Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Escala Espírita


O Livro dos Espíritos - cap. I - livro 2 - questões 100

Observações preliminares - A classificação dos Espíritos está baseada no grau de sua evolução, nas qualidades que adquiriram, e nas imperfeições que ainda têm de despojar-se. Esta classificação, de resto, não tem nada de absoluta. Nenhuma categoria apresenta um caráter bem delineado, a não ser no conjunto: de um grau a outro a transição é insensível pois, nos limites, as diferenças se apagam como nos reinos da Natureza, nas cores do arco-íris ou ainda nos diferentes períodos da vida do homem. Pode-se, portanto, formar um maior ou menor número de classes, segundo o ponto de vista sob o qual se considere o assunto. Ocorre o mesmo que em todos os sistemas de classificação científica: podem ser mais ou menos completos, mais ou menos racionais, mais ou menos apropriados à inteligência, mas quaisquer que sejam, nada alteram quanto à substância da Ciência. Os Espíritos interpelados sobre esse ponto, puderam, pois, variar quanto ao número de categorias, sem maiores conseqüências. Há os que insistam nessa contradição aparente, sem refletir que eles não dão nenhuma importância àquilo que é puramente convencional. Para os Espíritos, o pensa-mento é tudo: deixam-nos as questões da forma, da escolha dos termos, das classificações; em uma palavra, das teorias.
Ajuntemos ainda esta consideração, que não se deve jamais perder de vista: entre os Espíritos, como também entre os homens, existem os muito ignorantes, e não seria demais precavermo-nos com relação à tendência de acreditar que tudo sabem porque são Espíritos. Toda classificação exige método, análise e conhecimento aprofundado do assunto. Ora, no mundo dos Espíritos, os que têm conhecimentos limitados são, como aqui, os ignorantes, inábeis a abarcar o conjunto, para formular uma teoria. Conhecem ou compreendem apenas imperfeitamente, toda e qualquer classificação. Para eles, todos os Espíritos que lhes são superiores são da primeira ordem, pois não podem apreciar as diferenças de conhecimentos, de capacidade e de moralidade que os distinguem, como entre nós, um homem rude em relação aos aos homens cultos. Mesmo os que são capazes, podem variar nos detalhes segundo seu ponto de vista, sobretudo quando uma divisão não tem nada de absoluta. Linnaeus, Jusseau, Tournefort tiveram, cada um, seu método e a Botânica não mudou por isso. É que eles não inventaram as plantas, nem suas características. Apenas observaram as analogias segundo as quais formaram os grupos e classes. É assim que nós temos procedido: não inventamos os Espíritos, nem as suas características. Temos visto e observado, julgando-os por suas palavras e seus atos: depois os classificamos por similitudes, baseando-nos nos dados que nos forneceram.
Os Espíritos admitem geralmente três categorias principais ou três grandes divisões.
Na última, a que está na base da escala, são os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito e a propensão ao mal.
Os da segunda são caracterizados pela predominância do Espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: são os Espíritos bons. A primeira, enfim, compreende os Espíritos puros, os que atingiram o supremo grau de perfeição.
Essa divisão nos parece perfeitamente racional e apresenta características bem definidas. Nada nos resta além de destacar, por um número suficiente de subdivisões, os nuances principais do conjunto. É o que temos feito com o concurso de Espíritos, cujas instruções benevolentes jamais nos faltaram.
Com a ajuda deste quadro, será fácil determinar a ordem e o grau de superioridade ou de inferioridade dos Espíritos com os quais podemos entrar em relação e, por conseqüência, o grau de confiança e de estima que merecem. É, de alguma maneira, a chave da Ciência espírita, pois somente ela pode explicar-nos as anomalias que apresentam as comunicações, esclarecendo-nos sobre as desigualdades intelectuais e morais dos Espíritos. Iremos observar, todavia, que os Espíritos não pertencem, para sempre e exclusivamente, a esta ou àquela classe. Seu progresso se realiza gradual-mente e, muitas vezes, mais em um sentido que em outro, eles podem reunir as características das várias categorias, o que é fácil perceber por sua linguagem e seus atos.

O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. VIII - Bem - aventurados os que têm puro o coração
Deixai vir a mim os pequeninos


1. Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus. (Mateus, V:8)
2. Então lhe apresentaram umas crianças para que as tocasse e, como seus discípulos repelissem com palavras rudes aqueles que apresentavam-nas, Jesus, vendo-os, se aborreceu e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, e não os impeçais, pois o Reino dos Céus é para aqueles que se assemelham. Eu vos digo, em verdade, que não receber o Reino de Deus como uma criança, nele não entrará. E abraçando-as, ele as abençoou, impondo-lhes as mãos. (Marcos, X:13-16)
3. A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui todo pensamento de egoísmo e de orgulho. Eis por que Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como ele a tomou também por símbolo de humildade.
Esta comparação poderia não parecer justa, se considerarmos que o Espírito da criança pode ser muito antigo, e trazer, ao renascer para a vida material, imperfeições das quais não se despojou em suas existências precedentes. Somente o Espírito que chegou à perfeição poderia dar-nos o exemplo da verdadeira pureza. Não obstante, ela é exata do ponto de vista da vida presente, pois a criança, não tendo ainda podido manifestar nenhuma tendência perversa, oferece-nos a imagem de inocência e de candura. Assim, Jesus não diz de maneira absoluta que o Reino de Deus é para elas, mas para aqueles que a elas se assemelham.
4. No entanto, se o Espírito da criança já viveu, porque não se apresenta, desde o nascimento, como realmente é? Tudo é sábio nas obras de Deus. A criança tem necessidade de cuidados que apenas o carinho materno pode lhe proporcionar, e este carinho aumenta, diante da fragilidade e a ingenuidade da criança. Para a mãe, seu filho é sempre um anjo, e é preciso que assim seja, para cativar-lhe a solicitude. Ela não teria podido ter para com ele o mesmo cuidado se, ao invés da graciosa ingenuidade, tivesse encontrado na criança, sob os traços infantis, um caráter maduro e as idéias de um adulto. E ainda menos, se conhecesse o seu passado.
Foi preciso, além disso, que a atividade do princípio inteligente fosse proporcional à fragilidade do corpo, que não resistiria a uma atividade excessiva do Espírito, como podemos observar em crianças precoces. É por isto que aproximando-se a encarnação, o Espírito, entrando em estado de perturbação, perde pouco a pouco a consciência de si mesmo. Ele permanece, durante um certo período, numa espécie de sono, durante o qual todas as suas faculdades permanecem em estado latente. Este estado transitório é necessário para dar ao Espírito um novo ponto de par-tida, e lhe fazer esquecer, em sua nova existência terrena, as coisas que poderiam confundi-lo. Seu passado, entretanto, reage sobre ele, que renasce para uma vida maior, moral e intelectualmente mais forte, sustentado e secundado pela intuição que conserva da experiência adquirida.
A partir do nascimento, suas idéias retomam, gradual-mente o seu desenvolvimento, juntamente com o crescimento do corpo. Assim, pode-se dizer que, durante os primeiros anos, o Espírito é verdadeiramente criança, pois as idéias que formam a base de seu caráter estão ainda adormecidas. Durante o tempo em que os seus instintos permanecem latentes, ela é mais dócil e, exatamente por isso, mais acessível às impressões que podem modificar a sua natureza e fazê-la progredir, o que torna mais fácil a tarefa imposta aos pais.
O Espírito reveste, portanto, por algum tempo, a roupagem da inocência. E Jesus está certo quando, apesar da anterioridade da alma, toma a criança por imagem de pureza e simplicidade.


Pecar por pensamento. Adultério


5. Aprendestes o que foi dito aos antigos: Não cometereis adultério. Mas eu, porém, vos digo que qualquer um que tiver olhado uma mulher cobiçando-a, já cometeu adultério com ela em seu coração. (Mateus, V:27-28)
6. A palavra adultério não deve ser entendida, neste caso, exclusivamente no seu sentido próprio, mas num sentido mais amplo. Jesus a empregou freqüentemente também, para designar o mal, o pecado, e todo mau pensamento, como, por exemplo, na passagem: "Porque qualquer um que se envergonhar de mim e de minhas palavras - nesta geração adúltera e pecadora - o Filho do homem dele também se envergonhará, quando vier acompanhado dos santos anjos na glória de seu Pai." (Marcos, VIII:38)
A verdadeira pureza não está apenas nas atitudes, está também no pensamento, pois aquele que tem o coração puro não pensa no mal. Foi isso que Jesus quis dizer, quando condena o pecado, mesmo em pensamento, pois é um sinal de imperfeição.
7. Esse princípio traz, naturalmente, esta questão: Sofreremos as conseqüências de um mau pensamento não posto em prática?
Há uma grande distinção a ser feita aqui. À medida que a alma, comprometida no mau caminho, avança na vida espiritual, vai se esclarecendo e se despoja pouco a pouco de suas imperfeições, segundo a maior ou menor boa vontade que emprega, em virtude de seu livre arbítrio. Todo mau pensamento é, por conseqüência, o resultado da imperfeição da alma. Mas segundo o desejo que ela tiver em se purificar, esse mau pensamento se torna para ela um motivo de progresso, pois o repele com determinação. É o indício de uma mancha que ela se esforça por apagar. Ela não cederá à tentação de satisfazer um mau desejo - se a ocasião se apresentar - e, após haver resistido, se sentirá mais forte e feliz pela sua vitória.
A alma que, ao contrário, não tomou boas resoluções, busca a ocasião de praticar o mau ato, e se não fizer, não será por sua vontade, mas pela falta de oportunidade, portanto, é tão culpada, como se o tivesse cometido.
Em suma: para a pessoa que nem ao menos concebe a idéia do mal, o progresso já está realizado; para aquele que ainda tem esse pensamento, mas o repele, está em vias de realizá-lo; para aquele, enfim, que tem esse pensamento e nele se satisfaz, o mal ainda mostra toda a sua soberania. Numa, o trabalho está feito: nas outras pessoas, está por fazer. Deus, que é justo, leva em consideração todas essas variações, na responsabilidade dos atos e dos pensamentos do homem.

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