Estudando o Espiritismo

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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Evolução do Princípio Espiritual – Parte II


Evolução do Princípio Espiritual – Parte II (veja antes a parte 1)
Por Breno Costa

Evolução do Princípio Espiritual

Parte II

I – Revisão

Estudamos que o princípio espiritual, ao longo de milhares de milhares de milênios passa pelo reino mineral (onde aprende a agrupar moléculas e átomos), pelo reino vegetal (quando aprende a metabolizar e produzir energia), pelo reino animal, quando anima corpos de animais menos complexos, depois de animais mais complexos, até se tornar um Espírito Humano.

Assim, o princípio espiritual (crisálida de consciência, espírito humano em potencial) que anima hoje um cachorro, já animou anteriormente seres mais inferiores na criação e, com o passar de milênios, animará seres mais complexos e desenvolvidos, até que chegar no estágio de poder tornar-se humano.

Este caminho perdura por milhões e milhões de anos, tanto que, como visto, no Livro dos Espíritos, há afirmação de que a distância entre a alma dos animais e a dos humanos é tão grande quanto dos humanos e de Deus.

Por fim, analisamos que ao longo deste enorme caminho, o princípio espiritual, ainda apenas uma crisálida de consciência, por meio da repetição, desenvolve os reflexos, para depois desenvolver os instintos, para, finalmente, desenvolver os sentimentos e a racionalidade.

 II – Evolução do Princípio Espiritual – Parte II

É necessário estudarmos agora a evolução do Espírito já como ser humano, entendendo algumas características próprias de nosso estágio atual.

Vamos iniciar analisando esta passagem do livro “Evolução em Dois Mundos”, p. 45/46:

“Atividades reflexas do Inconsciente – Sabemos que, propondo-nos aprender a ler e escrever, antes de tudo nos consagramos à empresa difícil de assimilação do alfabeto e da escrita, consumindo energia cerebral e coordenando o movimento dos olhos, dos lábios e das mãos, em múltiplas fases de atenção e trabalho, de maneira a superar nossas próprias inibições, para, depois, conseguirmos ler e escrever, mecanicamente, sem qualquer esforço, a não ser aquele que se refere à absorção, comunicação ou materialização do pensamento lido ou escrito, porquanto a leitura e a grafia ter-se-ão tornado automáticas na esfera de nossa atividade mental.

Nessa base de incessante repetição dos atos indispensáveis ao seu próprio desenvolvimento, vestindo-se da matéria densa no plano físico e desnudando-se dela no fenômeno da morte, para revestir-se de matéria sutil no plano extrafísico e renascer de novo na crosta da Terra em inumeráveis estações de aprendizado, é que o princípio espiritual incorporou todos os cabedais da inteligência que lhe brilhariam no cérebro do futuro, pelas chamadas atividades reflexas do inconsciente.”

Ou seja, através de milhões de reencarnações, o princípio espiritual aprendeu diversas faculdades a serem exercidas mecanicamente, por automatismo, como respirar, por exemplo.

E ressalta (fl. 49):

“O veículo do espírito, além do sepulcro, no plano extrafísico ou quando reconstituído no berço, é a soma de experiências infinitamente repetidas, avançando vagarosamente da obscuridade para a luz.

(…)

Todos os órgãos do corpo espiritual e, consequentemente, do corpo físico foram, portanto, construídos com lentidão, atendendo-se à necessidade do campo mental em seu condicionamento e exteriorização no meio terrestre.”

Assim, ao longo dos milênios, a mente se desenvolve, e com isso, também o campo mental e este vai estruturando o corpo espiritual/físico, incluindo o desenvolvimento dos órgãos.

E, após toda essa lenta caminhada de formação do corpo espiritual humano, quando o princípio espiritual deixa de ser uma crisálida de consciência e torna-se um Espírito Humano, inicia-se uma nova fase, com lenta progressão do Espírito para o total despertar da consciência, incluindo o aprendizado da linguagem (p. 93):

“É assim que, atingindo os alicerces da Humanidade, o corpo espiritual do homem infraprimitivo demora-se longo tempo em regiões espaciais próprias, sob a assistência dos instrutores do Espírito, recebendo intervenções sutis nos petrechos da fonação para que a palavra articulada pudesse assinalar novo ciclo de progresso”.

