Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 27 de setembro de 2011

ANTE O SUICÍDIO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ESPÍRITAS




ANTE O SUICÍDIO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ESPÍRITAS
   
   
      Em       recente reportagem, divulgou-se que uma jovem, de 15 anos, suicidou-se com       um tiro de revolver, dentro de uma escola, em Curitiba. Não houve grito       nem pedido de socorro.
Em silêncio, ela entrou no banheiro e se trancou       em uma das cinco cabines reservadas.
Sentada sobre o vaso sanitário,       disparou contra a boca.
Suicídios desse gênero (tiro especialmente), em       escolas brasileiras, não são comuns.
“Três meses antes da tragédia,       a jovem procurou os pais e pediu para que eles a levassem a um psicólogo.      
Dizia sentir-se triste e desmotivada.
  
O pai passou a pegá-la na aula de       pintura e levá-la, semanalmente, a um psiquiatra. No inquérito policial       sobre o suicídio, apurou-se que ela tomava benzodiazepínicos (soníferos)       para dormir, e outros fármacos para controlar a ansiedade que       sentia”. (1)
Diante do dilema, indagamos: Como os pais podem proteger       os filhos ante os desequilíbrios emocionais que assolam a juventude de       hoje?
Obviamente, precisam estar atentos.
  
Interpretar qualquer tentativa       ou anúncio de suicídio do jovem como sinal de alerta.
O ideal é       procurar ajuda especializada de um psicólogo e, para os pais espíritas,       os recursos terapêuticos dos centros espíritas.
Aproximar-se, mais       amiudemente, do filho que apresenta sinais fortes de introspecção ou       depressão. O isolamento e o desamparo podem terminar com aguda depressão       e ódio da vida.
      É evidente que sugerir serem os pais os únicos responsáveis pelo autocídio       de um filho(a), é algo muito delicado e preocupante, pois, trata-se um       ato pessoal de extremo desequilíbrio da personalidade, gerado por       circunstâncias atuais ou por reminiscências de existências passadas.
  
Se       há culpa dos pais, atribui-se à negligência, à desatenção, a não       perceber as mudanças no comportamento de um filho(a) e a tudo que       acontece à sua volta.
Sobre isso, estamos convictos de que a sociedade,       como um todo, é, igualmente, culpada. Inobstante colocarem o fardo da       culpa nos pais em primeiro lugar, reflitamos: quem pode controlar a pressão       psicológica que uma montanha de apelos vazios faz na cabeça dos jovens,       diariamente? O suicídio é um ato exclusivamente humano e está presente       em todas as culturas. Suas matrizes causais são numerosas e complexas.
  
Os       determinantes do suicídio patológico estão nas perturbações mentais,       depressões graves, melancolias, desequilíbrios emocionais, delírios crônicos,       etc. Algumas pessoas nascem com certas desordens psiquiátricas, tal como       a esquizofrenia e o alcoolismo, o que aumenta o risco de suicídio. Há os       processos depressivos, onde existem perdas de energia vital no organismo,       desvitalizando-o, e, conseqüentemente, interferindo em todo o mecanismo       imunológico do ser.
      Em termos percentuais, 70% das pessoas que cometem suicídio, certamente       sofriam de um distúrbio bipolar (maníaco-depressivo); ou de um distúrbio       do humor; ou de exaltação/euforia (mania), que desencadearam uma severa       depressão súbita, nos últimos minutos que antecederam aos de suas       mortes.
O suicídio pode ocorrer, tanto na fase depressiva, quanto na fase       da mania, sempre conseqüente do estado mental. O suicida é, antes de       tudo, um deprimido, e a depressão é a doença da modernidade.
O suicida       não quer matar a si próprio, mas alguma coisa que carrega dentro de si e       que, sinteticamente, pode ser nominado de sentimento de culpa e vontade de       querer matar alguém com quem se identifica.
 
