Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Jovem e o Espiritismo


O Jovem e o Espiritismo

Sérgio Biagi Gregório


RESUMO: 1. Introdução. 2. Infância e Juventude de Acordo com a Psicologia e Ciências Afins: 2.1. Infância; 2.2. Juventude: a) Adolescência Biológica; b) Adolescência Psicológica; 2.3. O Jovem-Adulto. 3. Infância e Juventude de Acordo com a Doutrina Espírita. 4. Desenvolvimento Integral da Personalidade. 5. O Jovem no Centro Espírita. 6. Mensagem aos Jovens. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O nosso propósito é obter conhecimentos sobre as tendências da mentalidade juvenil, no sentido de melhor encaminhar o jovem para a potencialização de sua dimensão social e espiritual, não só dentro de uma Casa Espírita, mas também no lar e na sociedade.

2. INFÂNCIA E JUVENTUDE DE ACORDO COM A PSICOLOGIA E CIÊNCIAS AFINS

2.1. INFÂNCIA

A infância é uma longa fase de preparação e de elaboração da personalidade. Contrariamente aos animais, o bebê da raça humana possui poucas capacidades inatas. Nos primeiros meses a criança não percebe ainda as formas precisas dos seres, nem as distâncias das coisas, nem as cores diversificadas, nem a configuração das pessoas. Contudo, com o passar do tempo, vai adquirindo o poder de assimilar, de recriar, etapa por etapa, todas as conquistas da civilização.

Pode-se dizer que a mentalidade infantil caracteriza-se por:

a) egocentrismo (geral e não pejorativo);

b) ênfase ao concreto em contrapartida ao abstrato;

c) não possuidora do conhecimento de si mesmo, que o distingue dos outros;

d) nível baixo de atenção e de concentração;

e) desejo de permanecer num estado de despreocupada liberdade e ter uma vida ativa e aventureira. (Gauquelin, 1987)

2.2. JUVENTUDE

Na Conferência Internacional sobre a Juventude realizada em Grenoble (1964), a UNESCO estabeleceu o seguinte conceito de juventude: "O termo juventude designa um estado transitório, uma fase da vida humana de começo bem definido pelo aparecimento da puberdade; o final da juventude varia segundo os critérios e os pontos de vista que se adote para determinar se as pessoas são ‘jovens’. Por juventude entende-se não só uma fase da vida, mas também os indivíduos que pertencem aos grupos de idade definidos com jovens".

Na análise da juventude ou adolescência, distingue-se:

a) Adolescência Biológica

Numa etapa cujo início depende de fatores climáticos, começa uma série de fenômenos físico-químicos em algumas glândulas de secreção interna. Parece que a glândula que inicia todo o processo é a hipófise, especificamente a adeno-hipófise.

A adolescência biológica é um fenômeno comum a todas as espécies animais, com a diferença de que no homem dura muito mais. Além disso, na espécie humana, as motivações sexuais se acham mais desvinculadas da taxa sangüínea em hormônios sexuais.

b) Adolescência Psicológica

A adolescência psicológica, ao contrário, é imposta por fatores culturais. É em essência um período de adaptação às normas culturais de um grupo: precisamente naquele em que vive o adolescente. Por isso, entre os romanos a adolescência consistia no cursus honorum: aos 40 anos um homem podia aspirar a ser eleito cônsul, mas até lá era só adolescente. Entre os aborígenes australianos, a adolescência é antes, pois a cerimonia de iniciação da puberdade praticamente marca o fim da infância e converte o indivíduo em membro adulto do clã. Já na civilização ocidental o processo de "adultização" é muito mais longo; o homem só é adulto quando goza de absoluta independência econômica e conseguiu inclusive fundar um lar. (Dicionário de Ciências Sociais)

2.3. O JOVEM-ADULTO

Como o termo juventude pode expressar pessoas de 7 a 77 anos, seria melhor falar não de juventude, mas de jovem-adulto, ou seja, pessoas na faixa etária entre 14 e 24 anos. Mas mesmo aí este termo está embutido de ambigüidade. Por exemplo, um moço que exerce alguma atividade profissional aos 18 anos deve ser considerado jovem ou adulto? E aquele outro que, aos 23 anos, participa de uma atividade de reflexão, é jovem ou adulto? (Polis –Enciclopédia Verbo)

3. INFÂNCIA E JUVENTUDE DE ACORDO COM A DOUTRINA ESPÍRITA

A Doutrina Espírita, que tem a lei da Reencarnação como fundamento básico, esclarece-nos que um ente na fase infantil pode designar um Espírito velho, possuidor de muitas outras vivências. Por isso, a assertiva do Cristo de "Deixar vim a mim as criancinhas, por que delas é o reino de Deus", está centrada no período em que o Espírito passa num corpo infantil e não na idade do Espírito propriamente dito. As perguntas 379 a 385 de O Livro dos Espíritos , de Allan Kardec, esclarece esta questão.

