CENTRO ESPÍRITA
NOSSO LAR
GRUPO DE ESTUDO
DAS OBRAS DE ANDRÉ LUIZ E
MANOEL PHILOMENO
DE MIRANDA
18o livro: “Temas da Vida e da Morte”, 1986, 6
reuniões.
1a. REUNIÃO
(Fonte:
Prefácio e capítulos 1 a 4.)
1. O estudo do
Espiritismo é uma necessidade premente - No prefácio da obra,
Manoel P. de Miranda diz-nos que o estudo sistematizado do Espiritismo
constitui hoje, e assim o será no futuro, “uma necessidade que não deve ser
postergada sob qual for o motivo que, aparentemente, se apresente como justificado”.
“Ciência experimental e de observação -- assevera Miranda --, utiliza-se o
Espiritismo de metodologia especial para penetrar no mecanismo dos fenômenos
mediúnicos e da reencarnação, fenômenos
naturais e universais , desse modo equacionando um sem número de questões
que aturdem e envolvem incontáveis criaturas.” A doutrina dos Espíritos,
filosofia otimista, que resulta do estudo dos fatos, estrutura-se em postulados
nobres e nos enseja larga cópia de conhecimentos, que podem ser aplicados no
comportamento do homem, alterando para melhor a sua existência e preparando-o
para os cometimentos futuros. “Fundamentado moralmente na ética sublime do
Cristo -- afirma o autor --, é a religião do amor e da caridade, que se
converte em superior conduta pessoal, reaproximando a criatura do Seu Criador,
nesse inexorável fatalismo para o qual ruma, que é a felicidade. Simples, nas
suas colocações e esclarecimentos, exige meditação e análise, a fim de que o
aprendiz adquira segurança de fé e lógica decorrente da razão, de modo a
compreender as problemáticas da vida, desafiadoras, complexas, vencendo-as com
equilíbrio, discernimento e paz.” Manoel P. de Miranda refere-se à necessidade
que tem o Espírito de armar-se de experiências iluminativas, através da
reencarnação, para poder, quando delinqüir, retornar expiando e reparando,
avançando sempre rumo à perfeição. Identificando e mostrando-lhe as elevadas
finalidades da vida, o Espiritismo conscientiza-o da necessidade do esforço
pessoal constante, para superar as más inclinações que ele traz e trabalhar as
aspirações nobres que devem transformar-se em realidades. (Considerações Espíritas, pp. 9 e 10.)
2. Espiritismo cristão é a bandeira kardequiana - “O Espiritismo
-- assevera Miranda -- preenche todas as lacunas do conhecimento, apresentando
oportunas propostas de renovação e de esclarecimento libertador. Sempre remontando às causas, oferece a
meridiana luz que aclara os enigmas do pensamento e preenche os espaços
deixados pelas ciências, que estudam os
efeitos, tudo num processo natural de penetração nas realidades da vida.”
Eis o objetivo deste livro, que representa valiosa contribuição -- considerada
pelo autor modesta -- ao estudo de
várias questões da atualidade. Manoel P. de Miranda selecionou alguns temas e
os analisou à luz da Doutrina Espírita que, mantendo-se sempre atual, constitui
um filão aurífero inesgotável, que nos oferece cada vez mais recursos de
libertação e felicidade. Na parte final de seu prefácio, o autor relembra-nos
magistral ensinamento colhido na obra kardequiana: “Se o Espiritismo, conforme
foi anunciado, tem que determinar a transformação da Humanidade, claro é que
esse efeito ele só poderá produzir melhorando as massas, o que se verificará
geralmente, pouco a pouco, em conseqüência do aperfeiçoamento dos indivíduos.
Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele
que a tem se torne melhor, mais benigno e indulgente para com os seus semelhantes,
mais humilde e paciente na adversidade? De que serve ao avarento ser espírita,
se continua avarento; ao orgulhoso, se se conserva cheio de si; ao invejoso, se
permanece dominado pela inveja? Assim, poderiam todos os homens acreditar nas
manifestações dos Espíritos e a Humanidade ficar estacionária. Tais, porém, não
são os desígnios de Deus” (O Livro dos Médiuns, item 350, 52a edição
da FEB). E na seqüência o autor adiciona as sábias palavras com que Kardec
fechou o item 350 do referido livro: “A bandeira que desfraldamos bem alto é a
do Espiritismo cristão e humanitário,
em torno da qual já temos a ventura de ver, em todas as partes do globo,
congregados tantos homens, por compreenderem que aí é que está a âncora de
salvação, a salvaguarda da ordem pública, o sinal de uma era nova para a
Humanidade”. (Considerações Espíritas,
pp. 10 a 12.)
3. O
planejamento da reencarnação - A planificação para a
reencarnação é quase infinita e obedece a critérios que decorrem das conquistas
morais ou dos prejuízos ocasionais de cada candidato. Na generalidade, existem
estabelecidos automatismos que funcionam sem maiores preocupações por parte dos
técnicos em renascimento, e pelos quais a grande maioria dos Espíritos retorna
à carne, assinalados pelas próprias injunções evolutivas. Ao lado desse
automatismo das leis da reencarnação, há programas e labores especializados
para atendimento de finalidades específicas. Os candidatos em nível médio de
evolução, antes de serem encaminhados às experiências terrenas, requerem a
oportunidade, empenhando nisso os melhores propósitos e apresentando os recursos
que esperam utilizar, a fim de granjearem a bênção do recomeço, na bendita
escola humana. Examinados por hábeis e dedicados programadores, que recorrem a
técnicas especiais de avaliação das possibilidades apresentadas, são eles
submetidos a demorados treinamentos, de acordo com o serviço a empreender, com
vistas ao bem-estar da Humanidade,
após o que são selecionados os melhores, o que reduz a margem de
insucesso. Os que não são aceitos, voltam a cursos de especialização para
outras atividades, especialmente de equilíbrio, com que se armam de forças para
vencer as más inclinações defluentes das existências anteriores que se
malograram, bem como para a aquisição de
valiosas habilidades que lhes repontarão, futuramente, no corpo como tendências
e aptidões. (Reencarnação -- Dádiva de
Deus, pp. 13 e 14.)
