Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Encarnação nos diferentes mundos


Encarnação nos diferentes mundos
Do livro “Cartas de Uma Morta”, pelo Espírito Maria João de Deus
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

50 – Belezas de Saturno – A Vertiginosa Excursão
Um dos planetas, cuja constituição mais me impressionava, quando raramente me entretinha com essas questões na Terra, era Saturno, imaginando como seriam pridigiosos os fenômenos da luz em sua superfície, em virtude de seu anel e numerosos satélites.
Revelando essas preocupações ao espírito benévolo, que prosseguia dispensando-me carinhosa proteção, concedeu-me o seu valioso auxílio para que eu pudesse excursionar àquele orbe distante.
Bastou que fixássemos em nossa mente semelhante desejo para que me visse ao lado de um boníssimo companheiro, envolto em atmosfera diferente da que me era habitual nas adjacências da Terra.

51 – O Sol Azulado de Saturno
Vi-me, então, numa superfície diversificada, onde parecia pisar sobre um amontoado de massas mais ou menos análogas ao gelo sentindo-me envolvida numa temperatura singular.
Avistei muito distante, como um novelo de luz, levemente azulada, o sol; todavia, só pude saber que se tratava desse astro porque me disse o esclarecido mentor e devotado guia, tal era a diferença que eu constatava. A luz se espalhava por todas as coisas, mas, o seu calor era menor, dando-me a impressão de frescura e amenidade, arrancando do cenário majestoso, que eu presenciava, tonalidades de um rosa pálido e de um azul indefinível.
Vi, depois, várias habitações de estilo gracioso, onde predominavam grandes colunatas artisticamente dispostas, decoradas com uma substância para mim desconhecida, que mudava de cor, em lindíssimas nuanças, aos reflexos da luz solar.

52 – Um Mundo sem Clorofila
Uma vegetação estranha coalhava o solo branco, às vezes brilhante; a clorofila, porém, que se conhece no planeta terráqueo, deveia estar substituída por outro elemento, porque todas as folhagens e ramarias eram azuladas; contudo, os espécimes de flores, que eu tinha sob as vistas, eram de coloridos variegados, apresentando as mais singulares tonalidades quando refletiam a luz circunstante. Flores extraordinárias pela sua originalidade e perfume ornamentavam todo o ambiente.

53 – Os Monstros Feios e Graciosos
Contemplando o espaço, muito acima de nós, vi grandes massas multicores, que tomei por variegadas nuvens, e, ao mesmo tempo notei que seres estranhos evolucionavam nos ares, em gráceis movimentos, apesar de me parecerem bizarros. Nada tinham de comum com os tipos da humanidade terrena, afigurando-se-me extraordinariamente feios com a sua organização animalesca, com suas membranas à guisa de asas, tão estranhas para mim, as quais lhe facultavam o poder de volitar à vontade.

54 – O Dia de Dez Horas
Ante a minha atitude de assombro, solicitamente o guia explicou:
- Vês, filha, estamos na superfície de Saturno, onde o dia se compõe de dez horas e as estações duram mais de sete anos consecutivos, segundo a contagem do tempo no planeta que deixaste. Aqui a situação climatéria é eminentemente benéfica, em razão do equilíbrio da obliquidade da eclíptica, propiciando aos habitantes deste venturoso orbe, elementos de duradoura saúde.

55 – Novos Aspectos da Luz
O sol, aqui apresenta novos aspectos, porquanto sua luz, em combinação com os elementos atmosféricos, caracteriza-se por composições que desconheces; e essa claridade eterna e suave, que te provoca admiração, é conservada em suas vibrações pelos numerosos satélites que a refletem, multiplicando os raios luminosos e caloríficos.

