Estudando o Espiritismo

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sábado, 10 de maio de 2014

Aliança da Ciência e da Religião: isto é possível?

Aliança da Ciência e da Religião: isto é possível?

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
De Londrina

O progresso da Humanidade constitui um dos princípios do Espiritismo. Todos os Espíritos, afirmam os imortais, chegarão um dia à perfeição, informação da mais alta importância que podemos colher nas questões seguintes d’ O Livro dos Espíritos, principal obra da Codificação Kardequiana:
116. Haverá Espíritos que se conservem eternamente nas ordens inferiores?
“Não; todos se tornarão perfeitos. Mudam de ordem, mas demoradamente, porquanto, como já doutra vez dissemos, um pai justo e misericordioso não pode banir seus filhos para sempre. Pretenderi-as que Deus, tão grande, tão bom, tão justo, fosse pior do que vós mesmos?”
117. Depende dos Espíritos o progredirem mais ou menos rapidamente para a perfeição?
“Certamente. Eles a alcançam mais ou menos rápido, conforme o desejo que têm de alcançá-la e a submissão que testemunham à vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui mais depressa do que outra recalcitrante?”
118. Podem os Espíritos degenerar?
“Não; à medida que avançam, compreendem o que os distanciava da perfeição. Concluindo uma prova, o Espírito fica com a ciência que daí lhe veio e não a esquece. Pode permanecer estacioná-rio, mas não retrograda.”
Como a Humanidade é constituída dos Espíritos encarnados, progredindo estes ela também progride e, da mesma forma que os Espíritos não podem degenerar, ela segue sempre para a frente, num curso evolutivo que um dia determina a modificação do próprio orbe que habita, motivo pelo qual Jesus declarou que os mansos herdariam a Terra e, quando o final dos tempos chegar, o Evangelho será ensi-nado em todos os lugares.
Foi a ignorância do homem e a sua incompreensão dos reais valores da vida que fizeram com que a Ciência e a Religião jamais se entendessem. Com o advento das luzes, é evidente que ambas – a Ciência e a Religião – se darão as mãos, não mais estarão em campos opostos e, unidas pelo mesmo ideal, determinarão na sociedade terráquea transformações que não temos a capacidade de prever.
Essa é a tese espírita, exposta magistralmente por Allan Kardec no texto que se segue, constante do cap. 1, item 8, d’ O Evangelho segundo o Espiritismo:
“A Ciência e a Religião são os dois instrumentos da inteligência humana. Uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral; mas como ambas têm o mesmo princípio, que é Deus,   não se podem contradizer. Se uma fosse a negação da outra, necessariamente que uma estaria fora da razão e a outra com ela, pois Deus não viria destruir a sua própria obra. A incompatibilidade que se supôs haver entre essas duas ordens de leis proveio da falta de observação e do grande exclusivismo de cada uma das partes. Daí, o conflito que gerou a incredulidade e a ignorância.
São chegados os tempos em que os ensinos do Cristo devem ter a sua execução, em que o véu propositadamente lançado sobre alguns pontos desses ensinos deve ser erguido, em que a Ciência, dei-xando de ser exclusivamente materialista, tem de levar em conta o elemento espiritual, e em que a Reli-gião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, reconheça que estas duas forças se amparam uma à outra e seguem harmonicamente, prestando-se mútuo auxílio. A Religião, já não sen-do mais desmentida pela Ciência, adquirirá então uma força invulnerável, porque estará de acordo com a razão, e terá a seu favor a irresistível lógica dos fatos.”

