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Estudando o Espiritismo
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segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Pluralidade dos Mundos Habitados e Plano Espiritual
1 - Diferentes Estados do Espírito Após o Desencarne
Se podemos dizer que há uma preocupação constante em todas as criaturas, esta preocupação é com o futuro da alma após a morte física.
Em todos os tempos, desde que foi desenvolvido no homem a faculdade do raciocínio, esta inquietação quanto ao seu vir a ser, é motivo de muitas dissensões. Segundo algumas religiões, há um lugar para aqueles que fizeram o bem, e outro para os que não o fizeram. Sendo que são eternos estes ambientes, e localizam-se na parte superior e inferior da Terra. Outros de nossos irmãos, entendem que após a morte, a alma fica aguardando o dia do juízo, em que será decidido o seu futuro de acordo com a forma como viveu.
A Doutrina Espírita ensina que no instante do desencarne, a alma volta ao plano espiritual, conservando sua individualidade, e que normalmente não reencarna logo depois de haver se separado do corpo. Esse estado do Espírito é chamado de erraticidade, isto é, estado do Espírito sem corpo físico enquanto aguarda a próxima encarnação.
O ensino dos Espíritos tem mostrado ainda que há no Universo inumeráveis mundos de constituição material ou menos material, e que de acordo com a condição em que se encontra o Espírito, este é recebido.
“As alegrias e as percepções do Espírito não procedem do meio que ele ocupa, mas de suas disposições pessoais e dos progressos realizados (…)” [1]
Isto significa que o “céu” ou o “inferno” acham-se dentro daquele que o possui. É que o Espírito envolvido por seu próprio magnetismo, cria para si um corpo fluídico que irá captar a essência de seu estado psíquico e vibracional.
Por isso Jesus afirmou: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu (…)” [2]
Isso irá fazer com que as almas se agrupem de acordo com o grau de maior ou menor pureza que tenham atingido, no mundo espiritual a situação do Espírito está diretamente ligada à sua constituição fluídica, ou aliás, esta é que é definida por aquela.
Assim sendo, não é um tribunal que julga, mas o Espírito que determina, de acordo com a sua situação moral, a recompensa que irá receber quando do seu desencarne. Isto é que faz com que no plano espiritual criem-se verdadeiras sociedades, com funcionamento baseado na condição dos que as formem.
Contrariamente ao que conhecíamos até então, a Codificação Espírita traz que a vida do Espírito evoluído não é ociosa, mas extremamente ativa. O seu transporte é feito tendo por base sua condição mental. Seu corpo é de tal forma rarefeito, que se torna invisível aos Espíritos inferiores. Seus sentidos não são dados por órgãos materiais, mas por todo o seu Ser, sendo suas percepções mais precisas e reais que a dos encarnados ou mesmo dos desencarnados menos evoluídos.
Não têm necessidades alimentares ou de repouso, isto porque a matéria não os influencia.
Os Espíritos mais atrasados, ao contrário, levam consigo suas necessidades, seus vícios e suas preocupações. Não podendo abandonar seus problemas devido à sua materialidade, participam da vida do homem comum intrometendo em seus afazeres, e participando de seus prazeres. Suas paixões, determinando seus desejos, são alimentadas pelo contato com os valores transitórios, e devido à sua incapacidade de gerenciar tais sentimentos, sofrem pesadas torturas que os atrasam ainda mais.
Concluindo, temos então:
A situação do Espírito após o desencarne é definida por ele próprio quando encarnado.
Sua vivência, de acordo com os princípios evangélicos, o liberta.
A valorização das coisas materiais acima de suas necessidades o escraviza.
As coisas se dão desta forma, porque:
“a alma enquanto encarnada, condiciona-se a fatores orgânicos que, por sua vez, estão sob o império de leis biológicas específicas. Fora do corpo, outras são as leis e, por conseguinte, outros elementos de equilíbrio e funcionamento.
Daí as naturais dificuldades com que, em novo mundo vibratório, bem diverso do nosso, aqui no plano físico, lutamos todos nós ao trocarmos a densidade da matéria (envoltório físico) pela fluidicidade dos planos espirituais.” [3]
2 - Mundo Espiritual
Dentre as muitas revelações trazidas pelo Espiritismo, a existência de um mundo dos Espíritos, merece de nossa parte um maior destaque.