4. Determinismo
e livre-arbítrio - De acordo com a ficha pessoal do candidato, é
feita, concomitantemente, pesquisa sobre aqueles que lhe podem oferecer
guarida, dentro dos mapas cármicos, providenciando-se necessários encontros ou
reencontros na esfera dos sonhos, se
os futuros genitores já estão reencarnados, ou diretamente, quando for um plano
elaborado com antecedência, no qual os membros do futuro clã convivem,
primeiro, na Erraticidade, de onde partem já com a família adredemente
estabelecida. Executada a etapa de avaliação das possibilidades e a aproximação
com a necessária anuência dos futuros pais, são meticulosamente estudados os
mapas genéticos de modo a facultarem, no corpo, a ocorrência das manifestações
físicas como psíquicas, de saúde e doença, normalidade ou idiotia, lucidez e
inteligência, memória e harmonia emocional, duração do cometimento corporal e
predisposições para prolongamento ou antecipação da viagem de retorno,
ensejando, desse modo, probabilidades dentro do comportamento de cada aluno à
aprendizagem terrena. “Fenômenos de determinismo -- afirma o autor -- são
estabelecidos com margem a alternâncias
decorrentes do uso do livre-arbítrio, de modo a permitir uma ampla faixa de movimentação
com certa independência emocional em torno do destino, embora sob controles que
funcionam automaticamente, em consonância com as leis do equilíbrio geral.”
Travam-se debates entre o futuro reencarnante e seus fiadores espirituais,
expondo-se as dificuldades a enfrentar e os problemas a vencer, nascendo daí a
euforia e a esperança em relação ao futuro. É assim que, em clima de prece,
entre promessas de luta e coragem, sob o apoio de abnegados Instrutores, o
Espírito mergulha no oceano compacto da psicosfera terrena e se vincula à
célula fecundada, dando início a novo compromisso. Os que o amam, na
Espiritualidade, ficam expectantes e interessados pelos acontecimentos,
preocupados pelos sucessos que ocorrerão, e buscarão interceder nas horas graves,
auxiliando nos momentos mais difíceis, encorajando sempre... (Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 14 e
15.)
5. O papel dos
Benfeitores no sucesso do empreendimento - A reencarnação -- que
leva a parcial esquecimento das responsabilidades, em razão da imantação
celular que se faz -- constitui sempre cometimento de grande porte e alta
gravidade. Conseguido o primeiro êxito, que é o renascimento, prossegue o
intercâmbio, durante a primeira infância, com os Amigos da retaguarda
espiritual e, à medida que o corpo absorve
o Espírito, ou este se assenhoreia daquele, vão-se apagando as lembranças
mais próximas, enquanto ressumam as fixações mais fortemente vivas do ser,
dando nascimento às tendências e paixões que a educação e a disciplina moral
devem corrigir a benefício do educando. (N.R.:
O verbo ressumar significa: dar passagem a um líquido, coando-o; coar, filtrar,
e, em sentido figurado, mostrar-se,
patentear-se, deixar-se transparecer.) Jamais cessam, em momento algum, os
socorros inspirativos que procedem da esfera espiritual, em contínuas
tentativas pelo aproveitamento integral do valioso investimento a que o
Espírito se propôs. O retorno é feito, quase sempre, com altos índices de
fracasso, com agravamento de responsabilidades; de insucesso, em decorrência da
invigilância e da indolência, dando margem à amargura e à perturbação; de perda
do tentame, graças à fatuidade e aos graves comprometimentos do pretérito, de
que não se conseguiram libertar... Pode-se compreender, então, a preocupação
dos Benfeitores Espirituais que acompanham seus pupilos, à medida que estes se
afastam da sua influência benéfica e se transferem espontaneamente de área
vibratória, entregando-se aos envolvimentos perniciosos e destrutivos. Esses
nobres cooperadores do bem instam para que seus protegidos retornem ao roteiro
traçado, valendo-se de mil recursos sutis, ou de interferências mais vigorosas,
tais como as enfermidades inesperadas, os acidentes imprevistos, as
dificuldades econômicas, a carência afetiva, de modo a despertarem do
anestésico da ilusão os que se enovelaram nos fios da leviandade ou se
intoxicaram pelo bafio do orgulho, do egoísmo, da cólera... Outras vezes,
recorrem a outros amigos e benfeitores, a favores da vida e a ajudas que lhes
facilitem a marcha, perseverando até quando, rechaçados, ficam a distância,
aguardando... (Reencarnação -- Dádiva de
Deus, pp. 15 e 16.)
