Estudando o Espiritismo

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quarta-feira, 30 de julho de 2014

O egoísmo na sociedade - Um olhar espírita - Morel

Para o espírita, todos os males humanos nascem do orgulho e do egoísmo

Os males da sociedade derivam do egoísmo dos indivíduos. Desde o início da civilização, quando o homem começou a se organizar em grupos maiores, superando os regimes tribais, códigos e normas de conduta tentam organizar a vida em sociedade. A lei de talião, proposta por Moisés, o famoso “olho por olho e dente por dente”, embora possa nos parecer primitivo, foi um grande avanço para a época. Seus primeiros indícios são anteriores a Moisés, estavam expressos no Código de Hamurabi, de 1780 a.C., no reino da Babilônia. Ela impedia que se fizesse justiça com as próprias mãos.

Antigamente vigorava a vingança até as últimas consequências. Se alguém arrancava um olho do inimigo, os parentes deste fariam vingança: se pudessem, matariam quem arrancou o olho, matariam as crianças, estuprariam as mulheres da família, saqueariam a sua aldeia e por fim colocariam fogo em tudo. Essa era a regra. A lei de talião, ao limitar o objeto da vingança ao estritamente lesado, representou uma inovação digna de admiração. Sem falar que ela simboliza a Lei de causa e efeito, à qual Jesus acrescentou a Lei de Amor.

No decorrer dos séculos muitas legislações funcionaram, muitos regimes dirigiram os homens, muitos costumes surgiram e desapareceram sem deixar vestígios.

Hoje vivemos, no Brasil, o que se convencionou chamar de democracia, e novas leis surgem a toda hora tentando melhorar a vida em sociedade. É claro que precisamos de leis, e que algumas leis representam avanços indiscutíveis. Mas não se acaba com o egoísmo por decreto.

A preocupação exacerbada com os próprios interesses faz com que qualquer coisa ou pessoa que contrarie esses interesses se torne um estorvo a ser eliminado.

Orgulho e egoísmo

Pode-se fazer leis para defender minorias, pode-se fazer leis para garantir a ordem, pode-se fazer leis para salvaguardar direitos econômicos. Mas não há lei possível para acabar com o egoísmo pessoal, ou de classe, ou de família.

O egoísta pessoal se acha um ser especial, uma divindade não reconhecida, uma celebridade oculta no meio da plebe. Quer tudo para si, exige privilégios e paparicações. Não lhe passa na cabeça que os outros têm interesses, e desejos, e sentimentos que devem ser respeitados.

O egoísta de classe tem convicção de que o grupo a que pertence é o único correto, o único que tem direitos inegáveis. Seja um grupo religioso, político ou profissional, ele esquece que existem inúmeros outros grupos que compõe a sociedade, com pensamentos e posicionamentos legítimos e respeitáveis. Ele ignora que os grupos são formados por indivíduos como ele, com sentimentos, anseios e ideais como ele.

O egoísta de família preserva uma espécie de mania de casta, pensa que sua família é melhor e mais nobre que as outras, que um sangue especial corre em suas veias. Seus membros familiares merecem tudo. Se há divergência com outras pessoas, certamente os seus familiares têm razão. Não cogita a hipótese de que seus filhos estejam errados, ou que seus pais sejam desonestos, ou que haja famílias mais especiais que a sua.

Todos os males que assolam a humanidade, todas as pequenas e grandes misérias da sociedade se devem ao egoísmo. A criminalidade que gera insegurança, os acidentes de trânsito, a corrupção, as tragédias passionais, os enganos, as maledicências, as desonestidades.

Há leis para cuidar do trânsito, mas não para fazer os motoristas se respeitarem uns aos outros; há leis para coibir a corrupção, mas não se pode legislar sobre o caráter e os princípios morais; há leis prevendo infrações e respectivas punições para todas as áreas da sociedade.

A base da legislação do futuro é o Evangelho. Emmanuel se refere aos Evangelhos como “códigos de Justiça e de Amor que são a base da legislação do futuro”.

É imprescindível zelar pela sociedade. Mas há idealistas agnósticos que acreditam que as leis conseguirão, um dia, transformar a sociedade. Ficam em busca da “lei ideal”. Fazem teses e mais teses falando sobre a banalização do mal, tentando entender a sociedade.

Não há como entender a sociedade sem entender o indivíduo. A sociedade é composta de indivíduos. O composto não pode ser melhor do que a soma total dos seus componentes. Buscam causas na História. A causa da sociedade pode estar na História, mas só reconhecendo a reencarnação para compreender que nós mesmos, em outras existências, escrevemos a História. Nós somos a causa de nós mesmos.

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