“Aprendestes que foi dito: Amareis vosso próximo e odiareis vossos inimigos. E eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei o bem àqueles que vos odeiam e orai por aqueles que vos perseguem e vos caluniam (...)”. (São Mateus, cap. V, v. 20 a 22).
Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo (Cap. X, item 4), referiu que amar os inimigos se torna um absurdo para o incrédulo, ainda mais para aquele que crê tudo encerrar-se na vida presente. Para este, o inimigo é apenas um ser nocivo perturbando sua tranquilidade e do qual crê que só a morte pode livrá-lo; daí o desejo de vingança.
Entretanto, continua Kardec, para aquele que crê, independentemente de ser espírita, mas, sobretudo para este, a maneira de encarar é diferente, pois ele considera o passado e o futuro, entre os quais a vida presente não é senão um ponto.
É necessário admitir que aqueles que hoje nos querem o mal, antes de tudo, são nossos irmãos, de modo que devemos respeitar a condição evolutiva de cada um, afinal, são criaturas concebidas por Deus e que estão em processo de recuperação.
O espírita, ainda, detém outros motivos de indulgência para com os seus inimigos, uma vez que a maldade não é o estado permanente do ser humano, que apenas se deve a uma imperfeição momentânea, e que, do mesmo modo que uma criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia seus erros e se tornará bom.
O Espírito Albino Teixeira, na obra O Espírito de Verdade em psicografia de Chico Xavier (cap. 84), relata que “muitos destes irmãos são ainda chamados de criminosos, mas, em verdade, foram doentes. Sofriam desequilíbrios da alma, que se lhes encravavam no ser, quais moléstias ocultas. Praticaram delitos, sim... Hoje, entretanto, procuram-te a companhia, sonhando renovação”.
Dessa forma, é nosso compromisso, firmado perante os Mensageiros de Jesus, em resposta aos ensinamentos do Rabi, se ainda não nos for possível amar alegremente aqueles que nos querem o mal, sermos indulgentes, não apontando os seus desacertos e alimentando-lhes a esperança, afinal, não nos animaríamos a espancar a cabeça de quem está a convalescer, depois da loucura.
São irmãos, com enfermidades graves da alma, como éramos todos, ainda ontem.
Tenhamos gratidão com o Criador se já podemos prestar auxílio aos nossos irmãos, pois se já nos encontramos nesse grau de restauração, é porque, certamente, alguém caminhou pacientemente conosco, com bastante amor de servir e bastante coragem de suportar.
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense/Caminho da Luz
josearturmaruri@hotmail.com
* Artigo publicado no Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição nº 4251, 03 de outubro de 2012.
http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=79395
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