Assim sendo, e de acordo com o Espírito Emmanuel, a educação da criança deve começar no ato da concepção. É justamente no momento em que o Espírito reencarnante está adentrando no mundo físico, que ele necessita das vibrações dos seus progenitores para dar continuidade à sua tarefa. No caso de haver divergências ou dívidas de outras vidas, o momento é ainda mais propício, porque como o corpo ainda é tênue, ele pode já ir assimilando as energias que irão modificar o seu temperamento e o seu caráter.

4. DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA PERSONALIDADE

Os psicólogos falam do desenvolvimento integral da personalidade humana. Acham que cada idade deve receber o alimento adequado em instrução e afeto. É como adubar uma planta: se lhe dermos muita água, podemos encharcá-la; se lhe dermos pouca, pode não crescer o suficiente. De modo que o meio termo é o ideal.

Nesse sentido, Pestalozzi, o mestre de Kardec, preconizava que a educação deve estar centrada no desenvolvimento integral "da mente, do coração e das mãos", ou seja, o raciocínio deve estar em equilíbrio com as emoções e o seu estado físico.

Espiritismo, que é o libertador de consciências, nada mais faz do que desenvolver a integralidade da personalidade humana, pois nos oferece as ferramentas necessárias para ligarmos os fatos presentes com os do passado e os do futuro. Sendo assim, um sofrimento atual, como a morte de uma criança, cuja explicação foge-nos do controle, pode ser encontrado numa encarnação passada.

5. JOVEM NO CENTRO ESPÍRITA

A cada dia mais jovens procuram uma Casa Espírita. É preciso que os mais velhos abram espaços para eles. Não como nós gostaríamos que fosse, mas da maneira como eles necessitam de se expressarem.

Os Cursos de Evangelização Infanto-juvenil, teatro e atividades sociais, como auxiliar em Chás Beneficentes e campanhas para arrecadação de alimentos são sempre estimuladoras de sua participação.

No Centro Espírita Ismael, como forma de lhes dar mais atividade, estamos criando um Rádio Interno, em que através deles, estaremos divulgando todo o manancial de informações aos nossos freqüentadores.



6. MENSAGEM AOS JOVENS

"Foge também aos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor." — Paulo (II Timóteo, 2, 22.)

Moderar as manifestações de excessivo entusiasmo, exercitando-se na ponderação quanto às lutas de cada dia, sem, contudo, deixar-se intoxicar pela circunspecção sistemática ou pela sombra do pessimismo.

O Culto da temperança afasta o desequilíbrio.

Anotar a extensão das suas forças, consultando sempre os corações mais amadurecidos no aprendizado terrestre, sobre as diretrizes e os passos fundamentais da própria existência, prevenindo-se contra prováveis desvios.

Invigilância conservada, desastre certo.

Guardar persistência e uniformidade nas atitudes, sem dispersar possibilidades em múltiplas tarefas simultâneas, para que não fiquem apenas parcialmente executadas.

Inconstância e indisciplina são portas de frustração.

Abster-se do mergulho inconsciente nas atividades de caráter festivo, evitando, outrossim, o egoísmo doméstico que inspire a deserção do trabalho de ordem geral.

A imprudência constrói o desajuste, o desajuste cria o extremismo e o extremismo gera a perturbação.

Apagar intenções estranhas aos deveres de humanidade e ao aperfeiçoamento moral de si mesmo.

A insinceridade ilude, primeiramente, aquele que a promove.

Buscar infatigavelmente equilíbrio e discernimento na sublimação das próprias tendências, consolidando maturidade e observação no veículo físico, desde os primeiros dais da mocidade, com vistas à vida perene da alma.

Os compromissos assumidos pelo Espírito reencarnante têm começo no momento da concepção. (Xavier, 1981, cap. 2)

7. CONCLUSÃO

Saibamos cuidar bem dos valores morais de nossa juventude. São estes os fundamentos que irão moldar-lhes o caráter e a personalidade.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

GAUQUELIN, M. e F. Dicionário de Psicologia. Lisboa/São Paulo, Verbo, 1987.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
SILVA, B. (coord.) Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1986.
XAVIER, F. C. Conduta Espírita, pelo Espírito André Luiz. 8. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1981.

São Paulo, setembro de 2001

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