Estudando o Espiritismo

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domingo, 4 de setembro de 2011

Influência dos Espíritos em Nossa Vida

Influência dos Espíritos em Nossos Pensamentos

“Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?” esta pergunta foi feita pelo iluminado Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, aos Espíritos quando da elaboração de O Livro dos Espíritos, ao que eles responderam:

Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.1

Analisando a resposta dos Espíritos, vemos que, na maioria das vezes, nós encarnados, agimos sob influência de entidades do plano espiritual que se acham em afinidade conosco. Isto de certa forma já acontece entre os encarnados. Emmanuel afirma que:

“nossas emoções, pensamentos e atos são elementos dinâmicos de indução.”

E complementa,

“todos “exteriorizamos a energia mental, configurando as formas sutis com que influenciamos o próximo, e todos somos afetados por essas mesmas formas nascidas nos cérebros alheios.

Cada atitude de nossa existência polariza forças naqueles que se nos afinam com o modo de ser, impelindo-os à imitação consciente ou inconsciente.”2

Se isto ocorre entre os encarnados, natural é que ocorra da mesma maneira entre encarnados e desencarnados.

É pelo nível de nossos pensamentos que formamos nossa vibração, e é por esta que atraímos Espíritos que vibram no mesmo nível.

Este é o processo de indução mental a que estamos submetidos, e é por isso que os Espíritos Codificadores afirmam que, de ordinário, são eles que vos dirigem.

Voltando novamente a Emmanuel no livro já citado:

“Assim também na vida comum, a alma entra em ressonância com as correntes mentais em que respiram as almas que se lhe assemelham.

Assimilamos os pensamentos daqueles que pensam como pensamos.

É que sentindo, mentalizando, falando ou agindo, sintonizamo-nos com as emoções e idéias de todas as pessoas, encarnadas ou desencarnadas, da nossa faixa de simpatia.

Estamos invariavelmente atraindo ou repelindo recursos mentais que se agregam aos nossos, fortificando-nos para o bem ou para o mal, segundo a direção que escolhemos (…)

O desejo é a alavanca de nosso sentimento, gerando a energia que consumimos segundo a nossa vontade.”3

Neste texto de Emmanuel, vemos duas informações importantes:

1o Que os recursos mentais atraídos podem nos fortalecer para o bem ou para o mal.

É muito comum, ao analisarmos a influência dos Espíritos, falar só do aspecto negativo. Esquecemos que também os Espíritos afinados com o bem podem nos influenciar, portanto a questão é de escolha.

2o O desejo é a alavanca de nosso sentimento… Todavia, se quisermos mudar a faixa de influência, antes do nosso pensamento, é preciso mudar o que desejamos, porque o desejo é a base de nosso sentimento, e é esse o gerador de nossos pensamentos.

Como ilustração, citaremos um caso de influência no sentido de desencarnado para encarnado que encontramos em uma narrativa do Espírito André Luiz.

Em sua residência, o senhor Cláudio Nogueira descansava em um sofá, lendo um jornal vespertino e fazendo uso do cigarro em demasia. A essa altura surgiram dois irmãos desencarnados abordando-o e agindo sem cerimônia:

“Um deles tateou-lhe um dos ombros e gritou insolente:

- Beber, meu caro, quero beber!

A voz escarnecedora agredia-nos a sensibilidade auditiva. Cláudio porém, não lhe pescava o mínimo som. Mantinha-se atento à leitura. Inalterável. Contudo, se não possuía tímpanos físicos para qualificar a petição, trazia na cabeça a caixa acústica da mente sintonizada com o paciente.

O assessor inconveniente repetiu a solicitação, algumas vezes, na atitude de hipnotizador que insufla o próprio desejo, reasseverando uma ordem.

O resultado não se fez demorar. Vimos o paciente desviar-se do artigo político em que se entranhava. Ele próprio não explicaria o súbito desinteresse de que se notava acometido pelo editorial que lhe apresara a atenção.

Beber! Beber!…

Cláudio abrigou a sugestão, convicto de que se inclinava para um trago de uísque exclusivamente por si.

