Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 4 de junho de 2012

O VELHO PROBLEMA DA FELICIDADE


O VELHO PROBLEMA DA FELICIDADE

Kardec indaga aos Espíritos se "Pode o homem gozar de completa felicidade na Terra?”[1] Os Benfeitores responderam que “Não, por isso que a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra."[2]

Experimentamos momentos decisivos a cada instante da vida. Não podemos esperar outro clima de luta, nem outro lugar de batalha, senão o que defrontamos, resultado das nossas realizações do presente e do passado. “O problema da felicidade pessoal nunca será resolvido pela fuga ao processo reparador”.[3] As dores deixam marcas , porém lembremos que “o lutador que não traz a cicatriz da batalha, ao receber quaisquer condecorações externas, não é vitorioso!”[4] portanto, sofrer também compõe as linhas do currículo humano. A felicidade é uma resultante da vitória na refrega.

Não podemos esquecer que a Terra e um mundo de expiações e provas, por isso a felicidade total não se encontra aqui no planeta, porém em mundos mais evoluídos. Em nosso Orbe a felicidade é relativa, consoante diz o item 20, capítulo V (Bem-aventurados os aflitos), de O Evangelho Segundo o Espiritismo.[5]
           
       A felicidade, nasce na paz da consciência tranqüila pelo dever cumprido e cresce, no íntimo de cada pessoa, à medida que a pessoa procura fazer a felicidade dos outros, sem pedir felicidade para si própria. Destarte a importância do inesquecível mandamento de Jesus Cristo: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”.[6] Quando este preceito for praticado, certamente usufruiremos a felicidade do Mundo Melhor.
            A felicidade depende exclusivamente de cada criatura. Brota da sua intimidade. Depende de seu interior. Como ensinou o doce Mestre Galileu: “o reino dos céus está dentro de vós.”[7] Portanto, a verdadeira felicidade reside na conquista dos tesouros imperecíveis da alma.
            Estabelecendo, conforme o Eclesiastes, que a verdadeira "felicidade não é deste mundo"[8], Jesus preconizou que o homem deve viver no mundo sem pertencer a ele, facultando-lhe o autodescobrimento para superar o instinto e sublimá-lo com as conquistas da razão, a fim de planar nas asas da angelitude.
            A felicidade é o bem que alguém proporciona ao seu próximo. O eu se anula, então, para que nasça a comunidade equilibrada, harmônica e feliz. “A alegria de fazer feliz é a felicidade em forma de alegria”.[9]
            Na clássica Grécia o filósofo Epicuro procurou demonstrar que a sabedoria é verdadeiramente a chave da felicidade. Antes dele,  Diógenes, cognominado o Cínico, estabelecia que o homem deve desdenhar todas as leis, exceto as da Natureza, vivendo de acordo com a própria consciência e com total desprezo pelas convenções humanas e sociais.  Entre os pensadores gregos Sócrates, considerado o pai da ciência moral, em  sua dialética a expressar-se, não raro de forma irônica, combatia os males que os homens fomentam para gozarem de benefícios imediatos, objetivando com essa atitude de reta conduta o bem geral, a felicidade comunitária.
            Para a filósofa Dulce Critelli, confundir felicidade com desejo é um escorregão herdado do estoicismo e do epicurismo, as primeiras escolas filosóficas a pensar a moral de forma individual. Desde então, muitas pessoas acreditam que a felicidade está na satisfação do prazer. Por isso, a roupa de grife, a cirurgia plástica e o carro do ano são tão valorizados. Antes, admirávamos pessoas honradas e generosas.[10] Não é feliz o homem em possuir ou deixar de possuir, mas pela forma como possui ou como encara a falta de posse.[11]
Segundo Joanna de Ângelis “depois da Segunda Guerra Mundial o existencialismo reconduziu o homem à caverna, fazendo-o mergulhar nos subterrâneos das grandes metrópoles e ali entregando-se à fuga da consciência e da razão pelo prazer, numa atitude de desconsideração pela vida, alucinado pelo gozo imediato”.[12]
“O estágio atual de evolução espiritual média do ser humano não lhe garante ausência total de sentimentos de ódio, inveja, rancor, egoísmo e de atitudes compatíveis com esses sentimentos.”[13]
Em uma sociedade onde o homem fosse consciente da vontade de Deus, isto é, da prática do bem, não haveria violência, drogas, seqüestros, prostituição, poligamia, traição, inveja, racismo, inimizades, tristeza, fome, ganância, guerras. E, mais ainda, não é raro encontrar-se nas ruas pessoas que tiveram algum relevo social, e agora perambulam embriagadas, sujas, cabelos desgrenhados, roupas ensebadas, catando coisas no lixo ou esmolando.
            Sabemos que muitos psiquiatras, psicanalistas, psicólogos, astrólogos, esotéricos e embusteiros de toda sorte, enriquecem a custa do “mal do século”: A Depressão. Existe todo tipo de comprimidos: É pílula para dor de dente, dor cabeça, emagrecimento, sono (benzodiazepínicos), calmante (ansiolíticos), excitante. Faz-se propaganda dos comprimidos como se eles pudessem resolver tudo.  Em verdade, quando não entendemos o verdadeiro amor ficamos procurando, nos labirintos da ilusão, uma fórmula mágica para a felicidade. Para o psiquiatra Roberto Shinyashiki "o mundo exige que as pessoas estejam permanentemente alegres e, por isso, ele se tornou o paraíso das drogas e do Prozac". Para Shinyashiki, o importante é ouvir a própria consciência em vez de buscar os aplausos dos outros.”[14]
            “A depressão é dez vezes mais freqüente hoje do que era em 1960. Ela também ataca cada vez mais cedo. Acredito que o que aconteceu foi um excesso de confiança nos atalhos que prometem a felicidade imediata: drogas, consumismo e sexo casual, entre outros exemplos. Tudo isso é fruto do narcisismo. E o narcisismo pode levar à depressão. Preocupar-se demais consigo próprio só faz intensificar tendências depressivas. Os profissionais da auto-ajuda vivem apregoando que todo mundo deve ‘entrar em contato com seus sentimentos’. Ora, há limite para isso. Talvez fôssemos mais felizes se nos preocupássemos mais com o outro”.[15]
Cremos que  as teorias atuais sobre o bem-estar em Psicologia e Economia não dão conta na descrição dos resultados. Urge uma novas propostas teóricas para interpretar a felicidade em termos de valores mais duradouros. Tais dados comprovarão a assertiva dos espíritos e do Evangelho de que os bens materiais não trazem felicidade.  A felicidade não é resultante de privilégios biogenéticos e de personalidade nem, muito menos, ela pode ser adquirida com a obtenção de um bem de consumo.
Desfrutamos de uma realidade tecnológica que, num passado recente era impossível imaginarmos exceto nos filmes de ficção. Recordo-me do início da década de 70, não havia como pensar em fornos microondas, videocassete; telefone celular; microcomputadores; cartões magnéticos; e, principalmente, a Internet e no entanto, atualmente são recursos comuns.
Os programas de televisão de qualidade dúbia, tornaram-se os preceptores dos nossos filhos. As novelas impõem a moda, invertem os valores éticos da vida real, deturpam consciências, transformam cabeças, e mudam culturas. Folhetins que instigam muita alegria ruidosa, incontáveis expressões festivas, exibição de gozos, mas muito pouca harmonia nos telespectadores.
            Cremos que os pequeninos sacrifícios em família formam a base da felicidade no lar. O Professor da Universidade da Virgínia (EUA), Jonathan Haidt escreveu em seu livro The happiness hypothesis que a família e os amigos são mais relevantes do que o dinheiro e a beleza. "Uma condição que nos torna felizes é a capacidade de nos relacionarmos e estabelecermos laços com os demais."[16]
            Ter um princípio religioso propicia não apenas viver por mais tempo como se sentir mais felizes do que os contumazes agnósticos e ateus. "A religião dá a esperança de que tudo vai melhorar, mesmo que  seja após a morte. Ela conforta"[17], explica o cientista da religião Frank Usarski, da PUC de São Paulo. Autor do best-seller Sucesso é ser feliz.

