Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Primeira MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES - Pastorino



Mat. 14:15-21

15. Tendo chegado a tarde, aproximaram-se dele seus discípulos, dizendo: "este lugar é deserto e a hora está avançada; despede as multidões para que, indo às aldeias, possam comprar seus alimentos".
16. Mas Jesus disse-lhes: "Não precisam ir; dai-lhes vós de comer".
17. Eles disseram-lhe: "Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes".
18. Disse-lhes ele: "Trazei-mos cá".
19. E ordenando à multidão que se reclinasse sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, deu graças e, partindo os pães, entregou-os aos discípulos, e os discípulos os entregaram à multidão.
20. E todos comeram e se fartaram; e eles apanharam dos fragmentos doze cestos cheios.
21. Ora, os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças.

Luc. 9:12-17

12. O dia começava a declinar e, aproximando-se de Jesus os doze disseram: "Despede a multidão para que, indo às aldeias e sítios vizinhos, se hospedem e achem provisões, pois estamos aqui num lugar deserto".
13. Ele, porém, lhes disse: "Dai-lhes vós de comer". Responderam-lhe eles: "Não temos mais que cinco pães e dois peixes, a não ser que devamos ir comprar comida para todo esse povo".
14. Pois eram quase cinco mil homens. Então disse a seus discípulos: "Fazei-os reclinar-se em turmas de cinquenta cada uma".
15. Assim o fizeram, o mandaram a todos reclinar-se.

16. E tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, deu graças e os partiu; e entregou aos seus discípulos, para que os distribuíssem à multidão.
17. Todos comeram e se fartaram; e foram recolhidos doze cestos dos fragmentos que sobraram. 


Marc. 6:35-44

35. E já estando a hora muito adiantada, chegando-se a ele seus discípulos, disseram: "este lugar é deserto e já é muito tarde;
36. despede-os para que vão aos sítios e às aldeias circunvizinhas comprar pão para si, pois que têm eles para comer"?
37. Mas respondendo, disse Jesus: "Dai-lhes vós de comer". E disseram-lhe: 'Deveremos, então, ir comprar duzentos denários de pão e dar-lhes de comer"?
38. Mas ele lhes perguntou: "Quantos pães tendes? ide ver". Depois de se terem certificado, responderam: "Cinco pães e dois peixes".
39. Então ordenou aos discípulos que a todos fizessem reclinar em grupos sobre a relva verde.
40. E sentaram-se em grupos de cem e cinquenta.
41. E ele tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, deu graças e, partindo os pães, os ia entregando aos discípulos para eles distribuírem; e repartiu por todos os dois peixes.
42. Todos comeram e ficaram satisfeitos.
43. E recolheram dos fragmentos doze cestos cheios de pão e de peixes.
44. Ora, os que comeram os pães foram cinco mil homens.

João, 6:5-13

5. Então, levantando os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: "Onde compraremos pão para que eles comam"?
6. Mas dizia isso para experimentá-lo, pois já sabia o que ia fazer.
7. Respondeu-lhe Filipe: "Duzentos denários de pão não lhes bastam para que cada um receba um pouco".
8. Um de seus discípulos, chamado André, irmão de Pedro, disse-lhe:
9. "Está aqui um rapazinho que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas que é isto para tantos"?
10. Disse Jesus: "Fazei que os homens se reclinem". Ora, havia naquele lugar muito feno. Recostaram-se, pois, os homens em número de cerca de cinco mil.
11. Jesus, então, tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os aos discípulos, e os discípulos aos que estavam reclinados; e do mesmo modo os peixinhos, quanto queriam.
12. Depois de saciados, disse Jesus a seus discípulos: "Recolhei os fragmentos que sobraram, para que nada se perca".
13. Assim os recolheram e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobraram aos que haviam comido.

