AS MULTIPLICAÇÕES DOS PÃES
PRIMEIRA MULTIPLICAÇÃO
"Jesus, levando os apóstolos consigo, retirou-se à parte para uma cidade chamada Betsaida. Mas, ao saber disto, a multidão seguiu-o; e Jesus, acolhendo-a, falava do Reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura. O dia começava a declinar e, aproximando-se de Jesus os doze, disseram: Despede a multidão para que, indo às aldeias e sítios vizinhos, se hospedem e achem alimento; pois estamos aqui num lugar deserto. Ele, porém, lhes disse: Dai-lhes vós de comer. Responderam eles: Não temos mais do que cinco pães e dois peixes, a não ser que devamos ir comprar comida para todo esse povo. Pois eram quase cinco mil homens. Então disse aos seus discípulos: fazei-os sentar em turma de cerca de cinquenta cada uma. Assim fizeram, e mandaram a todos sentar-se. E tomou Jesus os cinco pães e os dois peixes, e, erguendo os olhos ao Céu, os abençoou e partiu; e entregou-os aos discípulos, para que os distribuíssem pela multidão. Todos comeram e se fartaram; e foram levantados doze cestos de pedaços que lhes sobejaram. " (Lucas ix, 10-17)
Primeira multiplicação
"Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali numa barca para um lugar deserto, à parte; e quando as multidões o souberam, seguiram-no das cidades por terra. Ele ao desembarcar viu uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os enfermos. À tarde, aproximaram-s e dele os discípulos, dizendo: Este lugar é deserto e a hora é já passada; despede, pois, ai multidões, para que indo às aldeias, comprem alguma coisa, para comer. Mas Jesus lhes disse: Não precisam ir; dai-lhes vós de comer. Replicaram-lhe: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes. Disse ele: Trazei-mos cá. E tendo mandadoà multidão que se assentasse à relva, tomou os cinco pães e os dois peixes, e, erguendo os olhos ao Céu, deu graças, e, partindo os pães, entregou-os aos discípulos e os discípulos entregaram-no à multidão. E todos comeram e se fartaram; e do que sobejou levantaram doze cestos cheios de pedaços. Ora, os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além das mulheres e crianças". (Mateus, XIV, 13:21)
SEGUNDA MULTIPLICAÇÃO
Chamando Jesus a seus discípulos disse: Tenho compaixão deste povo, porque há três dias estão sempre comigo e nada têm que comer; não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho. Disseram-lhe os discípulos: onde encontraremos neste deserto tantos pães para fartar tão grandiosa multidão? Perguntou-lhes Jesus: quantos pães tendes? Responderam: sete e alguns peixinhos. E tendo mandado o povo que se assentasse no chão, tomou os sete pães e os peixes e, dando graças, partiu-os e entregou-os aos discípulos, e os discípulos entregaram-nos ao povo. Então todos comeram e se fartaram; e do que sobejou levantaram sete alcofas cheias de pedaços. Ora, os que comeram foram quatro mil homens, além de mulheres e crianças. E despedindo do povo, Jesus foi para os confins de Magadã. " (Mateus XV, 32-35
Primeira multiplicação
"Ao desembarcar viu Jesus uma multidão de homens e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas sem pastor, e começou a ensinar-lhes muitas coisas. Como a hora fosse já adiantada, chegaram-se a ele os discípulos, dizendo: Este lugar é deserto, e já é muito tarde; despede-os para que vão aos sítios e aldeias circunvizinhas comprar para si alguma coisa. Mas Jesus disse-lhes: dai-lhes vós mesmos de comer. Deveremos então, disseram eles, ir comprar duzentos denários de pão e dar-lhes de comer? E ele lhes perguntou: Quantos pães tendes? Ide ver. Depois de se terem informado, responderam: Cinco pães e dois peixes. Então mandou os discípulos que a todos fizessem sentar em grupos sobre a relva verde. E sentaram-se em turmas de cem e de cinquenta. E ele tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao Céu, deu graças, e, partindo os pães, entregou-os aos discípulos para eles distribuírem-nos; e repartiu por todos os dois peixes. Todos comeram e se fartaram; e recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. Ora, os que comeram os pães foram cinco mil homens. " (Marcos vi, 34-44)
Segunda multiplicação
