Estudando o Espiritismo

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quarta-feira, 21 de maio de 2014

A CURA DE UM EPILÉTICO

A CURA DE UM EPILÉTICO

'Quando checaram à multidão, procurou a Jesus um homem que, ajoelhando-se diante dele, disse: Senhor, compadece-te de meu filho, porque é epiléptico, e vai mal; pois muitas vezes cai no fogo e muitas outras na água. Eu o trouxe a teus discípulos, e eles não puderam curá-lo. Jesus exclamou: O geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui o menino. E Jesus ameaçou o demônio, o qual saiu do menino; e desde aquela hora ficou o menino curado. " (Mateus, XVII, 14-18)

"E quando se aproximou dos discípulos, viu uma grande multidão que os rodeava, e alguns escribas discutindo com eles. Imediatamente toda a multidão, vendo a Jesus, ficou muito surpreendida e, correndo para ele, o saudava. Ele lhes perguntou: Que estais discutindo com eles? Respondeu-lhe um da multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho que está possesso dum espírito mudo, e este onde quer que o apanha, o lança por terra; e ele espuma, range os dentes e vai definhando; roguei aos teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam. Disse-lhes Jesus: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-mo. Então lho trouxeram.

E ao ver a Jesus, logo o espírito o convulsionou; e ele caiu por terra e se estorceu espumando. Perguntou Jesus ao pai dele: Há quanto tempo acontece-lhe isto? Respondeu ele: Desde a infância; e muitas vezes o tem lançado tanto no fogo como na água, para o destruir; mas se podes alguma coisa, compadece-te de nós e ajuda-nos. Disse-lhe Jesus: Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê. Imediatamente o pai do menino exclamou: Creio! Ajuda a minha incredulidade! E Jesus vendo que uma multidão afluía, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: espírito mudo e surdo, eu te ordeno, sai dele, e nunca mais nele entres.

E gritando e agitando muito, saiu; e o menino ficou como morto, de maneira que a maior parte do povo dizia: Morreu. Jesus, porém, tomando-o pela mão, ergueu-o; e ele ficou de pé. Depois que entrou em casa, perguntaram-lhe os seus discípulos particularmente: Como é que não pudemos nós expulsá-lo? Respondeu-lhes: Esta espécie só pode sair à força de oração. " (Marcos, IX, 14-29)

"No dia seguinte, quando desceram do monte, uma grande multidão foi encontrá-lo. E do meio da multidão um homem clamou: Mestre, suplico-te que ponhas os olhos no meu filho porque é o único que tenho; e um espírito apodera-se dele, fá-lo gritar subitamente, convulsiona-o até escumar e dificilmente o deixa, tirando-lhe todas as forças. Supliquei aos teus discípulos que o expelissem, mas não puderam. Respondeu Jesus: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco e vos sofrerei? Traze aqui o teu filho. Quando se ia aproximando, o espírito atirou o menino ao chão e convulsionou-o; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai. E maravilharam-se todos da grandeza de Deus. " (Lucas, IX, 37-43)

Três ilustres testemunhas, com aquela simplicidade com que a verdade costuma ser apresentada, narram um caso bem interessante de cura de um pobre enfermo que não encontrara, na ciência da Terra, remédio para os seus males. E afirmam que "um espírito imundo, surdo e mudo", tomava o corpo de um menino seu contemporâneo, sendo que nenhum dos apóstolos conseguira expeli-lo.

É preciso, entretanto, considerar que, se as narrativas estão de acordo quanto à cura efetuada, não estão, porém, quanto à parte referente à doença do menino. Mateus fala de um epiléptico, ao passo que Marcos e Lucas falam de um possesso de espírito. Qual deles estará mais consoante com a verdade? Cremos que estes dois últimos; primeiro, porque sendo Lucas médico, não redigiria seu evangelho como o fez, se houvesse probalidade de se tratar de epilepsia; segundo, porque o próprio Mateus conclui afirmando que "Jesus ameaçou o demônio, o qual saiu do menino", e desde aquela hora ficou o menino curado; terceiro porque Jesus, no seu tratamento, opinou pelo diagnóstico de possessão, tratamento esse que deu resultado.

Este caso de cura de possessão é, talvez, o mais importante de todos os que os Evangelistas narram, pois todos eles concordam em que o doente apresentado aos discípulos, não fora por esses curado, e Jesus, inquirido por eles do motivo que os impedia de efetuar a cura, respondeu ser preciso muita pureza dalma para conseguir expelir espírito de tal natureza: "Esta espécie só pode sair à força de oração". De fato, segundo nossas observações na prática espírita, os espíritos de pior laia, são, com efeito, os espíritos mudos e surdos - não atendem às exortações, não aceitam conselhos, não obedecem a razões e não há sentimento, por mais generoso que seja, que os comova. Por isso o Evangelho os classifica de imundos.

Para expeli-lo é preciso uma grande força magnética, duplicada ainda pelo auxilio de um Espírito Superior, cuja oração conseguimos pela prece, mas a prece racional, inteligente, emotiva, divina. Eles só se rendem pela força das circunstâncias, pela oposição formal e cheia de ação ao seu nefasto domínio. Foi, com certeza, este o processo que Jesus usou para tirar a ação que tão maligno espírito exercia sobre o menino.

Espírito de superior grandeza, o Divino Mestre, conhecedor de todos os fluidos, opôs com a sua poderosa força de vontade, fluidos desagregantes aos fluidos que o "espírito mudo" congregava, para se aliar aos fluidos perispirituais e vitais do menino, e rechaçou o ser "maligno" com as palavras: "Sai dele e nunca mais entres nele". Um fato, porém, que nos proporciona substanciosa lição, é o colóquio que com Jesus teve o pai do menino, quando lhe fez a rogativa: "Se podes alguma coisa, compadece-te de nós e ajuda-nos".

Ao que Jesus respondeu: "Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê". E imediatamente o pai do menino exclamou: "Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade". Belas palavras que enchem de esperança os desanimados e, ao mesmo tempo, nos ensinam que o impossível é termo sem significação, só pronunciado pelos ignorantes. Quantos impossíveis têm caído ante a ação constante da boa vontade e do esforço! Quantos impossíveis se têm apresentado aos nossos olhos como esfinge devoradora e vão por terra, de um momento para outro, à ordem imperiosa da prece que parte de um coração aflito e crente na misericórdia do Céu!

Quantas vezes todas as portas, diante das quais nos achamos parecem fechar-se duramente para não mais se abrirem, e no dia seguinte, as dificuldades são resolvidas, as lutas afastadas e, em vez de uma atmosfera negra na qual nos mantínhamos sem nos podermos mover, raia uma claridade celeste a abrir novas veredas, por onde nos encaminhamos com sucesso inesperado e com vigor tão admirável, que nós mesmos não sabemos como se operou tal transformação!

"Tudo é possível àquele que crê" e, quando a crença que nos mantém não bastar para removermos sicômoros e transportarmos montanhas, lembremo-nos da exclamação do "pai do menino": "Creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade!' Creio, Senhor, que tudo o que dizes é verdade e que podes fazer prevalecer a tua palavra, mas a minha pequenez é tal que a crença que tenho não basta para o "milagre" ser operado; ajuda-me para que a incredulidade se afaste para longe de mim, e eu possa, cheio de confiança no teu poder, na tua bondade, na tua sabedoria, no teu amor, obter o que desejo, porque ao que crê tudo é possível e tu podes fazer tudo o que é de bom para o nosso bem-estar físico e espiritual!

Cairbar Schutel

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