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Estudando o Espiritismo
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domingo, 21 de abril de 2013
Pai Nosso – A Prece
Ao proferir a prece ensinada por Jesus, síntese perfeita do que podemos louvar, pedir e agradecer a Deus, nós, Espíritos em desenvolvimento, caminhando da animalidade para a angelitude, precisamos atentar bem no significado de cada frase, visto que essa prece reflete, acima de tudo, um compromisso entre nós e Deus.
Sendo uma prece decorada, necessário é que estejamos bem conscientes das idéias nela contidas, no entendimento e na intenção de vivenciá-las, porque, toda vez que a proferimos, estamos reafirmando um compromisso de sentimentos, de atitudes e de comportamento com o Pai.
Reflitamos:
PAI NOSSO, QUE ESTAIS NO CÉU, SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME.
O vocativo Pai nosso significa que compreendemos e aceitamos Deus como o Criador que continua envolvendo, sustentando, protegendo a sua criação: o Pai.
Nossa limitação intelectual e moral (segundo Emmanuel, estamos mais próximos da animalidade do que da angelitude) impede-nos de compreendê-lo em sua natureza e essência. Todavia, a sua obra aí está, mostrando-nos que antes e acima de tudo e de todos, existe “a inteligência suprema e a causa primária de todas as coisas”. Esta compreensão nos leva a ver e a aceitar que somos todos iguais na origem e na destinação.
Ao pensarmos ou dizermos “Pai nosso”, estamos reconhecendo que somos todos irmãos, criados da mesma maneira, tendo todos o mesmo potencial de inteligência e moralidade, a ser desenvolvido em longo processo evolutivo.
Estamos assumindo uma irmandade que deveria nos levar à solidariedade, à fraternidade, ao amor ao próximo.
Naquele que existe a intenção e o esforço do desenvolvimento desses sentimentos, essas duas palavras tornam-se um estímulo a essa luta interna de ver e sentir no outro, em qualquer outro, um irmão merecedor da nossa compreensão, da nossa simpatia, da nossa afeição.
Paulo, em Atos dos apóstolos, 17:28 disse: “Em Deus nos movemos e existimos”. Deus está,. pois em toda parte, mesmo nos lugares onde não é lembrado e suas leis não são reconhecidas, visto ser Ele que sustenta todos os universos.
Se n’Ele nos movemos e existimos, não há nada, nem ninguém, d’Ele distante. O que acontece é o homem não ter a percepção de sua presença, pelo não desenvolvimento, ainda, da sua sensibilidade espiritual.
Distantes ainda do desenvolvimento pleno, não conseguimos perceber Deus em nós e ao redor de nós. Mas Ele nos envolve, penetra-nos, constantemente. Cabe-nos, apenas, no desenvolvimento de nossa sensibilidade, no desenvolvimento do amor em nós, abrirmo-nos para essa percepção.
Ao dizermos “Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome”, lembremo-nos das palavras de Paulo e entreguemo-nos às vibrações e ao amor de Deus. Deixemos que suas energias amorosas se movimentem dentro de nós, para que possamos nos perceber n’Ele, a fim de vivermos, conscientemente, com Ele.
VENHA A NÓS O VOSSO REINO
Os próprios discípulos próximos a Jesus não entenderam bem, de que reino ele falava e, talvez, nem hoje ainda, tenhamos dele a compreensão total.
Todavia, toda a mensagem de Jesus é direcionada para esse reino, que está em nós, sendo desenvolvido. E é a partir desse desenvolvimento no interior dos homens, que a Terra será um dia, um reino de Deus, onde todos gozarão da felicidade que advém do conhecimento da Verdade, no exercício pleno de sua inteligência, sensibilidade e moralidade, sem necessidade da dor, do sofrimento, colaborando com o Pai, na sua obra, como acontece nos mundos felizes.
Esta frase demonstra o nosso reconhecimento, na compreensão possível, a nossa aceitação desse reino e a nossa intenção de conquistá-lo no esforço da vivência dos ensinos e exemplos de Jesus, pois sabemos que esse reino não virá por milagre ou pela graça, mas sim pelo esforço persistente e operante dos homens no bem.
Estamos solicitando que essa aceitação nos leve a perceber o seu amparo em nossa auto-educação, no uso dos recursos internos e externos, segundo a moral ensinada e vivida por Jesus.
‘Que esse reino se concretize na Terra! Que as lutas, os sofrimentos, as dificuldades, o trabalho, a convivência, a inteligência, a ciência, a arte, a religião, a filosofia possam educar-nos e a humanidade, na conquista desse reino de amor e sabedoria, a fim de que a Terra se transforme, neste milênio, em um mundo melhor, mais justo e mais feliz.
SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU
Talvez seja esta frase a expressão maior da aceitação plena do compromisso que assumimos com Deus, nesta prece.
Com ela, nós nos comprometemos a aceitar, consciente e totalmente, a nossa condição de filhos de Deus e suas leis perfeitas, sábias e justas, que expressam a sua vontade em relação à Terra e a nós.
Comprometemo-nos, também a aceitar a nossa responsabilidade em nossa evolução e na do mundo em que vivemos.
Nesta frase, despimo-nos da nossa vaidade, da nossa arrogância, do nosso orgulho e egoísmo, que tanto nos tem atrasado no processo evolutivo e, nos posicionamos como filhos frágeis e rebeldes que somos ainda.
Nela estamos ou deveríamos estar, ser humildes. E nessa humildade, podemos perceber melhor a beleza da vida e a sabedoria de Deus, que nos criou, a todos, simples e ignorantes, com a determinação de sermos, no futuro, provavelmente distante, verdadeiramente sábios, conhecedores da Verdade, sabendo usá-la, vivê-la com inteligência e amor.