Pelas anotações dos quatro evangelistas, o percurso do barco e a caminhada do povo deve ter ocorrido     na parte da manhã, pois eles anotam que tudo começou quando "a tarde começa a declinar" (cerca de 15 ou 16 horas); que era a “primeira parte da tarde", deduz-se do vers. 23, onde se repete que "a tarde chegara", isto é, a entrada da noite, depois das 18 horas.
Ao ver Jesus entusiasmado a falar e a multidão pendente de suas palavras de amor, os discípulos resolvem "quebrar o encanto", trazendo o Mestre Inefável à realidade da vida material. Chamam Sua atenção sobre a hora e a carência de alimentos naquele local, sugerindo que despeça a turba para que ela tenha tempo de comprar comida. A essa hora, ainda seria possível encontrar sítios e lojas onde consegui-la.
Mas Jesus os provoca: "dai-lhes vós de comer"! Espanto geral: "a toda aquela gente"?
Segundo João, Jesus volta-se para Filipe, (será porque ele teria nascido nessa Betsaida?) e se informa "onde seria possível comprar pão". Filipe espanta-se, pois duzentos denários (um denário equivale à importância atual de um dólar) não bastariam.
O Mestre ordena que verifiquem quantos pães havia. André, irmão de Pedro, diz que "um rapazinho tem cinco pães de cevada e dois peixinhos”.
Antes de fazer qualquer coisa, Jesus manda que se recostem todos os ouvintes em grupos de 50 e 100, que se reclinem na "relva verde" (o que indica estarmos na primavera, única época do ano em que cresce erva verde nessa região). Já por João sabemos que estávamos nas vésperas da Páscoa (abril do ano 30), a segunda Páscoa da "vida pública" de Jesus. A divisão em grupos facilitou a contagem dos homens presentes.
Depois Jesus começa a ação. "Levanta os olhos ao céu" (cfr. Marc. 7:34; João 11:41 e 17:1), gesto que diferia do costume israelita: "a regra de orar é ter os olhos baixos e o coração levantado ao céu", diz Rabbi Ismael Bar José (cfr. Strack-Billerbeck, o. c. t. 2, pág. 246). A oração prescrita para antes de comer-se o pão era: "Louvado sejas Tu, Senhor, nosso Deus, Rei do universo, porque fizeste a terra produzir o pão". O termo grego eulógêse tem o sentido de "dar graças", "agradecer" (donde vem o nosso "elogio") - João usa eucharistêsas, que tem a mesma significação - melhor que benzer ou abençoar.

Depois disso "partiu o pão", ritual comum entre os israelita: o dono da casa sempre procedia à klásis tou ártou para distribuí-lo, depois da ação de graças, aos convivas ou hóspedes.
Todos comeram e se fartaram. Depois Jesus manda recolher os fragmentos em cestos (grego kophínos, hebraico quppâh), que todo israelita levava sempre consigo quando fazia qualquer excursão. Lógico que o povo, tendo saído às pressas, não os tinha; mas os discípulos (exatamente doze) deviam tê-los; levado.