"Naqueles dias, como houvesse de novo concorrido uma grande multidão, e não tivesse que comer, chamou Jesus os discípulos, e disse-lhes: Tenho compaixão deste povo, porque há três dias que está sempre comigo e nada tem que comer; e se eu os mandar para as suas casas em jejum, desfalecerão no caminho, pois alguns há que vieram de longe. Disseram seus discípulos: Donde poderá alguém satisfazê-los de pão aqui no deserto? Ele perguntou: Quantos pães tendes? Responderam eles: Sete. E ordenou ao povo que se assentasse ao chão; e tomando os sete pães, depois de haver dado graças, partiu-os e entregou-os a seus discípulos, para que os distribuíssem; e eles os distribuíram pela multidão. Tinham também alguns peixinhos; e abençoando-os, mandou que estes igualmente fossem distribuídos. Todos comeram e se fartaram; e levantaram, dos pedaços que sobejaram, sete alcofas. E eram perto de quatro mil homens. Depois Jesus os despediu. E entrando logo na barca com os seus discípulos, dirigiu-se para o território de Dalmanuta. " (Marcos VIII, 1-10)
Narrativa do Evangelista João
"Jesus atravessou o Mar da Galiléia, que é o de Tiberíades. Uma grande multidão seguia-o, porque tinham visto os milagres que operava nos que se achavam enfermos. Jesus subiu ao monte, e ali se assentou com os seus discípulos. A Páscoa, festa dos judeus, estava próxima; Jesus, então, levantando os olhos e vendo uma multidão que vinha a ter com ele, disse a Filipe: onde compraremos pão para lhes dar de comer? (Mas dizia isto para o experimentar, porque ele sabia o que ia fazer). Respondeu-lhe Filipe: Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pouco. Um dos seus discípulos chamado André, irmão de Pedro, disse-lhe: Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixes, mas o que é isto para tanto povo?
Disse Jesus: Fazei sentar o povo. Ora, havia naquele lugar muito feno. Sentaram-se pois, os homens em número de cinco mil. Jesus, então tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os pelos que estavam sentados; e do mesmo modo os peixes, quanto queriam. Depois de saciados, disse Jesus a seus discípulos: Recolhei os pedaços dos cinco pães de cevada (que sobejaram aos que haviam comido). Ora, quando o povo viu o milagre que Jesus fizera, disse: Este é verdadeiramente o profeta que havia de vir ao mundo. " (João vi, 1-14)
Comentário
Todos os fenômenos, quando desconhecidos, a sua procedência e o modo pelo qual se manifestaram, são inverossímeis. O mundo, desde o primeiro bruxulear da inteligência humana, tem sofrido os embates das negações inscientes de uns, e das afirmações dogmáticas de outros; de um lado o inverossímil, o nada; do outro, o mistério e o sobrenatural .
Leia-se a história das novas verdades, que têm concorrido com as suas luzes para nosso progresso, e dos novos descobrimentos que nos dão comodidade e bem-estar, e pergunte-se às gerações passadas se não lhes pareciam inverossímeis e até impossíveis. Que juízo se fazia do vapor, da telegrafia, da constituição do corpo humano, etc? O fenômeno da multiplicação dos pães tem sido assunto de intermináveis controvérsias entre os religiosos e os negadores. Aqueles, não podendo negá-lo, pois faz parte integrante dos Evangelhos, relegam-no para as esferas do milagre e do sobrenatural.
Os materialistas, por sua vez, não podendo explicá-lo de acordo com a sua limitada ciência, negam-lhe a veracidade, "porque as leis da natureza são inflexíveis e não se pode tirar alguma coisa donde só existe o nada". São muito cômodos estes processos, usuais entre os corifeus da Religião e da Ciência: afirmar sem provas, sem lógica e sem raciocínio, e negar sem exame e sem estudo, adotando para a discussão unicamente os sofismas e a filosofia abstrata. Mas os argumentos capciosos de uns e outros estão em pleno desacordo com as teorias que eles professam. Os católicos e protestantes ficam impossibilitados de provar aos materialistas a "multiplicação dos pães", devido à falsa crença que professam, de ter sido o mundo feito do nada.
Ora, como o nada pode produzir, e, do nada, nada se pode tirar, Jesus não poderia tirar pães e peixes donde nada existisse de pães e de peixes, nem de elementos para confeccioná-los. A proposição é lógica e clara, e ninguém poderá demonstrar o contrário. O materialismo, a seu turno, como a sua ciência, não admite o Espírito, e tudo é produto da força e da matéria, vê-se em duas conjeturas diante do fenômeno e, não podendo explicá-lo, acha de melhor alvitre negá-lo. A "multiplicação dos pães" em face da Religião e da Ciência, não passa, portanto, de absurdo, justamente porque essas duas ramificações do conhecimento são constituídas sobre as bases do absurdo. E assim, impedidas de tratarem do fenômeno por não poderem explicá-lo claramente, a Religião o relega para o domínio do milagre, do sobrenatural; e Ciência o arroja para os báratros da negação e do nada.
