O Livro dos Espíritos - Livro Segundo Cap. 1 - questões 101
Características gerais. - Predominância da matéria sobre o Espírito. Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões que se seguem.
Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.
Nem todos são essencialmente maus; em alguns, há mais leviandade, inconseqüência e malícia que verdadeira maldade. Alguns não fazem nem o bem, nem o mal; mas somente pelo fato de não fazerem o bem, denotam sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando encontram a ocasião de praticá-lo.
Podem aliar a inteligência à iniqüidade ou à malícia; mas qualquer que seja seu progresso intelectual, suas idéias são pouco elevadas e seus sentimentos mais ou menos abjetos.
Os conhecimentos sobre as coisas do mundo espírita de que são portadores, são limitados e o pouco que sabem se confunde com as idéias e os preconceitos da vida corporal. Podem nos dar apenas noções falsas e in-completas daquele mundo, mas o observador atento encontra amiúde em suas comunicações, mesmo imperfeitas, a confirmação de grandes verdades ensinadas pelos Espíritos superiores.
Seu caráter se revela por sua linguagem. Todo Espírito que, nessas comunicações, manifesta um mau pensamento, pode ser situado na terceira ordem. Por conseqüência, todo mau pensamento que nos é sugerido, é proveniente de um Espírito dessa ordem.
Vêem a felicidade dos bons e essa visão é, para eles, um tormento constante, porque lhes faz provar todas as angústias advindas da inveja e do ciúme.
Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corporal e essa impressão é, às vezes, mais penosa que a realidade. Sofrem, portanto, em verdade, pelo mal que suportaram e pelo que têm feito aos outros. E, como sofrem por longo tempo, acreditam sofrer para sempre. Deus, para puni-los, quer que assim acreditem.
Pode-se dividi-los em cinco classes principais.
Décima classe: Espíritos impuros.
Estão inclinados ao mal e o fazem principal objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos pérfidos, instilando a discórdia e a desconfiança e tomam todas as máscaras para melhor enganar. Fixam-se nos indivíduos de caráter frágil, com o intuito de os fazer ceder às suas sugestões, impelindo-os, desta forma, à sua perda. Satisfazem-se por poderem retardar o seu adiantamento, ao fazê-los sucumbir ante as provas que sofrem.
Nas manifestações, reconhecemo-los por sua linguagem. A trivialidade e a grosseria das expressões, tanto nos Espíritos como nos homens, é sempre um indício de inferioridade moral, senão intelectual. Suas comunicações revelam a baixeza de suas inclinações e se tentam nos iludir ao falar de uma maneira sensata, não podem sustentar seu papel por muito tempo e acabam por trair sua origem.
Certos povos os têm considerado divindades malfazejas; outros os designam sob o nome de demônios, maus gênios, Espíritos do mal.
Quando encarnados, são inclinados a todos os vícios que engendram as paixões vis e degradantes: a sensualidade, a crueldade, a hipocrisia, a cupidez, a sórdida avareza. Fazem o mal pelo prazer de fazê-lo, freqüente-mente sem motivo. Por aversão ao bem, escolhem quase sempre suas vítimas entre as pessoas honestas. São flagelos para a Humanidade, em qualquer classe social a que pertençam e o verniz de civilização não os livra do opróbrio e da ignomínia.
Nona classe: Espíritos levianos.
São ignorantes, malignos, inconseqüentes e zombeteiros. Intrometem-se em tudo, respondem a tudo, sem consideração com a verdade. Comprazem-se por causar pequenas contrariedades, e pequenas alegrias; em induzir maliciosamente ao erro através da mistificação e travessuras. A esta classe, pertencem os Espíritos popularmente designados pelos nomes de galhofeiros, travessos, gnomos, duendes. Estão sob a dependência de Espíritos superiores, que deles se servem o mais das vezes, como fazemos com os criados.
Nas comunicações com os homens, sua linguagem é, freqüentemente, espirituosa e alegre, mas quase sempre sem profundidade. Apreendem as excentricidades e os ridículos humanos, que exprimem de forma mordaz e satírica. Se tomam nomes supostos é mais por malícia que por maldade.
Oitava classe: Espíritos pseudo-sábios.
Seus conhecimentos são muito amplos, mas acreditam saber mais do que em realidade sabem. Tendo realizado algum progresso em diversos ramos, sua linguagem tem um caráter sério que pode enganar quanto à sua capacidade real e elevação. Todavia, isso nada mais exprime que o reflexo dos preconceitos e das idéias sistemáticas que trouxeram da vida terrena. É uma mistura de algumas verdades ao lado dos erros mais absurdos, nos quais manifestam a presunção, o orgulho, a inveja, e a teimosia das quais não têm podido despojar-se.
Sétima classe: Espíritos neutros.
Não são bons o bastante para fazer o bem nem excessivamente maus para praticar o mal. Inclinam-se tanto para um, quanto para outro e não se elevam sobre a condição vulgar da humanidade, tanto para a moral quanto para a inteligência. Apegam-se às coisas deste mundo, saudosos das suas brincadeiras grosseiras.
Sexta classe: Espíritos batedores e perturbadores.
Esses Espíritos não formam, propriamente dito, uma classe distinta, no que diz respeito a suas qualidades pessoais. Podem pertencer a todas as classes da terceira ordem. Manifestam, freqüentemente, sua presença por efeitos sensíveis e físicos, tais como golpes, movimento e deslocamento anormal de corpos sólidos, agitação do ar, etc. Por parecer mais apegados à matéria, são os principais agentes das vicissitudes dos elementos do globo, quer atuem sobre o ar, a água, o fogo, os corpos sólidos, quer nas entranhas da Terra. Reconhece-se que esses fenômenos não são ocasionados por uma causa fortuita e física, quando têm um caráter intencional e inteligente. Todos os Espíritos podem produzir esses fenômenos, mas os elevados os deixam, em geral, aos Espíritos subalternos, mais aptos às coisas materiais que às intelectuais. Quando os Espíritos superiores julgam que as manifestações desse gênero são úteis, servem-se dessa categoria de Espíritos como auxiliares.
Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. VIII -
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