Estudando o Espiritismo

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domingo, 17 de março de 2019

Kardec confundiu Jesus e o Espírito da Verdade, diz Herculano Pires (Espírito)

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Kardec confundiu Jesus e o Espírito da Verdade, diz Herculano Pires (Espírito)

Em conversa espiritual enriquecedora com o médium Rosino Caporice, nosso querido José Herculano Pires, que marcou a divulgação e o estudo da Doutrina Espírita no século 20, esclareceu um equívoco que Kardec e ele mesmo cometeram ao não admitir que Jesus de Nazaré pode, sim, comunicar-se conosco.

“O Espírito da Verdade não é uma entidade definida, uma criatura humana ou espiritual, mas simplesmente a essência do ensino de Jesus (…)”

Herculano Pires, no livro Revisão do Cristianismo, página 11

Rosino Caporice: Querido amigo, o que você tem hoje a dizer, como desencarnado, sobre esta sua colocação?

Herculano Pires: Que ela está completamente equivocada. Fica difícil explicar, como deixei passar um erro tão evidente, levando em consideração as colocações feitas por Allan Kardec a esse respeito.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, da Editora Lake, que traduzi, coloco como prefácio uma mensagem do Espírito da Verdade, assinada por ele.

É preciso notar que no segundo parágrafo da mensagem diz ele: “Eu vos digo em verdade (…)”.

Só esta colocação já deixa claro ser ele alguém, pois caso contrário não teria dito “eu vos digo”.

Em “O Livro dos Espíritos”, também da Lake, que traduzi, após o capítulo Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, vêm os Prolegômenos, com o símbolo da parreira, que é uma belíssima mensagem. Lá temos a assinatura do ESPÍRITO DA VERDADE, juntamente com outras assinaturas.

Faço a mim mesmo a pergunta: se as outras assinaturas pertencem a suas respectivas individualidades espirituais, por que a do Espírito da Verdade não representaria, igualmente, uma individualidade?

Ele, o Espírito da Verdade, é sim um Espírito de altíssima elevação, perfeito, encarregado de comandar, junto com Jesus, a renovação completa de nosso planeta.

Até aqui evito colocar os conhecimentos que adquiri como desencarnado, para deixar bem colocado o quanto errei nesse e em outros assuntos.

Com isso faço o “mea culpa” perante os espíritas, pedindo a todos que sejam muito cuidadosos, não engessando a Revelação Espírita, querendo atribuir a ela uma perfeição que não existe.

Para que tudo fique muito bem esclarecido quanto ao Espírito da Verdade, vamos analisar outras informações deixadas pelo próprio Kardec.

Em seu livro “A Gênese”, também da Lake, tradução de Victor Tollendal Pacheco, com notas minhas, no capítulo XVII, item 33, Advento de Elias, Kardec faz a seguinte colocação:

“Então seus discípulos lhe perguntaram: Por que então os escribas dizem que antes é preciso que venha o Elias? Jesus lhes respondeu: É certo que o Elias deve vir, e que ele restabelecerá todas as coisas. Mas eu vos declaro que o Elias já veio e eles não o conheceram; antes o trataram como lhes aprouve. É assim que farão morrer o Filho do Homem.

Então, seus discípulos entenderam que era de João Batista que lhes falara”. (Mt: XVII-10 a 13).

Vale lembrar que antes de Jesus, o profeta Malaquias, no último capítulo de seu livro (Cap. 4:1,2,5 e 6), faz a respeito de Elias a mesma previsão. Vejamos:

“Porque eis que aquele dia vem ardendo como forno; todos os soberbos e todos os que cometem impiedade serão como palha” (…)

“Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça e salvação” (…)

“Eis que vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor”;

“E converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição”.

RC: Esta passagem meu caro Herculano, é confirmada por Jesus, não deixando qualquer dúvida que o Espírito da Verdade foi realmente o profeta Elias.

HP: Certo Rosino.

Existe, ainda, nesta passagem de Jesus, uma explicação de vital importância, quando ele afirma que Elias virá restabelecer todas as coisas: a volta de Elias como João Batista e, agora, como o Espírito da Verdade.

