Estudando o Espiritismo

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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Amar o Inimigo


Amar o Inimigo

Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www. irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Leon Denis
http://www.celd.org.br

Palestrante: Carlos Alberto
Rio de Janeiro
22/06/2001

Organizadores da palestra:

Moderador: "Luno" (nick: |moderador|)
"Médium digitador": "Carlos Alberto" (nick: Carlos_Alberto)

Oração Inicial:

<|moderador|> Amigo Jesus, obrigado por mais esta oportunidade de estudo. Que nosso amigo Carlos Alberto possa ser amparado em sua tarefa e que todos nós possamos estar receptivos aos ensinamentos que hoje serão comentados. Permanece conosco durante esta noite de estudos. Que assim seja!

Apresentação do Palestrante:

<Carlos_Alberto> Saudações a todos. Trabalho no Núcleo de Caridade Espírita Irmão Joé, no Rio de Janeiro, no Bairro de Piedade. Colaboro na tarefas mediúnicas de cura, desobsessão, como palestrante e nos trabalhos de assistência social. (t)

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Carlos_Alberto> É sempre difícil falar de um tema em que além de nos distanciarmos da sua prática, encontramos plena dificuldade na sua execução Mas não podemos nos acovardar diante desta realidade e ficarmos esperando que o progresso moral se concretize para que possamos discutir os ensinamentos do Cristo. Até porque os próprios Espíritos nos mostram no Livro dos Espíritos que o progresso intelectual pode impulsionar o progresso moral, conforme nas questões que se seguem: 780. O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual? "Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente." (192-365) a) - Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral? "Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos." "Amar aos nossos inimigos" parece inalcançável para a maioria de nós. Cabe a Doutrina Espírita trazer a todos nós a compreensão maior deste ensinamento do Cristo, para que pouco a pouco com a fé raciocinada, desenvolvamos em nós as potencialidades necessárias para amar como o Cristo nos ama. Ressaltamos que vamos "desenvolver as potencialidades", pois estas já existem latente em cada um de nós. Aproveitemos então a noite de hoje para esta abençoada e sadia troca de idéias. Que Deus abençoe a todos nós. (t)

Perguntas/Respostas:

<|moderador|> [1] - <{{batatinha}}> Amar o inimigo é a mesma coisa que amar um parente? Como fazer isso?

<Carlos_Alberto> Se o parente é alguém de quem gostamos e temos afinidade, não é a mesma coisa. Vejamos no Evangelho, capítulo XII: "Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, neste passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas idéias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo. Amar a um inimigo é o bom combate que iniciamos, combatendo em nós a vingança, os maus pensamentos, buscando a mudança de postura diante do semelhante. (...)" O espírita já sabe que o inimigo de hoje pode ter sido o prejudicado de ontem. Amar ao inimigo é buscar compreendê-lo, antes de tudo. (t)

<|moderador|> [2] - <kkatia> O inimigo, pressupõe ser alguém de quem não gostamos. Não há como amar o que não se ama! Que conduta devemos ter? É correto o afastamento?

<Carlos_Alberto> Você está certa. De alguém de quem não gostamos e que normalmente também não gosta de nós. A reencarnação não é estudada somente para nos dar conhecimento teórico. A reencarnação é base para entendermos que somos Espíritos milenares que viemos de uma longa jornada. DEUS nos abre uma porta atrás da outra incessantemente. Por mais que erremos, encontramos a porta aberta. É chegada a hora de compreendermos que o inimigo de hoje normalmente está relacionado aos enganos do passado. Antes de rencarnarmos, geralmente pedimos pela oportunidade de reconciliação. O Cristo ainda nos adverte: "Reconciliai com o inimigo enquanto estás a caminho..." Certamente que não é fácil. Mas o espírita sabe que é preciso, senão adiamos a nossa felicidade. É uma questão de opção. As oportunidades aí estão. O afastamento não resolve. Mas é melhor do que a vingança que ainda há pouco praticávamos. Principalmente a vingança pelas costas, que é odiosa. Logo, saibamos o que precisamos alcançar e oremos a Deus a força para conseguirmos chegar lá. (t)

<|moderador|> [3] - <{{batatinha}}> É verdade que o ódio escraviza as pessoas ao objeto do ódio?

