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Estudando o Espiritismo
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quinta-feira, 24 de julho de 2014
Tragédias e flagelos destruidores | Por Sônia Mendes
Tragédias e flagelos destruidores | Por Sônia Mendes
Nas proximidades dos dias da grande festa da alegria brasileira que é o carnaval, paradoxalmente, ficamos tristes e comovidos, pois em todos os instantes ouvimos e vemos na mídia, referências à grande tragédia ocorrida em Santa Maria (RS). Essa tragédia responsável pela comoção nacional e até mesmo, diríamos, internacional, refere-se a um incêndio numa casa noturna, em Santa Maria (RS), mais precisamente às 2h30 do dia 27 de janeiro de 2013, onde morreram 236 jovens e centenas de outros ainda sofrem suas conseqüências físicas e psicológicas. O que deixa a todos mais comovidos é o fato de que jovens com idade média entre 18 e 25 anos, estudantes, se preparando nas universidades para ajudar o desenvolvimento do nosso país, tiveram suas vidas interrompidas por negligência e ganância, sabe-se lá de quem.
Perguntam-nos: por que mereceram esses jovens, na flor da idade, uma morte tão pavorosa? A Doutrina Espírita tem fundamentos religiosos e filosóficos para explicar a causa de acontecimentos tão impressionantes como este?
Temos a convicção de que nada acontece por acaso. Outras tragédias semelhantes a essas, talvez em menores proporções, aconteceram no passado recente e manifestações posteriores vieram nos esclarecer as causas. Sem querer julgar o que se passou ou passa no Plano espiritual e que levaram a essa tragédia, vamos buscar na lógica da Doutrina espírita as explicações dos fatos.
Em O Livro dos Espíritos, item II – Flagelos Destruidores, Allan Kardec pergunta e os espíritos respondem que muitas vezes o que aos nossos olhos parece ser “destruição é apenas transformação”. Deus quer o desenvolvimento e o progresso de tudo e pode chegar a seu intento mais rápido através dos flagelos. O que levaria muito tempo para evoluir, pode acontecer em fração de segundos. Pelo estágio evolutivo em que nos encontramos, destruições ou transformações, como essas são necessárias para que se processe a regeneração moral dos Espíritos que em cada existência terrena buscam um novo aperfeiçoamento.
O Deus que conhecemos na doutrina espírita é antes de tudo Pai, amoroso, incapaz, por isso mesmo, de cometer atos ofensivos aos filhos amados. Nesta, como em muitas outras tragédias, onde tantas pessoas se vão dessa vida, coletiva ou individualmente, deixando outro tanto em desespero, temos que confiar na justiça e bondade de Deus. Confiamos que Deus está no leme, dessa embarcação que é a Terra e seus acontecimentos.
A Terra, ainda, é um Planeta de provas e expiações, onde devem acontecer fatos estarrecedores que chocam a qualquer ser mortal. Um incêndio dessas proporções, permitido por Deus (pois se fosse da vontade Dele seria evitado), deve ser justo , caso contrário Ele não seria soberanamente perfeito. Deus é soberanamente justo e bom e Jesus, em seu testemunho quando da sua passagem por esse planeta, nos afirmou que “não cai uma folha da árvore sem que seja da Sua Vontade” .
Uma das leis a que estamos submetidos, a física material nos explica pela 3ª lei de Newton: A cada ação temos uma reação de mesma intensidade e em sentido oposto. O espiritismo traduz como: cada ação causa um efeito consequente e busquemos em cada efeito, uma causa antecedente. Por Sua vez, Jesus nos explica na Parábola dos talentos: “A cada um será dado segundo as suas obras” (Lucas XII: 47- 48), ou seja, conforme nossas ações e intenções, teremos o retorno.
Quando infringimos a Lei de Deus, ocorre que Ele, em sua infinita bondade e justiça, nos concede a REENCARNAÇÃO, para que possamos reparar os nossos erros cometidos a outrem e só assim, após a reparação, pode-se desfrutar da tão almejada felicidade, com a paz da consciência.
Com a lei de causa e efeito e com as vidas sucessivas, pela reencarnação, Deus passa a ser reconhecido como soberanamente justo e bom, por desejar e permitir o melhor para seus filhos: sua pureza e busca da perfeição.
Um dos livros da codificação de Allan Kardec, Obras Póstumas, traz esclarecimentos importantes ao tema das mortes coletivas, na segunda parte da obra, no capítulo que enfoca as expiações coletivas, assinados pelo Espírito de Clélie Duplantier.
Esse Espírito esclarece que as pessoas que possuem uma tarefa comum, na existência terrena, já viveram nas mesmas funções ou atividades e que se encontrarão juntos, novamente no futuro. Para tanto, precisam passar pelas expiações, juntas.
Esclarece, ainda o Espírito Duplantier: “Há muita justiça nas expiações vividas. Elas não correspondem aos atos registrados na atual vida na terra . As vítimas de hoje, são almas que tiveram erros nas condutas ignotas de outras vidas.”
Penso que muitos desses jovens desencarnados de forma tão brutal, numa festa comum à juventude, estão sob a ação infalível da Lei de causa e efeito, pois que são filhos de Deus, submetidos às Suas Leis. Muito provavelmente, estão ligados pelos laços de hoje, pelas condutas de ontem, na busca da consciência do dever cumprido que nos promete um futuro mais feliz. Digo, “muito provavelmente” porque são pensamentos nossos, dentro das nossas limitações, por dedução tirada de citações anteriores.
Aos pais , familiares e amigos das vítimas, resta a certeza de que Deus é amor (João 4:8), que nas leis divinas não existem penas eternas e que seus queridos filhos e amigos jamais estarão desamparados. Essas famílias deram a esses jovens a oportunidade da vida, mesmo que curta, mas com o tempo necessário para a libertação de suas consciências e favorecimento da sua evolução espiritual.
Alguns depoimentos de familiares nos atestam que jovens pereceram ao ajudar outros.
Imaginem a felicidade que eles não estão sentindo no Mundo Espiritual pela prática da caridade e do amor ao próximo!
Quanto a nós, expectadores dessa tragédia, devemos orar pelo equilíbrio dessas almas e conformação das suas famílias pela perda de pessoas amadas, agradecendo, também a Deus pelos que estão vivos, cumprindo as suas tarefas e seguindo a sua jornada evolutiva.
Um aspecto positivo podemos ter aprendido: cautela e observação melhor dos lugares que frequentamos. Aos responsáveis pela nossa segurança devemos orar e esperar que realmente cumpram suas funções, buscando ajustar os atos à consciência, que é sempre um guia infalível onde estão escritas as leis de Deus.
Sônia Mendes
Sônia Mendes é colunista do Paracatu Notícias. Professora de Física, graduada pela UFU, pós graduada pela PUC BH, ex-diretora do CESEC de Paracatu, aposentada, atuante no Movimento Espírita, frequentadora do Centro Espirita Fé Esperança e Caridade de Paracatu (MG).
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