Sendo Jesus quem afirma, não há como negar que o Mestre também está prevendo a volta de Elias em nosso tempo.

Tais afirmações são cabais ensinos do Mestre sobre a reencarnação [Elias como ele mesmo, depois como João Batista e agora como o Espírito da Verdade], e não foram desvirtuados por aqueles que vivem mudando a “palavra de Deus” a seu bel prazer e interesses.

Ao dizer: “Orarei a meu Pai e ele vos enviará um OUTRO CONSOLADOR”, Jesus indica claramente que não se trata dele mesmo, senão teria dito: “Voltarei para completar o que vos tenho ensinado”.

Permitam-me colocar ainda deste capítulo, itens 44 e 45, quando Kardec diz a respeito da segunda volta de Jesus:

“Então o sumo-sacerdote, levantando-se no meio da assembleia, interrogou a Jesus e lhe disse: Vós não respondeis nada aos que depõem contra vós? Mas Jesus permaneceu em silêncio e nada respondeu. O sumo-sacerdote ainda o interrogou e lhe disse: Sois vós o Cristo, o filho de Deus abençoado para sempre?  Jesus lhe respondeu: Eu o sou, e vereis um dia o Filho do Homem sentado à direita da majestade de Deus, vindo sobre as nuvens do céu.

“Jesus anuncia seu segundo advento, mas não diz que virá sobre a Terra em corpo carnal, NEM que o Consolador será personificado nele”.

Para aqueles que acham que o Espírito da Verdade é Jesus, esta afirmação de Kardec tira qualquer dúvida: o Espírito da Verdade, segundo Jesus e Kardec, é o profeta Elias, que foi em outra encarnação, segundo ainda Jesus, João Batista.

RC: Permita-me lembrar, Herculano, que no capítulo V, item 86, Manifestações Físicas Espontâneas de “O Livro dos Médiuns”, tradução sua, você faz um comentário ao pé da página explicando ser o Espírito da Verdade o protetor de Kardec, dizendo ainda que foi ele o orientador de toda a Codificação.

HP: Grato Rosino. É verdade. E isso resolve de vez o problema de quem é o Espírito da Verdade.



RC: Caro amigo, seria possível explicar-nos onde é que começou esta confusão?

HP: Em parte, eu tenho certa responsabilidade nisso, quando, assim como Kardec, recusei aceitar as comunicações de Jesus na Codificação, dizendo que eram comunicações do Espírito da Verdade.



RC: Isso me leva a perguntar: se o Espírito da Verdade já era, na época de Kardec, um Espírito perfeito, e aceitou-se suas comunicações, por que não aceitar as de Jesus? Pela condição de criador e construtor de nosso planeta, ele não tem ainda mais condições de se comunicar com quem quiser, como quiser e quando quiser?

HP: Veja meu amigo, se Jesus não puder se comunicar mediunicamente, por maior razão não poderia ter encarnado, e os teósofos estariam certos, ou até mesmo Roustaing.

Aprendi aqui, desencarnado, que Jesus tem tanto poder, que estando onde estiver, ele mantém plena consciência do que acontece com todos os seres vivos de nossa Terra, desde os micróbios, até o mais elevado Espírito que aqui vivem.

Isso sem contar que ele controla todos os processos dos fenômenos dos não vitalizados, porque vivos todos são, pois para existirem é necessário que sejam estruturados por Mônadas. Ou seja, vitalizados (orgânicos) quando têm vida biológica, e não-vitalizados quando não têm (inorgânicos).

E nosso Mestre consegue contatar a todos ao mesmo tempo, sem sofrer qualquer reação negativa.

Um número gigantesco, que só mesmo Jesus consegue saber, aqui na Terra.

Com toda essa capacidade, Jesus está em constante contato com todos e tudo na Terra.

O que o impediria de se comunicar com quem quisesse?

Sendo a Revelação Espírita o passo inicial da renovação completa de nosso mundo, como não aceitar que o Mestre viesse “pessoalmente” confirmar tudo, que ele mesmo previra quando aqui esteve?