O mundo das inteligências incorpóreas, apesar de interpenetrar-se com o nosso (físico), é um mundo à parte. É vida em outra dimensão, caracterizada por organização e constituição diferente de tudo o que conhecemos por aqui.
Constitui-se na morada ou pousada dos Espíritos, formando colônias ou comunidades de transição, onde se reúnem de forma homogênea baseados em laços de afinidade. Afinidade caracterizada pela elevação moral dos elementos ali vinculados.
Através das informações obtidas via mediúnica, notamos a existência de várias esferas de vida no Mundo Maior, cada uma com sua vibração característica, formando assim mundos diferenciados em muitas faixas de elevação.
Alguns autores classificam várias delas denominando-as como:
Abismo: Região de grandes sofrimentos, devido à recalcitrância no violar as Leis Divinas.
No livro “Memórias de um Suicida”[4], recebido mediunicamente por Ivonne do Amaral Pereira, o Espírito comunicante dá uma idéia do que seja esta região, e dos padecimentos pelos quais passou, devido à escolha que fez, usando o livre arbítrio e optando pelo autoextermínio.
Trevas: Esta é uma região do plano espiritual que, como o próprio nome diz, é desprovida de qualquer luminosidade.
Os Espíritos vinculados a ela acham-se envolvidos por vibrações malignas, e normalmente fazem o mal por prazer. O ponto que o diferencia do abismo, muitas vezes não percebemos, mas como acreditamos que o grau de culpa está diretamente ligado ao grau de conhecimento e de insistência no erro, acreditamos que no abismo encontram-se Espíritos que têm mais informações, e por isso mais culpados.
Como citação bibliográfica, o livro “Libertação”[5], de André Luiz, mostra vários lances desta esfera.
Crosta Terrestre: A Terra é um mundo ainda inferior habitado por Espíritos inferiores. Muitos desses Espíritos, quando desencarnados, ficam ligados ao planeta em busca da satisfação de seus vícios e apetites mais grosseiros, formando assim em volta do nosso orbe uma esfera espiritual caracterizada por vibrações altamente deletérias.
O livro “Nas fronteiras da Loucura”, ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, narra episódios passados durante o período de carnaval, nos dando uma clara idéia dos acontecimentos espirituais que envolvem nossa Terra, nesta ocasião.
Umbral: “É uma região espiritual que começa na crosta terrestre, na qual se concentra tudo o que não tenha finalidade para a vida superior. É região de esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena.” [6]
No livro Nosso Lar, ditado mediunicamente por André Luiz, Lísias faz a seguinte afirmativa sobre o umbral:
“Há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevação.”[7]
É, portanto, uma região semi-trevosa habitada por Espíritos revoltados de toda espécie e envoltos por tendências e desejos inferiores.
Zonas de Transição: São colônias Espirituais muitas vezes situadas no próprio Umbral. Funcionam como verdadeiros oásis nos desertos. Espíritos ainda vinculados a problemas conscienciais, mas já dignos de merecimentos são atendidos nestas colônias buscando refazimento com vistas ao reajuste que se faz necessário.
Nosso Lar, é uma destas colônias, e é muito bem descrita na obra de André Luiz, não só no livro de mesmo título, mas em toda série que o segue.
Devido à importância desta colônia para o melhor entendimento do que seja a vida no plano espiritual, citaremos parte do estudo feito pelos Espíritos André Luiz e Lúcius, no livro Cidade no Além.
A cidade espiritual Nosso Lar, segundo informação de André Luiz, foi fundada por portugueses desencarnados no Brasil, no século XVI. Está localizada sobre o estado do Rio de Janeiro, entre as cidades do Rio de Janeiro, Campos e Itaperuna.
Na época em que nosso Amigo Espiritual nos brindou com esta magnífica obra, a cidade contava com cerca de um milhão de habitantes.
Sua administração é feita pela Governadoria, órgão central, e está assessorada por seis ministérios, a saber: Ministério da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina, que atuam nas áreas definidas pelo próprio nome, sendo cada Ministério dirigido por doze ministros.