6. As
conquistas morais são mais lentas - A reencarnação é o maior
investimento da vida ao Espírito em processo evolutivo, o qual, sem ela,
padeceria a hipertrofia de valores intelecto-morais, pela falta do ensejo da
convivência com aqueles que se lhe vinculam pelo amor santificado, pelo amor
asselvajado das paixões dissolventes, ou pelo amor enlouquecido no ódio, na
violência, na perseguição... A conjuntura carnal constitui valiosa aprendizagem
para a fixação dos recursos mais elevados do bem e do progresso na escalada
inevitável da evolução. Evidentemente, o parcial esquecimento dos compromissos
assumidos responde por alguns fatores do insucesso, mas, ao mesmo tempo, isto
constitui a mais expressiva concessão do amor do Pai, evitando que se
compliquem os fenômenos da animosidade e do ressentimento, das mágoas e das
preferências exclusivistas, que tenderiam a reunir os afins nos gostos e
afetos, produzindo um clima de desprezo e agressão contra aqueles que se lhes
opusessem. Como o Espírito jamais retrograda no seu processo evolutivo, os
insucessos não atingem as conquistas, que permanecem, agravando, isto sim, o
programa de responsabilidades de que se desobrigará, quando falharem as provações
remissoras, mediante as expiações redentoras que serão utilizadas como
terapêutica final. Todas as conquistas da inteligência permanecem, e sempre são
logradas novas etapas, nesse campo, em cada encarnação, embora as aquisições
morais, mais lentas, porém mais importantes, somente através de sacrifício e
renúncia, de amor e devotamento, conseguem ser alcançadas. Com as luzes
projetadas pelo Espiritismo, na atualidade, o empreendimento da reencarnação
adquire hoje mais amplo entendimento pelos homens, que reconhecem a sua
procedência espiritual, identificando-a e, por sua vez, preparando-se para o
retorno à vida que estua, seja no corpo ou fora dele. (Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 16 e 17.)
7. O processo
reencarnatório alonga-se até à adolescência - O processo da
reencarnação requer sejam feitos estudos acurados por embriogenistas, biólogos
e psicólogos, de modo a poderem penetrar nos seus meandros, que eles
evidentemente ignoram, fato que tem dado margem, nessas áreas de estudo, a
opiniões sem nenhum fundamento, diante de determinados acontecimentos, porque
destituídas do conhecimento das causas, cujos efeitos contemplam. Iniciando-se
no momento da fecundação, o processo reencarnatório alonga-se até à adolescência
do ser, quando, a pouco e pouco, atinge a plenitude. Manoel P. de Miranda
reitera com meridiana clareza: embora o processo reencarnatório haja terminado aos 7 anos, ele se vai
fixando, lentamente, até o momento da transformação da glândula pineal, na sua
condição de veladora do sexo. As impressões mais fortes das experiências
passadas fixam-se no corpo em formação, através de deficiências físicas e
psíquicas, saúde e inteligência, de acordo com o tipo de comportamento que
caracteriza o estado evolutivo do Espírito. Estabelecidos os programas cármicos
referentes às necessidades de cada ser, outros fatores contribuem, durante a
gestação e o parto, para ulteriores fenômenos psicológicos no reencarnante. De
acordo com a simpatia ou animosidade que o vinculem aos futuros pais, estes
reagem de forma positiva ou negativa, envolvendo o filho em ondas de ternura ou
revolta, que ele assimila, transformando-se tais impressões em fobias ou
desejos, que exteriorizará na infância e poderá fixar, indelevelmente, na idade
adulta. Porque se encontre lúcido, acompanhando o mergulho na organização
física, o reencarnante percebe-se desejado ou reprochado, registando os estados
familiares, bem como os conflitos domésticos do meio onde irá viver. Momentos
há em que o pavor se torna tão grande, que o Espírito desiste da reencarnação
ou, em desespero, interrompe inconscientemente o programa traçado, resultando
em aborto natural a gestação em andamento. Os meses de ligação física com a mãe
são, também, de vinculação psíquica, em que o recomeçante em sofrimento pede
apoio e amparo, ou, se ditoso, roga ternura para o fiel cumprimento do plano
feliz que se encontra em execução. (Reminiscências e conflitos psicológicos,
pp. 19 e 20.)
8. O Espírito é
herdeiro de si mesmo - Adicionando-se às leis do mérito os fenômenos emocionais dos futuros pais, esses
resultarão em heranças, que fazem
pressupor semelhanças com o clã, estudadas pelas modernas leis da genética. “Tal pai, qual filho” -- afirma o
refrão popular, demonstrando a força dos genes e dos cromossomos nos códigos da
hereditariedade. A verdade, porém, é outra. Se ocorrem semelhanças físicas e
até psicológicas, estas adquiridas mediante convivência familiar, o mesmo não
se dá nos campos moral e intelectual. O Espírito é o herdeiro das próprias
conquistas passadas, graças às quais se expressa no campo da atividade nova. Os
comportamentos familiares, no entanto, influem sobre a conduta do reencarnante,
que se impregna -- especialmente quando se trata de Espírito imperfeito -- dos
conflitos e das vibrações perniciosas que lhe irão influenciar profundamente o
procedimento. Reações de várias ordens se manifestarão na criança , como
resultantes da insegurança que experimenta no berço novo, desdobrando-se em
rebeldia e insatisfação, nervosismo e incapacidade intelectual, durante a infância
e a adolescência, com agravantes para o futuro, caso o amor dos pais não3
interrompa a caudal das reminiscências infelizes. O auxílio do psicólogo, a
terapia cuidadosa ajudam no mecanismo de reajustamento da criança; mas compete
aos pais a tarefa maior, assistindo e amparando o filhinho temeroso e
desconfiado, necessitado de segurança e tranqüilidade. O autor não está se
referindo, aqui, às obsessões, que exercem forte interferência no quadro
complexo da reencarnação e respondem por graves injunções no comportamento
infantil. Nesse momento, refere-se apenas às reminiscências, ora do domínio do
inconsciente atual, que irrigam a consciência com temores e conflitos,
produzindo estados de desequilíbrio que poderiam ser evitados. Enurese noturna,
irritabilidade, pavores de toda espécie, timidez, ansiedade encontram nas
ocorrências da vida fetal, em relação à mãe e aos demais familiares, muitas das
suas causas. (N.R.: Enurese significa:
incontinência urinária.) É possível, contudo, minimizar-lhes as conseqüências,
através de uma atitude firme e afetuosa dos pais, particularmente da mãe,
utilizando-se do sono do filhinho, para infundir-lhe coragem e anular-lhe as
impressões negativistas, envolvendo-o em amor e conversando com ele, com
sincero carinho, transmitindo-lhe a confiança de que romperá a barreira
invisível das dificuldades, enfim, alcançando-lhe o íntimo. (Reminiscências e conflitos psicológicos,
pp. 20 a 22.)
