Estudando o Espiritismo

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sábado, 7 de setembro de 2019

OS PERIGOS DA VAIDADE NO COMANDO DA CASA ESPÍRITA

OS PERIGOS DA VAIDADE NO COMANDO DA CASA ESPÍRITA! HUMILDADE ENSINADA POR JESUS!



Vivo experiências na casa espírita, que me fazem pensar na tremenda necessidade do estudo do Evangelho, principalmente das partes que tratam da humildade, vaidade, vigilância e soberba. Em virtude disto, trago este texto para que reflitamos sobre nossa postura em nossas abençoadas casas.

“Sabeis que os príncipes das nações as dominam e que os grandes as tratam com império. - Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; - e aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo; do mesmo modo que o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de muitos ”

Uma reflexão, para nós espíritas, se faz necessária sobre um tema relevante e atual. Como deve ser a organização de uma casa espírita? Se a legislação humana prescreve a necessidade de estatuto social, cargos, funções, formação de um conselho e assembleias para as deliberações da sociedade, o que prescreve a legislação divina?
Alguns acham que a casa espírita se assemelha a uma empresa. Entendem que, para o seu bom funcionamento, apesar de não possuir acionistas, não visar lucro, deve ter presidente, diretores, gerentes, coordenadores, supervisores, e uma linha hierárquica bem definida, com ordens sendo proferidas pelos cargos superiores e sendo obedecidas plenamente pelos cargos inferiores ou subalternos. Pensam que assim, fica preservada a harmonia da mesma, pela imposição de uma disciplina rígida e inquestionável a ser respeitada á risca. Argumentam que sem isso, não se tem trabalho de equipe.
Fica bem na fita aquele que fizer um melhor marketing pessoal, aquele que vender melhor a sua imagem. Pode até ser eleito presidente! Não importa se essa imagem é verdadeira ou não. O que importa é que as pessoas se convençam que ele é “O Cara”.
Alguns acham que a casa espírita, por ser uma associação de pessoas com ideal religioso, deve funcionar como a maioria das instituições religiosas do planeta terra. Argumentam que assim deve ser. Castas bem definidas de sacerdotes, noviços, líderes religiosos máximos, crentes, adeptos, seguidores fiéis ou simplesmente simpatizantes, e naturalmente com uma estrutura hierárquica mais rígida ainda. Com a disciplina e obediência cegas beirando as raias da irracionalidade. Tudo para preservar, acima de tudo e de todos, a instituição religiosa, sua hierarquia e sua tradição.
Mas, como organizar uma casa espírita atendendo a legislação divina? O que ela prescreve? O que os espíritos superiores nos aconselham e ensinam sobre a sua organização?
Nosso querido Mestre Jesus alerta os apóstolos “Sabeis que os príncipes das nações as dominam e que os grandes os tratam com império. - Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; - e, aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo”.
Kardec esclarece outro sábio ensinamento de Jesus "Será o maior no reino dos céus aquele que se humilhar e se fizer pequeno como uma criança, isto é, que nenhuma pretensão alimentar à superioridade ou à infalibilidade.” E complementa mais adiante “Não procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se não quiserdes ser obrigados a descer. Buscai, ao contrário, o lugar mais humilde e mais modesto, porquanto Deus saberá dar-vos um mais elevado no céu, se o merecerdes”.
Emmanuel no livro “Seara dos Médiuns”, sabiamente apresenta ponderações sobre a organização do espiritismo e nos ensinando:
”Todos estamos concordes em que a Doutrina Espírita revive agora o Cristianismo puro; no entanto, há muita gente que lhe estranha a organização, sem os chamados valores nobiliárquicos que assinalam a maioria das instituições terrestres.
A força de se iludirem com a idolatria, que sempre nos custa caro, muitos companheiros, menos vigilantes, desejariam condecorar trabalhadores da Nova Revelação, criando galerias para o relevo pessoal. E se pudessem determinar o rumo das coisas, no consenso opinativo, decerto que há muito estaríamos mobilizando doutrinado­res-chefes e médiuns-titulares, com as nossas casas de serviço perdendo tempo em mesuras e rapapés.”....
“.....Não existem, desse modo, médiuns maiores ou médiuns menores, favorecendo, entre nós, a constituição de prerrogativas e castas....”
“ ....Sustentar a ideia espírita, indene de qualquer imaginária fidalguia para aqueles que a servem, é dever para todos nós. ...”
No livro “Aconteceu na Casa Espírita” Nora, a autora espiritual nos relata na psicografia de Emanuel Cristiano, em seu Capítulo 05 a técnica de Júlio César, o líder dos obsessores. Ele oferece favores e cargos aos obsessores, e estimula a vaidade da médium para que esta acreditasse em sua superioridade perante os demais médiuns da casa espírita.
“.... Júlio Cesar acompanhou o trabalho de Maria Souza (médium) durante várias semanas, fazendo com que casos semelhantes a estes fossem repetidos(casos de cura); para isso oferecia cargos, favores e retribuições aos obsessores, provocando nela a certeza de que finalmente havia desenvolvido a faculdade de cura...”
Mais adiante no Capítulo - 08 “Cedendo á Tentação” após a infiltração dos obsessores no pensamento dos trabalhadores da casa espírita. É relatada pelo espírito Nora a característica da perturbação que se instalou:
“ .... Não faltavam, porém, os invigilantes perturbando o serviço. Sequiosos por cargos, disputavam a organização das entrevistas, quais representantes do orgulho em uma empresa do mundo. Esqueceram que os candidatos a comandar o trabalho do bem devem, primeiramente, se esforçar por comandarem a si mesmos....”
O nosso querido Francisco Cândido Xavier, o maior exemplo de atuação de um verdadeiro espírita, serviu durante diversos anos em um centro em Uberaba. Após quatorze anos de atividade a casa espírita havia crescido, ocupando quase um quarteirão. Não havia mais espaço para o servidor humilde de Jesus. Chico se afastou e fundou uma nova casa espírita. Com estrutura menor, com menos participantes, mas com o amor e a humildade que caracterizam os verdadeiros seguidores do Mestre Divino. De vez em quando ele comentava:
“ .... Em casa que muito cresce o amor desaparece......”
O que será que Chico constatou? Será que a casa espírita havia perdido a pureza e simplicidade do início quando era um pequeno núcleo de fraternidade e solidariedade? Será que o tamanho e a estrutura da mesma induziam os colaboradores a posturas menos humildes, com hierarquia, cargos, disputas de poder e vaidades pessoais?