<Carlos_Alberto> É verdade sim. Todos estamos submetidos a Lei de ação e reação. A Lei de sintonia. Se agimos com ódio, ficamos escravizados por este sentimento. O ódio que gera a vingança nos deixa estacionados. Vemos semanalmente nas sessões de desobsessão dezenas de depoimentos a este respeito. Espíritos que passam séculos arquitetando planos para se vingarem. E nestes séculos, deixam de crescer, deixam de trabalharem para si. Em muitos casos, aqueles que os prejudicaram já subiram tanto, que o vingador acaba sem conseguir o seu intento. Busquemos a compreensão de Deus, das suas leis, da Sua Justiça. para evitarmos uma escravização tão triste. (t)

<|moderador|> Duas perguntas relacionadas: [4] - <{{batatinha}}> Como se libertar do desejo de vingança (batatinha)? <kkatia> Já ouvi falar sobe o mal que sofremos pelos sentimentos de odio que dirigimos a outrem. O que devemos fazer quando não nos abandonam?

<Carlos_Alberto> É preciso primeiramente vontade. Não esta vontade passageira... que muda com o vento, ou muda como mudamos de roupa. É preciso a vontade, que vem com a certeza que vamos adquirindo da bondade de Deus... VOntade que vai se desenvolvendo com a fé raciocinada. Uma vontade firme. E mesmo com esta vontade, é certamente tarefa das mais difíceis pois infelizmente ainda nos comprazamos com o mal muitas vezes inconscientemente, a nossa lei ainda é: "Olho por olho, dente por dente...". Em segundo lugar, é preciso coragem. A base da nossa existência está no pensamento. O pensamento é criador. Com vontade e coragem, devemos direcionar nosso pensamento de forma positiva. No primeiro pensamento crítica a pessoa de quem não gostamos, devemos buscar combatê-lo. A cada crítica, devemos contrapor buscando observar uma qualidade na pessoa de quem não gostamos. TODOS somos filhos de Deus, TODOS possuímos qualidades. Os nossos inimigos também as possuem. Com vontade e coragem, busquemos contrapor a animosidade, enumerando as qualidades. No começo será muito, muito difícil. Mas com o tempo, mudamos a nossa maneira de pensar. Eu tenho feito isso há alguns anos. Embora esteja muito longe de conseguir em plenitude, alguns frutos são colhidos. Posso assegurar que transformar uma inimizade em amizade é algo extremamente reconfortador. (t)

<|moderador|> [5] - <dindafoz> O nosso inimigo desencarnado pode tentar nos desequilibrar através de nossos amigos encarnados em desequilíbrio?

<Carlos_Alberto> Sem dúvida nenhuma. Isto é o que mais acontece. Por isso o Cristo nos ensina: "Orai e Vigiai". Mas lembremos que o inimigo desencarnado é alguém que normalmente foi prejudicado por nós em algum momento da nossa jornada. Vejamos o inimigo desencarnado como um Espírito que ainda não despertou para as mensagens do Cristo. Se nós já despertamos, aí está o momento de irmos colocando em prática os ensinamentos aprendidos. (t)

<|moderador|> [6] - <{{batatinha}}> Por que se diz que o ódio é o amor que adoeceu?

<Carlos_Alberto> O ódio está ligado as nossas imperfeições, ao nosso orgulho e egoísmo. Talvez seja porque o amor que possuímos ainda é muito egoísta. Desta forma, quando o amor não atende aos nossos interesses, nasce o ódio. Talvez seja isso. (t)

<|moderador|> <Kcriss> [7] - <{{batatinha}}> A prece ajuda a perdoar? Tem gente que reza tanto para esquecer as mágoas e parece que não consegue. Por que isso acontece?

<Carlos_Alberto> A prece sempre ajuda. Mas a ação será sempre nossa. A prece (quando feita de coração) nos coloca em sintonia com os bons Espíritos. Os bons Espíritos nos auxiliam nos trazendo os bons pensamentos, as influências positivas. Mas como temos o livre arbítrio, muitas vezes desprezamos os bons conselhos. Ainda somos muitos instáveis. Embora queiramos realmente nos melhorar, as ligações com as inferioridades ainda existem. Quando preferimos a "escuridão" em detrimento da "luz", a prece perde o seu efeito. (t)

<|moderador|> <kkatia> [8] - <Adynha_> Porque devemos amar alguém que nos quer mal?

