Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

LIVRE-ARBÍTRIO e FATALIDADE

15ª. AULA: LIVRE-ARBÍTRIO e FATALIDADE

A) LIVRE-ARBÍTRIO e FATALIDADE
Ao tratar da criação dos Espíritos, Galileu Galilei (Espírito), assim se expressa: “O Espírito não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, ao mesmo tempo, o livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra de sua individualidade; é somente a partir do dia em que o Senhor imprime sobre sua fronte seu augusto sinal, que o Espírito toma lugar entre as humanidades” (A Gênese, Cap. VI, item 19).

O homem goza do livre-arbítrio a partir do momento em que manifesta a vontade de agir livremente; porém, “nas primeiras fases da vida a liberdade é quase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com as faculdades”. (L.E. 844).

A liberdade de agir, portanto, é relativa, pois depende, primeiramente, da vontade de realizar algo. No princípio de seu desenvolvimento, o Espírito ainda não sabe direcionar sua vontade, senão para a satisfação de suas necessidades básicas. Neste caso, prevalece o instinto. Uma vez ampliada a sua consciência, novos interesses surgem. À medida que sua vida vai se tornando complexa, o livre-arbítrio é limitado pela atuação da lei de causa e efeito, até que o ser consiga libertar-se do círculo das reencarnações e aí seu exercício torna-se pleno.

De maneira geral, contudo, somos livres para agir e somos responsáveis pelos esforços que fazemos para superar os obstáculos, para realizar nosso programa de vida e para progredir. Nenhuma oportunidade nos é negada; mas não podemos pensar em fazer as coisas de qualquer jeito, burlando as leis divinas, como burlamos as leis humanas.

Isso não quer dizer que haja um fatalismo nos acontecimentos da vida, como se tudo já estivesse escrito previamente; pois, “fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte” (no conceito do Espírito da Verdade a Kardec – L.E., 853). Todavia, só morremos quando nossa hora é chegada.
Essa hora é aquela prevista em nosso programa encarnatório ou aquela que assinalamos pela nossa imprevidência (excessos que comemos, perigos desnecessários a que nos expomos, vícios que abreviam nossa existência, etc…). Não sabemos de antemão que gênero de morte devemos sofrer, mas sim a que tipos de perigos estamos expostos pelo gênero de vida que escolhemos.

Além disso, na nossa condição evolutiva, estamos sujeitos, irresistivelmente, à lei das reencarnações, pois se o Espírito permanecesse no mundo espiritual, “ficar-se-ia estacionário, e o que se quer é avançar para Deus” (L.E., 175a). Portanto, o momento da encarnação, como o da reencarnação, é fatal: “a fatalidade só consiste nestas duas horas: aquelas em que deveis aparecer e desaparecer neste mundo” (L.E. 859).

Mas, há um outro tipo de fatalidade, referente à escolha que o Espírito faz de suas provas, no momento da encarnação. Ciente de suas necessidades, “traça para si mesmo uma espécie de destino, que é a própria conseqüência da posição em que se encontra” (L.E. 851). É o caso das provas físicas, que vão delimitar as manifestações do próprio Espírito. Quanto às provas morais e ás tentações, poderá ceder ou resistir a elas pois conserva o livre-arbítrio para o bem e o mal. Neste caso, conscientiza-se da necessidade do autoconhecimento e da reforma íntima e faz tudo por melhorar-se, superando suas imperfeições.

BIBLIOGRAFIA:
Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos
Kardec, Allan – A Gênese.

QUESTIONÁRIO:
1 – O homem goza de livre-arbítrio pleno?
2 – O que a liberdade de agir impõe ao Espírito?
3 – Em que consiste a fatalidade para o Espírito?

B ) ESQUECIMENTO DO PASSADO
O início de uma encarnação para o homem é sempre cercado de expectativas e dúvidas. É uma nova experiência que se inicia e a ela o ser apresenta-se como um “livro em branco”, em que deverá escrever a história de sua existência.

