A DIFÍCIL ARTE DE CONVIVER
Lori Marli dos Santos
Olá, amigos!
Certa noite, uma grande tempestade assolou o bairro em que moramos, aqui em Curitiba.
Galhos e troncos tombaram das árvores antigas por sobre o leito da rua, obrigando os motoristas apavorados a abrir caminho em cima de calçadas e gramas, atingindo, nesse afã de chegar em casa o mais depressa possível, o gramado bem cuidado de meu vizinho, um velho e simpático imigrante russo. O que poucas horas antes "era" uma entrada linda até a casa, agora não passava de lama e estrago sem limites...
Foi aí que outro vizinho, um senhor simples mas de grande sabedoria, após analisar detidamente o quadro em questão e ouvir os lamentos do amigo, que não conseguia compreender porque os motoristas haviam feito aquilo, exclamou à guisa de consolo:
- É...É difícil lidar com "pessoa"!
Aquilo ficou em minha mente, como um divertido porém sábio apontamento acerca dos "outros". Porque os outros, mesmo que no plural, são "pessoa", individualidade, assim mesmo, no singular. Não podem ser um conjunto, uma estatística, um bloco. Os outros são "unidades" e é assim que devemos vê-los, compreendendo sempre que, por isso mesmo, são diferentes dos demais, diferentes de nós mesmos, com deliberações singulares, mesmo que por instantes ajam todos, aparentemente, da mesma maneira.
Costumo até hoje me perguntar onde estarão aqueles motoristas... Chegaram bem em casa? Tornaram a passar pela rua em outra ocasião?
Eu não sei.
Só sei que estiveram aqui por alguns momentos, mas se foram, cada qual para o rumo-destino que lhe dizia respeito, deixando para trás perplexidade, consternação e grande estrago material.
De nossa parte poderíamos ter anotado placas, ter feito denúncias, brigado pela reparação dos danos. Mas a frase de nosso bondoso vizinho dissipou qualquer animosidade. Aqueles motoristas eram "pessoa" com medo, atravessando grande tempestade em rua aberta, em plena noite, longe do amparo de familiares, de amigos... Por que brigar? Por que marcar aquela instante já doloroso por si mesmo com novos e aflitivos elementos? Que seguissem em paz ou que voltassem outra hora, para nos ajudar a consertar o estrago.
Então, na manhã seguinte, com baldes e vassouras, limpamos o que foi possível limpar, enquanto o querido velhinho russo principiou a reparar, pacientemente, a grama em frente de casa, como se nada tivesse acontecido, como se aquele dia fosse um dia qualquer, dos muitos e dadivosos dias que recebemos nesta vida para a construção feliz de nossa "individualidade", que deve e precisa aprender a viver (bem) em coletividade.
Esta pequena estorinha serve aqui apenas para ilustrar o tema da mensagem, que é "RELACIONAMENTO", com as explanações sempre doces e claras de nosso querido Emmanuel.
Nosso texto relata um breve (e algo traumático) relacionamento com desconhecidos.
Mas... e quando o problema ou a "tempestade" e seus desdobramentos envolve pessoa querida, próxima, alguém que amamos muito?
Dirão os mais jovens: "prd dfcl!!" (traduzindo= paradinha difícil!!).
Nós também concordamos. Acho que todos vocês concordam, não? Sim, paradinha difícil, porém não instransponível, nunca impossível! Beijo grande a todos vocês, e uma semana linda e abençoada, sempre com Jesus. (Lori, Instituto André Luiz, mensagem de 17/7/2005)
RELACIONAMENTO
Se dificuldades e provações te visitam, no relacionamento com o próximo, não te permitas requentar mágoas no coração.
Deixa que a confiança na Sabedoria Divina te dissipe qualquer sombra do pensamento, lembrando o Sol, a desfazer nuvens diariamente para vitalizar e revitalizar os processos da vida.
Para isso, é imperioso que a compreensão te presida os impulsos. E a compreensão te fará saber que os outros são criaturas autônomas, gravitando sempre na direção de objetivos diferentes dos teus.
A certeza disso te livrará da solidão negativa, capaz de induzir-te a desânimo e desespero.
* * *
A verdade nos ensina que ninguém realiza o bem e nem caminha para o bem, sem os outros, mas porque isso aconteça, ninguém pode exigir que os outros lhe carreguem a existência, nas sendas a percorrer.
Os outros são nossos cooperadores, intérpretes, associados e companheiros, enquanto isso se lhes faça possível, ocorrendo o mesmo conosco, em relação a eles.
À vista disso, ama os amigos sem prendê-los...
Este terá sido o sustentáculo de tuas esperanças, por muito tempo, entretanto, é possível suja um dia em que não consiga permanecer inteiramente ao teu lado, em face de novas tarefas que lhe despontam na senda.
Outro te entendia os propósitos, até ontem, no entanto, experiências, que se lhe fizeram necessárias, alteram-lhe provisoriamente o raciocínio.
Aceita-os quais se mostram, continuando a agir no exercício do bem e seguindo adiante nas construções da vida melhor em ti mesmo.
* * *
Ninguém aprende algo de bom e nem melhora a si mesmo, sem os outros, mas ninguém pode depender totalmente dos outros nas realizações que demande.
* * *
No momentos de mudança e renovação para aqueles a que mais amas, afasta de ti a idéia de separação e não te lastimes.
Prossegue trabalhando, porque, pelos desígnios da Vida Superior, outros virão ao teu encontro para a execução das tarefas que o mundo te conferiu e os que se afastam de ti voltarão depois, com mais força de amor, a fim de te auxiliarem ou serem auxiliados.
* * *
A verdade não se deteriora.
Somente perde os seres queridos aquele que possessivamente os procura, quando se fazem distantes, porquanto quem ama, ama sempre, e de tal modo que, ainda mesmo quando os corações amados se distanciam, o coração que ama prossegue amando e abençoando-os, sabendo conscientemente que, pelas forças do espírito, jamais deles se afastará.
EMMANUEL
(Do livro Calma, FCXavier, GEEM)
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