O pensamento se transmudou, rápido, como a usina cuja corrente se desloca de uma direção para outra, por efeito da nova tomada de força.

Beber, beber!… e a sede de aguardente se lhe articulou a idéia, ganhando forma. A mucosa pituitária se lhe aguçou, como que mais fortemente impregnada do cheiro acre que vagueava no ar. O assistente malicioso coçou-lhe brandamente os gorgomilos. O pai de Marina sentiu-se apoquentado. Indefinível secura constrangia-lhe o laringe. Ansiava tranqüilizar-se.

O amigo sagaz percebeu-lhe a adesão tácita e colou-se a ele. De começo, a carícia leve; depois da carícia agasalhada, o abraço envolvente; e depois do abraço de profundidade, a associação recíproca.

Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica (…)

Ali, no entanto, produzia-se algo semelhante ao encaixe perfeito.

Cláudio - homem absorvia o desencarnado, à guisa de sapato que se ajusta ao pé. Fundiram-se os dois como se morassem eventualmente num só corpo (…)”4

Este é um caso simples de influência dos Espíritos em nossos pensamentos, mas que acontece todos os dias. Baseados neste acontecimento, vemos a importância da máxima evangélica : “Vigiai e Orai”.




Espíritos Protetores




Ensina a Doutrina Espírita que contamos com a ajuda dos Espíritos desencarnados, voltados ao bem, os quais, pela intuição, buscam nos orientar e auxiliar.

Constituídos por entidades amigas, Espíritos familiares, desta ou de outras existências, os Espíritos protetores incumbem-se de nos induzir ao esforço do bem e do progresso.

Dentre os Espíritos protetores, destacamos os chamados guias espirituais, que se vinculam, particularmente, a um indivíduo para protegê-lo. Estes Espíritos têm como missão guiar o seu tutelado pela senda do bem, além de auxiliá-lo com suas orientações, animá-lo e consolá-lo diante das dificuldades. Desde o nascimento até o momento do desenlace, e muitas vezes até depois deste, o guia está ligado ao seu protegido, buscando reerguê-lo espiritualmente.

Nos momentos difíceis compete a nós buscarmos o auxílio de nossos guias que, em nome da Providência Divina, vêm nos socorrer.

Mas não podemos ficar dependendo só de nossos anjos tutelares, é a nós que cabe a vitória ou a derrota diante de nossas imperfeições.

Sobre o auxílio de forma absoluta dos nossos guias, Emmanuel, em O Consolador, alerta:

“Um guia espiritual poderá cooperar sempre em vossos trabalhos, seja auxiliando-vos nas dificuldades, de maneira indireta, ou confortando-vos, na dor, estimulando-vos para a edificação moral, imprescindível à iluminação de cada um; entretanto, não deveis tomar as suas expressões fraternas por promessa formal, no terreno das realizações do mundo, porquanto essas realizações dependem do vosso esforço próprio e se acham entrosadas no mecanismo das provações indispensáveis ao vosso aperfeiçoamento.”5

Na questão 226 da obra citada, o mesmo Emmanuel, completa:

“Essa colaboração apenas se verifica como no caso dos irmãos mais velhos, ou de amigos mais idosos nas experiências do mundo.

Os mentores do Além poderão apontar-vos os resultados dos seus próprios esforços na Terra, ou, então, aclarar os ensinos que o homem já recebeu através da misericórdia do Cristo e da benevolência dos seus enviados, mas em hipótese alguma poderão afastar a alma encarnada do trabalho que lhe compete, na curta permanência das lições do mundo(…) ( grifo nosso)

A palavra do guia é agradável e amiga, mas o trabalho de iluminação pertence a cada um(…)”

Segundo orientação dos próprio Espíritos, se a criatura não escuta os conselhos de seu guia, este se afasta, mas não o abandona definitivamente, ficando atento para auxiliá-lo sempre que seu tutelado voltar ao caminho correto.

Sobre a evolução dos guias espirituais, O Livro dos Espíritos esclarece, que são eles de natureza sempre superior, com relação ao seu protegido6, mas o bom senso diz que não poderão ser de natureza muito superior, porque senão não haverá possibilidade de sintonia.