As descobertas científicas só glorificam o Criador

Falando a respeito do caráter da revelação espírita, em A Gênese, cap. I, item 55, Kardec afirma que a doutrina espírita, por apoiar-se em fatos, tem de ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação. Pela sua própria substância, ela se alia à Ciência, que, sendo a exposição das leis da Natureza, não pode ser contrária às leis de Deus, que é o autor delas. “As descobertas que a Ciência realiza – observa Kardec –, longe de o rebaixarem, glorificam a Deus; unicamente destroem o que os homens edificaram sobre as falsas idéias que formaram de Deus.”
Na mesma obra e no mesmo capítulo, adverte Kardec que o Espiritismo não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado ou o que ressalta logicamente da observação. Por esse motivo, entendendo-se com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio de suas próprias descobertas, o Espiritismo “assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria”.
Reconhecendo a progressividade do conhecimento e o papel que a Ciência representa no pro-cesso evolutivo da Humanidade, Kardec escreveu, então, estas sábias palavras que devem nortear os passos de todos nós que estamos envolvidos no estudo e na divulgação da doutrina espírita:
“Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se no-vas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nes-se ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.” (A Gênese, cap. I, item 55.)
O Espiritismo, como sabem todas as pessoas que já se iniciaram em seu estudo, não se baseia em dogmas. Seus princípios fundamentais não são obra de concílios ou fruto de teses acadêmicas. Resul-tam de fatos que se inscrevem nas próprias leis de Deus: a existência da alma, a imortalidade, o pro-gresso constante, a pluralidade das existências, a multiplicidade dos mundos habitados, a lei de causa e efeito, as relações entre encarnados e desencarnados.
É por todos esses motivos que o Espiritismo talvez seja, no mundo em que vivemos, a única re-ligião que não teme as investigações científicas nem se furta à discussão de seus princípios em congres-sos e simpósios promovidos por instituições ou indivíduos sérios. (Marcelo Borela de Oliveira)

Obra de Chico Xavier antecipa a Ciência

Em um estudo publicado nas págs. 27 a 34 da edição número 136-C da revista Planeta, toda ela dedicada à vida e à obra de Chico Xavier, o confrade Hernani Guimarães Andrade mostra que inúme-ras informações científicas transmitidas pelos Espíritos por intermédio de Chico Xavier e consideradas inicialmente mirabolantes, ridículas ou até ingênuas têm sido em nossos dias cogitadas e mesmo con-firmadas pela Ciência moderna.
Hernani lembra que, a partir da formulação da Teoria dos Quanta por Max Planck e da Teoria da Relatividade por Albert Einstein, a Física vem sofrendo profundas transformações, cujo resultado inicial “foi a desentronização do pensamento mecanicista positivista e a introdução de novas concep-ções que, em muitos aspectos, tocam as fronteiras da metafísica”.
Em seu artigo, faz ele diversas correlações entre ensinamentos colhidos na obra de André Luiz (Espírito) e textos firmados por cientistas de nossa época, como o neurocirurgião Karl Pribam, de Stan-ford, e os físicos David Bohm, Fritjof Capra e Jean E. Charon, os quais revelam que em muitos e varia-dos pontos a obra psicografada por Chico Xavier tem-se antecipado à Ciência.
Duas das informações apontadas por Hernani Guimarães Andrade merecem lembradas:
1) No cap. III do livro Evolução em Dois Mundos, no subcapítulo “Primórdios da Vida”, André Luiz diz ao pé da página que na esfera espiritual o elétron (ou eletrão, como ele prefere grafar) “é tam-bém partícula atômica dissociável”. Como o livro é de 1958, é difícil imaginar que o médium tivesse conhecimento dos trabalhos de Física teórica desenvolvidos por Gell-Mann, que obteve 11 anos depois, portanto em 1969, o Prêmio Nobel por seus trabalhos em que se refere aos quarks, componentes das partículas subatômicas.
2) No cap. 9 de E a Vida Continua..., obra psicografada em 1968, o Instrutor Cláudio diz à irmã Evelina que qualquer aprendiz de ciência elementar, na Terra, não desconhece que a chamada matéria densa não é senão a energia radiante condensada e que um dia o homem saberá “que a matéria é luz coagulada, substância divina, que nos sugere a onipresença de Deus”.
Esta antecipação - destaca Hernani Guimarães Andrade - é impressionante, porque somente os físicos bem avançados é que estão chegando agora a semelhantes conclusões, como Bob Toben registra nas págs. 46 e 47 de seu livro Space Time and Beyond: “A matéria não é senão luz (energia) capturada gravitacionalmente”. Em 1968, quando a expressão luz coagulada foi publicada, poucos físicos tê-la-iam levado a sério e muitos poderiam até mesmo valer-se da Física para contestá-la, o que constitui uma prova insofismável da progressividade da Ciência, que a Religião não pode deixar de acompanhar. (M.B.O.)