Espírito milenar, tendo vivido muitas outras encarnações, o homem é uma obra em andamento, um livro que já se encontra preenchido em boa parte de suas páginas. Por que não conseguimos lê-lo? Porque faz parte do processo encarnatório o esquecimento do passado. Em razão dele, somos mais autênticos.

De fato, se hoje somos imperfeitos, no passado o fomos ainda mais; se hoje cometemos tantos erros, se ainda nos envolvemos com as ilusões do mundo, se revelamos constantemente traços de animalidade (violência, ódio, indiferença), podemos imaginar como teremos sido no passado mais distante.

Se ele estivesse vivo em nossa consciência, tornar-se-ia, certamente, um empecilho para as novas experiências. Se nos lembrássemos dos erros cometidos (ou daqueles que cometeram contra nós), viveríamos torturados pela culpa, pelo remorso, pelo desejo de vingança etc… Se tivéssemos tido existências venturosas e confortáveis, no poder, no luxo e na riqueza, o orgulho, o egoísmo e a vaidade seriam um entrave para o nosso livre-arbítrio.
De qualquer forma, as perturbações às nossas relações sociais seriam inevitáveis, visto nos lembrarmos do que fizéramos ou sofrêramos de nosso próximo, mormente naquele que convive conosco.

Por este motivo, misericórdia divina concedeu-nos o que é necessário e suficiente para o sucesso da nova existência a cumprir, isto é, a voz da consciência e as tendências instintivas, que nos permitem identificar aquilo que precisamos fazer para nos corrigir e progredir no presente, superando as montanhas dos nossos erros e imperfeições e prosseguindo no processo evolutivo com maior liberdade e a certeza de que se Deus lançou um véu sobre o nosso passado, isto ser-nos-à o mais adequado.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec assim interpretou o esquecimento do passado: “O Espírito renasce freqüentemente no mesmo meio em que viveu, e se encontra em relação com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes tenha feito. Se nelas reconhecesse as mesmas que havia odiado, talvez o ódio reaparecesse. De qualquer modo, ficaria humilhado perante aquelas pessoas que tivesse ofendido.

“Deus nos deu, para nos melhorarmos, justamente o que necessitamos e nos é suficiente: a voz da consciência e as tendências instintivas; e nos tira o que poderia prejudicar-nos.

“O homem traz, ao nascer, aquilo que adquiriu. Ele nasce exatamente como se fez. Cada existência é para ele um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi: se está sendo punido, é porque fez o mal, e suas más tendências atuais indicam o que lhe resta corrigir em si mesmo. É sobre isso que ele deve concentrar toda a sua atenção, pois daquilo que foi completamente corrigido já não restam sinais. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, que o adverte do bem e do mal e lhe dá a força de resistir às más tentações”.(Cap.V, item 11).

Ora, a lembrança do passado jamais se perde. Muitas vezes, sinais do passado transparecem sutilmente em nossos gestos, em nossos atos, em nossas palavras. Em nossos relacionamentos, as lembranças ficam apagadas, veladas; todavia, elas continuam vivas nos registros profundos da consciência.
As questões que ficaram em aberto, os problemas não resolvidos no passado, mantêm-se presentes na consciência, embora latentes, aguardando novas resoluções. O que já foi superado, funde-se à personalidade, permitindo um caminhar mais liberto e sereno. O esquecimento do passado jamais será um obstáculo à melhoria do Espírito; antes, é um benefício inestimável concedido á criatura humana.

E, após a morte, o Espírito recobra a lembrança do passado, para que possa tomar boas resoluções em relação às suas próximas encarnações.

BIBLIOGRAFIA:
Kardec, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo
Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos

QUESTIONÁRIO:
1 – O que é necessário ao Espírito para iniciar uma nova existência, em relação às lembranças do passado?
2 – O que o homem traz, ao nascer, para a nova existência?
3 – As lembranças do passado ficam perdidas para o homem? Como elas se manifestam?

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