Os trabalhadores de “Nosso Lar” moram sempre perto de seu trabalho, de tal forma que quando um trabalhador é transferido de ministério, é também transferido de residência.
Como se trata de uma colônia espiritual, a justiça se manifesta em maior intensidade. Veja a questão da moeda. O bônus-hora é como se fosse a moeda de “Nosso Lar”. Para cada hora trabalhada, o trabalhador recebe um bônus, e é com o acúmulo de bônus que os bens são adquiridos.
Poderíamos aqui enumerar muitas outras características desta colônia, mas o mais importante é sabermos que, do outro lado da vida, não existe a ociosidade para aqueles que querem evoluir; que há uma hierarquia espiritual que pela afinidade somos atraídos, e que, acima
de tudo, a vida continua.
Esferas Superiores: São regiões espirituais caracterizadas pela felicidade e pelo trabalho em favor do próximo. Como conseqüência, estas regiões são habitadas por Espíritos de grande elevação moral, ou seja, os bons Espíritos e os Espíritos Superiores.
André Luiz em suas obras, muitas vezes fala de Espíritos destas regiões, que foram visitar “Nosso Lar”, mas para que tal fato ocorresse, tiveram que adensar o perispírito.
Esferas Resplandecentes: “Regiões espirituais onde imperam a bondade, a confiança e a felicidade verdadeira”. No livro Renúncia, ditado pelo Espírito Emmanuel ao médium Francisco Cândido Xavier, assim é descrita a paragem espiritual a que estava vinculado o Espírito Alcíone:
“Pouco depois, ei-la que aporta em portentosa esfera, inconfundível em magnificência e grandeza. O espetáculo maravilhoso de suas perspectivas excedia a tudo que pudesse caracterizar a beleza, no sentido humano. A sagrada visão do conjunto permanecia muito além da famosa cidade dos santos, idealizada pelos pensadores do Cristianismo. Três Sóis rutilantes despejavam no solo arminhoso oceanos de luz mirífica, em cambiâncias inéditas, como lampadários celestes acesos para edênico festim de gênios imortais. Primorosas construções, engalanadas de flores indescritíveis, tomavam a forma de castelos talhados em filigrana dourada, com irradiações de efeitos policromos. Seres alados iam e vinham, obedecendo a objetivos santificados, num trabalho de natureza superior, inacessível à compreensão dos terrícolas.”[8]
Referências Evangélicas
Existem muitas referências evangélicas que tratam do tema que ora estudamos: “O Mundo Espiritual.”
Além da já citada neste estudo, em que Jesus nos afirma que “há muitas moradas na Casa do Pai”[9] gostaríamos de citar a Carta de Paulo aos Efésios.
Nesta carta o apóstolo dos gentios usa a palavra grega “epouranios” por cinco vezes. Alguns tradutores a traduzem como “céus”.
Céus em grego é “ouranos”. Em Efésios temos “epouranos = epo + ouranos donde epi= sobre + ouranos = céus, significando nos lugares celestiais”[10]
Em cada vez que Paulo usa esta expressão ela tem um significado podendo ser compreendida como morada de Deus e do Cristo, morada dos Espíritos redimidos, dos seres angelicais de todas as ordens, etc.
Era uma crença do judaísmo a existência de vários céus. “A palavra ‘Céus’ em hebraico é plural, Shamaim. Assim, é que Paulo fala em II Coríntios, 12: 2 e 3 que foi arrebatado ao terceiro Céu.”[11]
Até aí nada de novo, pois em todas estas situações a teologia cristã vê epouranios como sinônimo de céus. Todavia, em Efésios, 6: 12 Paulo fala em “seres espirituais malignos” que habitam as regiões celestiais (epouranios). Ou seja, se são “seres malignos” não podiam habitar os céus.
Portanto, podemos concluir que “epouranios” significa o que hoje no vocabulário espírita entendemos como “mundo espiritual”, “plano espiritual”; e como é sabido por todo aquele que estuda a Doutrina dos Espíritos, conforme mostramos neste estudo, vários são os níveis deste “plano espiritual”.
Como vemos, Paulo de Tarso e os judeus do tempo de Jesus já sabiam da existência do mundo dos Espíritos e a Bíblia comprova em vários pontos esta realidade.