9. Os conflitos
da criança por culpa dos pais imaturos - Desde que não esteja
ainda concluída a reencarnação, o Espírito ouvirá e entenderá as sugestões
positivas que lhe são apresentadas, o amor que lhe é oferecido e toda a gama de
afeição que lhe é destinada. Muitas vezes um conflito sexual se origina, na
criança, em face da decepção da mãe que esperava um varão e recebeu uma menina,
ou vice-versa, e, vítima de imaturidade, declara seu desagrado, explodindo em
pranto injustificado, assim chocando o recém-chegado, que lhe recebe o rechaço,
vindo a exteriorizá-lo, mais tarde, em forma de conflito. Sempre é tempo, no
entanto, de reconsiderar-se a atitude, reconciliando-se com o ser menosprezado,
graças ao grau de amor e à força do bem que se coloque no relacionamento
afetivo lúcido, quando o mesmo estiver dormindo, portanto, em situação
receptiva. O inconsciente receberá as novas informações, que serão arquivadas e
ressumarão, posteriormente, de forma agradável e cordial, estruturando a personalidade
infanto-juvenil e proporcionando-lhe mais amplas aquisições que logrará com o
tempo, conduzido por aqueles a cujo lado recomeça a caminhada redentora. Mesmo
na adolescência, quando não se soube agir antes, deve-se tentar recuperar o filho, reconquistá-lo,
conversando com ele, em estado de sono, perseverando-se em um relacionamento
tranqüilo e gentil, também durante a fase em que esteja desperto, agindo com
amor ao invés de reagir com ira ou zombaria, quando ele apresente seus
conflitos, suas dificuldades. O importante no caso não será o ato de falar,
pura e simplesmente, mas a empatia, o contributo da emoção afetuosa com os
quais a palavra se carregue, para alcançar a finalidade a que se destina. Por
fim, é preciso que a carga de certeza do êxito se faça presente, conforme
enunciou Jesus: “Tudo é possível àquele
que crê”, para que os resultados felizes coroem a empresa do amor. (Reminiscências e conflitos psicológicos,
pp. 22 e 23.)
10. O sono é uma
espécie de treino para a morte - Já se disse, com muita
propriedade, que o sono é uma forma de morte. Nesse sentido, diariamente, o
homem, ao deitar-se, realiza, ainda que inconscientemente, um treino para esse
fenômeno biológico terminal. De modo semelhante ao que ocorre na morte, em que
o Espírito só se liberta com facilidade do corpo mediante conquistas anteriores
de desapego e renúncia, reflexões e desinteresse pelas paixões mais vigorosas,
no sono há uma ocorrência equivalente, pois que o ser espiritual possui maior
ou menor movimentação conforme as suas fixações e conquistas. O Espírito sempre
está em ação, até onde podemos concebê-la. A inatividade não se encontra
presente nas Leis da Vida. Mesmo nos momentos de repouso, o Espírito se
movimenta atraído por aquilo que mais lhe diz respeito. O sono é, portanto, uma
necessidade para o refazimento orgânico, o restabelecimento de energias do
corpo, o reequilíbrio das funções que o acionam. Logo que o corpo adormece, e,
às vezes, mesmo antes do sono total, afrouxam-se os liames que atam o Espírito
à matéria, e ele se desprende, parcialmente, rumando para os lugares e pessoas
aos quais se vincula. Graças a essa movimentação, quando retorna ao domicílio
carnal, traz as impressões e lembranças que imprime no cérebro,
constituindo-lhe o complexo capítulo dos sonhos. Detendo-nos apenas nos
fenômenos oníricos de ordem espiritual, estes preservam uma correlação entre o
estado de evolução do ser e os acontecimentos de que participa. Num recinto de
pessoas vadias, os que ali se encontram comprazem-se nos mesmos gostos. O mesmo
se dá num local reservado à cultura ou às artes, à fé ou ao trabalho. Há leis
de afinidades que respondem pelas aglutinações sócio-morais-intelectuais,
reunindo os seres conforme os padrões e valores nos quais se demoram.
Parcialmente liberto pelo sono, o Espírito segue a direção dos ambientes que
lhe são agradáveis durante a lucidez física, ou onde gostaria de estar, caso
lhe permitissem as possibilidades normais. Em tal circunstância, pode viajar
com os seres amados, que reencontra além da cortina carnal, participando dos
seus estudos e realizações, aprendendo lições que lhe ficarão em gérmen,
penetrando, inclusive, nos registros do passado e do futuro. (Vida, Sono e Sonho, pp. 25 e 26.)
