Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 4 de setembro de 2012

O Pão do Céu


Livro selecionado: "A Gênese"

ÍNDICE



50. No dia seguinte, o povo, que permaneceu no outro lado do mar, notou que daquele lado não havia barca, e que Jesus não entrara na que seus discípulos haviam tomado, que os seus discípulos haviam partido sós, _ e como tinham chegado depois outras barcas de Tiberíades, perto do lugar onde o Senhor, depois de render graças, os alimentara com cinco pães; _ e como verificassem, depois, que Jesus ali não se encontrava, nem tampouco seus discípulos, entraram nessas barcas, e vieram a Cafarnaum buscar a Jesus. _ E tendo-o encontrado além do mar, lhe disseram: Mestre, quando vieste para cá?

Jesus lhes respondeu: Em verdade, em verdade vos digo, vós me procurais, não por causa dos milagres que tendes visto, mas porque eu vos dei pão para comer, e ficastes saciados. _ Trabalhai a fim de ter, não a comida que perece, mas aquela que permanece para a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará, porque é nele que o Deus Pai imprimiu seu selo e seu caráter.

Ao que lhe disseram: Que faremos nós para fazer as obras de Deus? _ Jesus lhes retrucou: A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou.

Perguntaram-lhe então. Que milagre operarás que nos faça crer, vendo-o? Que farás de extraordinário? _ Nossos pais comeram o maná no deserto, conforme está escrito: Ele lhes deu de comer o pão do céu.

Jesus lhes respondeu: em verdade, em verdade vos digo que Moisés não vos deu o pão do céu; meu Pai é quem dá o verdadeiro pão do céu, _ porquanto o pão de Deus é aquele que desceu do céu e que dá vida ao mundo.

Disseram, eles então: Senhor, dá-nos sempre desse pão.

Jesus lhes respondeu: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim não terá jamais sede. _ Porém eu já vos disse: vós me tendes visto e não credes.

Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim tem a vida eterna. _ Eu sou o pão da vida. _ Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. _ Aqui está o pão que desceu do céu, a fim de que quem dele comer não morra. (S. João, cap. VI, vers. 22-36 e 47-50).

51. Na primeira passagem, Jesus, lembrando o fato produzido anteriormente, de modo claro dá a entender que não se tratava de pães materiais; de outro lado, a comparação que estabeleceu com o fermento dos fariseus teria sido sem objetivo. "Não compreendeis ainda, diz ele, e não vos recordais que cinco pães bastaram para cinco mil homens, e que sete pães bastaram para quatro mil homens? Como é que não compreendeis que não vos falo do pão, quando vos disse que deveis tomar cuidado com o fermento dos fariseus?" Este confronto não teria nenhuma razão de ser na hipótese de uma multiplicação material. O fato deveria ter sido bastante extraordinário em si mesmo para ter atingido a imaginação de tais discípulos, os quais, todavia, não pareciam recordar-se.

É também o que não menos ressalta, do discurso de Jesus acerca do pão do céu, no qual ele se esforça para fazer compreender o sentido verdadeiro da nutrição espiritual: "Trabalhai, diz ele, não para ter a comida que perece, mas aquela que dura por toda a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará." Essa alimentação é a sua palavra, que é o pão vindo do céu e que dá vida ao mundo. "Eu sou, diz ele, o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim não terá sede."

Porém, tais distinções eram demasiado sutis para as naturezas brutas dos que o ouviam, e que só compreendiam as coisas tangíveis. O maná que nutria o corpo de seus ancestrais era para eles o verdadeiro pão do céu; ali estava o milagre. Se, pois, a multiplicação dos pães tivesse se realizado materialmente, como é que esses mesmos homens, em cujo proveito ele se havia realizado apenas há poucos dias, teriam sido tão pouco impressionados com ele, para dizer a Jesus: "Qual milagre, pois, fizestes, a fim de que vendo-o, nós vos acreditemos? Que fizeste vós de extraordinário?" É que eles entendiam por milagres, os prodígios que os fariseus exigiam, isto é, sinais no céu, realizados sob ordem, como sob a varinha de um mágico. Aquilo que Jesus fazia era demasiado simples, e não se afastava das leis da Natureza; mesmo as curas não tinham um caráter demais estranho, bastante extraordinário; os milagres espirituais não tinham suficiente substância para eles.

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