“Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.” Mateus 18:3
Toda a nossa evolução como espíritos imortais, todos os nossos conhecimentos e experiências estão dentro de nós. Tudo o que já vivemos, tudo o que já passamos, nesta e em outras reencarnações, está dentro de nós. Faz parte do nosso arquivo espiritual.
Nessa trajetória milenar você já animou inúmeras personagens, já experimentou situações e condições as mais diversas. Mas em todas as suas reencarnações há períodos em que você se faz mais próximo de Deus. Me refiro à infância.
A criança sente mais e pensa menos. É maravilhoso saber, compreender através do intelecto. Dou muito valor ao conhecimento intelectual. Podemos, num esforço de inteligência, tentar compreender Deus. E até podemos alcançar isso, por alguns instantes, mesmo que muito imperfeitamente.
Mas é pretensão demais querer compreender Deus intelectualmente com os escassos conhecimentos que temos. Nos achamos muito adiantados por causa da nossa tecnologia, mas esquecemos que somos espíritos presos a um grãozinho azul num ponto discreto do Espaço. Não temos capacidade de compreender Deus. Mas podemos sentir Deus.
Nunca tentei convencer um ateu da existência de Deus. Se ele não quer ou não consegue compreender através do intelecto, que é a parte mais fácil e acessível, como querer que ele sinta Deus?
As crianças sentem Deus com mais facilidade. Não o concebem pelo intelecto, não formulam conceitos e teorias. Mas sentem que existem, e que fazem parte de algo muito grandioso e bom. As crianças ainda não se deixaram envolver em raciocínios, não se deixaram enredar em pensamentos complexos dos quais é difícil de sair.
Quanto mais nos intelectualizamos, mais é difícil deixar de pensar. E para sentir Deus é preciso não pensar. É preciso apenas sentir, apenas ser e sentir que se é. Porque Deus é, Deus não está. Nós estamos, nós somos transitórios em nosso ego. Quando nós sentimos Deus, nós somos com Ele. Nós estamos enquanto seres transitoriamente encarnados, animando um corpo físico associado a um nome. Mas quando nós sentimos Deus, somos parte dEle, Ele é em nós, então, deixamos de estar para ser.
Para sentir Deus devemos ser iguais às crianças. Deixar de lado a racionalização, a lógica, o intelecto, e apenas ser. Nossa bagagem milenar está dentro de cada um de nós. Inclusive a criança que somos.
A criança que você foi está em você. Você é a criança que você foi um dia. Você se desfez de algumas coisas, acrescentou outras, mas em essência você permanece sendo a mesma criança, aberta à Vida, receptiva e sensível.
Não sei que idade você tem. Mas se você já se afastou um pouco da sua infância, fica mais fácil pra você analisar o que você pensava, o que você falava e o que você fazia quando era criança. Fica mais fácil pra você passar por cima das coisas que você não gostaria de ter feito e fez e das coisas que você gostaria de ter feito e não fez.
Você compreende a criança que você foi como se a criança fosse outra pessoa. E é mais fácil compreender e perdoar outra pessoa do que compreender e perdoar a si mesmo. Você lembra bem da criança que você foi? Dos seus medos e dos seus fracassos? Dos seus sonhos e das coisas que lhe faziam feliz? Você é uma criança que cresceu. Adquiriu conhecimentos, assumiu responsabilidades, mas continua, em essência, a mesma criança simples e sensível.
Ame a criança que você é. É muito mais fácil encontrar Deus na simplicidade da criança que você é do que na complexidade intelectual do adulto que você se tornou.
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