11. Os contatos
durante o sono nem sempre são agradáveis - É desse fato que
decorre a aquisição de informes que o Espírito desconhecia, sejam do passado,
sejam relacionados com o futuro, dando margem às retrocognições e precognições,
do agrado dos modernos pesquisadores das ciências paranormais. Ele defronta
também, ao mesmo tempo, pessoas conhecidas nos redutos aonde vá, estabelecendo
admiráveis fenômenos de comunicação entre vivos na esfera física. Nem sempre,
porém, as viagens em corpo espiritual, durante o sono, levam aos ambientes de
felicidade e progresso, onde se cultiva o bem, o bom e o belo. Mais facilmente,
em razão do hábito dos pensamentos ultrajantes, fesceninos e brutais, os
Espíritos que se comprazem nisso arrebatam o encarnado e levam-no aos redutos
do crime e da perversão, onde se lhes ampliam as percepções negativas. (N.R.: Fescenino: obsceno, licencioso.) O indivíduo inspira-se, ali, naquelas regiões
de vandalismo e promiscuidade psíquica, e depois traz para o comportamento
diário as aberrações que busca. Crimes vergonhosos e programas vis são
concertados nesses ambientes espirituais, que pululam nas cercanias da Terra,
onde se urdem obsessões e vinditas em clima de perversidade sob o comando de
mentes implacáveis, que ditam as normas de ação, para que se cumpram os planos
nefastos. Quando o Espírito mantém resistências, que o resguardam da
vulgaridade e da aberração, retorna desses antros de réprobos e padece
pesadelos horripilantes. Contudo, se já chafurda nos mesmos ignóbeis comércios
de insensatez e loucura, volve ao corpo aturdido, embora fixado no que lhe
cumpre executar, como autômato que foi, vítima de hipnose profunda. Acentue-se,
porém, que esta não lhe é imposta, pois que foi buscada espontaneamente. (Vida, Sono e Sonho, pp. 26 e 27.)
12. Preparar-se
para dormir é muito importante - O inverso disso também ocorre
amiúde, quando o homem aspira aos ideais de enobrecimento da Humanidade,
tornando-se instrumento dos promotores da evolução no mundo. As suas horas de
sono são aproveitadas para engrandecimento dos ideais, amadurecimento das
aspirações, enriquecimento dos planos do bem. E pelo fato de ter mais aguçadas
as faculdades da alma, encontra ímpares satisfações nesses colóquios e visitas,
graças aos quais se encoraja e felicita, podendo levar os labores adiante com
alta dose de valor, que aos demais surpreende. Tal como ocorre no fenômeno da
morte, no qual a consciência passa por um torpor, perturbação que é variável,
de acordo com as conquistas de cada um, a lucidez durante o sono, nas
experiências oníricas, está a depender da densidade vibratória das emoções com
que se pauta a vida, no cotidiano. Assim, um programa bem organizado para antes
de dormir constituirá emulação para o Espírito, no ato do desprendimento,
transferir-se a regiões felizes e contactar Entidades nobres, conquistando os
tesouros da paz, da aprendizagem, da ação relevante, enquanto o corpo repousa.
É de bom alvitre, pois, que o homem se disponha a cooperar com os Benfeitores
da Humanidade nas suas obras fomentadoras do progresso, participando dos seus
empenhos com tal ardor que, em retornando ao corpo, permaneça telementalizado
por eles, dando curso ao empreendimento na esfera carnal. Diante de realizações
enobrecedoras na Terra, pode o Espírito prosseguir, ao desprender-se pelo sono,
sob a tutela dos seus Guias Espirituais, corrigindo enganos e adquirindo mais
amplos recursos e entendimento para promover esse trabalho, que não deve ser
interrompido. (Vida, Sono e Sonho, pp. 27 e 28.)
13. O sonho é o retrato emocional de nossa vida
- Santa Tereza de Ávila, em desdobramento pelo sono, peregrinou por uma cidade
espiritual de sofrimentos, trazendo dali as impressões fortes que foram tomadas
como sendo de uma parte do Inferno da teologia católica. Jacob sonhou com o
pai, Dante Alighieri, que lhe mostrou o lugar onde guardara os treze cantos do
“Céu”, que se encontravam desaparecidos. Voltaire concebeu, enquanto dormia e
sonhava, todo um canto da “La Henriade”. Tartini compôs, dormindo
e sonhando, a sua “Sinfonia ao Diabo”.
Os sonhos narrados na Bíblia se enquadram perfeitamente nessas viagens ao plano
espiritual, quando o ser se desprende e registra os fatos que narra posteriormente.
O capítulo do sono natural na vida do homem é de muita importância, e está a
exigir mais acurado estudo e meditação, a fim de ser aproveitado integralmente
em favor do êxito na vilegiatura carnal. Como um terço da vida física é
dedicado ao sono, imenso patrimônio logrará quem converta esse tempo ou parte
no investimento do progresso, em favor da libertação que lhe credenciará, para
uma existência plena, um futuro ditoso. Se alguém diz como e o que sonha, é
fácil explicar-lhe como vive nas suas horas diárias. Dorme-se, portanto, como
se vive, sendo-lhe os sonhos o retrato emocional da sua vida moral e
espiritual. (Vida, Sono e Sonho, pp.