O Professor Herculano Pires, que nas palavras de Emmanuel, é “o metro que melhor mediu Kardec”, em seu Livro “O Centro Espírita”, cap. III faz a seguinte ponderação sobre a organização de uma casa espírita:
“ ....Mas, acima de tudo e antes de tudo: humildade. Porque Espiritismo sem humildade é água poluída, cheia dos germes da pretensão, da vaidade, do orgulho que atraem os espíritos inferiores. Um presidente de Centro não é o Presidente da República e um doutrinador não é um sábio. Pelo contrário, são criaturas necessitadas que estão aprendendo a arte difícil de servir e não a de baixar decretos, dar ordens e humilhar os outros em público. Sem humildade que gera e sustenta o amor ao próximo, nem o estudo pode dar frutos....”
Relembrando um relevante ensinamento de Emmanuel, no longuinguo ano de 1.937, em sua obra entitulada “Emmanuel”, no capítulo XI - “Mensagens aos Médiuns”, na qual ele apresenta diversas ponderações aos médiuns, para relembrar sobre o passado espiritual destes.
“ ....O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre, são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude. São almas arrependidas que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando , com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de criminosa insânia...”
Reforçando este sábio conceito ensinado por Emmanuel no livro “Aconteceu na Casa Espírita” a mesma afirmação. Castro, o presidente do Centro Espírita sob ataque obsessivo, recebendo instruções do dirigente espiritual, que lhe relembra a necessidade de humildade e sacrifício em sua atuação, é informado que também já participou, no passado das “hostes infernais”
“ ....E se queres saber, tu mesmo já fizestes parte das “hostes infernais” ! Quem de nós, peregrinando pelos caminhos da ignorância, não contribuímos para entravar o progresso?”
Mais adiante, na mesma obra literária, após o arrependimento de seus atos, Júlio Cesar, o obsessor chefe, é conduzido á nova reencarnação em família espírita, para reparar o mal praticado. Com aproximadamente 50 anos de idade física, portador do dom da mediunidade, assumirá a presidência da Casa Espírita que tanto ele perseguiu, para tentar reparar o mal praticado.
Vale para todos nós, com raríssimas exceções, um importante alerta. Quando faltar a humildade em nossa atuação, lembremo-nos de que não somos seres angélicos repletos de virtudes que assumimos, nesta encarnação, cargos importantes, devido á nossa elevação espiritual. Somos sim, seres milenares envolvidos, em diversas encarnações, em grandes faltas perante as Leis Divinas, aos quais, pela bondade infinita de Deus, foram concedidos oportunidades de resgate e expiação dessas faltas, atuando em funções transitórias de caráter religioso nas casas espíritas.
Por tudo que foi exposto acima, por todas as ponderações de espíritos bondosos nas citações da literatura espírita, neste artigo, creio que é de grande utilidade para todos nós, repensarmos o centro espírita, e as nossas posturas e atuações nessas instituições.

Renato Mayrink

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