Meu pai trabalha até agora e eu trabalho também.
– Jesus.(João, 5:17)
Muitas vezes entregas-te a melancólicas reflexões em torno de transformações
espirituais que inutilmente intentaste.
* * *
Deste o máximo de abnegação ao filho estremecido para quem planejaste luminoso
futuro, sem conseguir talvez arrancá-lo à rebeldia em que persiste; ofertaste a própria
existência aos pais queridos, ornamentando-lhes o caminho de auxílio e ternura, e,
provavelmente, nem de leve pudeste arreda-los da discórdia a que jazem atrelados por
longo tempo; situaste todo o coração no carinho por este ou aquele companheiro,
aguardando-lhes em vão qualquer concurso nas tarefas edificantes que te felicitam a
alma; empenhaste os mais nobres sentimentos na melhoria deste ou daquele grupo de
entes amados, seja no lar ou na organização de serviço a que te afeiçoas, e, por maior o
esforço despendido, nada colheste até agora, senão amargura e negação.
* * *
Em meio do trabalho absorvente costumas interromper as próprias atividades,
indagando de ti mesmo se vale a pena continuar no esforço renovador...Semelhante
introdução ao desespero comumente aparece porque, em muitas ocasiões, experimentas
o desencanto de quem cava num monte de pedras procurando debalde o fio dágua que
lhe foge à sede, ou a fadiga de quem cruza o deserto, em todas as direções, sem achar
caminho para a vanguarda libertadora...Ainda assim, persevera nos bons propósitos e
colabora, quanto possível, pela consecução dos objetivos de fraternidade e
aprimoramento a que devemos todos visar.
* * *
Uma pergunta só dar-nos-á reconforto: se Jesus, há milênios, trabalha por nós, para
que tenhamos o pequenino clarão de conhecimento com que hoje tentamos dissipar as
sombras que ainda trazemos, por que desanimar na obra de amparo aos que amamos, se
apenas agora começamos a servir no terreno da luz?
Do livro Bênção de Paz
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