3.1 - Introdução
No prólogo de [O Que é o Espiritismo], Allan Kardec define o Espiritismo como sendo:
“Uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo espiritual.”
Em outra passagem, ainda na obra citada, o Codificador acrescenta:
“O Espiritismo é ao mesmo tempo ciência experimental e Doutrina Filosófica. Como ciência prática, tem a sua essência nas relações que se podem estabelecer com os espíritos. Como filosofia compreende todas as conseqüências morais decorrentes dessas relações.”
Pode-se observar do pensamento do Codificador, que o Espiritismo reveste-se de três aspectos distintos, mas complementares:
a) Ciência Experimental;
b) Doutrina Filosófica;
c) As conseqüências morais decorrentes das duas anteriores.
Emmanuel, em [O Consolador] diz:
“Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado como um triângulo de forças espirituais. A ciência e a filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém, a religião é o ângulo divino que a liga ao céu.”
Em outra mensagem mediúnica, o benfeitor acrescenta:
“Não será justo em nosso movimento libertador da vida espiritual, prescindir da ciência que estuda, da filosofia que esclarece e da religião que sublima.”
3.2 - Espiritismo e Ciência
No aspecto científico, o Espiritismo demonstra a existência da alma e sua imortalidade, principalmente através do intercâmbio mediúnico entre os encarnados e desencarnados.
Preocupa-se em estudar a intimidade do fenômeno mediúnico, suas conseqüências na vida das pessoas, bem como as características do ser espiritual, sua origem, sua natureza e seu destino.
O aspecto científico do Espiritismo foi desenvolvido em duas obras de Allan Kardec, O Livro dos Médiuns e A Gênese.
3.3 - Espiritismo e Filosofia
Quando o Homem pergunta, interroga, cogita, quer saber o “como” e o “porquê” das coisas, dos fatos, dos acontecimentos, nasce a filosofia que mostra o que são as coisas e porque são as coisas.
No aspecto filosófico, o Espiritismo vai preocupar-se com os problemas do Homem, suas dúvidas, seus questionamentos, sua condição de ser eterno em busca da Divindade, através de múltiplas existências físicas. Vai examinar os atributos da Divindade, suas relações com o Homem e vai apresentar um código de moral através do qual a criatura se identificará, um dia, com seu Criador. O aspecto filosófico se encontra enfocado n’O Livro dos Espíritos.
3.4 - Espiritismo e Religião
Ao ser indagado quanto ao aspecto religião do Espiritismo, o médium Francisco Cândido Xavier assim se manifestou [Entrevistas - item 97]:
“Poderíamos figurar, por exemplo, a Ciência como sendo a verdade, a Religião, como sendo a vida e a Filosofia como sendo a indagação da criatura humana entre a Verdade e a Vida. Todos os três aspectos são muito importantes, porque a Filosofia estuda sempre, a Ciência descobre sempre, mas a Vida atua sempre. Todos esses aspectos são essenciais, mas a Religião é sempre a mais importante, porque a verdade é uma luz que a todos chegaremos, a indagação é um processo do que todos participamos, mas a vida não deve ser sacrificada nunca e a Religião assegura a vida, assegurando a ordem da vida.”
Como religião, o Espiritismo preocupa-se com as conseqüências morais do ensino científico-filosófico, buscando, na ética pregada por Jesus, os elementos que deverão nortear a conduta do Homem.
No entanto, não se trata o Espiritismo de uma Religião constituída, tradicional, estruturada através de rituais, sacramentos, dogmas e classes sacerdotais. Mas sim, uma religião no sentido etimológico do termo, como “religare”, ou seja, elemento de ligação da criatura com o Criador. Religião como atitude de vida, como modo de proceder, buscando uma identificação com Deus, não através de atitudes exteriores, artificiais, mecanizadas, mas através de uma vida reta, digna e fraterna.
O Espiritismo não se constitui de uma religião a mais, visto que não tem cultos instituídos, nem imagens, nem rituais, nem mitos, nem crendices, nem tão pouco sacerdotes remunerados. Podemos porém, considerá-lo em seu aspecto religioso quando estabelece um laço moral entre os homens, conduzindo-os em direção ao Criador, através da vivência dos ensinamentos morais do Cristo. É no seu aspecto religioso que repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual.
O aspecto religioso foi desenvolvido por Kardec nas obras O Evangelho Segundo o Espiritismo e no Céu e Inferno.
Bibliografia e referências
• O que é o Espiritismo - Allan Kardec
• Livro dos Espíritos - Allan Kardec
• Allan Kardec (Vol. III) - Zêus Wantuil e Francisco Thiesen
• O Consolador - Emmanuel/Chico Xavier
• Entrevistas - Emmanuel/Chico Xavier
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