Conclusão
“O ensino dos Espíritos sobre a vida de além-túmulo faz-nos saber que no espaço não há lugar algum destinado à contemplação estéril, à beatitude ociosa. Todas as regiões do espaço estão povoadas por Espíritos laboriosos. Por toda parte, bandos, enxames de almas sobem, descem, agitam-se no meio da luz ou na região das trevas.
Em certos pontos, vê-se grande número de ouvintes recebendo instruções de Espíritos adiantados; em outros, formam-se grupos para festejarem os recém-vindos. Aqui Espíritos combinam os fluidos, infundem-lhes mil formas, mil coloridos maravilhosos, preparam-nos para os delicados fins a que foram destinados pelos Espíritos superiores; ali ajuntamentos sombrios, perturbados, reúnem-se ao redor dos globos e os acompanham em suas revoluções, influindo, assim, inconscientemente, sobre os elementos atmosféricos.
Espíritos luminosos mais velozes que o relâmpago, rompem essas massas para levarem socorro e consolação aos desgraçados que os imploram. Cada um tem o seu papel e concorre para a grande obra, na medida de seu mérito e de seu adiantamento. O Universo inteiro evolue. Como os mundos, os Espíritos prosseguem seu curso eterno, arrastados para um estado superior, entregues a ocupações diversas. Progressos a realizar, ciência a adquirir, dor a sufocar, remorsos a aclamar, amor, expiação, devotamento, sacrifício, todas essas coisas os estimulam, os aguilhoam, os precipitam na obra; e, nessa imensidade sem limites, reinam incessantemente o movimento e a vida. A imobilidade e a inação é o retrocesso. É a morte. Sob o impulso da Grande Lei, seres e mundos, almas e sóis, tudo gravita e move-se na órbita gigantesca traçada pela vontade divina.” [12]
2 - Diferentes Categorias de Mundos Habitados
Quando questionamos a possibilidade de vida em outros planetas, somos obrigados a raciocinar com a lógica e o bom senso.
Analisando os atos de um homem de bem, vemos que ele não toma nenhuma atitude ao acaso, mas tudo o que faz é elaborado de acordo com os seus princípios. Se assim age um simples homem de bem, como então agiria o Criador em relação à sua própria obra? Seria fruto do acaso, ou haveria em tudo, planejamento?
O bom senso nos mostra que o acaso não existe, e que a criação foi e é obra de um rigoroso planejamento.
Se analisarmos o Universo só sob o ponto de vista de existência da nossa galáxia, a Via Láctea, chegaremos à conclusão que só em números de Sóis podemos contar aproximadamente 40 bilhões. E os planetas relativos a esses sóis, quantos serão ao todo? E isto estamos falando só da nossa galáxia, e se aventarmos às “bilhões” de galáxias? Por que então, o Criador que nada fez ou faz ao acaso, iria Criar tantos ambientes planetários?
Desta forma, chegamos à conclusão que seria menosprezar demais a capacidade de Deus, se supuséssemos somente a nossa minúscula Terra habitada.
É raciocinando desta maneira, que a Doutrina Espírita pode afirmar serem todos os globos que se movem no espaço, habitados. [13]
“É a mesma a constituição física dos diferentes globos?” Kardec fez esta pergunta aos Espíritos, ao que eles nos responderam:
“Não; de modo algum se assemelham.” [14]
E, é fácil de entender o porquê. Se somos Espíritos, cada qual no seu estágio evolutivo, não temos todos as mesmas necessidades. Se não as temos iguais, logicamente vivemos em ambientes diferentes. Assim sendo, os mundos são diferentes, porque diferentes são os que os habitam
Devido à infinidade de mundos, não podemos classificá-los quanto à sua evolução de uma maneira absoluta, mas Kardec oferece uma divisão, que nos permite entender melhor o assunto:
Mundos Primitivos:
São os mundos destinados aos Espíritos em sua infância, ou seja, no início de sua evolução.
“Os seres que os habitam são, de alguma sorte, rudimentares: eles têm a forma humana, mas sem nenhuma beleza; seus instintos não são temperados por nenhum sentimento de delicadeza ou de benevolência, nem pelas noções do justo e do injusto(…)” [15]
A justiça, conforme a conhecemos hoje, não faz parte do entendimento deles, o que impera é a lei do mais forte.