28 e 29.)
14. Emoções e
disciplina - As emoções constituem importante capítulo da vida
humana, merecendo portanto acuradas reflexões, de modo a serem canalizadas com
a segurança e a eficiência indispensáveis aos resultados salutares para os
quais se encontram na organização fisiopsíquica de cada criatura. Refletindo o
seu estado espiritual, os homens, invariavelmente, manifestam-se em desgoverno,
levando a paroxismos e desajustes de demorada regularização. Dirigindo o
comportamento, fazem que se transite de uma para outra com sofreguidão, em
ânsia contínua, que termina por exaurir aquele que se lhes submete sem o
controle necessário. Estimulando o egoísmo, impõem a satisfação pessoal à custa
da inquietação e da insegurança íntima, em face dos novos desejos de gozos
insaciáveis, que terminam por constituir característica predominante da conduta
individual. Essa busca irrefreável do prazer, que se torna dependência viciosa,
fomenta gozos que depois, invariavelmente, se convertem em dores. Entre as mais
desgastantes, assume preponderância a ansiedade, que parece imprescindível à
vida, qual ocorre com o sal para o paladar de inúmeros alimentos. Pessoas há
que não passam sem os condicionamentos das emoções, vivificando a ansiedade que
as consome em flamas de angústia. Mal terminam de lograr a meta perseguida, e
já se encontram, sôfregas, em batalhas por novas conquistas, transferindo-se de
uma realização para novo desejo, com verdadeira volúpia incontrolada. As
emoções alimentam-se naqueles que as agasalham e se lhes adaptam aos
impositivos caprichosos. Comparemo-las a uma vela cuja finalidade é iluminar.
Para isso, ela gasta combustível, como é natural. Preservada para os fins,
oferece luz por período largo; no entanto, deixada na direção do ar canalizado,
apressa o próprio consumo, e, acesa nas duas extremidades, mais rapidamente se
acaba. Assim também as emoções, que têm finalidade superior, no campo da vida.
Quando não se submetem à disciplina, exigem carga dupla de energia na qual se
sustentam, culminando por destruir a sua fonte geradora. (Pensamento e emoções, pp. 31 e 32.)
15. Cabe ao
pensamento educar as emoções - O pensamento é o agente que as
pode conduzir com a proficiência desejada, orientando-as com equilíbrio, para
que o rendimento seja positivo, capitalizando valores que merecem armazenados
no processo iluminativo para a execução das tarefas nobres. Esse esforço
propicia autoconfiança, harmonia íntima, gerando bem-estar pessoal, que
extrapola a área da individualidade e se irradia beneficiando em derredor.
Ninguém pode bloquear as emoções ou viver sem elas. Pretender ignorá-las ou
esmagá-las é empreendimento inócuo, senão negativo. Toda emoção ou desejo
recalcado reaparece com maior vigor, em momentos imprevistos. Substituir os
interesses negativos e viciosos, por outros de caráter mais gratificante quão
duradouro, é o primeiro passo, nessa luta de renovação moral e educação
emocional. Tendo em vista que o pensamento atua no fluido que a tudo envolve,
pelo seu teor vibratório produz natural sintonia com as diversas faixas nas
quais se movimentam os Espíritos, na esfera física ou na Erraticidade,
estabelecendo vínculos que se estreitam em razão da intensidade mantida. Essa
energia fluídica, recebendo a vibração mental, assimila o seu conteúdo
emocional e transforma-se, de acordo com as
moléculas absorvidas, criando uma psicosfera sadia ou enfermiça em volta
daquele que a emite e passa a aspirá-la, experimentando o seu efeito conforme a
qualidade de que se constitui. Quando o episódio é de largo trato e o seu teor
é pernicioso, culmina por afetar a organização física ou psíquica do agente
desencadeador, dando acesso a processos viróticos, psicopatológicos,
degenerativos em geral, obsessivos. A tudo envolvendo, essa força é neutra em
si mesma; mas, maleável e receptiva, altera a sua constituição de acordo com os
elementos mentais que a interpenetram. Ao pensamento disciplinado, pois, cabe a
árdua tarefa de educar as emoções, gerando fatores de saúde, que contribuem
para a harmonia interior, dando margem ao surgimento de fenômenos de paz e
confiança. (Pensamento e emoções, pp.
32 e 33.)
16. O valor da
meditação e da fé - A ansiedade, responsável pela instabilidade
comportamental e pelo humor, cede lugar, quando a fé comanda a onda mental que
se dirige a Deus e se afina com as vibrações-resposta do Pensamento Divino.
Outro valioso auxiliar para a empresa é a meditação, que aprofunda os
interesses e as aspirações nas realidades metafísicas, eliminando, a pouco e
pouco, as impressões mais fortes das sensações primitivas, que normalmente se
sobrepõem às emoções, desarticulando-as. Pensando, o Espírito estabelece o
clima no qual se desenvolve e de cuja energia se nutre. Conforme fixe o
pensamento, edifica ou destrói, passando de autor a vítima das próprias
maquinações. Pelas afinidades de ondas mentais e interesses emocionais,
reúnem-se os seres, que elaboram o habitat
no qual se demoram. A direção correta e constante do pensamento esclarecido,
que conhece as causas e finalidades da vida, realiza o controle das emoções,
tornando os indivíduos nobres e equilibrados, que não se transtornam diante de
provocações, nem se apaixonam ante as sensações, ou se descompensam enfrentando
o sofrimento. A amargura e a ansiedade não os sitiam, mesmo que deixem, de
passagem, ligeiros sinais que a potente luz do amor real e da certeza da
fatalidade feliz do bem faz que desapareçam. (Pensamento e emoções, pp. 33 e 34.)
