos das inspirações inconscientes. Consciência e Vida se confundem. Nesse sentido o conceito de consciência se amplia, englobando a essência do ser que abrange desde a dimensão inconsciente ao ego.
        O uso de alucinógenos, ervas, chás, estupefacientes, bem como certas medicações que atingem o Sistema Nervoso Central, reduze o bloqueio provocado pelo córtex encefálico, permitindo uma maior manifestação das faixas psíquicas da mente que se encontra no perispírito. Esse procedimento permite a ampliação do campo da consciência que avança pelo inconsciente. Tal prática, quando irresponsável, gera conseqüências muitas vezes irreparáveis ao  ego, o qual se vê confuso entre as duas instâncias psíquicas simultaneamente.
        A atenção ou focalização na consciência de determinado aspecto da vida dependerá dos conteúdos presentes no inconsciente; isso ocorre independente da consciência poder discriminar os fatores  ou os motivos da seleção. Essa focalização é um direcionamento da “energia” psíquica a um objeto específico.
        O corpo físico proporciona um limite relativo, entre o inconsciente e o consciente, que impede a passagem de certos registros emocionais de uma instância à outra. Ao mesmo tempo em que impede que alguns registros carregados de afetos passem do inconsciente para a consciência, permite que importantes aquisições lógicas e habilidades concretas retornem. Mesmo quando desencarnamos, nem sempre temos acesso imediato àqueles registros. Há limites além do corpo físico, perispirituais, portanto, que impedem  a lembrança imediata ou remota.

Inconsciente, intuição, pressentimento e mediunidade (3)

O que atua no ser humano quando ele pensa? É o inconsciente que se apresenta à consciência? Uma  idéia nova é uma intuição que procede como resposta a um estímulo ambiental? É um pressentimento de que algo vai acontecer? É a conscientização da dinâmica do inconsciente ou fruto de um estímulo telepático? Será que a mediunidade está presente nos fenômenos psíquicos? Como? Difícil responder a essas questões. Suponho que a mediunidade é uma faculdade presente em todos os fenômenos psíquicos. Não possível pensar sem captar freqüências espirituais por intermédio dela.
        A comunicação mediúnica é um fenômeno psicológico que permite vir à consciência o que se inicia em outra dimensão e na esfera extra-cerebral ou perispiritual. Ela favorece no encarnado a emanação de conteúdos do inconsciente que, pela sua quantidade, intensidade e qualidade nas informações, pode configurar uma idéia de futuro na forma de pressentimento como uma probabilidade. Da mesma forma, o ego  pode, pela mediunidade ou não, ter acesso àqueles conteúdos, quando estimulado pelo meio ou pelo próprio inconsciente, pressentindo o futuro,também como probabilidade. A isso se chama intuição. O meio que estimula o  ego pode ser material ou espiritual. A intuição, portanto, é possível graças às manifestações do inconsciente e à mediunidade.
        Atribuir ao inconsciente a autonomia de provocar tais eventos advém da intensidade com que as experiências do espírito, ali gravadas nas várias encarnações, promovem a sua expressão na vida consciente. Não se pode dizer se a ação procede do espírito ou se do meio. Tudo ocorre de uma forma simultânea como na união de opostos que se buscam intensamente.
        As ocorrências do inconsciente são manifestações constantes e inseparáveis da vida humana, conseqüentemente não há consciência sem as interferências que vêm dele. A consciência é inicialmente estruturada a partir das interferências do inconsciente e continua a absorver seus conteúdos no decorrer da vida, o que caracteriza o processo de amadurecimento do indivíduo. A consciência, além dessa interferência, absorve o que lhe vem das experiências  do  ego em contato com a realidade externa.
        As intenções, os desejos e impulsos, por outro lado, parecem exigir uma certa predisposição ou pressão. Parece que elas ocorrem mediante algum estímulo próprio do Espírito, da realidade espiritual (de algum desencarnado) ou oriundo de algum evento externo (estímulo do ambiente material). Na intuição algo deve estar incomodando a consciência para que ocorra, como se houvesse uma descompensação psíquica para sua manifestação. O pressentimento é mais do que uma simples intuição pela necessária conexão inconsciente com uma provável situação futura. O pressentimento preenche, aos “olhos” daquele que o sente, uma descontinuidade entre o passado e o futuro, apresentando-lhe uma possibilidade de entendimento como um senso coletivo.
        O evento mediúnico, quando se processa pela afetação do psiquismo do indivíduo, pode se apresentar também como uma manifestação do inconsciente, como uma intuição e como um pressentimento. Não há como distinguir, num evento mediúnico, se a participação é estritamente do psiquismo do indivíduo ou se há interferência de um espírito comunicante.
        Quando o evento mediúnico surge no formato de uma mensagem psicofônica ou psicográfica, também é difícil distinguí-lo de um evento estritamente da autoria do médium, tendo em vista a possibilidade de seu conteúdo ter vindo do inconsciente do mesmo. Quando o conteúdo contém dados desconhecidos da vida atual ou de vidas passadas do médium, aí sim, teremos a constatação da interferência extra-médium. É o caso das mensagens mediúnicas contendo informações precisas de nomes, datas, dados biográficos e outros detalhes que vêm a ser confirmados após pesquisas. As mensagens de conteúdo moral elevado podem vir do inconsciente do médium, mesmo que estimulado por espíritos. Uma mensagem de conteúdo moral, por mais elevada que seja e por menos culto que seja o médium, pode ser oriunda de seu inconsciente que pode conter informações adquiridas em suas experiências em vidas passadas, podendo aflorar a qualquer momento. Ser analfabeto não implica ter perdido os conhecimentos adquiridos em vidas passadas, pois eles podem ficar latentes, manifestando-se a partir de estímulos específicos.
                                               
1 - NOVAES,  Adenáuer. Sonhos: mensagens da alma. 3. ed. Salvador: Fundação Lar Harmonia,
2005, p. 19-20.
2 - NOVAES,  Adenáuer. Psicologia do Espírito. 2. ed. Salvador: Fundação Lar Harmonia, 2004, p.
184-187.
3 - NOVAES, Adenáuer. Psicologia e mediunidade. Salvador: Fundação Lar Harmonia, 2002, p. 131-
133

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