O desconhecimento dos princípios doutrinários leva a distorções da prática espírita, mesclando-a com condicionamentos e exterioridades.
A sua organização, a sua contextura de princípios diferencia o espiritismo das demais doutrinas espiritualistas.
O espiritismo é um corpo de doutrina que não se acomoda ao sincretismo religioso.
A verdadeira doutrina espírita está no ensino que os espíritos deram, e que deve ser alvo de estudos sérios, perseverantes, feitos no silêncio e no recolhimento.
Resumo dos princípios fundamentais da doutrina espírita: Deus; criação do universo e dos seres; seres materiais do mundo corpóreo e seres imateriais do mundo espiritual.
O mundo normal primitivo é o mundo espiritual.
Os espíritos revestem-se temporariamente de matéria.
O homem possui: o corpo físico; a alma; o perispírito.
Os espíritos pertencem a diferentes classes, embora tenham sido criados simples e ignorantes.
Os espíritos evoluem, não ocupam perpetuamente a mesma categoria.
Deixando o corpo, a alma volta ao mundo dos espíritos, para passar depois por nova existência material, após um lapso variável de tempo.
Os espíritos não reencarnam em corpos de animais, não retrogradam.
As diferentes existências corpóreas do espírito são sempre progressivas.
Os espíritos encarnados habitam os diferentes globos do universo.
Os espíritos exercem incessantemente acção sobre o mundo moral, e mesmo sobre o mundo físico.
2 . O CARÁCTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA
Revelação - do latim revelare, tirar de sob o véu, isto é, dar a conhecer.
A característica essencial da revelação é ser verdadeira.
Do ponto de vista religioso é a revelação de coisas que o homem não pode atingir pela inteligência, nem com o auxílio dos sentidos.
A importante revelação da época actual é a comunicação com os seres do mundo espiritual.
O espiritismo deu-nos a conhecer o mundo invisível, que nos cercava, do qual nem suspeitávamos.
A revelação espírita tem duplo carácter: é divina e é científica.
É divina porque é da iniciativa dos espíritos, e é científica porque a sua elaboração é fruto do trabalho metodológico do homem.
O objecto especial do espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual.
Todo um mundo novo se revela por ter o espiritismo demonstrado a comunicação com os seres do mundo espiritual pois profunda modificação nos costumes, carácter, hábitos, assim como na crença se estabelecerá.
O espiritismo é considerado a terceira das grandes revelações.
A primeira foi Moisés, com o Deus único.
A segunda foi o Cristo, com a lei do amor, a revelação da vida futura e das penas e recompensas que aguardam o homem depois da morte.
O espiritismo, partindo das duas outras, revela a existência do mundo espiritual; define os laços que unem a alma ao corpo; levanta, aos homens, o véu que ocultava os mistérios do nascimento e da morte; apresenta a justiça de Deus presidindo a todos os acontecimentos do mundo; estabelece a pluralidade das existências; difunde o conhecimento dos fluidos espirituais e a sua acção sobre a matéria; demonstra a existência do perispírito; realiza todas as promessas do Cristo no que diz respeito ao consolador anunciado.
O espiritismo, apoiando-se nos factos, é essencialmente progressivo, como todas as ciências de observação.
3 . O ESPIRITISMO E OUTRAS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS
Há três pontos em que o espiritismo e as doutrinas espiritualistas se encontram: a imortalidade do espírito; a reencarnação; a existência de Deus.
Os rosacrucianos são reencarnacionistas, porém, têm os seus símbolos, cerimónias, conceitos próprios, maneiras particulares de explicação de pontos da sua doutrina. É uma doutrina hermética, secreta.
A teosofia fala do corpo espiritual e define o homem com seis corpos. Divide o corpo espiritual em três corpos diferentes. E, conforme o tipo de alma, variará o tipo e o prazo para as reencarnações.
A cabala (doutrina recebida) teria provindo das orientações secretas que Enoch transmitiu a Abraão. Para outros seria originária de Hermes Trimegisto ou de Cadmo.
A cabala crê nos espíritos elementais e na ressurreição, quando o espírito dos ossos, parte mais grosseira, aviventaria novamente o corpo.
A cabala apresenta o homem trino na sua origem, com corpo, alma e espírito.
Para a cabala existiriam, em cada mundo, paraíso, rio de fogo para a purificação das almas e geena, lugar de castigos infernais.
A cabala admite a reencarnação, mas Deus teria condições de reencarnar duas almas num só corpo, para haver uma complementação dos defeitos de uma com a outra.
Não existe "baixo" nem "alto" espiritismo, existe somente espiritismo, doutrina codificada por Allan Kardec.
Rituais, incensos, imagens e outros objectos materiais a título de crença na doutrina espírita correm por conta da ignorância de quem as pratica, pois a doutrina não acomoda tais práticas.
Geralmente, pessoas advindas de outras religiões, e que ainda continuam presas a certas atracções do culto antigo, preferem usar defumadouros, velas, charutos, bebidas, nas experiências mediúnicas. Todavia, isso fica por conta da responsabilidade de quem assim procede, não sendo lícito introduzir tais objectos e práticas nas associações espíritas.
ESPIRITISMO E UMBANDA
O espiritismo tem alguns pontos de contacto com a umbanda, como tem com todas as doutrinas espiritualistas, mas os pontos de divergência demonstram claramente tratar-se de duas doutrinas completamente independentes. Somente a ignorância ou a má-fé poderão confundir uma com a outra.
ANOTAÇÕES E INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
- (1) Deolindo Amorim, O ESPIRITISMO E AS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS, Cap.I e III, 3.ª edição, Livraria Ghignone Editora.
- (2) Allan Kardec, O LIVROS DOS ESPÍRITOS, Introdução, 42.ª edição (popular), Federação Espírita Brasileira.
- (3) Allan Kardec, A GÉNESE, Cap. I, 19.ª Edição, Federação Espírita Brasileira.
- (4) Deolindo Amorim, AFRICANISMO E ESPIRITISMO, 1.ª edição, 1947, Gráfica Mundo Espírita.
- (5) Allan Kardec, OBRAS PÓSTUMAS, "Manifestação dos Espíritos" - VII - 16.ª edição (popular) - Federação Espírita Brasileira.
- (6) Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, ALLAN KARDEC.
- (7) Allan Kardec, RÉVUE SPIRITE, Discurso de Abertura da Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, da Sociedade de Paris no dia 1 de Novembro de 1868.
Adaptado do original, editado em 1981, pelo Centro Espirita Luz Eterna, de Curitiba - PR, Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário