Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

"O Mestre e o Chela"

Elzio Ferreira de Souza

Livro: Pérolas no fio (1991)

Editora: Circulus

Capítulo 2



O Mestre e o Chela


O Mestre

[...]

O Chela

[...]

NA ESCUTA

O discípulo encontrara o mestre completamente absorto, como se estivesse mergulhado no infinito. Tão logo voltou à tona, perguntou-lhe:

- Senhor, por onde andavas?

- Ouvia a voz de Deus.

- Não, Mestre, eu também fiquei aqui, por muito tempo, e não ouvi qualquer som pelo qual pudesse identificá-la.

- Nunca foste capaz de escutar o silêncio, meu filho.

***

[...]

O OBJETO DA MEDITAÇÃO

Um discípulo acostumado a passar horas e horas na posição de lótus meditando, fez o seguinte comentário:

- Mestre, tenho meditado continuamente, mas não consigo avançar.

- O importante, esclareceu ele, não é o tempo, mas o objeto da meditação.

- Como, mestre? Não tenho pensado em Deus?

- Sim, tens procurado apossar-te Dele para teus próprios interesses.

***

[...]

ENGANO NO CAMINHO

O discípulo disse ao mestre:

- Prefiro recitar o mantra a cuidar de famintos…

O mestre interrompeu-o e replicou:

- Como podes recitar o nome de Deus com os lábios sujos?

- Mestre, eu nada comi, como podem estar sujos os meus lábios?

- Pior que isto, alimentaste o coração, e os lábios sempre falam de sua riqueza ou pobreza.

***

SEMEANDO

Quando o discípulo acabara de meditar, o mestre aproximou-se e convidou-o a visitar alguns pobres, dizendo:

- Vamos à ação.

- Mas, Senhor, disse o discípulo, não é certo que a ação nos liga a este mundo irreal?

- Eu apenas estou chamando-o para semear, não para colher os frutos, disse o mestre.

***

[...]

NAS PEGADAS DIVINAS

O discípulo andava deslumbrado ante certos toques de amor que havia recebido do Divino, quando o Mestre lhe fez a seguinte advertência:

- Filho, é bom descer alguns degraus para servir.

- Por que, mestre? indagou o discípulo. Não é justo alimentar-me do amor divino?

- Não há dúvida, filho, mas lembra-te que o próprio Deus anda servindo em toda parte, inclusive amparando-te para que aprendas a estar com Ele no serviço da Terra, antes de quereres penetrar nos tesouros do céu.

***

[...]

ENCONTRO

Pela manhã, o discípulo procurou o mestre e disse-lhe:

- Senhor, teu quarto estava completamente envolvido em luz espiritual, enquanto meditavas ontem à noite.

- Não percebi, filho, respondeu o mestre.

E acrescentou:

- Estava muito ocupado.

***

[...]

LUZES

- Senhor, disse o discípulo inebriado, estive envolvido pela manifestação de luzes durante a meditação e uma imensa felicidade encheu-me o coração. É isto a presença de Deus?

- Não confundas, respondeu o mestre, leves toques espirituais e os abalos de teus nervos com a presença divina. Quando a alcançares, não saberás o que dizer.

***

[...]

O TESOURO DO SILÊNCIO

Os discípulos se achavam reunidos em animada conversação quando o mestre se aproximou. Imediatamente, fizeram silêncio e começaram a meditar. Depois de algum tempo, o mestre afastou-se.

Mais tarde, o discípulo comentou:

- Senhor, calaste-nos a todos.

O mestre, porém, desta vez, nada respondeu.




Comentários:

Os trechos não reproduzidos - entre colchetes - contêm, na obra, lições que não dizem respeito propriamente ao tema da meditação, ainda que alguns deles possam tocar-lhe indiretamente, especialmente tendo em conta a visão ampla que o autor lhe atribui. Daí ser altamente recomendável a leitura de todo o livro.

Como se pode perceber, as lições reproduzidas pressupõe o ato meditativo como uma prática espiritualmente aceita e, então, a partir das quais o Autor tece comentários e conselhos a seu respeito.

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