Estudando o Espiritismo

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domingo, 31 de março de 2013

CASAMENTO & DIVÓRCIO = FAMÍLIA (NA VISÃO ESPÍRITA)


CASAMENTO & DIVÓRCIO = FAMÍLIA (NA VISÃO ESPÍRITA)

- 1. INTRODUÇÃO:

Casamento, conflito, desagregação familiar e divórcio são fatos marcantes em nossa convivência com os outros seres humanos. Nosso objetivo é refletir sobre esses temas, tendo por paradigma os postulados da Doutrina Espírita.

- 2. CONCEITO:

Casamento - do lat. medieval casamentu significa ato solene de união entre duas pessoas de sexos diferentes, capazes e habilitadas, com legitimação religiosa e/ou civil.

- Família - do lat. familia significa pessoas aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos.

- Divórcio - do lat. divortiu significa dissolução do vínculo matrimonial, ficando os divorciados livres para contrair novas núpcias.

- 3. HISTÓRICO:

O clã totêmico é apontado pelos antropólogos e cientistas sociais como o primeiro dos núcleos familiares que se tem notícia. Baseado no fato religioso, o totem assume misticamente, e não por consangüinidade, a descendência familiar.

O clã primitivo, indiferenciado, passa a ser diferenciado na família patriarcal agnática greco-romana. A "gens" romana, como o clã, é principalmente uma associação religiosa: os membros têm o mesmo culto, e em dias e lugares determinados praticam os mesmos ritos e sacrifícios. Na família patriarcal agnática, o pai e chefe religioso tem o direito de reconhecer e repudiar o recém-nascido, de repudiar a mulher, de casar o filho e a filha e de designar tutor à mulher e filhos, quando morre. Tudo o que pertence à mulher e ao filho, mesmo o fruto do seu trabalho, pertence ao pai.

A família patriarcal evolui para a família paternal. Pouco a pouco os cognatos adquiriram certos direitos. A mulher, por exemplo, obteve direitos de herança e a posse do seu dote. A família paternal, ou família germânica, derivaria diretamente da família maternal. Por isso conserva mais traços do comunismo primitivo do que a família patriarcal.

A família conjugal, mais próxima do tipo germânico que do romano, caracteriza a família atual. Na família patriarcal a comunidade subsiste, concentrada na pessoa do pai; a família é um todo onde as partes não têm individualidade própria. Na família conjugal, cada membro tem individualidade e esfera de ação próprias. A mulher os filhos podem ter bens. Os direitos paternos são limitados, e a lei prevê casos de perda do poder paterno.

Estudos históricos têm mostrado que a estrutura familiar não mudou tanto com a urbanização e industrialização como se supõe. O núcleo familiar é o prevalecente da era pré-industrial e continua como a unidade básica da organização social. A diferença entre a família moderna e as anteriores reside na forma de atendimento de algumas funções. Hoje , ao contrário da família agrária, existem diversas instituições especializadas para atender à demanda por novos serviços: produção econômica, educação, religião e recreação. A diferença está muito mais na forma do que na essência. (Cuvilier, s/d/p)

- A relação entre casamento e celibato pode ser resumida:

a) até a Segunda Guerra Mundial.

- O número de casamentos e a fecundidade estavam em declínio e o celibato em ascensão;
- Com o surgimento do fenômeno "baby boom", os casamentos e a fecundação sobem e o celibato cai.

b) entre 1961 e 1965 rompe-se esse modelo.

- Surgem a pílula anteconcepcional e os movimentos feministas;
- As pessoas começaram a se casar menos com o vínculo legal;
- Há um aumento considerável das mães solteiras.

- 4. LEI DE REPRODUÇÃO E CASAMENTO:

De acordo com os postulados espíritas, Deus criou os Espíritos simples e ignorantes; logo, há necessidade da reprodução de formas físicas, a fim de atingirem a perfeição. Como é impossível atualizar todas as virtudes em uma única encarnação, os Espíritos voltam ao plano da matéria quantas vezes forem necessárias. Poder-se-ia dizer que as diversas encarnações têm o objetivo de sublimar o instinto sexual. Quer dizer, todo o Espírito passa do mundo das formas físicas, onde predomina a natureza animal, para os estados de Espíritos superiores, onde predomina a natureza espiritual. (Kardec, 1995, perguntas 686 a 694)

O casamento revela um progresso na marcha da Humanidade, porque é regulamentação do instituto familiar. A união livre e fortuita dos sexos pertence ao estado de natureza. O casamento é um dos primeiros atos do progresso nas sociedades humanas porque estabelece a solidariedade fraterna e se encontra entre todos os povos, embora nas mais diversas condições. A abolição do casamento seria, portanto, o retorno à infância da humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de alguns animais, que lhe dão o exemplo das uniões constantes.