56 – Sem Vícios, sem Maus Costumes e sem Guerras
Espanta-te a contemplação dos seres que o povoam? É que te achas fora dos ambientes rotineiros, faltando-te a analogia para saberes comparar as coisas.
Essas criaturas, que te parecem animais egressos das plagas terrestres, onde os zoófitos encontram os seus elementos de vida, são altamente dotados de sabedoria, sensibilidade e inteligência. Seus sentidos e percepções são muito superiores àqueles com que foram aquinhoados os homens terrenos e a preocupação máxima da sua existência é a intensificação do poder intelectual.
Souberam dominar todos os elementos da natureza e aplicar sabiamente suas leis; com suas adaptações e continuados estudos fizeram deste mundo uma das regiões privilegiadas do Universo, onde as almas desejosas de perfeição e beleza estacionam, preparando-se para um glorioso porvir.
Não vivem, como na Terra, uma existência saturada de vícios e de maus costumes, nem se nutrem sacrificando vidas, mas conforme a natureza, aproveitando-se daquilo que ela nos proporciona espontânea e naturalmente, alimentando-se com frugalidade.
Seus problemas comezinhos foram simplificados ao extremo, pois, desconhecendo a ambição que na Terra avassala os corações, criaram uma organização política segundo a sua elevada evolução espiritual, regulando com absoluta eqüidade todas as questões econômicas, o que lhes outorga invejável situação de equilíbrio, índene da ação nefasta das guerras.

57 – Mediunidade Generalizada
Aqui ainda existe o colégio sacratíssimo da família, que se reúne sob os imperativos das afinidades naturais.
Chegados a certa idade, os saturninos ouvem os espíritos, seus irmãos das outras esferas do sistema, existindo entre eles a mais poderosa mediunidade generalizada. Conhecem todas as combinações fluídicas requeridas ao seu bem estar, e a eletricidade e a mecânica não têm para eles segredos, sabendo utilizar-lhes as forças com plena consciência das suas possibilidades.
Também estão a par do que ocorre nos outros mundos e todo habitante de Saturno pode calcular com precisão matemática, de um momento para outro, a posição dos satélites dos outros planetas, respondendo com acerto qualquer argüição nesse sentido. Conhecem a história e os fenômenos dos globos cometários que lhes são familiares, e sabem medir a paralaxe das estrelas mais próximas, conservando uma vasta ciência das coisas do céu.

58 – A Ciência Unida à Fé
Entre eles, a justiça e a verdade não são um mito e, há muito, a ciência está reunida à fé. Não amontoam as riquezas, que resplendem no solo em que pisam, no qual se conservam matérias preciosíssimas, as quais somente são retiradas para ornamentação de seus lares ou dos templos da sabedoria, onde se verificam prodigiosas manifestações da onipotência divina.
A simplificação da existência, por meio das aplicações do seu extraordinário engenho e de suas nobilíssimas concepções acerca das finalidades da vida, minorou-lhes as fadigas e os trabalhos, que aqui não precisam ser tão intensos. Podem-se dedicar com mais devoção ao que concerne à espiritualidade, conservando-se acima da ciência terrena nos problemas referentes à medicina; as moléstias incuráveis entre eles são desconhecidas e sagradas instituições recebem os que se avizinham da transição que denominais morte, na Terra. Para eles a morte não existe, porque estão cientes de tudo o que ocorre ao espírito liberto.
Não são, contudo, seres perfeitos como talvez presumas: são ainda falíveis, mas o que te procuro demonstrar é a sua incontestável superioridade sobre o orbe que abandonaste.

59 – Assembléias Aéreas
Vendo grandes nuvens multicores, que esvoaçavam no firmamento, expressei minha admiração ao companheiro zeloso, que me esclareceu:
- Não são nuvens o que contemplas. São aparelhos gigantescos onde os saturninos se reúnem para estudos maravilhosos. Em cada um deles se agrupa uma assembléia de espíritos sedentos de sabedoria. A música, a poesia, todas as artes lhes merecem especial carinho, porquanto único objetivo os irmana num mesmo ideal – a grandeza intelectual.