É esta certeza que nos leva a dizer: “Seja feita a vossa vontade assim na Terra como no céu”, conscientes de que a vontade de Deus em relação a nós, expressa em suas leis, é sempre a do Bem que beneficie a todos. Jamais, a vontade de Deus é o mal a quem quer que seja.
O PÃO NOSSO DE CADA DIA DAI-NOS HOJE
Reconhecemos nesta frase que de Deus vem tudo que existe e tudo que precisamos, pois ele é a origem de tudo.
Reconhecemos nela, nossas necessidades materiais que são percebidas primeiro, enquanto o homem caminha em sua fase primitiva, tendo de vencer apenas os obstáculos a sua sobrevivência e manutenção. Mais evoluído, passa a perceber também as necessidades espirituais, sociais e emocionais, que o leva à percepção dos valores morais e sua importância.
Daí as necessidades espirituais vão se tornando tão prementes quanto as materiais e o homem passa a dedicar sua inteligência para satisfazer a ambas. Quanto mais evolui, mais percebe que elas se relacionam e as maneiras de satisfazê-las também.
Pedimos, pois que nossas necessidades materiais e espirituais possam ser satisfeitas para que nosso desenvolvimento se faça com equilíbrio, segurança e prazer. Todavia, como somos o artífice do nosso desenvolvimento e da nossa felicidade, implícito está nela, que a Deus pedimos, principalmente, o alimento espiritual que nos auxilie no fortalecimento da nossa inteligência e sensibilidade.
Que “o pão nosso de cada dia” sintetize o pedido desse alimento espiritual divino, para que saibamos e possamos prover todas as nossas necessidades, através do esforço pessoal no trabalho, no convívio fraterno com todos, sentindo, pensando e fazendo, sempre somente o Bem.
PERDOAI AS NOSSAS DÍVIDAS ASSIM COMO PERDOAMOS OS NOSSOS DEVEDORES
Talvez seja esta frase a mais difícil de ser dita, pela dificuldade que temos em desculpar, em perdoar.
Há espíritas que substituem o tempo do verbo: “Perdoai as nossas dívidas quando perdoarmos os nossos devedores, num reconhecimento honesto da dificuldade em perdoar.
Pensamos, todavia que Jesus, sabendo da nossa inferioridade espiritual, colocou o verbo no presente, justamente, para que ao repeti-la, nos conscientizemos da importância e da necessidade do perdão.
Assim, as pessoas que já reconhecem os valores espirituais como os mais necessários, nesta fase em que vive a humanidade, a serem desenvolvidos em nós e por nós, não podem protelar mais esse esforço em consegui-los.
Com o verbo no presente, esta frase deve nos intimar ao perdão, visto que, ao dizê-la, estamos reafirmando o compromisso de reconhecer e aceitar a lei do perdão como indispensável a nossa evolução. Sentir-nos-emos, então estimulados a continuar esse esforço de perdoar setenta vezes sete vezes, como disse Jesus, almejando que, um dia, não sentiremos mais essa necessidade por não mais sentirmo-nos ofendidos.
Enquanto não alcançarmos esse ideal, continuemos a repetir a frase de Jesus, conscientes de que estamos reafirmando o compromisso do esforço.
NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO. LIVRAI-NOS DO MAL
Reafirmamos a compreensão da nossa fraqueza no cumprimento das leis divinas e reconhecemos nossa inferioridade espiritual que nos leva a errarmos, a ceder às tentações.
Entendemos que somos tentados naquilo que temos ou somos, intimamente, razão pela qual acatamos os estímulos externos que nos impelem à valorização dos prazeres materiais acima dos espirituais, a colocarmos os nossos interesses acima dos interesses dos outros, levando-nos a infringir a lei do Amor.
Nesta frase, reconhecemos nossa fragilidade, nosso orgulho, nosso egoísmo. E pedimos, então o fortalecimento da nossa vontade em resistir ao que nos atrai, que possa trazer a nós e a outrem, dificuldade, dor, sofrimento.
Estamos pedindo energias amorosas para que possamos resistir ao mal que existe dentro de nós, criado e desenvolvido por nós, no decorrer do nosso processo evolutivo e do qual queremos nos libertar.
Pedimos ajuda espiritual porque sabemos que essa libertação só virá através do nosso esforço em resistirmos as nossas tentações, desenvolvendo o Bem que existe em nossa essência íntima do ser espiritual.
Assim, quando dizemos: “Não nos deixeis cair em tentações. Livrai-nos do mal”, mais uma vez não estamos pedindo milagre, que não existe, mas auxílio em nossa luta interior, solitária, de eliminarmos o mal com o desenvolvimento do bem em nós e ao redor de nós.
ASSIM SEJA
Que tudo isso que almejamos, ideal a ser conquistado nos ensinos e exemplos de Jesus, possa estar sendo trabalhado dentro de nós, com o concurso do que temos hoje, inteligência e moralidade que conseguimos desenvolver e com o auxílio de Deus, através dos seus filhos, já evoluídos e que são seus mensageiros e colaboradores.
Que as bênçãos de Deus possam ser sentidas e percebidas por cada um de nós, a fim de que sejamos, continuamente, estimulados para o Bem.
Bibliografia:
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap. XXVIII – Preces Gerais
(Jornal Verdade e Luz Nº 183-184 de Maio de 2001)
Site: Portal do Espírito
Autor: Leda de Almeida Rezende Ebner
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