Como as restrições morais o       impedem, ele acaba se autodestruindo. Assim, “o suicida mata uma       outra pessoa que vive dentro dele e que o incomoda, profundamente. Outra       coisa que deve ser analisada é a obsessão que poderia ser definida como       um constrangimento que um indivíduo, suicida em potencial ou não, sente,       pela presença perturbadora de um obsessor.
      A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário       às leis da Natureza. Todas asseveram que ninguém tem o direito de       abreviar, voluntariamente, a vida. Entretanto, por que não se tem esse       direito? Por que não é livre o homem de pôr termo aos seus sofrimentos?       Ao Espiritismo estava reservado demonstrar, pelo exemplo dos que       sucumbiram, que o suicídio não é uma falta somente por constituir infração       de uma lei moral – consideração, essa, de pouco peso para certos indivíduos       – mas, também, um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica.
     
Antes, o contrário, é o que se dá com eles, na existência espiritual,       após ato tão insano. Temos notícia, não somente, pelo que lemos nos       livros da Doutrina Espírita e que nos advertem os Espíritos Superiores,       mas pelos testemunhos que nos dão esses infelizes irmãos, narrando       tristes fatos que eles mesmos nos põem sob as vistas, em sessões de       orientação às entidades sofredoras.
Sob o ponto de vista sociológico,       o suicídio é um ato que se produz no marco de situações anômicas, (2)       em que os indivíduos se vêem forçados a tirar a própria vida para       evitar conflitos ou tensões inter-humanas, para eles insuportáveis.
      O pensador Émile Durkheim teoriza que a “causa do suicídio, quase       sempre, é de raiz social, ou seja, o ser individual é abatido pelo ser       social.
Absorvido pelos valores [sem valor], como o consumismo, a busca do       prazer imediato, a competitividade, a necessidade de não ser um perdedor,       de ser o melhor, de não falhar, o jovem se afasta de si mesmo e de sua       natureza. Sobrevive de ‘aparências’, para representar um ‘papel       social’ como protagonista do meio. Nessa vivência neurotizante, ele       deixa de desenvolver suas potencialidades, não se abre, nem expõe suas       emoções e se esmaga na sua intimidade solitária.” (3)
      O Espiritismo adverte que o suicida, além de sofrer no mundo espiritual       as dolorosas conseqüências de seu gesto impensado, de revolta diante das       leis da vida, ainda renascerá com todas as seqüelas físicas daí       resultantes, e terá que arrostar, novamente, a mesma situação       provacional que a sua flácida fé e distanciamento de Deus não lhe       permitiram o êxito existencial.
      É verdade que após a desencarnação não há tribunal nem Juízes para       condenar o espírito, ainda que seja o mais culpado. Fica ele,       simplesmente, diante da própria consciência, nu perante si mesmo e todos       os demais, pois nada pode ser escondido no mundo espiritual, tendo o indivíduo       de enfrentar suas próprias criações mentais.
“O pensamento       delituoso é assim como um fruto apodrecido que colocamos na casa de nossa       mente. A irritação, a crítica, o ciúme, a queixa exagerada, qualquer       dessas manifestações, aparentemente sem importância, pode ser o início       de lamentável perturbação, suscitando, por vezes, processos obsessivos       nos quais a criatura cai na delinqüência ou na agressão contra si       mesma.” (4)
      A rigor, não existe pessoa “fraca”, a ponto de não suportar um       problema, por julgá-lo superior às suas forças. O que de fato ocorre é       que essa criatura não sabe como mobilizar a sua vontade própria e       enfrentar os desafios.
 
Joanna de Angelis assevera que o “suicídio é       o ato sumamente covarde de quem opta por fugir, despertando em realidade       mais vigorosa, sem outra alternativa de escapar”.(5)
 
Na Terra, é       preciso ter tranqüilidade para viver, até porque, não há tormentos e       problemas que durem uma eternidade.
Recordemos que Jesus nos assegurou que      
“O Pai não dá fardos mais pesados que nossos ombros” e       “aquele que perseverar até o fim, será salvo”. (6)
 
      Jorge Hessen

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