Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Lei do Progresso - Mollo

Estudo com base in O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Livro 3, cap. VIII.
Obra codificada por Allan Kardec

Pesquisa: Elio Mollo

O estado natural é a infância do espírito é o ponto de partida do seu desenvolvimento intelectual e moral. Todos os Espíritos foram criados simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. O Espírito não foi destinado a viver perpetuamente no estado natural, como o homem (espírito encarnado) não foi destinado a viver perpetuamente na infância. Os Espíritos adquirem o conhecimento passando pelas provas que a vida naturalmente lhes impõe. O estado natural é transitório e o espírito o deixa pelo progresso e a civilização. (LE, qq. 115, 614 e 776.)
O destino futuro das almas é a perfeição, assim, é pela pluralidade das existências (reencarnação) que o espírito busca a perfeição. Deus não deserda a ninguém. A cada nova existência o espírito dá um passo no caminho do progresso, adquirindo mais inteligência para melhor distinguir o bem e o mal e aprender a amar a si mesmo e aos seus semelhantes. Nesse caminho do progresso, o espírito, qualquer que seja o seu grau de adiantamento, sua situação como reencarnado ou na erraticidade, estará sempre colocado entre um superior que o guia e aperfeiçoa e um inferior perante o qual tem deveres iguais a cumprir. Essa é a lei pela qual Deus governa o Universo. (LE qq. 166 (e seguintes), 787a e 888a)
Os Espíritos não podem permanecer nas classes inferiores, assim, mesmo que devagar devem buscar progredir. Apressar o auge do progresso depende unicamente do espírito. (LE qq. 116 e 117
No caminho da perfeição, o conhecimento uma vez adquirido pelo espírito não o perde jamais, assim, ele "até" pode permanecer estacionário, mas nunca retrograda na escala evolutiva, ou seja, o espírito deve progredir sem cessar. (LE qq. 118 e 778)
O espírito se desenvolve por si mesmo, naturalmente, mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma maneira. A essência da perfeição é a caridade na sua mais ampla acepção, e dessa maneira, pelo contato social, que os mais adiantados devem ajudar os mais atrasados a progredirem. Assim, ALÉM DO ESFORÇO QUE O ESPÍRITO FAZ PARA DOMINAR SUAS MÁS INCLINAÇÕES, O RESULTADO DO GRAU DE PERFEIÇÃO, TAMBÉM, ESTÁ NA RAZÃO DIRETA DA EXTENSÃO DO AMOR AO PRÓXIMO. (LE, 779 e ESE cap. XVII (**), item 2 e 4)
O Espírito deve progredir em conhecimento e moralidade, e se ele não progrediu senão num sentido, é necessário que o faça no outro, para chegar ao alto da escala. Esse progresso acontece numa marcha ascendente insensível, mas o progresso não se realiza simultaneamente em todos os sentidos; num período, ele pode avançar em ciência, num outro, em moralidade. Se o progresso moral é consequente do progresso intelectual, nem sempre o moral segue imediatamente o intelectual. (LE, qq. 192,365 e 780)
A cada nova existência o Espírito tem mais inteligência e pode melhor distinguir o bem e o mal. Quando o Espírito entra na sua vida de origem, o mundo espírita, toda a sua vida passada se desenrola diante dele; vê as faltas cometidas e que são causa do seu sofrimento, bem como aquilo que poderia tê-lo impedido de cometê-las; compreende a justiça da posição que lhe é dada e procura então a (re)encarnação necessária para reparar a que acaba de escoar-se. Procura provas semelhantes àquelas por que passou, ou as lutas que acredita apropriadas ao seu adiantamento. Contudo, o Espírito encarnado, se não tem, durante a vida corpórea, uma lembrança precisa daquilo que foi, e do que fez de bem ou de mal em suas existências anteriores, tem, entretanto, a sua intuição. Suas tendências instintivas são uma reminiscência do seu passado, às quais a sua consciência, que representa o desejo por ele concebido de não mais cometer as mesmas faltas. A consciência que é onde está escrita a lei de Deus, o adverte que deve resistir de não cometer as mesmas faltas do passado, isto se dá segundo o grau de perfeição a que tenha chegado e conforme a sua capacidade de conservar a lembrança intuitiva. (LE, Livro 2, cap. VII, da q. 392 em diante e Livro 3, cap. I, da q. 620 em diante.