A Doutrina Espírita alerta ainda que como os indivíduos, também os lares, as famílias e as coletividades têm seus Espíritos protetores, cuja elevação está sempre de acordo com a importância da tarefa a realizar.

Como exemplo, temos:

Jesus, o guia de nosso Orbe; Ismael, o guia de nosso país, e muitos outros que desconhecemos o nome, no entanto, temos a certeza de sua existência.

Sempre que iniciamos um trabalho em bases de amor, em nome do Cristo, a Espiritualidade vinculada à divulgação da Boa Nova entre os homens, destaca um Espírito afim ao trabalho, para que oriente os trabalhadores envolvidos no mesmo, com a finalidade de guiá-los para um melhor desenvolvimento deste. Assim temos os guias das nossas reuniões, das nossas campanhas de assistências, dos nossos centros espíritas, entre outros.

Concluindo, onde estiver a criatura, desde que esteja em sintonia com as forças do bem, jamais estará desamparada do auxílio desses enviados do Senhor, e nos momentos difíceis, como Jesus nos disse, também poderemos dizer:

“Ou pensas tu que eu não poderia rogar a meu Pai, e que ele não me mandaria agora mesmo mais de doze legiões de anjos?”7

Obsessão

“Do latim, obsessione.

Impertinência, perseguição, vexação.

Preocupação com determinada idéia, que domina doentiamente o espírito, e resultante ou não de sentimentos recalcados; idéia fixa; mania.”8

Normalmente o termo obsessão é usado como significado de idéia fixa em alguma coisa, como a definir um estado mental doentio.

Após a Codificação Espírita, esta palavra ganhou um significado mais profundo:

“A obsessão é a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta-se caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.”9

Com este conceito, Kardec, aproveitando o significado vulgar, aprofundou-o mostrando as suas causas. Temos então que a obsessão é um distúrbio mental gerado por influência negativa dos Espíritos, tendo suas causas no passado culposo da criatura através de comportamentos distantes da moral.

O Espírito Manoel Philomeno de Miranda chega a afirmar que somente há obsidiados porque há endividados espirituais.10

Segundo Emmanuel, a obsessão é o equilíbrio de forças inferiores, retratando-se entre si. E continua:

“Fenômeno de reflexão pura e simples, não ocorre tão somente dos chamados mortos para os chamados vivos, porque, na essência, muita vez aparece entre os próprios Espíritos encarnados a se subjugarem reciprocamente pelos fios invisíveis da sugestão.” 11

Com isto, nosso querido mentor nos alerta que a obsessão é um processo de sintonia, e sempre de forma bilateral, porque é sustentada por um intercâmbio que funciona tanto de lá para cá, como de cá para lá.

Nesta mesma iluminada página Emmanuel diz que:

“Toda obsessão começa pelo debuxo vago do pensamento alheio que nos visita, oculto.

Hoje é um pingo de sombra, amanhã linha firme, para depois, fazer-se um painel vigoroso, do qual assimilamos apelos infelizes.”

Desta forma, vemos o caráter gradativo do processo obsessivo, e novamente a importância do “Vigiai e Orai”.




Mecanismo da obsessão




Manoel Philomeno de Miranda, pela mediunidade de Divaldo P. Franco, informa como se dá o processo obsessivo. Vejamos a narrativa:

Quando o Espírito é encaminhado à reencarnação, traz, em forma de “matrizes” vigorosas no perispírito, o de que necessita para a evolução. Imprimem-se, então, tais fulcros nos tecidos em formação da estrutura material de que se utilizará para as provações e expiações necessárias. Se se volta para o bem e adquire títulos de valor moral, desarticula os condicionamentos que lhe são impostos para o sofrimento e restabelece a harmonia nos centros psicossomáticos, que passam, então, a gerar novas vibrações aglutinantes de equilíbrio, a se fixarem no corpo físico em forma de saúde, de paz, de júbilo… Se todavia, por indiferença ou por prazer, jornadeia na frivolidade ou se encontra adormecido na indolência, no momento próprio desperta automaticamente o mecanismo de advertência, desorganizando-lhe a saúde e surgindo, por sintonia psíquica, em conseqüência do desajustamento molecular no corpo físico, as condições favoráveis a que os germens-vacina que se encontram no organismo proliferem, dando lugar às enfermidades desta ou daquela natureza. Outras vezes, como os recursos trazidos para a reencarnação, em forma de energia vitalizadora, não foram renovados, ou, pelo contrário, foram gastos em exageros, explodem as reservas e, pela queda vibratória, que atira o invigilante noutra faixa de evolução, a sintonia com entidades viciadas, perseguidoras e perversas, se faz mais fácil, dando início aos demorados processos obsessivos (…)12