<Carlos_Alberto> Porque somos cristãos. Porque já sabemos que o acaso não existe. A pessoa que nos quer mal hoje, se não foi prejudicada por nós a existência, poderá ter sido em outra. Porque mesmo que a pessoa que nos queira mal não tenha nenhuma relação conosco, é através do "perdão" das Leis de Deus, que continuamos a nossa caminhada. Sendo as Leis de Deus educativas, precisamos nos alinhar com estas Leis. Somos integralmente abençoados pela misericórdia de Deus. Por isso temos o esquecimento do passado. Logo, por uma questão de gratidão a Deus, que sempre nos protege e ampara, temos o dever de distribuir estas bênçãos aos nossos semelhantes. Começamos aprendendo na família, com os amigos. Agora o momento é com aqueles a quem "devemos" e aqueles que batem a nossa porta. Mas principalmente, porque sabemos como cristãos que somos, que TODOS somos também irmãos. (t)

<|moderador|> [9] - <{{batatinha}}> Por que Jesus afirma que se não nos reconciliarmos com o inimigo teremos de pagar até o último ceitil?

<Carlos_Alberto> Porque todos fomos criados para sermos felizes. E para sermos felizes, é preciso que tenhamos a consciência tranqüila. À medida que vamos evoluindo, mais a consciência nos "cobra" dos atos praticados. Pagar o último ceitil neste caso, significa tranqüilizar a consciência. Imagine assim: Uma pessoa que para subir na empresa, puxa o tapete de um amigo. Este amigo é despedido. Não suportando as dificuldades impostas pela vida, se entrega e vem a desencarnar. Um dia, a consciência de quem prejudicou, desperta. Enquanto não resolver esta situação, não terá paz, não terá felicidade. Ninguém pode fugir da sua própria consciência. No dia que entendermos isso, veremos que não temos motivos para vinganças. As Leis de Deus são por demais perfeitas, para que nós nos coloquemos na posição de juiz dos nossos semelhantes. Busquemos sermos juiz de nós mesmos. (t)

Considerações Finais do Palestrante:

<Carlos_Alberto> Precisamos entender que cada um de nós é um universo em si mesmo. Uma individualidade, com suas conquistas, com suas lutas. Cada um de nós é ÚNICO em todo o Universo. com uma maturidade que nos leva a um entendimento e a uma visão da vida de acordo com aquilo que conseguimos (e queremos) alcançar. Normalmente julgamos o semelhante partindo da nossa realidade. Da nossa maturidade. Das nossas conquistas. E aí nos tornamos pouco compreensivos, pouco generosos. Normalmente extremamente rígidos. Agimos assim no trabalho, na família. Ficamos assim a um passo de nos revoltarmos a qualquer contrariedade. E de passo em passo vamos alimentando os sentimentos inferiores. Nasce o ódio. Nasce a animosidade com os nossos semelhantes. É preciso cortar o mal pela raiz. Ao percebermos um mal pensamento, lembremos do Cristo: "Fazei ao próximo o que gostaríeis que fizesse a si mesmo...". Se gostaríamos que o vizinho seja generoso com nossos filhos, sejamos generosos com os filhos de nossos vizinhos. Se queremos que no futuro o chefe de nossos filhos os conduzam com paciência, conduzamos com paciência os nossos subordinados. A vida dá muitas voltas, exatamente para que possamos aprender. E o aprendizado vem com suor e trabalho. Amar o inimigo é tarefa das mais difíceis. Mas não é diferente para aqueles que não gostam de nós e muitas vezes precisamos do seu amor. Comecemos pelo pensamento. A ação será conseqüência. A estrada se apresentará para nós da forma como nós a construirmos. Jesus não veio a Terra em vão. Com vontade, coragem e fé, conquistaremos muitos desafetos, tranqüilizando a nossa consciência e conquistando a verdadeira felicidade. (t)

Oração Final:

<|Moderador|> Deus, Pai querido, agradecemos por mais esta noite de estudos. Que nosso amigo Carlos Alberto possa ser sempre inspirado da maneira como foi, para que em próximas ocasiões nos traga novamente tão grande contribuição e oportunidade de aprendizado. Que todos os amigos aqui presentes possam ter um boa noite de sono, cheia de tranquilidade e Paz. Que assim seja!

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