* * *

OBSERVAÇÕES

1. Quanto à historicidade do fato - É atestado pelos quatro evangelistas e repetido mais tarde uma segunda vez por Mateus (15:32-39) e Marcos (8:1-10) e faz parte de toda a tradição evangélica e cristã dos primeiros séculos.
2. Quanto ao número à e pessoas - Parece realmente que reunir cinco mil homens (fora mulheres e crianças) numa "corrida" por aldeias que podiam ter, cada uma, somente algumas centenas de habitantes, levando-os a uma planície deserta a cinco ou dez quilômetros, não deve ter sido muito fácil. Cinco mil pessoas é, de fato, uma multidão considerável.
3. Quanto à novidade do fato - Não foi inédito. Lemos em 2.º Reis, 4:42-44, o seguinte: "Um homem veio de Baal-Shalishah e trouxe ao Homem de Deus (Eliseu) uns pães de primícias, vinte pães de cevada e trigo novo em seu alforge. Eliseu disse: "Dá ao povo para que coma". Disse-lhe seu servo: "Que dizes? Hei de eu por isto diante de cem homens"? Porém ele retrucou: "dá ao povo para que coma, porque assim diz YHWH: comerão e sobrará" . Então lhos pos diante, comeram e ainda sobrou, conforme a palavra de YHWH".
4. Quanto à possibilidade da realização - São aventadas várias hipóteses, quanto à possibilidade física
ou natural dessa multiplicação de pães. Naturalmente, certas escolas nem cogitam desse estudo, pois admitem a prióri o milagre, que jamais podemos aceitar, pelo menos como é ele definido: "um fato contra as leis da natureza". Se fora dito: "contra as leis que conhecemos", poderíamos aceitar o "milagre" sem escrúpulos, pois de fato desconhecemos a grande maioria das leis da natureza; e mesmo as que "pretendemos" conhecer, será que as conhecemos realmente? Não serão elas diferentes do que pensamos? O que é gravidade? Como e por que se dá a "transmutação da matéria" na assimilação do bolo alimentar em nosso organismo? O fato é que nada pode ser feito contra as leis da natureza, já que estas são a manifestação divina e Deus jamais pode contradizer-se. Entretanto, contra as leis "que conhecemos", muita coisa pode ocorrer, que não podemos explicar por ignorância nossa. Que diria um selvagem ao ver-nos tocar um botão e, só com isso, acender as luzes de um salão? Gritaria "milagre"! Porque esse gesto iria contra tudo o que ele conhecia.
Antes de entrarmos na análise das diversas hipóteses que podemos formular em nossa incapacidade ignorante, recordemos que Jesus é a encarnação de YHWH, construtor do planeta, como um de seus arquitetos, e portanto conhecia profundamente as mais minuciosas e precisas leis e todos os segredos da física e da química, suas combinações e transformações, a desintegração e reintegração dos átomos, as mutações das moléculas, etc. Com essa base indiscutível e plena de conhecimento, que não poderia Ele fazer? Passemos agora à análise das suposições que podemos imaginar.
a) hipnotismo (alucinação coletiva) ou ilusionismo - Se fora um fato apenas visto ... Mas acontece que, depois de saciados, foram recolhidos doze cestos de fragmentos, matéria sólida e palpável.
b) transporte dos pães - O "transporte" consiste numa desmaterialização do objeto no local em que se encontra; na transferência de suas moléculas astrais pelo espaço até o local desejado, mesmo atra vessando paredes; e na rematerialização das moléculas no local desejado. A possibilidade desse fato é atestada à saciedade por numerosos casos concretos que se realizam em sessões espíritas que contam com a presença de um simples médium de “efeitos físicos", por vezes homem cheio de imperfeições humanas. Poderia ter sido feito por Jesus, sem necessidade, como nós temos, de câmara escura. etc.