.
2a. REUNIÃO
(Fonte:
capítulos 5 a 9.)
1. O papel do
perispírito no processo da fecundação - Dotado de expressiva
capacidade plasmadora, o perispírito registra todas as ações do Espírito através
dos mecanismos sutis da mente que sobre ele age, estabelecendo os futuros
parâmetros de comportamento, que serão fixados por automatismos vibratórios nas
reencarnações porvindouras. Intermediário entre a alma e o corpo físico, por
ele se processam as imposições da mente sobre a matéria e os efeitos dela em
retorno à causa geratriz. Captando o impulso do pensamento e computando a
resposta da ação, a ele se incorporam os fenômenos da conduta atual do homem,
assim programando os sucessos porvindouros, mediante os quais serão aprimoradas
as conquistas, corrigidos os erros e reparados os danos destes últimos
derivados. Constituído por campos de força muito especiais, o perispírito
irradia vibrações específicas portadoras de carga própria, que facultam a perfeita
sintonia com energias semelhantes, estabelecendo áreas de afinidade e repulsão
de acordo com as ondas emitidas. Desse modo, quando o Espírito é encaminhado,
por ocasião da reencarnação, aos futuros genitores, no momento da fecundação o
gameta masculino vitorioso esteve impulsionado pela energia do perispírito do
reencarnante, que naquele espermatozóide encontrou os fatores genéticos de que
necessitava para a programática a que se deve submeter. A partir desse momento,
os códigos genéticos da hereditariedade, em consonância com o conteúdo
vibratório dos registos perispirituais, vão organizando o corpo que o Espírito
habitará. Como é certo que, em casos especiais, há toda uma elaboração de
programa para o reencarnante, na generalidade, os automatismos vibratórios das
Leis de Causalidade respondem pela ocorrência, que jamais tem lugar ao acaso.
Todo elemento irradia vibrações que lhe tipificam a espécie e respondem pela
sua constituição. Espermatozóides e óvulos, em conseqüência, possuem campo de
força específico, que propele os primeiros para o encontro com os últimos,
facultando o surgimento da célula ovo. Por sua vez, cada gameta exterioriza
ondas que correspondem à sua fatalidade
biológica, na programação genética de que se faz portadora. (Pensamento e perispírito, pp. 35 e 36.)
2. Cada
Espírito é herdeiro ou legatário de si mesmo - É assim que o
perispírito do reencarnante sincroniza com a vibração do espermatozóide que
possui a mesma carga vibratória, sobre ele incidindo e passando a plasmar no
óvulo fecundado o corpo compatível com as necessidades evolutivas, como
decorrência das catalogadas ações pretéritas. Equilíbrio da forma ou anomalia,
habilidades e destreza, ou incapacidade, inteligência, memória e lucidez, ou
imbecilidade, atraso mental, oligofrenia serão estabelecidos desde já pela
incidência das conquistas espirituais sobre o embrião em desenvolvimento. Sem
ignorarmos a hereditariedade nos processos da reencarnação, o seu
totalitarismo, conforme entendem diversos estudiosos da Embriogenia, não tem
razão de ser. Cada Espírito é legatário de si mesmo. Seus atos e sua vida
anterior são os plasmadores da sua nova existência corporal, impondo os
processos de reabilitação, quando em dívida, ou de felicidade, se em crédito,
sob os critérios da Divina Justiça. Claro que caracteres físicos, fisionômicos
e até alguns comportamentais resultam das heranças genéticas e da convivência
em família, jamais os de natureza psicológica que afetam o destino, ou de ordem
fisiológica no mapa da evolução. Saúde e enfermidade, beleza e feiúra, altura e
pequenez, agilidade e retardamento, como outras expressões da vida física,
procedem do Espírito que vem recompor e aumentar os valores bem ou mal
utilizados nas existências pretéritas. Além desses, os comportamentos e as manifestações
mentais, sexuais, emocionais decorrem dos atos perpetrados antes e que a
reencarnação traz de volta para a indispensável canalização em favor do
progresso de cada ser. As alienações, os conflitos e os traumas, as doenças
congênitas, as deformidades físicas e degenerativas, assim como as condições
morais, sociais e econômicas, são capítulos dos mecanismos espirituais, nunca
heranças familiares, qual se a vida estivesse sob injunções do absurdo e da
inconseqüência. (Pensamento e perispírito,
pp. 36 e 37.)
3. É absurdo
pensar que o filho tenha de pagar pelos pais - A aparente
hereditariedade compulsória, assim como a injunção moral atuante em determinado
indivíduo, fazendo recordar algum ancestral, explica-se em razão de ser aquele
mesmo Espírito, ora renascido no clã, para dar prosseguimento a realizações que
ficaram incompletas ou refazer as que foram perniciosas. Motivo este que libera
o filho de pagar pelos pais ou pelos avós, o que constituiria, se verdadeiro,
uma terrível e arbitrária imposição da Justiça, que, mesmo na Terra, tem código
penalógico mais equilibrado. Os pensamentos largamente cultivados levam o
indivíduo a ações inesperadas, como decorrência da adaptação mental que se permitiu.