Achar que Jesus estivesse afastado de nós por ser tão poderoso como é seria inverter toda a verdade, que é exatamente o contrário.

Mais do que ninguém, Jesus é quem maior condição tem de se comunicar, seja como for.

Mas é necessário alertar: realmente o Mestre tem que respeitar os trabalhos de todos. Assim é preciso que o motivo das comunicações dele seja importante, como foi com Kardec. Todo cuidado para evitar mistificação será sempre pouco.

É preciso avaliar tudo com o máximo de critério e jamais imaginar ser alguém especial, nunca esquecendo a condição daqueles que Jesus escolheu como seus apóstolos quando aqui esteve encarnado.

RC: Herculano, poderíamos avaliar as causas de toda essa confusão?

HP: Uma única causa explica tudo isso: a maneira mítica e mística com que Kardec olhava Jesus, e também a minha quando encarnado.

Ele não aceitou três comunicações de Jesus, dadas em Paris. E eu concordei com tudo.

Ao colocar uma mensagem dada por Jesus na Sociedade Espírita de Paris, no capítulo XXXI de “O Livro dos Médiuns”, item IX, Kardec se coloca em uma posição de dúvida, muito embora ache tal mensagem digna de Jesus.

E eu concordei com ele, dizendo ao pé da página que o nome havia sido trocado pelo do Espírito da Verdade na mesma mensagem colocada no capítulo VI de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Vale aqui esclarecer que neste capítulo do Evangelho, das quatro mensagens ditas do Espírito da Verdade, apenas uma é dele. As outras três são de Jesus.

Para que não fique nenhuma dúvida, vamos colocar aqui apenas o início da mensagem de Jesus, colocada em “O Livro dos Médiuns”:

“Sou eu que venho, o teu salvador e o teu juiz. Venho como outrora entre os filhos transviados de Israel”.

Só por esta passagem, não há como negar ser Jesus falando. Depois o Mestre diz:

“Revelei a divina doutrina”.

Outra frase que só pode ser de Jesus, pois naquela época Elias encarnou como João Batista e não era ainda perfeito. Só por esta frase fica impossível negar que seja de Jesus, uma vez que só ele poderia revelar a divina doutrina, ou seja, trazer para nós o pensamento de Deus, pois como disse Kardec, Jesus era entre nós o médium de Deus.

É incrível que tivéssemos deixado passar esses detalhes, negando-nos a aceitar a presença de Jesus, trocando-o pelo Espírito da Verdade.

RC: Mas Herculano, essa confusão levou alguns a pensarem que Jesus era o Espírito da Verdade, que como já vimos não era realidade.

HP: Sim meu amigo. Sem dúvida. A maneira com que as coisas foram colocadas primeiro por Kardec e depois por mim levou várias pessoas a concluírem isso.

Veja aonde o mito e o misticismo nos levam. E infelizmente hoje, tudo isso continua acontecendo no meio espírita. Criam-se os mitos, e aqui faço novamente o “mea culpa”, por ter feito parte disso tudo, como a infalibilidade de Kardec, a infalibilidade de Espíritos que não o são em absoluto, levando a aceitar erros, como o meu e do Kardec, como verdades intocáveis.

Felizmente apareceu gente corajosa, como as de seu grupo, não se preocupando com tais opiniões e intransigências estabelecidas, procurando analisar os fatos pelos Atributos de Deus e pela Fé Racional, estas sim perfeitas realidades que nos passou o Espírito da Verdade, pela genialidade de Kardec.

E o próprio Kardec, após desencarnar como Chico Xavier (outra verdade que me neguei a aceitar), juntamente com vocês agora fez a correção de “O Livro dos Espíritos”, mostrando que não só nele, mas também em toda a Codificação há erros que contrariam os Atributos de Deus.

Espero, meu caro, que tal livro seja o mais rápido possível colocado ao alcance de todos.

Minha profunda gratidão por não terem feito de mim um mito infalível, proporcionando-me a chance de escrever este artigo, que espero seja o primeiro de outros tantos.

J.Herculano Pires
Conversa psicografada pelo médium Rosino Caporice em São Paulo, no dia 20/03/2015.

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