60 – Saturno, dos Mares Rosados…
Nesse instante reparei que o dia se findava no hemisfério em que nos achávamos, desaparecendo o globo azulado e longínquo do sol nos horizontes desse mundo pridigioso; seu brilho esmaecia e, quando o reflexo cerúleo se observava em todas as coisas, um cenário esplendoroso e inenarrável descerrou-se ao meu olhar atônito. Nas imensidades do éter acendeu-se o lampadário maravilhoso; afigurava-se que uma auréola de chamas, lindamente coloridas, coroava esse orbe encantado, em meio às luas fulgurantes, que me pareciam vitórias-régias, resplandecendo num mar de suavíssimas claridades.
Locomovemo-nos em determinada direção e qual não foi o meu espanto ao deparar com grande massa de substância fluídica, um pouco semelhante à água levemente rosada, elucidando o meu prezado mentor tratar-se dos mares saturninos, enquanto apreciava as fontes encantadas e os lagos róseos como se fossem encravados em geleiras alvíssimas.
Observei, então, um quadro indescritível: bem no cume de um monte, que parecia de neve, certo palácio de colunas preciosas emergia de uma alcatifa de flores.
Resplandeciam os anéis luminosos no firmamento e grande multidão ali se reunia em atitude de recolhimento e prece.
Vi, então, elevar-se aos céus constelados uma onda de luminosidade feérica e, da amplidão azul, onde evolucionavam os lindos satélites desse orbe de sabedoria e ventura, um jorro de sol desceu sobre aqueles seres silenciosos e recolhidos.
Era a correspondência visível entre dois planos…
Nesse instante, porém, o desvelado mentor me arrancou do êxtase em que me achava. Saí, então, daquela atmosfera densa, mas cheia de encantamentos e de maravilhas, levando comigo a visão eterna daquele celeste orbe de harmonia e beleza, que se afigurou, ao meu espírito acanhado e imperfeito, como prodigiosa estância de perfeições do Universo.

114 – O Planeta Marte
Meus amigos, é com permissão dos nossos Guias dos planos superiores que desejo prosseguir, nesta noite, as minhas narrativas de Além-Túmulo. Não está em nós a presunção de resolver incógnitas científicas e nem derrogar os decretos do Altíssimo, que, do lado de cá, nos merece a mais sublime de todas as venerações. Escrevo estas impressões somente objetivando a consolação dos que sofrem, visando a amplitude das esperanças dos que nos compreendem, a fim de que aguardem, confiantes na bondade de Deus, o prêmio compensador da vida em outras paragens mais felizes, onde a alegria não se extingue, como na Terra, e a paz é uma vibração permanente do pensamento de todas as criaturas.
Aqui, tenho aprendido que há mundos de todas as espécies, diversificados em sua natureza como a essência dos sentimentos das almas. Mundos de dor, de ventura, de aprendizado, de luta, de regeneração.
Todas essas distantes pátrias, que os vossos telescópios focalizam, dentro da noite imensa, não poderiam estar vazias e abandonadas. Não se compreende uma cidade edificada, rica de monumentos e obras, sem habitantes e sem vida. Os planetas, que rolam no infinito, constituem a família universal, por excelência. Cada um deles comporta uma humanidade, irmã de todas as outras que vibram na imensidade.
É tola vaidade do homem terreno afirmar-se a única criatura pensante do Universo, mesmo porque a Terra é um dos planos mais obscuros e mais repletos de amargura para quantos já experimentaram algo das felicidades imorredouras, que a evolução dos sentimento e do raciocínio pode facultar. Para as almas acendradas no amor, a Terra é bem o recanto do exílio e das sombras.
Todavia, vós outros, os que estudais, tomados da disposição benéfica de conhecer a vida espiritual, em suas mais remotas e múltiplas modalidades, deveis arquivar no coração o tesouro divino da esperança. Se na atualidade as dores vos assediam, sabeis que a vida não se circunscreve no âmbito mesquinho do orbe terráqueo. Patrimônio da criação e divindade de todas as coisas, é ela a vibração luminosa que se estende pelo infinito, dentro de sua grandeza e do seu sublime mistério.

115 – A Viagem Vertiginosa
Mas eu vos prometera falar de minha excursão ao planeta que vos é vizinho e vou me desviando em considerações doutrinárias e filosóficas, esquecendo o escopo de minha visita.
É para a vossa ciência uma afirmativa audaciosa, dizer-vos que pude ver o planeta Marte, identificando-me com os seus elementos a fim de conhecer de mais perto as suas belezas ignoradas.
A verdade, porém, tem igualmente as suas revelações pelos caminhos da fé. Nem tudo se mostra somente nas análises frias dos laboratórios e das suas retortas. As grande realidades primeiramente falam ao coração. Na atualidade, à míngua de elementos mais positivos de ordem material, nós vos falamos como se fôssemos vítimas de nossos surtos imaginativos, mas dia virá que os homens hão de verificar, com as positividades requeridas, a veracidade de nossas afirmativas.
Como das outras vezes, meus amigos, não pude fazer sozinha uma excursão dessa natureza. O guia de sempre conduzia os meus passos. E foi assim que bastou um pensamento forte de nossa vontade, concentrada nesse objetivo, para que efetuássemos essa viagem vertiginosa, cuja duração foi de poucos segundos, de acordo com a vossa contagem do tempo aí na Terra.