Através deste valoroso ensinamento, vemos que o processo obsessivo só se completa com a permissão do elemento encarnado, quando este, invigilantemente, foge aos compromissos da renovação Cristã. Porque mesmo que as “matrizes” já estejam gravadas, cabe a ele restabelecer a harmonia pela vivenciação do bem, ou se entregar às tendências desequilibradoras, através do jornadear nas frivolidades.




Variações do Processo Obsessivo

Obsessão Simples – Segundo informação dos Espíritos, a obsessão simples é parasitose comum a quase todas as pessoas. Trata-se da simples influência negativa dos Espíritos em nossa vida. Para que isto aconteça, basta que nos sintonizemos com as forças contrárias ao bem, e, seja nos momentos de sono ou de vigília, os Espíritos sutilmente nos ditam as regras.

Quase sempre todo processo de obsessão mais complicado, inicia-se em uma obsessão simples.

Fascinação – É a ilusão produzida pela ação direta do Espírito obsidente, paralisando na criatura obsidiada o raciocínio. Nesse estado, a pessoa obsidiada perde a noção do ridículo e do discernimento. O Espírito obsessor lhe inspira a agir de determinada maneira em disparate, e para ela, a forma é bem lógica. Ou seja, o obsedado nunca acha que está errado, e tenta provar com todos os argumentos que está certo. É sem dúvida uma das mais graves formas de obsessão.

Subjugação - À medida que se agrava o processo obsessivo, a vontade do obsessor vai aumentando o governo das ações do obsedado.

A subjugação pode ser moral ou corporal:

Moral: Ocorre quando o invasor domina moralmente o hospedeiro, levando-o a tomar atitudes comprometedoras. Já não é a vontade deste que comanda, mas do elemento perturbador. Seria como que uma fascinação mais agravada.

Corporal: Dá-se quando o Espírito imanta-se a determinada pessoa, assenhorando-se dos centros do comando motor desta, e a domina fisicamente. Neste estado gravíssimo, a vítima fica inerte, cometendo atrocidades diversas.




Tipos de Obsessão

Se classificamos acima a obsessão quanto à forma de atuação dos Espíritos, podemos classificá-la também quanto ao elemento obsessor, ou seja, quanto a quem é o obsessor.

Desta forma temos, a obsessão:

De encarnado para encarnado: É a obsessão realizada entre seres encarnados, através do domínio mental e até mesmo físico. Esse domínio muitas vezes é mascarado pelos termos ciúme, proteção, paixão, e até mesmo, o que é pior, amor. Mas amor nestas bases nós particularmente entendemos como “amor próprio”.

Acontece também sob o império do ódio ou outros sentimentos inferiores, como vingança, orgulho ferido etc..

Desencarnado para desencarnado: Há Espíritos que obsediam Espíritos. É a prova de que os sentimentos não mudam só pelo ato do desencarne. Quando um homem é de nível inferior, evolutivamente falando, será também, até que mude de postura, Espírito inferior. Há nas relações entre Espíritos verdadeiras relações de domínio de um em relação a outros que se acham em desvantagem. O livro Libertação, do Espírito André Luiz, sob a mediunidade de Francisco Cândido Xavier, é um dos que tratam este tema com muita propriedade.

De encarnado para desencarnado: A princípio, poderíamos achar esta hipótese um absurdo, mas podemos afirmar com segurança, que o fato é muito mais comum do que podemos pensar.