Vemos então que o espírito, ainda antes do chamado Homem Primitivo, necessita estagiar por longo tempo em dimensões vibratórias próprias desenvolvendo aspectos do corpo espiritual para finalmente tornar-se uma Alma realmente Humana, ainda que primitiva (no primeiro degrau da Humanidade).

Aqui está a explicação do chamado Elo Perdido entre o desenvolvimento dos animais complexos e o surgimento da raça humana. Esta fase final de transição não é realizada nesta dimensão vibratória e sim na faixa vibratória que denominamos “Mundo Espiritual”.

E, com a fala, o Espírito Humano desenvolve o principal atributo que o diferencia dos animais: “fluxo contínuo de pensamento”.

Vejamos a explicação (p. 95/96):

“Pela compreensão progressiva entre as criaturas, por intermédio da palavra que assegura o pronto intercâmbio, fundamenta-se no cérebro o pensamento contínuo e, por semelhante maravilha da alma, as ‘ideias-relâmpagos’ ou as ‘ideias-fragmentos’ da crisálida de consciência, no reino animal, se transformam em conceitos e inquirições, traduzindo desejos e ideias de alentada substância íntima.

(…)

O continuísmo da ideia consciente acende a luz da memória sobre o pedestal do automatismo”.

Com o pensamento contínuo nasce a responsabilidade de cada ser pelo desenvolvimento de sua mente, evoluindo moral e intelectualmente.

Apesar de normalmente apenas citar trechos dos livros de André Luiz, neste caso, para não perdemos a essência da mensagem, que explica a evolução do Espírito Humano nos primeiros degraus do desenvolvimento, com o despertar da consciência, vamos à explicação completa (p. 96/98, Evolução em Dois Mundos):

 “O homem que lascava a pedra e que se escondia na furna, escravizando os elementos com a violência da fera e matando indiscriminadamente para viver, instado pelos instrutores amigos que lhe amparam a senda, passou a indagar sobre a causa das coisas…

Constrangido a aceitar os princípios de renovação e progresso, refugia-se no amor-egoísmo, na intimidade da prole, que lhe entretém o campo íntimo, ajudando-o a pensar.

Observa-se tocado por estranha metamorfose.

Vê, instintivamente, que não mais se poderia guiar pela excitabilidade dos seus tecidos orgânicos ou pelos apetites furiosos herdados dos animais.

Desligado lentamente dos laços mais fortes que o prendiam às inteligências divinas, a lhe tutelarem o desenvolvimento para que se lhe afirmem as diretrizes próprias, sente-se sozinho, esmagado pela grandeza do Universo.

A ideia moral da vida começa a ocupar-lhe o crânio.

O Sol propicia-lhe a concepção de um Criador, oculto no seio invisível na Natureza, e a noite povoa-lhe a alma de visões nebulosas e pesadelos imaginários, dando-lhe a ideia de combate incessante em que a treva e a luz se digladiam.

Abraça os filhinhos com enternecimento feroz, buscando a solidariedade possível dos semelhantes na selva que o desafia.

Mentaliza a constituição da família e padece na defesa do lar.

Os “porquês” a lhe nascerem fragmentários, no íntimo, insuflam-lhe aflição e temor.

Percebe que não mais pode obedecer cegamente aos impulsos da Natureza, ao modo dos animais que lhe comungam a paisagem, mas sim que lhe cabe agora o dever de superar-lhes os mecanismos, como quem vê no mundo em que vive a própria moradia, cuja ordem lhe requisita apoio e cooperação.

A ideia de Deus iniciando a Religião, a indagação prenunciando a Filosofia, a experimentação anunciando a Ciência, o instinto de solidariedade prefigurando o amor puro, e a sede de conforto e beleza inspirando o nascimento das indústrias e das artes eram pensamentos nebulosos torturando-lhe a cabeça e inflamando-lhe o sentimento.

Nesse concerto de forças, a morte passou a impor-lhe angustiosas perquirições e, enterrando seus entes amados em sepulcro de pedras, o homem rude, a iniciar-se na evolução da natureza moral, perdido na desértica vastidão do paleolítico, aprendeu a chorar, amando e perguntando para ajustar-se às Leis Divinas a se lhe esculpirem na face imortal e invisível da própria consciência.