c) transmutaçâo da matéria - Já acenamos ao que se passa em nosso organismo: na assimilação alimentar aos tecidos orgânicos. Mas há milhares de outros exemplos: um grão de milho, enterrado no solo, transmuda a matéria sugada da terra em centenas de outros grão de milho. Assim se dá com o trigo e com todos os vegetais. Por que não poderia ter sido realizada uma transmutação instantânea da matéria? Os faquires comuns, na Índia, não fazem que em poucos minutos, com um simples olhar, uma semente brote e a planta cresça, operação que normalmente levaria trinta dias?
d) pura criação mental pela coagulação de fluidos astrais. A única diferença desse fato, com o que qualquer um de nós pode realizar, embora no estágio evolutivo atrasadíssimo em que nos encontramos, é a quantidade e a rapidez. No resto, não. "A fé é a substância das coisas esperadas" (Hebr11:1). Portanto, havendo a substância no plano mental, fácil é condensá-la no plano astral e coagulá-la no plano material. O processo, comprovado pela ciência hodierna, já era conhecido pelo autor do livro de Job, mais de mil anos antes de Cristo. Aí lemos (10:10): "Derramaste-me (o espírito)
no jarro (no ventre materno) como leite, e, como queijo, me coagulaste (o corpo astral)". Assim, aproveitando as moléculas existentes na atmosfera, podiam elas ser condensadas e coaguladas sob forma de pães de cevada ou de peixes. Compreendendo que a energia é uma só, diferenciando-se a matéria pela constituição atômica (número de prótons, eléctrons, etc , em torno do núcleo) e pela estrutura molecular, é viável executar (para quem no saiba e possa!) a tarefa de reunir átomos e moléculas materiais da energia (prana) que se encontra na própria atmosfera, dando-lhes a constituição atômica e a estrutura molecular desejadas.
5. Quanto à interpretação - Todos os comentadores, desde os mais antigos textos cristãos, interpretam
a multiplicação dos pães como uma "figura" ou "símbolo" da Eucaristia, da qual todos podem alimentar-se, sem que jamais termine, multiplicando-se ilimitadamente.
A Eucaristia (palavra grega que significa "ação de graças") ou comunhão, consiste na ingestão de uma
partícula de pão sem fermento como símbolo da introdução, no corpo espiritual, do Cristo Vivo.
Tal como o ensino é feito atualmente, exagerando-se a parte material (de que a partícula de pão se "transubstância" na carne real, no sangue verdadeiro, nos ossos físicos de Jesus), o cristão menos elucidado acredita comer o corpo físico Dele (o que não deixa de constituir uma "antropofagia" ...). No entanto, a realidade da Eucaristia é de uma sublimidade simbólica jamais alcançada em qualquer outra iniciação terrena.
O pão, sem fermento, de trigo puro (sem mistura) é bem a materialização de um dos elementos divinos
mais belos da natureza. Deus, a Essência Absoluta de todas as coisas, encontra-se dentro de tudo o que existe. Mas nós O sentimos mais facilmente nas coisas limpas do que nas sujas, muito mais na beleza de uma flor, do que na podridão do estrume, onde, no entanto, também está. Assim, o cristão evoluído vê, no pão, a substância divina, e prepara-se espiritualmente para sentir que, quando seu corpo físico ingere o pão, ele concomitantemente está recebendo em seu espírito a substância divina; e mais: que assim como seu corpo material assimila a substância do pão a seu organismo, assim seu espírito também assimila, a suas energias, a força da substância divina existente no pão.
Tudo isso traz revivificação de energias espirituais, renascimento de fé, ampliação de fervor e, além de 
tudo, a noção viva e sensível, de que o Cristo Vivo reside realmente dentro de cada um de nós. Divino simbolismo que Jesus aconselha que Seus discípulos repitam todas as vezes que se sentarem à mesa, partindo pão comum, agradecendo-o a Deus e distribuindo-o aos companheiros: "todas as vezes que comerdes esse pão e beberdes esse vinho", "lembrai-vos de mim" (cfr. 1 Cor. 11:24 e Luc. 22:19); e mais claro ainda, quando diz, após distribuir o vinho: "fazei isto todas as vezes que bebeis, em minha recordação" (1 Cor. 11:25).