Além da falta de desenvolvimento moral, temos como nenhum o desenvolvimento científico e intelectual.
Mundos de Expiações e Provas
Nestes mundos a característica básica é ainda o predomínio do mal sobre o bem. A superioridade da inteligência de alguns homens mostra que este não é um mundo primitivo. Mas essa inteligência é muitas vezes usada como forma de dominação e de desvirtuamento.
As qualidades inatas são provas que estes Espíritos já viveram antes, realizando muitas vezes em outros mundos, seu progresso. Mas são ainda bastante imperfeitos, e por isso estão sujeitos a provas e expiações, como forma de atingir a meta desejada: a perfeição.
A Terra, como sabemos, é um destes planetas de provas e expiações. É conforme o dizer de Emmanuel, “uma abençoada escola, onde se regenera o Espírito culpado e onde ele se prepara, demandando glorioso porvir.”[16]
Mas a Misericórdia Divina não desampara seus filhos. Periodicamente reencarnam nesses mundos, missionários do bem, Espíritos encarregados de vivenciar a moral em toda sua plenitude como forma de fixar o bem na intimidade das criaturas.
Mundos Regenerados
Os mundos regenerados servem de transição entre os inferiores e os superiores. Nesses mundos os Espíritos reencarnantes, apesar de acentuados progressos, ainda acham-se sujeitos a provas, mas sem as angústias das expiações. Sendo o homem ainda materializado, essas provas vão trabalhando nele a desmaterialização que se faz necessária para entrada em mundos mais evoluídos.
Há nestes mundos, por parte de sua Humanidade, o desejo da prática do bem. Livre que está dos Espíritos ligados ao mal, o homem acha-se desanuviado, e o clima psíquico é bem tranqüilo.
“Contemplai, pois, à noite, à hora do repouso e da prece, a abóbada azulada e, das inúmeras esferas que brilham sobre as vossas cabeças, indagai de vós mesmos quais as que conduzem a Deus e pedi-lhe que um mundo regenerador vos abra seu seio, após a expiação na Terra.”
Santo Agostinho [17]
Mundos Superiores
Nesses mundos, as condições de vida moral e material são bens diversas às da Terra. O corpo não é material como o nosso. O “Modus Vivendi” dos Espíritos ali vinculados faz com que eles não estejam sujeitos nem às doenças, nem às deteriorações da matéria.
A infância nestes mundos é menor ou quase nula; a vida é proporcionalmente mais longa, a morte já não causa medo, e a linguagem é feita pela transmissão do pensamento. “O homem não procura elevar-se acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se.”[18]
O melhor é saber que viver num destes mundos não é privilégio dos eleitos, mas destino de todos nós, assim que nos purificarmos pelo trabalho e serviço ao próximo. Vivenciando, deste modo, aquele mandamento de Jesus, quando disse:
“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós.”[19]
4 - Final dos Tempos – Visão Espírita
Há por parte de grande parcela da Humanidade, incluindo a classe dos espíritas, a preocupação com as previsões catastróficas baseadas nos textos bíblicos e em próprias comunicações espíritas, sob o fim do mundo.
O que diz a Doutrina Espírita sobre isto? A Humanidade corre o risco de desaparecer da Terra? O mundo em que vivemos desaparecerá? E o juízo final? E a volta de Jesus, como se dará?
Os Espíritos são claros: Antes dizíamos: aproximam-se os tempos, agora dizemos: Os tempos são chegados.
Kardec, no livro Obras Póstumas, transcreve algumas comunicações dos Espíritos, em que eles falam deste assunto, e eles são claros em dizer que tudo o que está nos Evangelhos terá de cumprir-se, e já está se cumprindo. O que temos de ter é discernimento para tirarmos o espírito da letra na interpretação dos textos sagrados.
Como já dissemos anteriormente, toda a Criação Divina segue um programa pré estabelecido, e as Leis de Deus consequentemente não serão subvertidas.