Foi, então, que, reconhecendo-se ínfimo e frágil diante da vida, compreendeu que, perante Deus, seu Criador e seu Pai, estava entregue a si mesmo.

O princípio da responsabilidade havia nascido”.

A responsabilidade é fruto do raciocínio livre, ou seja, do livre arbítrio segundo o qual cada homem possui em suas mãos o seu próprio destino.

Analisando todo este caminho explicado por André Luiz para o desenvolvimento da consciência e o despertar da responsabilidade de cada um, o que podemos concluir também pelo livre arbítrio, podemos aferir o nosso estágio atual.

Como visto semana passada, a ciência, estudando nossa mente, verifica como ainda somos parcialmente automatizados, escravos de nossos hábitos desta vidas e de vidas passadas.

Sem vigília da mente, vivemos seguindo a programação de nosso inconsciente/subconsciente, apenas interpretando o que ele decide e em razão de uma programação advindas de hábitos adotados ao longo de vidas anteriores e mesmo da atual.

André Luiz, no livro “No Mundo Maior” estuda o funcionamento do cérebro e verifica que ele é dividido em três partes, tanto no corpo físico, quanto espiritual (fl. 44, 20ª edição):

“(…) Descobri, surpreso, que toda a província cerebral, pelos sinais luminosos, se dividia em três regiões distintas. Nos lobos frontais, as zonas de associação eram quase brilhantes. Do córtex motor, até a extremidade da medula espinhal, a claridade diminuía, para tornar-se ainda mais fraca nos gânglios basais”.

E recebeu explicações sobre o funcionamento do cérebro (p. 47):

“Não podemos dizer que possuímos três cérebros simultaneamente. Temos apenas um que, porém, se divide em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fora um castelo de três andares: no primeiro situamos a ‘residência de nossos impulsos automáticos’, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados; no segundo localizamos o ‘domicílio das conquistas atuais’, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, temos a ‘casa das noções superiores’, indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles moram o hábito e o automatismo; no outro residem o esforço e a vontade; e no último demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada. Distribuímos, deste modo, nos três andares, o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos, em nós mesmos, o passado, o presente e o futuro”.

E esta explicação casa perfeitamente com a descoberta científica de que o subconsciente decide antes do consciente em razão da autoprogramação das experiências vividas e genética.

Mas, traz a informação de que no lobo frontal, reside a meta que buscamos, cabendo a cada um de nós utilizarmos o consciente (esforço e vontade) para atingirmos a meta e não para aceitar as imposições dos hábitos inferiores e o automatismo do passado.

Estamos, assim, realmente despertando nossa consciência nessa fase da humanidade. Ou seja, na atual fase, estamos aprendendo a deixar os hábitos moldados pelos instintos inferiores e pelo automatismo ainda da fase animal e muitos da primeiras encarnações da fase hominal.

Ora, se verificarmos a história de nossa Humanidade, lembrando que são necessários milhões de milênios para o desenvolvimento do Espírito Humano, constataremos:

- Império romano: 2 mil anos.

- Brasil: 500 anos.

- Fim da escravidão: menos de 200 anos.

- Espiritismo: menos de 200 anos.

Percebamos como a Humanidade ainda é nova, como ainda estamos no “despertar da consciência”.

O estudo sério sobre a existência de outras dimensões surgiu apenas em 1850 com Allan Kardec e ainda assim a grande maioria da humanidade não o conhece ou não acredita e apenas 2% dos brasileiros são espíritas.

A ciência convencional ainda não comprovou questões simples, como emissão de vibrações pela mente, existência de algo além do corpo físico desta dimensão, como desconhece como os corpos orgânicos absorvem vitalidade e passam a ter vida…

Depois de milhões e milhões de milênios, passando pelas fases de desenvolvimento do princípio espiritual, condicionando reflexos e instintos, estamos a há pouco tempo na fase da consciência, sendo natural o predomínio dos instintos e a persistência ainda de alguns hábitos automatizados.

A consciência e a responsabilidade estão despertando nesta fase em que nós nos encontramos.

É necessário entender que 200 anos ou 500 anos é muito pouco tempo, não é mais do que um segundo na eternidade.

Ao projetarmos nossa mente para ideias de futuro eterno, daqui a 100 mil anos, quando estudarem a história da humanidade o nosso estágio atual será próximo, senão considerado em conjunto, com o estágio da idade média, escravidão, descobrimento do Brasil.

