Estudando o Espiritismo

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sábado, 16 de março de 2019

Práticas Estranhas ao Espiritismo. O Que é isso, Companheiro?

Práticas Estranhas ao Espiritismo. O Que é isso, Companheiro?

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Certa vez, fui convidado para fazer uma exposição acerca de práticas estranhas nas casas espíritas. Pensei um pouco e declinei o convite. Não me achava competente para falar sobre o assunto, seja por não saber direito do que se tratava, seja por ser, eu mesmo talvez, um agente dessas ditas práticas estranhas no ambiente espírita.

Aprendiz permanente da filosofia dos espíritos, sinto-me cada vez mais ignorante das coisas espirituais, tamanha a grandeza de como ela se manifesta. Meus quase quarenta anos de estudo contínuo faz-me repetir a máxima socrática de que sei que nada sei sobre espiritismo.

Logo cedo, tive a preocupação de estudar – e não apenas ler – aquilo que ficou conhecido como Codificação Espírita. Acrescido, lógico, de O Que é o Espiritismo e Obras Póstumas. Depois disso, perdi a conta dos títulos espíritas na minha biblioteca.

Se me encantava com a sabedoria espiritual trazida pelos colaboradores do Espírito Verdade, não menos era a minha admiração pelo mestre Allan Kardec.

O problema é que por mais que adentrava nos escritos de Allan Kardec mais os via distantes da nossa prática espírita. Havia alguma contradição que eu não conseguia entender o porquê. Percebi que tínhamos a mesma dificuldade de outras iniciações espirituais como bem me traduziu posteriormente Leon Denis: “o espiritismo será o que os homens fizerem dele.”

Como ainda estamos num processo de aprendizagem contínua é natural que não consigamos tirar o espírito da letra na sua totalidade

Se descobria a proposta progressista de Allan Kardec, numa tentativa magistral de integração dos saberes no conhecimento da realidade espiritual, deparava-me com um comportamento conservador e dogmático de muitos dos meus irmãos de crença.

Se constatava a perspectiva de um projeto inclusivista do sistematizador do pensamento espírita, imaginando que um dia teríamos cada um a sua fé, mas todas elas absorvidas pela realidade do espírito, tornamo-nos mais um grupo apartado dos demais, igualmente defendendo a sua verdade.

Se lia claramente o seu entendimento de que não seríamos os protagonistas da nova era, mas coadjuvantes de um mundo renovado, nos arvoramos da nossa presunção em sermos os únicos que fomos agraciados pelo Consolador Prometido por Jesus, repetindo o mesmo equívoco israelita do passado.

Se me deslumbrava com a perspicácia do senhor Rivail em não kardequizar o pensamento dos espíritos, mas universalizá-lo, particularizamos o conhecimento libertador num gueto dos que tiveram a sorte de se tornarem espíritas.

O professor foi além. Afirmou que o verdadeiro espírita era quem se movia em promover a sua transformação moral e dominar as suas tendências negativas e não simplesmente aqueles que concordassem com os princípios fundamentais da filosofia.  Que adiantaria encher a mente de teoria, se o coração continuasse vazio e duro.

Se, enfim, os fatos demonstrassem que algum ponto da ciência e da filosofia espírita estivesse em erro que abraçássemos imediatamente esta nova evidência. Que lucidez e desprendimento!

O cientista da alma Allan Kardec, visionário e coerente como sempre o fora, sugeriu que pudéssemos debater em períodos de vinte e cinco anos, na forma de congresso, os novos conhecimentos que a ciência e as revelações espirituais poderiam nos ofertar.

Ora, a tecnologia tem-nos mostrado que a obsolescência do conhecimento é cada vez mais rápida. A ciência não nos cansa de apresentar novidades. E os espíritos trazem continuamente informações surpreendentes.

Por que, então, não cumprimos com a sugestão do modelador do pensamento espírita e não organizamos um congresso na exigência real que a justeza do termo nos pede?

Por mais respeitados que sejam determinados expoentes espíritas – oradores, médiuns, estudiosos – suas opiniões pessoais representam, tão-somente, as suas opiniões pessoais e não podem ser confundidas como a expressão oficial do espiritismo. Nem Kardec agiu assim com os espíritos quando criteriosamente asseverou que eles eram meios de obter informações e não reveladores predestinados.

Tais congressos dariam certamente um ponto final ou um clareamento ao que se denomina hoje de práticas estranhas.

Há, com certeza, boa intenção daqueles que vão ao encontro de preservar o pensamento espírita, mas será que conseguirá visualizar todas as nuanças que passamos atualmente no mundo? Será que conseguirá responder adequadamente todos os questionamentos que nos batem à porta?

Qual a métrica para caracterizar uma prática como espírita?

Como o espiritismo responderá às demandas atuais e futuras?

Como proceder na integração com outros saberes, bebendo deles e alimentando-os com nossos enfoques?

Como compatibilizar as diversas informações espirituais que nos chegam por diferentes fontes?

Como uma doutrina, que se propõe libertar consciências, não consegue ser percebida no mundo que clama insistentemente por algo mais além da matéria?

Como apresentar uma alternativa de mudança ética pela espiritualização do ser humano?

Como enfrentar com equilíbrio os tempos novos da regeneração planetária trazidos pelos espíritos por todos os quadrantes da revelação espiritual?

Como entender a atuação do espiritismo nesta nova fase da humanidade?

Como?  Como?  Como?

Talvez por não se ter estudado e entendido a filosofia e ciência espírita como deveria - e feito esta conexão com as demandas que chegam aos grupos espíritas - é que muitos deles têm adotado os modismos de plantão. No fundo, querem servir e serem úteis. Podem não saber direito o que oferecer numa abordagem espírita contextualizada e desembocam para soluções alternativas. Interessantes, muitas vezes eficazes, mas não necessariamente dentro da perspectiva espírita.

Companheiro, nisso tudo, prática estranha é não estar aberto ao novo.

É não se tornar humilde diante do que não se sabe.

É não ter uma relação fraterna e alteritária com quem pense diferente.

É não aproveitar o conflito de ideias para aprender a amar mais e melhor.

Carlos Pereira

2 comentários:

  1. Carlos Perreira, excelente explanação e sensata postura para novos horizontes da ciência e o espiritismo.

    Lembro também que já se passaram muitos anos e passará mais tempo ainda, para que se empenhe na ciência o desenvolvimento da comunicação através de aparelhos eletrônicos (as chamadas transcomunicações).

    Representantes isolados, se dedicam incansavelmente na divulgação e aprimoramento, não obstante, serem ignorados pela grande massa do movimento espírita.

    Ficamos mais como plateia do que participantes e multiplicadores dessa prática, alguns certamente pela advertência de Emmanuel, ao pedir que encerrassem as reuniões de materializações no contexto de Chico Xavier. Considero particularmente, entre outras razões de que o ceticismo encontraria farsa em tudo que tocasse. Mas isso não nos impede de continuarmos com a devida seriedade que exige todos os trabalhos de desenvolvimento que a ciência proporciona a derrubada de barreiras do ceticismo e materialismo

    José Roberto Alencar da Silva

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