O Espiritismo apresenta-se justamente no momento propício em que as verdades Evangélicas são menosprezadas para reintegrá-las no seu verdadeiro lugar, dando-lhes o justo valor. E assim vem ele explicá-las de acordo com a razão e com a verdadeira Ciência, conforme as Leis Naturais . A Ciência e a Religião oficiais, divididas em dois campo de ação, se chocam e se contradizem, eternizaram a sua luta em prejuízo da Humanidade. Deus fez soar a hora das grandes reivindicações, e ( Espiritismo foi chamado para solucionar os problemas inextricáveis para a "religião" e para a "ciência". Ora, vamos ver como os Espíritos encaram o transcendental fenômeno da "multiplicação dos pães no deserto".
A "panificação do trigo", sob as ordens e direção de Jesus Cristo, no deserto, não pode deixar de obedecer à lei da materialização dos corpos, tenham eles a natureza que tiverem, sejam de carne, de massa, de pedra. O fenômeno da materialização tem como complemento o da desmaterialização, e se assenta justamente num princípio positivo proclamado pela ciência materialista, que é a existência, no Universo, da força e da matéria: força e matéria são os princípios constitutivos do Universo. Mas como está mais que provado que a força e a matéria não podem por si sós produzir fenômenos inteligentes, e todo o efeito inteligente deve forçosamente ter uma causa inteligente, o Espiritismo vem demonstrar a existência de Inteligências livres e individualizadas que presidem à direção da força e manipulam a matéria em suas múltiplas manifestações objetivas.
Para todas as obras ocorrentes na vida mundial, precisamos da força e da matéria; sem elas nada podemos produzir, mas ninguém é capaz de afirmar que unicamente a força e a matéria sejam capazes de erguer uma casa, de construir e mover uma máquina, de confeccionar um pão. Para tudo isso não dispensamos a força e a matéria, mas a força e a matéria, sem a nossa ação inteligente em qualquer dessas obras, nenhum efeito teriam. Esta é a verdade capital, e para o que concerne às coisas espirituais, à Metafísica, não podemos deixar de nos basear nos mesmos princípios.
No Universo todo, existe a força e a matéria. Na atmosfera terrestre a força e a matéria se manifestam de modo frisante; no deserto e no monte, nas cercanias do Tiberíades, não podia deixar de haver profusão de força e matéria. A região aérea é provida de todos os elementos de vida que constituem nossos corpos, não há vácuo na Natureza; a própria Natureza não é uma expressão abstrata, mas, sim, a constituição de seres e coisas em suas múltiplas e variadas formas; assim como no Éter existem animálculos visíveis com o auxilio do microscópio, mas imperceptíveis aos nossos sentidos limitadíssimos, devem existir diversos corpos orgânicos e inorgânicos, materiais admiráveis, elementos de vida invisíveis que nos deslumbrariam se nos fosse dado vê-los.
O que é a força? O que é a matéria? Vemos a força transformar-se em matéria e a matéria transformar-se em força! Os fenômenos de materialização e desmaterialização dos corpos, constatados por sábios de valor, nas sessões espíritas, não podem mais ser negados por qualquer "príncipe da ciência" nem "pontífice da religião". Quem será hoje capaz de assegurar que a força não se condensa, transformando-se em matéria, e que a matéria não se rarefaz, transformando-se em força! Mas abordemos de rijo o caso da "multiplicação dos pães", sem preconceitos e sem temor do ridículo da "ciência oficial".
Encaremos o caso de acordo com as experiências dos mais renomados sábios contemporâneos. Comecemos pelos resultados obtidos por William Crookes. No seu relato na Quaterly Review, órgão da Academia de Ciências da Inglaterra, diz ele ter conseguido da Entidade Espiritual, que lhe proporcionava fenômenos, a introdução da fração de um grão de arsênico através das paredes de um tubo de vidro fechado a fogo, no qual ele havia posto água pura. Numa outra sessão, o Espírito de Katie King permitiu que se lhe cortasse um cacho de cabelos, o que foi feito, cabelos que ela materializava e que cresciam em sua cabeça; e ainda noutra permitiu que se lhe cortassem pedaços do vestido que trazia, e a Sra. Marryat, observando que o vestido ficara muito esburacado e teria necessidade de grandes consertos, ela replicou: "Vou mostrar-vos como trabalhamos no Mundo dos Espíritos". Ergueu parte de seu vestido e retalhou-o bem com a tesoura, deixando-lhe cerca de quarenta buracos; depois exclamou: "Não é uma bonita peneira?" Estavam perto dela; viram-na então sacudir docemente a sua saia, e logo todos os buracos desapareceram sem subsistir o menor sinal!