116 – Paisagem de Marte
Vi-me à frente de um lago maravilhoso, junto de uma cidade, formada de edificações profundamente análogas à da Terra. Apenas a vegetação era ligeiramente avermelhada, mas as flores e os frutos particularizavam-se pela variedade de cores e de perfumes.
Percebi, perfeitamente, a existência de uma atmosfera parecida com a da Terra, mas o ar, na sua composição, afigurava-se muitíssimo mais leve. Assegurou-me, então o Mestre, que me acompanhava, que a densidade em Marte é sobremaneira mais leve, tornando-se a atmosfera mais rarefeita.
Vi homens mais ou menos semelhantes aos nossos irmãos terrícolas, mas os seus organismos possuíam diferenças apreciáveis. Além dos braços tinham ao longo das espáduas ligeiras protuberâncias à guiza de asas que lhes prodigalizavam interessantes faculdades volitivas. Percebi que a vida da humanidade marciana é mais aérea. Poderosas máquinas, muitíssimo curiosas na sua estrutura, cruzavam os ares, em todas as direções. Vi oceanos, apesar da água se me afigurar menos densa e esses mares muito pouco profundos. Há ali um sistema de canalizações, mas não por obras de engenharia dos seus habitantes, e sim por uma determinação natural da topografia do planeta que põe em comunicação contínua todos os mares.
Não vi montanhas, sendo notáveis as planícies imensas, onde os felizes habitantes desse orbe desempenham as suas aitvidades consuetudinárias. As águas são muito mais raras. As chuvas quase que se não verificam, mostrando-se o céu geralmente sem nuvens. Afirmou-me o protetor que grande parte das águas desse planeta desapareceram nas infiltrações do solo, combinando-se com elementos químicos das rochas, excluindo-se da circulação ordinária do orbe.

117 – A Evolução Marciana
Assegurou-me, ainda, o desvelado mentor espiritual, que a humanidade de Marte evoluiu mais rapidamente que a da Terra e que desde os pródromos da formação dos seus núcleos sociais, nunca precisou destruir para viver, longe das concepções dos homens terrenos cuja vida não prossegue sem a morte e cujos estômagos estão sempre cheios de vísceras e de vitualhas de outros seres da criação.
O dia ali é igual ao da Terra, pois conta 24 horas e quase 40 minhutos, mas os anos constam de 668 dias, tornando as estações mais demoradas, sem transformações bruscas de ordem climática que tanto prejudicam a saúde humana.
Disse-me, ainda, o mestre desvelado, que os marcianos já descobriram grande parte dos segredos das forças ocultas da natureza. Conhecem os profundos enigmas da eletricidade, sabendo utilizá-la com maestria. Nas questões astronômicas são eminentemente mais adiantados do que seus companheiros da Terra, compreendendo todos os fenômenos e a maior parte dos mistérios da natureza do vosso planeta.
Vi lá formidáveis aparelhos fotoelétricos que registram, com precisão matemática, a quase totalidade das expressões fenomênicas dos mundos que estão mais próximos desse orbe maravilhoso. Em vez do satélite, que ilumina as vossas noites, observei que Marte é servido por dois. Duas luas que parecem gravitar uma em torno da outra, porém menores, muito menores que a vossa.

118 – Grande Espiritualidade
Todavia, o que mais me admirou não foram as expressões físicas desse planeta, tão adiantado em comparação com o vosso. Nele a sociedade está constituída de tal forma, que as guerras ou os flagelos seriam fenômenos jamais previstos ou suspeitados. A vibração de paz e de harmonia que ali se experimenta irradia aos corações felicidades nunca sonhadas na Terra. A mais profunda espiritualidade caracteriza essa humanidade, rica de amor fraterno e respeito ao Criador.
Não me é possível de momento falar-vos sobre a organização de suas coletividades, regidas à base do melhor dos fraternismos. Espero, porém, ainda fazê-lo com a permissão de nosso Pai.
E, como o nosso amigo Emmanuel, ainda necessita escrever, vou colocar aqui um ponto final, suplicando a Jesus que envolva a todos nós a vibração luminosa e divina da bênção do seu amor.

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