Os Espíritos exercem tamanha influência sobre os nossos pensamentos e atos que amiúde somos por eles dirigidos.
Isto se dá, porque os Espíritos povoam os mesmos espaços em que vivemos, acompanham-nos em nossas atividades e ocupações, vão conosco aos lugares que freqüentamos "(...) intervindo em nossas reuniões, seguindo-nos, ou evitando-nos, conforme os atraímos ou repelimos. (...)" Estamos cercados por Espíritos, independentemente de sermos ou não médiuns produtivos, e a sua influência oculta sobre os nossos pensamentos e atos se faz sentir pelo grau de afinidade que mantivermos com eles.
Nessa convivência entre encarnados e desencarnados, a influência às vezes é tão sutil que não conseguimos estabelecer uma separação entre o que nos é próprio e o que é dos Espíritos. Portanto, entre as nossas idéias e imagens mentais podem estar disseminadas idéias e desejos de outros Espíritos, sem que disto nos apercebamos.
Analisando a influência dos Espíritos sobre os nossos pensamentos e atos, passamos a entender melhor o fenômeno vulgarmente denominado telepatia.
"A telepatia consiste essencialmente na ocorrência de uma impressão psíquica intensa, que se manifesta em geral inopinadamente, numa pessoa normal, seja durante o estado de vigilia, seja durante o sono, impressão que - como se observa - está acorde com um acontecimento desenrolado a distância (...). "
A telepatia é a transmissão do pensamento de um ser para outro. "Há, entre os Espíritos que se encontram, uma comunicação de pensamento, que dá causa a que duas pessoas se vejam e compreendam sem precisarem dos sinais ostensivos da linguagem. Poder-se-ia dizer que falam entre si a linguagem dos Espíritos." No fenômeno de telepatia sempre há alguém que é mais apto para transmitir o pensamento, como existe outro com mais predisposição para ser receptor.
"(...) O estudo da telepatia data dos anos de 1825 quando, na França, se fizeram as primeiras experiências magnéticas (...). Foi (...), só muito mais tarde. que se encarou a telepatia com seriedade científica (...)."
"(...) O termo telepatia foi proposto por Frederic W. H. Myers em 1882 e adotado nos trabalhos da Society Psychical Research. Myers assim o definiu:
"Entendo por telepatia a transmissão do pensamento e das sensações feita pelo Espírito de um indivíduo sobre outro sem que seja pronunciada uma palavra, escrito um vocábulo ou feito um sinal. "
"(...) A telepatia. ou projeção a distância do pensamento e mesmo da imagem do manifestante, faz-nos subir mais um degrau na escala da vida psíquica. Aqui, achamo-nos na presença de um ato poderoso da vontade. (...) As manifestações telepáticas não comportam limites. O poder e a independência da alma nelas se revelam soberanamente, porque o corpo nenhum papel representa no fenômeno. É mais um obstáculo do que um auxílio. Produzem-se, por este motivo, ainda com maior intensidade, depois da morte (...)."
"(...) A telepatia pode ser espontânea ou experimental.
a) Telepatia espontânea - Subdivide-se em:
1 . Relativa a um acontecimento futuro iminente - Casos de pressentimentos, premonições, visões premonitórias e aparições de moribundos.
2. Relativa ao presente ou a um passado recente - Casos de visões nítidas ou de adivinhação de acontecimentos afastados (no estado normal). Casos de aparições de moribundos (...). Casos de aparições de vivos (...). Com freqüência, o fenômeno diz respeito a uma pessoa unidade ao percipiente por laços de afeição mais ou menos fortes (...)."
b) Telepatia experimental - Esses casos, "(...) traduzem uma impressão psíquica produzida a distância sobre uma pessoa; e isso por outra pessoa, e simplesmente pela ação e força da vontade (...).
É, de qualquer modo, imperioso reconhecer que a telepatia experimental encontra-se longe de ser estabelecida de modo tão nítido quanto a espontânea (...)."
Abordaremos agora um outro tipo de influência dos Espíritos em nossos pensamentos e atos: o pressentimento.