Os avanços da Ciência aproximam-na da Religião

Os sinais da aproximação entre Ciência e Religião são muito claros e basta repassar o que tem sido publicado nas revistas científicas para ver que um volume expressivo de pesquisas e trabalhos em diferentes setores da Ciência tem abonado idéias e valores geralmente vinculados à Religião ou por esta defendidos.
Eis, a seguir, pequena amostra desses trabalhos, todos eles já referidos neste jornal nos últimos quatro anos, na seção Mosaico (a data citada reporta-se à edição em que O Imortal tratou do assunto):
1) Estudo realizado com 232 pacientes operados do coração na Dartmounth Medical School mostrou um percentual de cura dos pacientes religiosos três vezes superior ao dos que não manifes-tavam interesse pela religião. Outra pesquisa, realizada no North Caro¬lina Hospital, demonstrou que a depressão e as doenças físicas têm in¬cidência menor em pessoas que freqüentam regularmente a igreja. (Fevereiro/1997.)
2) O afeto, o carinho, o toque no bebê pode programar psicologicamente seu cérebro para res-ponder ao estresse de sua vida futura. Quem o diz são cientistas da Universidade Mc-Gill, de Montre-al, Canadá. (Outubro/1997.)
3) Pesquisa realizada com 50 estudantes de Direito dos Estados Unidos, conduzida por Suzan-ne Segerstrom, da Universidade de Kentucky, revela que o otimismo pode fortalecer o sistema imuno-lógico ou, pelo menos, reduzir os efeitos do estresse. (Julho/1998.)
4) A principal causa de agressividade das crianças, segundo o pesquisador americano Robert Blum, da Universidade de Minnesota, é a falta de amor. Blum baseia essa conclusão numa pesquisa feita com doze mil meninos, a pedido da Clínica Mayo, e é apoiado pelos psicanalistas Fritz Redl e David Wineman. (Junho/1999.)
5) O neurocientista americano Gerald Eldman, Prêmio Nobel de imunobiologia em 1972, diz que o comportamento violento dos adolescentes criminosos resulta de suas vivências quando bebê e até mesmo quando eram simples feto. Segundo ele, tais vivências ficam arquivadas no corpo como uma memória inconsciente que vai atuar pelo resto da vida do indivíduo. (Dezembro/1999.)
6) Pesquisa realizada pela Universidade do Texas (EUA) revela que as pessoas que praticam uma religião apresentam melhores condições de saúde. Vários são os motivos: os fiéis tendem a afastar-se das drogas e das atividades que põem em risco a saúde e têm uma maior auto-estima e um círculo de amizades com o qual possuem afinidades, o que, segundo o estudo, ajuda a prevenir doenças de fundo emocional. (Janeiro/2000.)
7) Trabalho realizado pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, afirma que os que se irritam intensamente e com freqüência têm três vezes mais probabilidades de sofrer um infar-to do que os indivíduos calmos. Segundo Janice Williams, a influência do mau humor no desencadea-mento de doenças cardiovasculares é comparável à obesidade, ao tabagismo e ao sedentarismo. (Ju-nho/2000.)
8) Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas em Saúde, dos Estados Unidos, a fé faz bem ao espírito e ao corpo e pode até mesmo prolongar a vida das pessoas. Os indivíduos que cultivam uma religião vivem mais que os descrentes, porque a fé favorece um comportamento mais saudável, em que a tendência ao tabagismo, às drogas e à promiscuidade sexual é sensivelmente menor. (Julho/2000.)
9) Estudo elaborado pela Universidade de Emory (Estados Unidos) diz que abusos físicos ou sexuais sofridos na infância, por alterarem a composição química do cérebro das mulheres, as tornam mais vulneráveis à ansiedade e às tensões emocionais quando adultas. O trauma psicológico sofrido na infância, diz o dr. Charles Nemeroff, faz com que o hormônio que regula a resposta do organismo à tensão emocional se torne hipersensitivo, fato que comprova uma tese antiga segundo a qual um bom ambiente familiar durante os primeiros anos da infância produz excelentes resultados a longo prazo. (Setembro/2000.)  (Marcelo Borela de Oliveira)

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