Pode-se entravar a marcha do progresso, mas ninguém consegue detê-la, os que tentarem serão arrastados pela torrente que pretendem deter. Seria como uma pequena pedra posta sob a roda de um grande carro sem conseguir impedi-lo de avançar.(LE, qq. 781 e 782)
Como Espíritos encarnados, na Humanidade, há o progresso regular e lento que resulta da força das circunstâncias; mas quando um povo não avança bastante rápido, a própria Natureza, de tempos a tempos, promove um abalo físico ou moral que o transforma. (LE, q. 783)
Se homem não consegue ou despreza ouvir a sua consciência, Deus sempre oferece missões à espíritos superiores que quando, por exceção, se encarnam na Terra, é para cumprir uma missão de progresso, e então nos oferecem o tipo de perfeição a que a humanidade pode aspirar neste mundo. Jesus é o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado do Espírito divino. (LE, 111, 625 mais trecho de uma nota de A. Kardec em relação a este item.)
Sendo o progresso uma condição da natureza humana ninguém tem o poder de se opor a ele. É uma força viva que as más leis podem retardar, mas não asfixiar. Quando essas leis se tornam de todo incompatíveis com o progresso ele as derruba com todos os que a querem manter, e assim será até que o homem harmonize as suas leis com a justiça divina, que deseja o bem para todos e não as leis feitas para o forte em prejuízo do fraco.
O homem não pode permanecer perpetuamente na ignorância, porque deve chegar ao fim determinado pela Providência: ele se esclarece pela própria força das circunstâncias. As revoluções morais, como as revoluções sociais se infiltram pouco a pouco nas idéias, germinam ao longo dos séculos e depois explodem subitamente, fazendo ruir o edifício carcomido do passado, que não se encontra mais de acordo com as necessidades novas e as novas aspirações.
O homem geralmente não percebe, nessas comoções, mais do que a desordem e a confusão momentâneas que o atingem nos seus interesses materiais, mas aquele que eleva o seu pensamento acima dos interesses pessoais admira os desígnios da Providência, que do mal fazem surgir o bem. São a tempestade e o furacão que saneiam a atmosfera, depois de a haverem revolvido. (Nota de Kardec referente a q. 783)
Referente a parte moral, o maior obstáculo ao progresso são o orgulho e o egoísmo, porque o intelectual avança sempre. Este parece, aliás, à primeira vista, duplicar a intensidade daqueles vícios, desenvolvendo a ambição e o amor das riquezas, que por sua vez incitam o homem às pesquisas que lhe esclarecem o Espírito. É assim que tudo se relaciona no mundo moral como no físico e que do próprio mal pode sair o bem. Mas esse estado de coisas, na medida que o homem progride, compreenderá melhor que além do gozo dos bens terrenos existe uma felicidade infinitamente maior e infinitamente mais durável, e assim, modificará e melhorará seu comportamento moral em seu meio natural de relação. (LE, q. 785)
É impossível o progresso reunir um dia todos os povos da Terra numa só nação, pois da diversidade dos climas nascem costumes e necessidades diferentes, que constituem as nacionalidades. Assim serão sempre necessárias leis apropriadas a esses costumes e a essas necessidades. Mas a caridade não conhece latitudes e não faz distinção dos homens pela cor. Quando a lei de Deus constituir por toda parte a base da lei humana, os povos praticarão a caridade de um para outro, como os indivíduos de homem para homem, vivendo felizes e em paz, porque ninguém tentará fazer mal ao vizinho ou viver às suas expensas. (LE, q. 789)
A Humanidade progride através dos indivíduos que se melhoram pouco a pouco e se esclarecem; quando estes se tornam numerosos, tomam a dianteira e arrastam os outros. De tempos em tempos surgem os homens de gênio, que lhes dão um impulso; e depois, homens investidos de autoridade, instrumentos de Deus, que em alguns anos a fazem avançar de muitos séculos.
O progresso dos povos faz ainda ressaltar a justiça da reencarnação. Os homens de bem fazem louváveis esforços para ajudar uma nação a avançar moral e intelectualmente; a nação transformada será mais feliz neste mundo e no outro.
Se durante a sua marcha lenta através dos séculos, milhares de indivíduos morrem diariamente, qual seria a sorte de todos esses que sucumbem durante o trajeto?
Sua inferioridade relativa os privará da felicidade reservada aos que chegam por último? Ou também a sua felicidade é relativa?
A justiça divina não poderia consagrar semelhante injustiça. Pela pluralidade das existências, o direito à felicidade é sempre o mesmo para todos, porque ninguém é deserdado pelo progresso. Os que viveram no tempo da barbárie, podendo voltar no tempo da civilização, no mesmo povo ou em outro, é claro que todos se beneficiam da marcha ascendente.
O sistema da unicidade da existência apresenta neste caso muita dificuldade, pois segundo esse sistema, a alma é criada no momento do nascimento, de maneira que um homem é mais adiantado que outro porque Deus criou para ele uma alma mais adiantada.
Por que esse favor? Que mérito tem ele, que não viveu mais do que o outro, e geralmente menos, para ser dotado de uma alma superior?