"O pressentimento é uma intuição vaga das coisas futuras. Algumas pessoas têm essa faculdade mais ou menos desenvolvida. Pode ser devida a uma espécie de dupla vista, que lhes permite entrever as conseqüências das coisas atuais e a filiação dos acontecimentos. Mas, muitas vezes, também é resultado de comunicações ocultas e, sobretudo neste caso, é que se pode dar aos que dela são dotados o nome de médiuns de pressentimentos, que constituem uma variedade dos médiuns inspirados. "
Nota-se que neste último caso, ou seja, o pressentimento como conseqüência de uma comunicação oculta, quem geralmente se comunica é um Espírito amigo e bondoso. É, do dizer dos Espíritos Superiores, "(...) o conselho íntimo e oculto de um Espírito que vos quer bem. (...)"
Existem inúmeros exemplos de telepatia e de pressentimento na literatura espirita. Relataremos resumidamente alguns, escolhidos ao acaso:
"(...) "Minha mãe tinha dois tios clérigos: um era missionário na China, o outro, cura na Bretanha; tinham uma irmã, já de idade avançada, residente nos Vosges.
Um dia esta pessoa estava ocupada em sua cozinha a preparar o repasto da família, quando se abriu a porta, e ela viu no limiar seu irmão missionário de que estava há longos anos separada:
- É o irmão Francisco! - gritou ela e correu para ele, a fim de abraçá-lo; mas, no instante em que chegava perto dele não o viu mais, o que lhe causou um grande medo.
No mesmo dia, à mesma hora; o segundo irmão, que era cura na Bretanha, lia seu breviário, quando ouviu a voz do irmão Francisco que lhe dizia:
Meu irmão, vou morrer.
Depois, ao cabo de um momento:
- Meu irmão, eu morro.
E enfim, alguns minutos depois:
- Meu irmão, morri.
Alguns meses mais tarde, receberam eles a noticia da morte do missionário, verificada no mesmo dia em que tinham recebido tão estranhos avisos".
Este é um exemplo de comunicação telepática espontânea dada por um moribundo. Eis um caso de telepatia experimental, em que uma moça chamada Maria é magnetizada (hipnotizada) e passa a agir conforme as ordens do seu magnetizador:
"(...) `Quando despertardes, ireis procurar um copo, nele derramareis algumas gotas de água de Colônia, trazendo-mo em seguida.
Ao despertar, ela se acha visivelmente preocupada, não pode estar parada e vem por fim colocar-se à minha frente e me diz:
- Ora pois! em que pensais? E que idéia pusestes em minha cabeça!
- Porque me falais assim?
- Porque a idéia que tenho não pode provir senão de vós, e eu não quero obedecer!
- Não obedeçais, se assim o quiserdes; mas exijo que me digais imediatamente o que pensais.
- Muito bem! cumpre-me ir buscar um copo, enchê-lo d’água, com algumas gotas de água de Colônia e trazer-vo-lo: é realmente ridículo!
A minha ordem havia sido, pois, perfeitamente compreendida..."
O pressentimento pode manifestar-se através de uma vaga lembrança que o Espírito tem de provas ou acontecimentos a que deverá submeter-se; pode, no entanto, ser produto da comunicação de um Espírito amigo. Pressentir a hora da desencarnação, por exemplo, tem sido uma ocorrência até certo ponto comum em muitas pessoas. E alguns pressentem a sua desencarnação, porque foram avisados por parentes ou amigos em sonhos; em outros, porém, a convicção se dá sem que saibam explicar o porquê.
Existem inúmeros outros pressentimentos ocorridos no dia-a-dia do encarnado. Relataremos apenas um exemplo extraído da obra O Desconhecido e os Problemas Psíquicos, de Camille Flammarion:
"(...) Tive, (...), um dia, certo pressentimento.
Dirigindo-me, certa manhã, para o Hospital Lariboisière, de que eu era externo, tive por um momento a idéia de que ia encontrar, na porta do hospital, o Sr. P., que só uma vez tivera ocasião de ver, oito meses antes, em uma casa amiga e que, desde essa data, jamais voltara a ocupar meu pensamento (...).
Não me enganara de todo: à porta do hospital encontrei o Sr. P., que vinha com a intenção de visitar, não o cirurgião em apreço, mas o chefe do serviço de obstetrícia (...).
G. Mesley,
Estudante de Medicina, rue de 1, Entrepôt, 27."
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