O homem primitivo, não conseguindo a explicação para os vários fenômenos naturais, entre os quais a chuva, o relâmpago, o trovão, a germinação da semente, o nascimento e a morte, atribuía-os a uma ou várias potências superiores, às quais reverenciavam, quer pelo temor que inspiravam, quer pelo caráter maravilhoso ou sobrenatural de que eram revestidas. Nasciam assim as primeiras formas de adoração, através dos mais diferentes cultos, que deram origem a muitas religiões do passado. Nesses cultos, sobressaiam-se determinados indivíduos, alguns, quem sabe, portadores de certos dons. Desde tempos imemoriais, há registros de fenômenos mediúnicos que ganharam notoriedade. Eram os sacerdotes, que receberam os mais variados nomes, entre os diferentes povos.
As religiões sofreram modificações no decorrer do tempo, para se adequarem às necessidades das diversas sociedades. Cultuavam divindades diferentes, com ritos diversificados, assim como as mais variadas concepções de Deus.
Com o advento da era da razão, houve necessidade do aparecimento de uma nova forma de ligação: homem - Deus. O homem mais maduro e racional já se encontrava em condições de compreender Deus de um modo mais imaterial e adorá-lo sem a necessidade de cultos meramente exteriores. Foi em função desta evolução humana, que nos meados do século passado, surge a Doutrina Espírita.
O Espiritismo não tendo formas exteriores de adoração, nem sacerdotes, nem liturgias, nem dogmas, não é entendidos por muitos como Religião. Todavia, tendo como exemplo o Cristianismo o seu nascedouro, reconhecemos que, para uma doutrina ter o caráter religioso, não é necessária nenhuma estrutura complicada, senão um conjunto de princípios capazes de transformar o homem para melhor.
A Doutrina Espírita, como Ciência e como Filosofia, dá ao homem o conhecimento dos grandes enigmas da vida, dentro de princípios lógicos. Através dela, ficamos sabendo o que somos, de onde viemos e para onde iremos após a morte do corpo físico e ainda, como responderemos pelo comportamento bom ou mau que aqui tivermos.
Foi reconhecendo essa gama de conseqüências morais, que afetariam por certo os seguidores do Espiritismo e, por inspiração de Entidades Superiores, que Allan Kardec fez publicar, em 1864, o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, admitindo que a moral espírita é a moral do Evangelho, entendido este no seu sentido lógico e não desfigurado, quer pela letra, quer pelo dogma, aceitando-o nos pontos não controversos e que pudessem atender à edificação humana.
Emmanuel, nos diz que “Religião é o sentimento Divino, cujas exteriorizações são sempre o amor, nas expressões mais sublimes. Enquanto a Ciência e a Filosofia operam o trabalho da experimentação e do raciocínio, a Religião edifica e ilumina os sentimentos”. As primeiras se irmanam na Sabedoria, a Segunda personifica o Amor, as duas asas divinas com que a alma penetrará, um dia, nos pórticos sagrados da espiritualidade.
Através dos ensinamentos espíritas pode-se fazer uma diferença entre Religião, propriamente dita, e religiões no sentido de seitas humanas. Religião, para todos os homens, deveria compreender-se como sentimento divino que clarifica o caminho das almas e que cada Espírito aprenderá na pauta do seu nível evolutivo. Neste sentido, a Religião é sempre a face augusta e soberana da Verdade, porém, na inquietação que lhes caracteriza a existência na Terra, os homens se dividiram em numerosas religiosas como se a fé também pudesse ter fronteiras.
A Religião é o sentimento divino que prende o homem ao Criador. As religiões são organizações dos homens, falíveis e imperfeitas como eles próprios; dignas de todo o acatamento, misturados com os elementos da Terra em que caíram.
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