Isso não é para desanimar, mas sim para entender como ainda precisamos nos esforçar para desenvolver nossa consciência, alcançando uma real libertação dos instintos animais que foram condicionados ao longo de milhões de anos.

Lembremos o que foi dito por André Luiz no final do livro “Agenda Cristã”:

“Que a felicidade eterna é realização superior, fora dos quadros transitórios da carne, é incontestável; contudo, se você deseja perseverar no campo dos prazeres fáceis e inferiores das esferas mais baixas, dentro delas perambulará, indefinidamente.”

Atualmente, com o livre arbítrio e o pensamento contínuo já possuímos as ferramentas necessárias para desenvolver nossa consciência e eliminar os instintos inferiores, animalizados. Basta vontade e perseverança para mudarmos hábitos, reprogramando nossa mente.

III – Exercícios Mentais e Práticas Edificantes

Estes exercícios mentais e práticas edificantes visam despertar nossa atenção para a necessidade de alterar nossos hábitos, ajudando em uma efetiva reforma íntima.

Até agora, os exercícios mentais e as práticas edificantes que sugerimos para todos fazermos durante a semana são:

1 – Afastar todo e qualquer pensamento não edificante durante o dia a dia;

1.1           – Evitar “perder a razão” (estado de cólera, raiva);

1.2           – Indignar-se com serenidade e razoabilidade.

1.3           – Exercitar a indulgência (capacidade de compreender e não divulgar defeitos alheios).

1.4           – Não se queixar da vida, evitar reclamações diárias e negativismos/evitar pessimismo.

1.5           – Não criticar o próximo, não julgar.

1.6           – Não se ofender (compreender o outrem).

2        – Sempre que passar por alguém emitir bons pensamentos (principalmente para pessoas claramente necessitadas);

2.1           – Fazer pequenas gentilezas a quem está próximo.

2.2           – Participar de algum programa de caridade.

2.3           – Cultivar o otimismo sempre.

2.4           – Cultivar a tolerância com as diferenças e erros alheios.

3        – meditar cinco minutos por dia, ao menos três vezes na semana, preferencialmente antes de orar e preferencialmente antes de dormir.

4        – Leitura diária de mensagens curtas e edificantes, de preferência quando acordar e antes de dormir, de preferência antes de meditar/orar.

5        – Fazer Evangelho no Lar uma vez na semana.

6        – Perseverar.

7        – Estabelecer um hábito angular (hábito novo em sua vida, como deixar de ingerir alcoólicos, iniciar prática de exercícios, largar o cigarro, etc) e exercitar ao máximo o autocontrole dos atos cotidianos.

8        – Ser discreto (adotar a discrição sobre nossas vidas particulares).

9        – analisar criticamente os estímulos recebidos, seja de nosso inconsciente, seja de espíritos.

Vamos reforçar nosso compromisso de reforma íntima, observando as advertências desta maravilhosa mensagem de André Luiz, livro “Agenda Cristã”:

É Razoável Pensar Nisto

A paciência não é um vitral gracioso para as suas horas de lazer. É amparo destinado aos obstáculos.

*

A serenidade não é jardim para os seus dias dourados. É suprimento de paz para as decepções de seu caminho.

*

A calma não é harmonioso violino para as suas conversações agradáveis. É valor substancial para os seus entendimentos difíceis.

*

A tolerância não é saboroso vinho para os seus minutos de  camaradagem. É porta valiosa para que você demonstre boa vontade, ante os companheiros menos evolvidos.

*

A boa cooperação não é processo fácil de receber concurso alheio. É o meio de você ajudar ao companheiro que necessita.

*

A confiança não é um néctar para as suas noites de prata. É refúgio certo para as ocasiões de tormenta.

*

O otimismo não constitui poltrona preguiçosa para os seus crepúsculos de anil. É manancial de forças para os seus dias de luta.

*

A resistência não é adorno verbalista. É sustento de sua fé.

*

A esperança não é genuflexório de simples contemplação. É energia para as realizações elevadas que competem ao seu espírito.

*

Virtude não é flor ornamental. É fruto abençoado do esforço próprio que você deve usar e engrandecer no momento oportuno.

Fonte:

http://avidanomundoespiritual.com.br/evolucao-do-principio-espiritual-parte-ii/

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