Estudando o Espiritismo

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domingo, 13 de julho de 2014

Causas do sentimento de culpa

Marisa Psicóloga

http://www.marisapsicologa.com.br/culpa-entrevista-a-revista-bianchini.html

Culpa vem sempre de “mãos dadas” com insegurança e sentimento de incompetência. Ou seja, quando percebemos culpa estamos olhando para uma total falta de confiança em si próprio. Sendo assim as pessoas sentem culpa por tudo o que as faz sentir que não fizeram o suficiente, o amigo que não está bem “Eu poderia ajudar este amigo”, o chefe que está atolado “Eu poderia ficar até mais tarde”, o filho que não vai bem na escola “Eu deveria passar a noite estudando com ele”, etc.
Mas percebo uma forte foco de culpa relacionada à família. As pessoas estão tendo menos filhos, ou tendo filhos mais tarde, pela necessidade de dar prioridade à carreira precisam de tempo para trabalhar até mais tarde, estudar mais, ter a cabeça voltada para projetos profissionais, e quando menos percebem estão com seus pais idosos, precisando de ajuda e não conseguem dar esta atenção. Esta é a hora que bate a culpa, pois além de estar sem tempo para cuidar deles ainda percebem que não constituíram sua própria família, o que faz muita falta.
Ainda no que se refere à família, percebo na prática clinica que muita culpa aparece nos momentos de separação. Ainda somos criados para o doce “foram felizes para sempre”, mas essa não é a realidade para muitos. Interromper um relacionamento sempre é muito doloroso, e o principal componente para essa dor é a culpa. Pensamentos do tipo “será que eu falhei?”, “o que eu poderia ter feito?”, “onde errei?”, são todos pensamentos de indicam forte culpa.
A culpa pode ser muito irracional, tem gente que sente culpa porque alguém que estava à sua frente na calçada tropeçou, “Como não adivinhei que esta pessoa precisaria de mim?”. Ela só não percebe que não adivinhou porque não existe bola de cristal.
Quais são as conseqüências da culpa na vida de uma pessoa?
A culpa é uma trava. A pessoa com sentimentos de culpa deixa de fazer coisas que não tem relação alguma com a situação inicial. Por exemplo, a pessoa que sente culpa por não conseguir mais tempo para ficar com os filhos não se dá o direito de ter seu lazer mesmo quando os filhos estão ocupados com outras coisas e ela está, teoricamente, com tempo livre.
A culpa faz a pessoa sentir que: “faça o que fizer nunca é suficiente”.
Quais são geralmente as características da pessoa que se sente culpada? Existe um perfil mais comum?
Sim, existe. Pessoas que se consideram incapazes de lidar com responsabilidades do dia a dia são as que têm maior propensão para sentir culpa.
São pessoas que freqüentemente dependem da ajuda dos outros para tomar decisões, iniciar tarefas novas, cuidar de si mesmo, resolver os problemas do cotidiano, exercer julgamentos, etc. São pessoas com forte sentimento de desamparo.
A origem de toda essa culpa pode ter sido a família que não o encorajou, quando criança, a ser independente e desenvolver confiança em si mesmo.
Quem geralmente sente mais culpa, homem ou mulher?
A mulher. Definitivamente a mulher. Temos uma cultura de muita cobrança sobre a mulher. A jornada dupla é um belo exemplo, pois a faz se sentir incompetente, mesmo não sendo. Há a expectativa de que ela poderia dar conta tranquilamente de casa, trabalho, filhos, sogros, etc, o que é impossível, mas mesmo assim ela se sente culpada por não conseguir. Toda mulher tem uma “capa de mulher maravilha” guardada no armário. Ela acha que deveria atender a todos, suprir a todos. Toda mulher tem uma super mãezona dentro de si.
O que fazer para se livrar da culpa causada pelas seguintes situações:
Trabalho, dinheiro, dependência, comodismo, necessidade de agradar, falta de tempo para os filhos, meio ambiente (falta de atitude ou tempo para ajudar na preservação ambiental), preconceito, sentimentos de impotência, traição, medo, mentira, prazer ....
O primeiro passo é identificar a culpa emocional da culpa concreta. Até agora falamos de culpa emocional.
Um exemplo de culpa concreta seria uma pessoa que de fato lesou alguém física, financeira ou moralmente. Para superar esta culpa só há um caminho: fazer de tudo para reparar o erro. Custe o que custar. Vença a preguiça e a vergonha e faça o máximo para minimizar o prejuízo causado. Peça desculpas, ajude a pessoa lesada, ajude outras pessoas em situações parecidas, faça o que for possível, e o impossível também.
Para a culpa emocional, onde o sentimento de culpa não corresponde ao dolo, a melhor resposta seria a consciência de que todos nós somos limitados. Podemos fazer o nosso melhor, mas mesmo o melhor dos melhores tem seus limites humanos.
Saber que tudo tem um preço, toda decisão faz parte de um processo de escolhas, se queremos X temos que abrir mão de Y. Se tivermos consciência da importância da preservação do meio ambiente vamos gastar mais tempo na separação do lixo, por exemplo. A culpa aparece quando temos essa consciência, mas não conseguimos separar um tempo para dedicar ao que sabemos ser importante.
Se deixarmos nosso perfeccionismo de lado, esse perfeccionismo que não aceita fazer escolhas, que quer o melhor dos dois mundos, poderemos perceber que temos o direito do desfrute de nossa própria vida.
Viver com culpa é não viver.

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