            O Espiritismo nos dá suporte moral e outras diversas motivações, revelando-nos a imortalidade, a reencarnação e a lei de causa e efeito, explicando-nos que a felicidade é possível e que se constrói no dia-a-dia no esforço continuado para luta contra as nossas tendências inferiores.

            Desenvolvamos, pois, o hábito de colocar espiritualidade em nossa vida. Aprendamos a observar o mundo pela ótica do espírito e sejamos felizes compreendendo a vida como um dom de Deus.


[1] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB , 2003, pergunta 920

[2] idem

[3] Xavier Francisco Cândido. Fonte Viva,  Ditado pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed. FEB,

[4] Franco, Divaldo Pereira. Compromissos Iluminativos – Ditado pelo Espírito Bezerra de Menezes  Ba: Ed Leal, 2004

[5] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed FEB , 2003, item 20, Cap V

[6] (Jo 15, 12).

[7] (Lucas 17:20-21).

[8] (Ec 6:1-5)

[9] Franco, Divaldo Pereira. Estudos Espíritas  – Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis , RJ: ED FEB, 1971

[10] Cf. Istoé on line (13/09/2006) in Segredos da Felicidade

[11] Franco, Divaldo Pereira. Estudos Espíritas  – Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, RJ: ED FEB, 1971

[12] idem

[13] Fonte: Jornal Mundo Espírita – Jan/1998/artigo de Nilson Ricetti Xavier Nazareno

[14] idem

[15] Martin Seligman, de 61 anos, professor da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos e também ex-presidente da Associação Americana de Psicologia

[16] idem

[17] idem


Artigo gentilmente cedido por Jorge Luiz Hessen
Servidor público Federal, Expositor Espírita na região de Brasília e Goiás,
Articulista das Revistas "Reformador", "O Espírita" e "Brasília Espírita "
E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://meuwebsite.com.br/jorgehessen

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