Não haverá fim do mundo material, pelo menos por agora, como muitos têm anunciado, o que acontecerá é o fim de uma era, de uma etapa do processo evolutivo. O que se prepara é o fim do mundo amoral, aquele em que os interesses mundanos vêm à frente dos interesses definitivos do Espírito.
Essa mudança não será brusca, e nem acontecerá no ano dois mil e doze, ela já está acontecendo e continuará ainda por muitos anos. O processo é gradual como toda transformação da Natureza, não haverá cataclismos nem revoluções capazes de exterminar a Criação Divina. Haverá uma transformação que conduzirá a Terra, de mundo de provas e expiações, a mundo de regeneração, mas estas não serão simplesmente transformações externas, mas sim no interior dos próprios homens. A luta no campo das idéias, nos conflitos do relacionamento interpessoal, criará uma nova ética baseada na Verdadeira Moral, e esta será a tônica do novo mundo. O que fará haver mais ou menos dor, é a própria conduta do homem diante das mudanças que se fazem necessárias, ou seja, será diretamente proporcional à sua aceitação ou à sua rebeldia.
Mas podemos perguntar, como se fará a substituição desta geração por outra mais virtuosa?
Para que haja felicidade na Terra, é preciso que os Espíritos que a habitam sejam afinados com o Bem, portanto, é preciso que aconteça uma limpeza em nosso orbe, ou seja, que os Espíritos recalcitrantes no mal sejam levados para outros mundos que acham-se mais atrasados em relação ao nosso, onde expiarão seus erros e aprenderão com o “suor do seu rosto”, a não mais transgredir às Leis Divinas.
Entretanto, esse transporte não será via discos voadores ou planeta chupão, como muitos apregoam, eles serão transportados por meios espirituais e de forma natural.
Só para ilustrar, lembremos de que isto já aconteceu com relação à Terra, no entanto, ela, no momento, estava em condição de receptora destes espíritos, conforme narra Emmanuel:
“Há muitos milênios um dos orbes da Capela, que guarda afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. (…)
(…) Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade (…)
As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberaram, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração (…)” [20]
Desta forma, podemos afirmar que o tempo é de tranqüilidade e de construção de um novo Ser baseado nos ensinamentos evangélicos. O juízo final não é acontecimento de um dia, mas de todos os instantes em que se faz necessário o auto-conhecimento, e a elaboração por nós mesmos do caminho a seguir.
Não nos inquietemos, devemos sempre lembrar de que neste planeta há governo, e que este condutor não é ninguém mais nem menos que Jesus, o Cristo de Deus.
[1] DENIS, Léon. Depois da Morte, 18a ed., Rio de Janeiro, FEB, 1994, cap. XXXIII
[2] Mateus, 18: 18
[3]PERALVA, Martins. O Pensamento de Emmanuel. 5a ed., Brasília, FEB, 1994, cap. 5
[4] PEREIRA Yvonne do Amaral. Memórias de Um Suicida, Rio de Janeiro, FEB, 1955
[5] XAVIER, Francisco C./André Luiz. Libertação, Rio de Janeiro, FEB, 1949.
[6] O Reformador Agosto de 1996, artigo de Gil Restani de Andrade
[7]XAVIER, Francisco C./André Luiz. Nosso Lar. 41a ed., Rio de Janeiro, FEB, 1994, cap. 12
[8] XAVIER Francisco C./ Emmanuel (Espírito). Renúncia, Rio de Janeiro, FEB, 1942, pg. 25 e 26
[9] João, 14: 2
[10] Nota de Severino Celestino em E mail trocado com o autor do presente texto.
[11] Idem.
[12] (DENIS Léon, Depois da Morte, 18ª ed. 1994), cap. XXXIV
[13] (KARDEC 1980),questão 55
[14] (KARDEC 1980), questão 56
[15] KARDEC Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, 104ª ed., Rio de Janeiro, FEB, 1991, cap. 3
[16] (XAVIER/Emmanuel [Espírito] 1991), cap XVI
[17](KARDEC, O Evangelho Segundo o Espiritismo. 104ª ed. 1991), cap. 3
[18] (KARDEC, O Evangelho Segundo o Espiritismo. 104ª ed. 1991), cap. 3
[19] João, 13: 34
[20] (XAVIER/Emmanuel [Espírito] 1980)cap. III
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