Acontece quando criaturas desavisadas ligam-se obstinadamente aos entes queridos que desencarnaram antes, fincando a elas jungidas seja pela revolta ante o fato, ou por sentimento de perda.

É fruto do amor egoísta e possessivo que domina nosso ambiente planetário, agravado ainda pela falta de informação e consciência de culpa, ou ainda pelo sentimento de ódio, inveja ou vingança.

De desencarnado para encarnado: Esse é o mais conhecido, e o que tratamos mais comumente.

O fator vigilância, para o obsedado, é de suma importância, porquanto o obsessor desencarnado leva vantagem de nem sempre ser visto ou percebido, agindo assim com mais tranqüilidade, pois, ao contrário, tudo vê e percebe.

Obsessão recíproca: Como já dissemos anteriormente, nenhuma obsessão é unilateral, mas podemos qualificar como obsessão recíproca, a que ambos os elementos sentem-se dependentes um do outro, sendo muitas vezes até perigoso desligá-los rapidamente.

André Luiz narra um destes casos em sua obra, Nos Domínios da Mediunidade. É o caso de Libório, que obsidiava a esposa por quem sentia verdadeira paixão, vampirizando-lhe o corpo físico. Esclarece desta forma o autor Espiritual:

O pensamento da irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está presente nele, atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma onda. É um caso de perseguição recíproca (…) enquanto não lhes modificamos as disposições espirituais (…) jazem no regime de escravidão mútua, em que obsessores e obsidiados se nutrem das emanações uns dos outros.13

Conclusão.

O processo obsessivo é uma característica de mundos ainda atrasados moralmente, pois é fruto do egoísmo, da maldade e da falta de perdão.

Tanto o tratamento como a profilaxia podem ser facilitados com o uso da prece, da água fluidificada, de passes, etc.. Mas o mais importante mesmo, o único remédio realmente eficaz, é a reforma íntima em bases de amor. Daquele amor ensinado pelo Meigo Rabi da Galiléia, nosso Querido Mestre: Jesus.




Rituais, Símbolos e Feitiçaria




É de suma importância para quem inicia no estudo do Espiritismo, saber o que diz a Doutrina dos Espíritos sobre rituais, símbolos e feitiçaria. É muito comum ao leigo confundir Espiritismo com outras formas de espiritualismo, principalmente quando se trata de cultos que usam de muitos rituais quando da comunicação com os “ditos mortos”.

Chegam até a falar de “baixo Espiritismo”, “alto Espiritismo”, “Espiritismo de mesa” e “Espiritismo de terreiro” etc.. Isto mostra no mínimo falta de informação do que seja Espiritismo, pois não existe Espiritismo disso ou daquilo, o que existe é uma doutrina de caráter científico, filosófico e religioso, codificada por Allan Kardec, baseada em princípios que foram ditados pelos próprios Espíritos, e comprovados através do método experimental pelo Codificador.

Sobre a questão dos rituais, Deolindo Amorim nos afirma que:

As tentativas para fundamentar a introdução de rituais, incensos, imagens e outros objetos de culto material no meio Espírita invocam sempre um pressuposto espiritualista, como generalidade, ou fazem apelo à tolerância. Não há, entretanto, razão alguma para tais pretextos, uma vez que o Espiritismo, pelas suas disposições doutrinárias, dispensa completamente qualquer forma de ritual ou peças litúrgicas (…)14 (grifo nosso)

Como complemento desta afirmativa de nosso confrade, convidamos nossos irmãos à análise da questão 553 de O Livro dos Espíritos:

Que efeito podem produzir as fórmulas e práticas mediante as quais pessoas há que pretendem dispor do concurso dos Espíritos?

Respondendo a esta pergunta feita por Kardec, os Espíritos nos disseram:

(…) Todas as fórmulas são mera charlatanaria. Não há palavra sacramental nenhuma, nenhum sinal cabalístico, nem talismã, que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porquanto estes só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais.15 ( grifo nosso)

Seria desnecessário comentar esta questão, mas vamos somente lembrar, que o que vai contra uma doutrina, não pode fazer parte da mesma. Portanto tudo que é contrário à Codificação, não pode ser considerado Espírita. Assim sendo quando nos referirmos a rituais, símbolos etc., não estamos falando de Espiritismo.