O celibato somente é meritório quando feito para o Bem, pois todo sacrifício pessoal, visando o Bem e sem segunda intenção egoísta, eleva o homem acima de sua condição material. (Kardec, 1995, perguntas 695 a 699)

- 5. DIVÓRCIO:

A separação dos cônjuges não deve ser facilitada, pois o regime monogâmico é o que melhor se presta para a evolução do ser encarnado. No casamento, o que é de Natureza Divina é a união dos sexos e a Lei do Amor para operar a renovação dos seres que morrem; mas as condições que regulam essa união são de ordem humana, sujeita aos costumes de cada povo.

O divórcio é uma lei humana que tem por fim separar legalmente o que está separado de fato; não é condenável perante Deus, pois, ele trata de legitimar o que já está separado, isto é, regular separações onde não há amor, mas somente a união dos sexos ou de interesses materiais. (Kardec, 1984, cap. XXII)

- 6. CONFLITOS FAMILIARES:

Em 1990, de acordo com os dados do I. B. G. E., havia, no Brasil, 38 milhões de famílias, com a média de 1,9 filhos, sendo que 18% das mulheres chefiavam os seus lares, com renda média de 0,5 a 5 salários mínimos. Os dados mostraram um aumento razoável do número de divórcios e de famílias unicelulares e uma queda acentuada do número de registros de casamentos, passando dos um milhão, em 1985 para os 777 mil, em 1990.

O que explica a queda do número de casamentos e o aumento do número de divórcios e famílias unicelulares? Na visão dos psicólogos, há inúmeras razões, entre as quais, citam a ascendência da mulher no mercado de trabalho. Até então o núcleo familiar tinha o homem como o centro das decisões. Com o aumento da renda, gerado pelo trabalho feminino, a ordem do pátrio poder desestrutura-se. Surgem, a partir daí, os diversos conflitos, os quais não resolvidos satisfatoriamente, implicaram em separações.

A crise do casamento não é só financeira. Lembremo-nos das dificuldades de relacionamento entre os membros de um lar. Quando as pessoas não conseguem comunicar os seus sentimentos, as suas aspirações e a sua maneira de ser há um vácuo de entendimento, levando, em muitos casos, à ruptura dessas relações. O princípio da ação também pesa muito. Quando esse princípio é fortemente apoiado em um único fator, a crise é mais acentuada. Observe aqueles que se casam somente pela atração física. Ao surgirem as responsabilidades naturais que a união encerra, fogem atemorizados. (Jornal da Tarde)

- 7. VISÃO ESPÍRITA DA DESAGREGAÇÃO FAMILIAR:

É no lar que, salvo raras exceções, as formas físicas são procriadas. A importância da família prende-se ao fato que é ali, no cadinho das quatro paredes, que o novo ser receberá apoio para a sua jornada terrena. Não basta apenas procriar; é preciso que a forma física, animada por um Espírito, receba a influência educativa dos seus progenitores, no sentido de avivar a fraternidade e a solidariedade. Não é sem razão que a maioria dos grandes pensadores definem a família com sendo a célula máter da sociedade

No que tange aos conflitos familiares, o Espiritismo fornece-nos meios para uma reflexão mais profunda. Em primeiro lugar, não podemos descartar os resgates familiares, pois a maioria dos casamentos ainda é, na atualidade, uma tentativa de solucionar problemas não resolvidas em outras encarnações. Em segundo lugar, como resgatar, se ao primeiro contratempo, dispersamo-nos com a separação? É por essa razão que o divórcio não deve ser facilitado, pois estaremos sempre desperdiçando uma excelente oportunidade de redenção e crescimento espiritual.

A desagregação familiar que as estatísticas mostram não é de estarrecer. Ela é fruto de uma mensagem eminentemente materialista, transmitida pelos vários níveis de comunicação de massa. Quando a indução ao consumismo, desde os produtos mais elementares até àqueles que incentivam as fantasias sexuais, é extremamente valorizada, o sentimento religioso, a fé, a esperança perdem terreno, diminuindo sensivelmente a nossa capacidade de suportar o sofrimento.

- 8. CONCLUSÃO:

Higienizemos o nosso reduto doméstico com o teor vibratório dos nossos pensamentos elevados. Não nos esqueçamos, porém, de pedir forças suplementares para vencermos galhardamente as dificuldades que se nos apresentarem.

Sérgio Biagi Gregório.

9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

CUVILLIER, A. Manual de Filosofia. Porto, Educação Nacional, s/d/p.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
Jornal da Tarde, 06/03/94, p. 11.

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