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Estudando o Espiritismo
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quinta-feira, 17 de julho de 2014
PERDÃO
Richard Simonetti
1 – Um dos temas preferidos de Jesus é o perdão. Em inúmeras passagens evangélicas o recomenda. Onde fica a justiça?
A justiça é assunto de Deus. O perdão é necessidade nossa. Não fazemos nenhum favor ao perdoar o ofensor. A mágoa, o ressentimento, o rancor, o ódio, corroem nossas entranhas. Se perdoamos, ficamos livres.
2 – Deus perdoa?
Está superado o Jeová, o Deus implacável da tradição mosaica, disposto a vingar-se até a quarta geração daqueles que o aborreciam. Jesus nos mostra o Deus Pai, de infinito amor e misericórdia, sempre pronto a relevar nossas impertinências. Ocorre que o Senhor nos programou para o Bem, de tal forma que quando nos comprometemos com o mal é como se nos agredíssemos, colhendo desajustes e dores que reajustam nossas emoções e corrigem nossos rumos.
3 – Por isso Jesus diz, na cruz, que seus ofensores não sabiam o que estavam fazendo?
O envolvimento com o mal, quando levamos prejuízos ao semelhante, tem consequências danosas para nós. Se as pudéssemos avaliar em toda sua extensão haveríamos de cortar a própria mão antes de agredir alguém, ou a própria língua, antes de nos comprometermos na injúria.
4 – Considerando que o ofendido é uma vítima, não tem o direito de sentir-se magoado e ressentido?
Sem dúvida, mas não é conveniente. Mágoas, rancores, ressentimentos, são desajustantes. Perturbam os mecanismos imunológicos e favorecem a evolução de doenças graves, como o câncer.
5 – E quando a pessoa diz: “perdoo, mas nunca mais lhe dirigirei a palavra?”
Não perdoou. Apenas emitiu uma sentença condenatória. O desafeto pode até gostar, mas não é conveniente, principalmente quando essa situação surge no relacionamento familiar. Quando pais e filhos, marido e mulher, castigam-se mutuamente com o mutismo, a afetividade, a alegria e o bem-estar vão embora.
6 – Perdoar talvez não seja difícil; o problema é esquecer…
O esquecimento da ofensa é o atestado do perdão. Quem diz perdoar, sem esquecer, apenas cultiva a volúpia da mágoa. E cada vez que lembra o mal que lhe fizeram, exercitando a vocação para vítima, sofre tudo outra vez. É como jogar ácido num ferimento, ao invés de curá-lo com cicatrizante.
7 – Isso significa que esquecer os prejuízos que nos causaram é o mínimo que podemos fazer em favor de nossa própria estabilidade?
Exatamente. Se os ofensores não sabem o que fazem, algo semelhante ocorre com os que não perdoam. Não têm idéia dos desajustes e sofrimentos a que se submetem, não pelo mal que lhes fizeram, mas pelo mal que estão fazendo a si mesmos.
8 – Qual a atitude mais razoável, diante das ofensas?
Não ter que perdoar. Basta que cultivemos a compreensão. Quem compreende jamais se sente ofendido. Com ela aprendemos que cada pessoa está numa faixa de evolução, de entendimento. Não podemos exigir que dê mais do que tem. E ninguém é intrinsecamente mau. Somos todos filhos de Deus
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