Porém, essa não é a principal dificuldade. Uma nação passa, em mil anos, da barbárie à civilização. Se os homens vivessem mil anos poderia conceber-se que, nesse intervalo, tivessem tempo de progredir; mas diariamente morrem criaturas em todas as idades, renovando-se sem cessar, de maneira que dia a dia as vemos aparecerem e desaparecerem. No fim de um milênio não há mais traços dos antigos habitantes:
A nação, de bárbara que era tornou-se civilizada? Mas quem foi que progrediu? Os indivíduos outrora bárbaros? Esses já estão mortos há muito tempo. Os que chegaram por último?
Mas se a sua alma foi criada no momento do nascimento, essas almas não existiriam no tempo da barbárie e é necessário admitir, então, que os esforços desenvolvidos para civilizar um povo têm o poder, não de melhorar as almas imperfeitas, mas de fazer Deus criar outras almas mais perfeitas.
Comparemos esta teoria do progresso com a que nos foi dada pelos Espíritos. As almas vindas no tempo da civilização tiveram a sua infância, como todas as outras mas já viveram e chegam adiantadas em conseqüência de um progresso anterior; elas vêm atraídas por um meio que lhes é simpático e que está em relação com o seu estado atual. Dessa maneira, os cuidados dispensados à civilização de um povo não têm por efeito determinar a criação futura de almas mais perfeitas, mas atrair aquelas que já progrediram, seja as que já viveram nesse mesmo povo em tempos de barbárie, seja as que procedem de outra parte. Aí temos ainda a chave do progresso de toda a Humanidade. Quando todos os povos estiverem no mesmo nível quanto ao sentimento do bem, a Terra só abrigará bons Espíritos, que viverão em união fraterna. Os maus, tendo sido repelidos e deslocados irão procurar nos mundos inferiores o meio que lhes convém, até que se tornem dignos de voltar ao nosso meio, transformados. A teoria vulgar tem ainda esta conseqüência: os trabalhos de melhoramento social só aproveitam às gerações presentes e futuras; seu resultado é nulo para as gerações passadas, que cometeram o erro de chegar muito cedo e só avançaram na medida de suas forças, sob a carga dos seus atos de barbárie. Segundo a doutrina dos Espíritos, os progressos ulteriores aproveitam igualmente a essas gerações, que revivem nas condições melhores e podem aperfeiçoar-se no seio da civilização. (Nota de Kardec referente a q. 789)
Admitindo-se a reencarnação ou pluralidade das existências, fica-se mais fácil entender a justiça de Deus. Aquilo que o espírito não conseguiu fazer numa existência, a fará em outra. É assim que ninguém escapa a lei do progresso. Cada um será recompensado segundo o seu verdadeiro merecimento, ninguém é excluído da felicidade suprema, a que pode aspirar, sejam quais forem os obstáculos que encontre no seu caminho. (LE, 222)
Uma civilização completa pode ser reconhecida pelo seu desenvolvimento moral e não por estar muito adiantada por ter feito grandes descobertas e invenções maravilhosas ou porque está melhor instalada e seu povo melhor vestidos que os denominados de selvagens. Um povo só terá verdadeiramente o direito de se dizer civilizada quando houver banido da sua sociedade os vícios que a desonram e quando passar a viver como irmãos, praticando a caridade cristã. Até esse momento não será mais do que um povo esclarecido, só tendo percorrido a primeira fase da civilização. (LE, q. 793)
A civilização tem os seus graus, como todas as coisas. Uma civilização incompleta é um estado de transição que engendra males especiais, desconhecidos no estado primitivo, mas nem por isso deixa de constituir um progresso natural, necessário, que leve consigo mesmo o remédio para aqueles males. A medida que a civilização se aperfeiçoa, vai fazendo cessar alguns dos males que engendrou, e esses males desaparecerão com o progresso moral.
De dois povos que tenham chegado ao ápice da escala social, só poderá dizer-se o mais civilizado, na verdadeira acepção do termo, aquele em que se encontre menos egoísmo, cupidez e orgulho; em que os costumes sejam mais intelectuais e morais do que materiais; em que a inteligência possa desenvolver-se com mais liberdade; em que exista mais bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíprocas; em que os preconceitos de casta e de nascimento sejam menos enraizados, porque esses pré-juízos são incompatíveis com o verdadeiro amor do próximo; em que as leis não consagrem nenhum privilégio e sejam as mesmas para o último como para o primeiro; em que a justiça se exerça com o mínimo de parcialidade; em que o fraco sempre encontre apoio contra o forte; em que a vida do homem, suas crenças e suas opiniões sejam mais respeitadas; em que haja menos desgraçados; e, por fim, em que todos os homens de boa vontade estejam sempre seguros de não lhes faltar o necessário. (Nota de Kardec referente a q. 793)
(*) LE – Abreviatura do “O Livro dos Espíritos”.
(**) ESSE – Abreviatura do “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
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“A maior caridade que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação – Chico Xavier – Emmanuel”
Paz e Luz!

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