Crookes assinala ter cortado uma mecha de cabelos do Espírito de Katie, que conservou por longo tempo. Enfim, donde vinha o vestido de Katie? Não podia ser do médium, porque ela própria afirmara que do médium só hauria a força vital, portanto, nem sempre ela tirava o seu corpo do médium. Russel Wallace, que fez experiências transcendentais, também afirma ter verificado produções de ervas e flores que não existiam na Europa. O Espírito as traria da China? É possível, mas neste caso os "pães da multiplicação" também poderiam ter vindo do Egito ou de outro país. Os meninos Pansini, de Bari, que foram transportados à distância de 45 quilômetros, em 15 minutos, por várias vezes tiveram, no quarto em que se achavam presos, grande quantidade de doces, confeitos e bombons de todas as qualidades e trazidos, todos esses doces, por mãos invisíveis, sem que se soubesse como nem donde.
Seriam feitos pelos Espíritos? Seriam tirados de elementos atmosféricos, ou seriam transportados de alguma confeitaria? Não se sabe, mas sabe-se que os doces aí apareciam, como por encanto! Inúmeros são os casos de produções, por Espíritos, de matérias comestíveis. Só os desconhece aquele que não estuda e não acompanha o Movimento Espírita, que se manifesta no mundo inteiro. Seria então ousada, como hipótese de trabalho, a afirmação de ter Jesus, com a colaboração de seus auxiliares espirituais e a dos seus discípulos, que eram médiuns, materializados confeccionado pães, com os elementos da Natureza ao seu alcance? E se essa hipótese não se verificasse, no caso vertente não se poderia, em face dos fenômenos de transportes, cuja realidade é proclamada hoje em todos os países do mundo, afirmar que os "pães da multiplicação" foram também transportados para alimentar a multidão faminta que, naquela ocasião, seguia o Mestre, arrebatada pelas consoladoras esperanças que Ele a todos proporcionara? Onde está o milagre, onde está o impossível na efetivação desse fenômeno?
Se a "multiplicação dos pães" fosse o fato único relatado na História, poder-se-ia ainda conceber a negação; contudo, fenômenos mais ou menos semelhantes são narrados por pessoas de valor e experimentadores insuspeitos, merecendo a aceitação dos psicólogos que estudam e pesquisam a vida em sua oculta fase espiritual. Há pouco, o sr. W. Asano, presidente da Sociedade Japonesa de Ciência Psíquica, fez, no Congresso Internacional Espírita, uma comunicação bem interessante sobre um velho analfabeto de mais de sessenta anos, que mora no Condado de Ysé. Aos nove anos fizeram-no discípulo dum Tengu (um Espírito, ser misterioso do plano astral). De vez em quando esse Tengu o visita e o leva em viagem a diferentes lugares.
Ele diz que em companhia desse ser super-humano pode percorrer várias centenas de milhas sem se cansar e em pouquíssimo tempo. E acrescenta que esse estranho Ser muitas vezes lhe dá vários objetos, livros, pergaminhos, ou então ofertas para o santuário, como bolos de arroz, peixes secos, frutas, doces, etc. Deixamos de fazer referência aos casos narrados nas Escrituras a tal respeito, convidando os leitores a estudá-los para uma perfeita compreensão do fenômeno.
Encarando o fato pelo lado moral, poder-se-ia fazer dele uma parábola demonstrativa dos poderes de Jesus e das regalias o Mestre oferece a quem desinteressadamente o segue. Com efeito, só com Jesus teremos tudo o de que precisamos neste mundo, e ainda mais, os talentos e as minas concedidas como premissas para aquisição da felicidade no outro mundo. O ínclito orador lusitano, que perlustrou o solo brasileiro, num dos seus sermões, diz: "Quereis ter pão? Quereis tê-lo em abundância? Segui a Jesus". E o meio mais consentâneo com o espírito da religião, é aconselhar a todos os que sofrem e estão famintos, seguirem Jesus. Assim como o Mestre multiplicou, no deserto, os pães e os peixes, e saciou a multidão faminta, recolhendo-se ainda, da sobra, muitos cestos de pedaços de pães e de peixes, assim continuará Ele a fazer aos que buscarem a sua Palavra, aos que lhe obedecerem os preceitos, aos que tomarem vivo interesse pelo seu próprio progresso espiritual .
De duas naturezas eram os pães que Jesus ofertou à multidão que, pressurosa, seguia seus passos: o pão para o corpo e o pão para a alma, o pão que sacia a fome do Espírito. Elevemo-nos em reconhecimento e gratidão pelas muitas graças que cotidianamente Dele vamos recebendo e não nos esqueçamos de que bem-aventurado não será só o que ouviu a Palavra do Evangelho, mas sim o que a puser em prática.
Cairbar Schutel
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