Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Emoção e Espiritismo


Emoção e Espiritismo

Sérgio Biagi Gregório 
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Emoção: 4.1. Emotividade; 4.2. Alguns Tipos de Emoção; 4.3. Tensão entre Sentir e Expressar. 5. Emoção, Paixão e Razão: 5.1. Origem da paixão; 5.2. Paixão: Boa ou Má?; 5.3. Emoção versus Razão. 6. Emoção e Doutrina Espírita: 6.1. A Excitação Cerebral; 6.2. Cuidar do Corpo e do Espírito; 6.3. Ferramentas Espíritas. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
Um estado de desequilíbrio emocional poderá nos trazer dificuldades para a harmonia familiar, a convivência no emprego e o relacionamento com o próximo. Pergunta-se: o que se entende por emoção? Qual a sua natureza? Quais são os tipos de emoção? As emoções são boas ou más? Que influência o Espiritismo exerce sobre as emoções?
2. CONCEITO
Emoção – Designa, na psicologia moderna, um estado da mesma natureza com o sentimento, mas muito mais forte que ele, pois surge de improviso e, durante certo período de tempo, impõe-se ao espírito, paralisando a associação livre e natural das representações.
Canus acrescenta: “Creio que a emoção deve ser distinguida do sentimento pela sua maior complexidade, no sentido que, enquanto no sentimento o homem é excitado por uma simples percepção sensorial, na emoção é excitado por um complexo ideológico”. (Monaco, 1967, p. 34)
É o reverbero cortical do fenômeno perceptivo que ocorre na subcorticalidade, em nível subliminar, e só posteriormente se delineia na consciência – no córtex – assumindo a forma de conhecimento propriamente dito. (Equipe da Feb, 1995)
Paixão – Do grego pathos, pena. Significa a disposição para receber alterações ou comoções mais ou menos vivas e com elas corresponder. São reações às emoções, produzidas por causas externas e internas. Inicialmente passiva, torna-se ativa quando espontaneamente a elas adere e quase coopera com elas.
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As emoções são os determinantes de nossas ações, tanto para o bem quanto para o mal. Às vezes elas nos incitam a produzir muito e outras vezes inibem todos os nossos campos da vontade. Hoje, costuma-se apelar muito para os sentimentos emocionais das pessoas, principalmente para a compra deste ou daquele produto.
A emoção faz parte do indivíduo, mas é fortemente influenciada pela sociedade, por suas regras e seus costumes. Observe que muitos governos querem ditar normas de conduta aos seus cidadãos.
Há também aquilo que sentimos particularmente, mas que não podemos expressá-lo em público, pois morreríamos de vergonha.
Caso não tenhamos força de vontade, acabamos nos desviando do nosso projeto de vida, porque não soubemos controlar os nossos estados emotivos. O que dá prazer nem sempre é o que deve ser seguido. O importante para o consumo pode ser um péssimo negócio para o nosso crescimento moral e espiritual.
4. EMOÇÃO
4.1. EMOTIVIDADE
Emotividade é a reação excessiva diante de um acontecimento, idéia ou sensação. Podemos distingui-la: sentimento, emoção e paixão. 
No sentimento, nossas reações permanecem organizadas, reguladas e controladas;
Na emoção, há descontrole; não conseguimos organizá-las ou regulá-las;
Na paixão, temos um sentimento superdesenvolvido a expensas de outros, exaltado, que nos pode conduzir ou a grandes realizações ou a grandes quedas, segundo seu teor. (Curti, 1980, p. 44)
4.2. ALGUNS TIPOS DE EMOÇÃO
Raiva – Sentimento violento de ódio ou de rancor. Quando alguém se sente enraivecido toma atitudes violentas. Por exemplo, atirar em alguém.
Termos correlatos: fúria, revolta, ressentimento, exasperação, indignação vexame, animosidade, aborrecimento, irritabilidade e hostilidade.
Medo – Fenômeno psicológico marcado pela consciência de um perigo ou objeto ameaçador determinado e identificável. Nessa situação, o sangue corre para todos os músculos mais rapidamente permitindo a fuga e movimentos rápidos.
Termos correlatos: ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, consternação, cautela, escrúpulo, inquietação, pavor, susto, terror e, como psicopatologia, fobia e pânico.
Amor – É a totalidade dos sentimentos e desejos que estruturam o pensamento para a liberação de energia e de forças que guiam a ação na produção do bem e possibilitam a aquisição de qualidades, constituintes do crescimento do Espírito. Provoca um estado geral de calma e satisfação, facilitando a cooperação entre os seres humanos.
Termos correlatos: aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação, adoração, paixão, ágape (caridade).
Felicidade – Em geral, é um estado de satisfação devido à própria situação do mundo. Inibe o aparecimento de sentimentos negativos e favorece o aumento da energia existente.
Termos correlatos: alegria, alívio, contentamento, deleite, diversão, orgulho, prazer sensual, emoção, arrebatamento, gratificação, satisfação, bom humor, euforia, êxtase e, no extremo, mania.
Tristeza – Estado afetivo duradouro em que a consciência se vê invadida por um doloroso sentimento de insatisfação, sendo acompanhada de uma ideia de desvalorização da existência e do real. A tristeza acarreta uma perda de energia e de entusiasmo pelas atividades da vida, em particular por diversões e prazeres. Quando a tristeza é profunda aproxima-se de depressão.
Termos correlatos: sofrimento, mágoa, desânimo, desalento, melancolia, autopiedade, solidão, desamparo, desespero e, quando patológica, severa depressão.