Não é, pois, rigorosamente falando, a instituição de uma cerimônia especial para comemorar um fato, mas uma recordação constante e específica de um fato que deverá repetir-se a cada vez que ingerirmos pão ou bebermos vinho. Cada vez que nos alimentarmos, recordemos que a Substância última do alimento é a Divindade que nos dá vida. E cada vez que partirmos o pão para dele nos servirmos, assim como cada vez que saborearmos o vinho, recordaremos aquela ocasião em que Jesus o fez, antes de exemplificar-nos, com Seu sacrifício, a estrada a seguir em nossa evolução.
Comemoração simples, ao alcance de todos, dos mais pobres (no reino de Deus não há privilegiados), realizada nas mesas de nossos lares, por mais modestos que sejam, sem necessidade de pompas externas, de ritos exóticos, de ordenanças inibidoras. O simples partir de nosso pão cotidiano é uma recordação, é magnífico e inigualável simbolismo, que temos que realizar com devoção, em comemoração sincera e íntima que devemos fazer "em memória” do Mestre Inefável e Amoroso.
Estamos diante de um ensinamento básico, na iniciação revelada por Jesus a seus discípulos, a qual deverá ser transferida para cada um de nós por meio de nossa individualidade, quando tiver soado a hora de recebê-la.
Sigamos cuidadosamente os passos da narrativa nos quatro intérpretes do pensamento do Mestre Incomparável, atentando para os pormenores que parecem, à primeira vista, nada significar.
Vimos, no último capítulo, que a individualidade desejava retirar-se com seus veículos (discípulos) para uma solidão, a fim de repousar, conversando com eles e ouvindo-os, depois da viagem que haviam feito no plano terreno, adquirindo experiências novas. No entanto, ao chegar ao local escolhido, vê-se cercada "pela multidão" que correra para alcançá-la "na outra margem" ... Representa isso os órgãos e as células de uma personalidade que desperta para a espiritualidade.
E mais uma vez verificamos que a "graça" descerá a nós proveniente do Deus Interno, mas que, antecipando-a, é indispensável que o livre-arbítrio a preceda, correndo-lhe ao encontro. E não a busca na Terra, mas no plano espiritual ("na outra margem", isto é, no outro pólo da matéria).
Ao contemplar aquela multidão sedenta de verdade, o Espírito a acolhe com bondade e lhe "ensina" as grandes e eternas verdades, curando as que estão enfermas e reequilibrando as perturbadas. Os veículos todos ouvem com tamanha atenção, que esquecem a hora de sua alimentação material que entretanto, lhes é indispensável ao prosseguimento da vida no planeta denso.
Os “discípulos", que aqui podem significar a parte mais elevada dos veículos e células, isto é, o intelecto, fazem ver ao Espírito - que vive fora do tempo e do espaço - o avanço da hora terrena e a necessidade de reabastecer de fluidos mais sólidos as células e órgãos astrais e físicos. É necessário que busquem, também, o pão físico.
Começa aqui a lição preciosa. A individualidade afirma que o próprio intelecto pode sustentar os veículos inferiores, sem que eles precisem buscar alhures outro sustento. Há uma admiração, fruto da ignorância a respeito dos "poderes mentais". Vem então a pergunta: "quantos pães tendes"?
O pão material é o alimento básico do corpo físico; mas já foi ensinado que havia outro pão, o "pão sobressubstancial" (cfr. Mat. 6:11, vol. 2.º, página 161), que alimenta ainda mais, porque quem dele come consegue a "Vida Imanente", que dispensa os cuidados mais grosseiros, prescindindo até mesmo
dos materiais densos para seu sustento.
O intelecto esclarece que só existem CINCO pães e DOIS peixinhos.
Voltamos aqui à numerologia dos arcanos. Recordemos.
CINCO, no plano divino, é a Providência ou Vontade Divina que governa a vida universal, alimentando-a e sustentando-a. No plano humano é a vontade do homem que dirige sua força vital. No plano da natureza é a força viva de todo o universo. Além de tudo isso, o CINCO é o símbolo do Cristo (o tetragrama sagrado YHWH) quando mergulhado na carne, formando a representação da mônada encarnada para sua redenção (o pentagrama humano YH-SH-WH, isto é, com as vogais:
YHESHWAH, Jesus). Tudo isso é representado figurativamente pela estrela de cinco pontas, que justamente é o HOMEM (a ponta de cima é a cabeça, as duas laterais. os braços. e as duas inferiores, as pernas).
Temos, pois, nos CINCO pães, um simbolismo perfeito da Mônada Divina mergulhada na carne, formando O HOMEM. Veremos, mais adiante, no capítulo intitulado "O Pão da Vida", que Jesus explica tudo em pormenores; esta multiplicação dos pães serviu de experiência prática, para que o, discípulos pudessem compreender, mais tarde, a explicação teórica.
Resta-nos, ainda, ver os DOIS peixinhos. O arcano DOIS exprime, no plano divino, a segunda manifestação da Divindade; no plano humano, a receptividade feminina; no plano da natureza, os planetas fecundados. Aí temos, pois, a lição superiormente dada para quem possa entendê-la. O intelecto diz que apenas possui, para dar como alimento à multidão de células, o Ser-Humano vivificado pela Divindade e a receptividade passiva (total) da mulher, que está pronta para acolher em si mesma a semente da Verdade, fazendo-a frutificar em si.
A individualidade diz que basta isto. Nada mais é necessário para a alimentar a multidão, além do ser disposto a receber o ensino. E em vista de tudo estar preparado, ergue os olhos ao céu (eleva suas vibrações), parte o pão (separa o espírito da matéria) e, agradecendo a ótima disposição de tudo, distribui a verdade para todos, cada grupo de células reunido em seu conjunto de órgãos ("em grupos de cinquenta e cem") e todos comem e se fartam.
Vem então a ordem de recolher os fragmentos que sobraram (as verdades que possam ser reveladas à grande massa profana) para não se perderem. E ficam repletos DOZE cestos (os DOZE emissários). Já vimos (Vol 2) a significação do arcano DOZE: a esfera da ação do Messias e a redenção completa (veja acima nas págs. 66/67). Então, as verdades recolhidas nos DOZE cestos servirão para o ensino dos "que estão de fora" e que não podem ainda receber a Verdade Total ("muita coisa ainda tenho a dizer-vos, mas não podeis suportar agora", João, 16:12). Assim é que temos, nos Evangelhos sob o véu da letra material (os cestos) os fragmentos das verdades que foram reveladas, e que só puderam chegar até nós em fragmentos e sob formas de alegorias e metáforas, a fim de que a Verdade não fosse
desvirtuada por quem não na compreendesse.
Anotam os evangelistas que estavam presentes a esse banquete sobre a relva verde (em a natureza virgem e fecunda a um tempo), CINCO MIL homens; o CINCO conserva a mesma representação simbólica supracitada; o MIL dá idéia do "sem-limite". Na realidade, refere-se isto à humanidade: CINCO é o HOMEM) englobadamente considerada em seu número ilimitado (MIL) de milhares e milhares de criaturas, e representada - em cada um de nossos corpos físicos - pelas células organizadas em órgãos, tal como a humanidade está organizada em raças e nações.
Capítulo importante como vemos, do qual ainda muitos ensinamentos ainda podem ser extraídos, e
que será mais bem compreendido depois de lida e estudada a lição intitulada "O Pão da Vida". 

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