Estudando o Espiritismo

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sexta-feira, 18 de julho de 2014

SIMPLICIDADE E HUMILDADE

SIMPLICIDADE E HUMILDADE


Em algumas áreas do Espiritismo, especialmente entre os integrantes dos grupos que se julgam em maior sintonia com as descobertas mais recentes da ciência e da tecnologia, observa-se uma fascinação por todo e qualquer tipo de novidade. A simplicidade, uma das características mais marcantes de Jesus, parece desagradar a tais pessoas, que, por uma interpretação distorcida e equivocada do caráter progressivo da Doutrina, trazem para dentro dela, uma enormidade de absurdos e de extravagâncias decorrentes do modismo passageiro e inconseqüente. A pureza e a simplicidade dos primeiros tempos do Cristianismo, retomadas pelo Espiritismo, está cedendo lugar em nosso meio, em alguns casos, a uma série de procedimentos que não encontra o menor respaldo doutrinário. Servem no que diz respeito ao Espiritismo, para atrair público para as reuniões e para desviar as atenções para temas e assuntos que são estranhos à Doutrina Espírita.

As sessões de cromoterapia, regressão de memória e outras ramificações da chamada medicina alternativa, estão sendo indevidamente introduzidas e praticadas por alguns, de forma indiscriminada, na Casa Espírita. As dificuldades e problemas que esses procedimentos poderão acarretar para a Doutrina dos Espíritos são facilmente previsíveis, e, aqueles que persistirem nessa prática, estarão fatalmente sujeitos às conseqüências danosas de suas ações, em face da lei de “causa e efeito”.
Como se não bastassem tais inconvenientes, desponta agora, como grande inovação, o costume de se substituir a tradicional terminologia espírita, por uma outra mais consentânea com a tão reclamada modernidade. Trata-se de mais uma imposição do modismo fútil. Assim, fala-se já em fluidoterapia quando se faz alguma referência ao tradicional passe. Nesse modismo, dentro em breve, os médiuns passarão a ser chamados de fluidoterapeutas, e os locais do passe serão transformados em gabinetes destinados às sessões de fluidoterapia. Nesse modismo, os Centros Espíritas passariam a promover cursos específicos, formando os profissionais da terapia fluídica, e não haveria surpresa se estes devidamente diplomados e habilitados resolvessem se unir em torno de uma organização social, e mais ainda, cobrarem pelos seus serviços.

E ainda, como se isso não bastasse para descaracterizar a Doutrina, a mediunidade, dentro de pouco tempo, passaria a ser conhecida pelo nome científico de transcomunicação-interpessoal, integrando juntamente com a instrumental já existente, o Departamento de Transcomunicação, tudo, evidentemente, feito em função da modernidade do Espiritismo. Os que não concordassem com tais procedimentos, mantendo as normas tradicionais, seriam tidos à conta de superados e velhos. A permanecer essa inovação, em pouco tempo a simplicidade dos temas evangélicos-espíritas seria fatalmente substituída por pretensiosos e complicados assuntos, tendo em vista a necessidade de evolução e progresso reclamada por alguns inconformados seguidores da Doutrina dos Espíritos. Jesus, prevendo isso já nos advertia: “Pois se nem ainda podeis fazer as coisas mais simples, por que estais ansiosos pelas outras?” Lucas C-12 v-26.

Tais tendências vêm ocorrendo no Espiritismo, devido ao entusiasmo excessivo de
alguns, pelas novidades introduzidas pela mídia. Isso não implica que devemos abrir mão das novas técnicas de comunicação e das conquistas do saber humano. Se tal ocorresse, estaria configurado um contra-senso e uma demonstração de atraso. O que não se pode admitir é que tudo que desponta como novo, moderno, aceito por alguns, ou por grupos restritos, de áreas também restritas, passe a integrar o quotidiano das instituições espíritas, em detrimento das posturas mais singelas adotadas pelo verdadeiro Cristianismo, de que o Espiritismo é o mais autêntico e legítimo sucessor. Cautela e prudência jamais poderão faltar a todo e qualquer empreendimento realizado pelo ser humano, assim já recomendava a velha sabedoria romana. Jesus, ao se referir à prática de Seus ensinamentos, recomendou igual procedimento aos seus seguidores.

Também a humildade, parece ser uma virtude que não é devidamente apreciada por alguns companheiros, principalmente pelos mais afoitos que não conseguiram ainda superar a fase inicial de encantamento com a Doutrina dos Espíritos. Sentem uma atração pela rapidez com o que acontece nas chamadas atividades assistenciais. Por outro lado, é comum encontrar-se no meio delas, as pessoas que se orgulham de, numa arrancada só, terem lido a Codificação e as obras complementares, julgando que, com essa atitude, terem as condições de profundos conhecedores da Doutrina, sem se darem conta da necessidade de assimilar os conceitos e a necessidade da modificação moral, da simplicidade e da humildade indicadas por Jesus.

Conquanto não se possa generalizar, condutas dessa espécie estão se tornando cada vez mais comuns, não só no que se refere às pessoas isoladamente, como também entre os componentes de algumas instituições, que se consideram como organizações, melhor estruturadas e superiores às demais. Nessas duas situações, o orgulho e a vaidade, mesmo que inconscientes, imperam soberanos e se constituem na causa principal desse tipo de comportamento. O único remédio nesses casos é o estudo a compreensão e a assimilação dos postulados evangélicos de simplicidade e humildade, visto que somente através de sua vivência, é que se conseguirá a eliminação dos defeitos, vícios e erros humanos que todos nós carregamos fruto do nosso atraso espiritual. Apesar de tal medicamento se achar ao alcance de todos nós, ele permanece desconhecido e pouco utilizado.

O Evangelho, como norma de conduta moral por excelência, continua sendo o grande desconhecido, e dessa situação até mesmo muitos espíritas não conseguem escapar. Ainda persiste o velho hábito de ignorar ou fingir ignorar as próprias limitações e imperfeições, e a necessidade de procurar na existência, praticar os ensinamentos evangélicos. A simples leitura da Codificação e de vários outros livros, não é suficiente para se dizer que o leitor conhece a Doutrina dos Espíritos, sem que a Doutrina tenha determinado a transformação moral indispensável à sua qualificação como verdadeiro espírita.

“Pois, se nem ainda podeis fazer as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas
outras”, disse Jesus. . .

Jc.
S.Luis, 20/02/2003

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