4.3. TENSÃO ENTRE SENTIR E EXPRESSAR
Há, no indivíduo, uma acepção interna e particular, que se distingue da sua apresentação pública. Suponha a corrupção: internamente, o sujeito é contra, pois o seu valor moral a reprime veemente. Na vida pública, é obrigado a conviver com ela, o que lhe causa uma grande tensão entre os seus sentimentos de pureza, de honestidade, de ético, com aqueles que é obrigado a enfrentar no seu dia a dia.
5. EMOÇÃO, PAIXÃO E RAZÃO
5.1. ORIGEM DA PAIXÃO
As paixões têm origem na emoção. Pode-se dizer que a paixão é um sentimento mais duradouro do que a própria emoção. É um movimento da alma que nos arrasta pra fora do nosso estado normal, provocado ou pela atração de um bem que se ama, ou pela repulsa de um mal do qual se foge. Paixão é um desejo que não permite outros. Rousseau dizia: “Todas as nossas paixões são boas quando nos tornam senhores; todas são más quando nos tornam escravos”. Descuret acrescenta: “necessidades desregradas que geralmente começam por nos seduzir para acabar tiranizando-nos”. (Mônaco, 1967, p. 39)
5.2. PAIXÃO: BOA OU MÁ?
A paixão, se não for guiada para o bem, pode se descambar para mal. Os atos e os movimentos das paixões são sempre acompanhados por um distúrbio físico no organismo. A emoção é, inicialmente, orgânica, porque é a resposta a uma sensação. No caso da paixão, é aquele ímpeto do nosso ser para realizar alguma coisa, que geralmente emprestamos um valor extraordinário.  
5.3. EMOÇÃO VERSUS RAZÃO
Agimos mais em função da emoção do que da razão. Observe um torcedor de futebol. Mesmo que seu time seja mais fraco do que o do adversário, ele tem que ganhar de qualquer jeito. Caso seu time não vença, o torcedor acaba xingando o juiz, correndo atrás dos jogadores e punindo-os com as próprias mãos.
A fé é um sentimento do coração, portanto emocional. Ele precisa ser melhorado, trabalhado segundo a razão, para que não se transforme em fé cega, que pode gerar o fanatismo. Não é sem razão que Allan Kardec escreveu no início de O Evangelho Segundo o Espiritismo:
Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade”.
6. EMOÇÃO E DOUTRINA ESPÍRITA
6.1. A EXCITAÇÃO CEREBRAL
As decepções, os infortúnios e as afeições contrariadas excitam sobremaneira o nosso cérebro, sendo as causas mais freqüentes de suicídio. “Ora, o verdadeiro espírita vê as coisas deste mundo de um ponto de vista tão elevado; elas lhe parecem tão pequenas, tão mesquinhas, a par do futuro que o aguarda; a vida se lhe mostra tão curta, tão fugaz, que, aos seus olhos, as tribulações não passam de incidentes desagradáveis, no curso de uma viagem. O que, em outro, produziria violenta emoção, mediocremente o afeta”. (Kardec, 1995, Introdução, item 15)
6.2. CUIDAR DO CORPO E DO ESPÍRITO
Devemos cuidar do corpo e do Espírito. Os dois estão de tal modo inter-relacionados que não podemos nos dar ao luxo das fortes emoções sem as respectivas consequências para o nosso estado espiritual. Observe a obsessão. Ela acontece porque nos desregramos com alimentação, os prazeres e outras excitações da carne, com coisas que nos trazem a influência desses Espíritos menos felizes.
6.3. FERRAMENTAS ESPÍRITAS
A Doutrina Espírita oferece-nos as ferramentas racionais para enfrentarmos qualquer tipo de problema, inclusive os de cunho emocional, que nos fazem entrar em contato com Espíritos inferiores. Estes se aproveitam de nossa fraqueza momentânea para nos incutir o remorso, o medo, a raiva e outros tipos de emoções, que devemos defender com a prece e os pensamentos voltados para o bem.
7. CONCLUSÃO
Saibamos dosar emoção, paixão e razão. Caso estejamos em dúvida, conclamemos a presença dos benfeitores do espaço, para nos guiar no caminho do bem e da verdade.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CURTI, R. Espiritismo e Evolução. São Paulo: Feesp, 1980.
EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.
MONACO, Nicola. As Paixões e os Caracteres. Tradução de Miguel Zaupa. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1967. (Psicologia Maior)
São Paulo, janeiro de 2011.

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