Por termos em nosso passado militado em outras doutrinas religiosas que faziam uso de rituais, sacramentos, que valorizavam as questões materiais dentro do processo religioso, gravamos em nosso psiquismo estas necessidades místicas, e se não ficarmos vigilantes queremos a toda hora praticar o misticismo dentro da Doutrina Espírita, mas isso é incoerência. Não existe misticismo na água fluidificada, como não existe misticismo no passe ou nas comunicações mediúnicas. O que existe é atuação dos Espíritos nestes processos, atuação que pode ser comprovada pelo uso da lógica, da razão e do bom senso. Portanto não é aconselhável a nós Espíritas, dizer que temos que usar determinadas roupas em reuniões, destampar garrafas para que a água seja fluidificada, ou aplicar passes desta ou daquela maneira, porque como nos afirmam os Espíritos, eles só são atraídos pelo pensamento, e não pelas coisas materiais.

Sobre a feitiçaria, os Espíritos nos afirmam que o que denominamos feitiçaria, muitas vezes, é a mediunidade posta em ação. Há pessoas que têm sensibilidade mediúnica, outras que têm força magnética, outras que têm as duas, e nos dias de hoje quando a Doutrina Espírita tanto nos esclarece, não é mais cabível falar em feitiçaria. Mas é bom lembrar que a mediunidade, é uma faculdade neutra e nós é que damos a ela o uso devido ou indevido de acordo com a nossa posição evolutiva, e por tal somos responsáveis. Não é culpa do Espiritismo se algum “dito Espírita” contrariar seus princípios fazendo uso indevido desta Bendita faculdade.

Só para finalizar, gostaríamos de deixar para meditação, a questão 557 de O Livro dos Espíritos:

Podem a benção e a maldição atrair o bem e o mal para aquele sobre quem são lançadas?

Deus não escuta a maldição injusta e culpado perante ele se torna o que a profere. Como temos os dois gênios opostos, o bem e o mal, pode a maldição exercer momentaneamente influência, mesmo sobre a matéria. Tal influência, porém, só se verifica por vontade de Deus como aumento de prova para aquele que é dela objeto. Demais, o que é comum é serem amaldiçoados os maus e abençoados os bons. Jamais a benção e a maldição podem desviar da senda da justiça a Providência, que nunca fere o maldito, senão quando mau, e cuja proteção não acoberta senão aquele que a merece.





1 (KARDEC, O Livro dos Espíritos. 50ª ed. 1980), questão 459


2 XAVIER / Emmanuel (Espírito). Pensamento e Vida, RJ, FEB, 1991, cap. 9


3 Idem, ibidem, cap. 8


4 XAVIER, Francisco C./ Vieira, Waldo/Luiz, André. Sexo e Destino, 16a ed., RJ, FEB, 1993,.cap. VI


5 XAVIER, Francisco C. / Emmanuel. O Consolador, 16ª ed., Rio de Janeiro, FEB, 1993, questão 194


6 (KARDEC, 1980), questão 514


7 Mateus, 26: 53


8 Dicionário da Língua Portuguesa: Aurélio


9 (KARDEC, O Evangelho Segundo o Espiritismo. 104ª ed. 1991), cap. XXVIII Item 81


10 FRANCO, Divaldo P./MIRANDA, Manoel P.. Grilhões Partidos. 8a Ed., Salvador, Leal, 1993, Prefácio item 3


11 [XAVIER/Emmanuel (Espírito) 1991] cap. 27


12 [FRANCO/Manoel P. Miranda (Espírito) 1993]– Prefácio item 3


13 XAVIER. Francisco C./André Luiz (Espírito). Nos Domínios da Mediunidade, Rio de Janeiro, FEB, 1954


14 AMORIM, Deolindo. O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas, 3ª ed., RJ, Livraria Ghignome, 1992


15 (KARDEC, 1980), questão 553

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