Desencadeada a ação, os efeitos serão incorporados ao modus vivendi posterior da criatura. E mesmo quando não se
convertem em atitudes e realizações, por falta de oportunidade, aquelas
aspirações mentais, vividas em clima interior, apresentam-se como formas e fantasmas que terão de ser diluídos por meio de reagentes de
diferente ordem, para que se restabeleça o equilíbrio do conjunto espiritual.
Conforme a constância mental da idéia,
aparece uma correspondente necessidade da emoção. Todos esses
condicionamentos estabelecem o organograma físico, mental e moral da futura
empresa reencarnacionista a que o Espírito se deve submeter, ante o fatalismo
da evolução. O conjunto -- Espírito ou mente, perispírito ou psicossoma e corpo
ou soma -- é tão entranhadamente conjugado no processo da reencarnação que, em
qualquer período da existência, são articulados ou desfeitos sucessivos
equipamentos que procedem da ação de um sobre o outro. O Espírito aspira e o
perispírito age sobre os implementos materiais, dando surgimento a respostas
orgânicas ou a fatos que retornam à fonte original, como efeito da ação física
que o mesmo corpo transfere para o ser eterno, concedendo-lhe crédito ou
débito, que se incorpora à economia da vida planetária. (Pensamento e perispírito,
pp. 37 a 39.)
4. O mundo mental modela o mundo físico - O mundo mental, das aspirações e ideais é o
grande agente modelador do mundo físico, orgânico. Conforme as propostas
daquele, têm lugar as manifestações neste. Assim se compreende porque a Terra é
mundo de “provas e expiações”, considerando-se que os Espíritos que nela
habitam estagiam na sua grande generalidade em faixas iniciais, inferiores, portanto,
da evolução. À medida que o ser evolve, melhores condições estatui para o
próprio crescimento, dentro do mesmo critério da lei do progresso, que realiza
com mais segurança os mecanismos de desenvolvimento, de acordo com as
conquistas logradas. Quanto mais adiantado um povo, mais fáceis e variados
são-lhe os recursos para o seu avanço. O pensamento é, assim, um agente de
grave significado no processo natural da vida, representando o grau de elevação
ou inferioridade do Espírito, que, mediante o seu psicossoma ou órgão
intermediário, plasma o que lhe é melhor e mais necessário para marchar no rumo
da libertação. (Pensamento e perispírito,
pág. 39 .)
5. Não existe
hereditariedade psicológica - As leis de Mendel, estudadas
largamente, vieram contribuir de modo eficaz para o equacionamento de muitos
enigmas nos diversos capítulos da hereditariedade. (N.R.: Johann Mendel, botânico austríaco, nascido em 1822 e falecido
em 1884, vivendo num mosteiro, realizou de 1856 a 1866 experiências sobre
hereditariedade nos vegetais que fizeram dele o fundador da genética.) No
entanto, se complementam os conceitos do Transformismo e do Evolucionismo, não
interpretam inúmeros quesitos da realidade da vida biológica. É inegável que os
caracteres são transmissíveis e que os filhos, os descendentes em geral, herdam
de pais e ancestrais as parecenças físicas, a morfologia, as posturas e outros
sinais de identificação. Mas o mesmo não ocorre nas áreas psíquica, psicológica
e emocional. Pais geniais e antepassados doutos não geram, necessariamente,
filhos sábios, tanto quanto artistas e guerreiros não procriam símiles. Certo,
a convivência e a educação, os hábitos e a disciplina modelam as personalidades
dos descendentes, neles plasmando, às vezes pela violência emocional,
características que parecem herdadas, sem que o ser traga nas paisagens íntimas
essas habilidades ou determinações. Da mesma forma, homens incultos e viciosos
não reproduzem vidas caóticas semelhantes, exceto quando degenerescências
físicas impõem limitações e distúrbios de variada ordem. Mesmo nos casos que se
podem arrolar como decorrência da hereditariedade psicológica e moral, devemos
levar em conta os fatores anteriores ao renascimento físico do ser. O Espírito
é o engenheiro da maquinaria fisiopsíquica de que se vai utilizar na jornada
humana. Claro que os processos de reencarnação se fazem mediante as leis de
afinidade espiritual, por impositivos anteriores, o que resulta em identificações
e choques nos clãs, onde se reencontram seres simpáticos ou adversários que o
berço volta a reunir. Em face dessa conjuntura, muitas das heranças se fazem
naturais, porque o clima vibratório impõe os condicionamentos e os programas
indispensáveis na formação do corpo. (Tendências,
aptidões e reminiscências, pp. 41 e 42.)
6. As aptidões
geralmente procedem das experiências passadas - As aptidões e as
tendências só raramente correspondem às leis da hereditariedade, especialmente
hoje, quando as opções para a conduta e a ação se fazem um leque imenso de
possibilidades, ensejando a identificação do homem com as suas próprias
realidades. No passado, a falta de comunicação de massa, a ausência de contatos
sociais imprimiam como tendências o que eram hábitos dos grupamentos
familiares, que impunham nos nascituros e crianças um roteiro de realizações
que se lhes incorporava impositivo, difícil de ser evitado. Não obstante, as
exceções demonstram, nos gênios como nos idiotas, a independência do
reencarnante em relação às matrizes genéticas. Eis por que as tendências, as
aptidões humanas, sem descartar-se a contribuição dos genes e cromossomos,
procedem das experiências do passado, em que o Espírito armazenou valores que
lhe pesam na economia evolutiva como poderosos plasmadores da personalidade, da
inclinação para uma como para outra área do conhecimento, para a vivência da
virtude ou do vício. Dramas e tragédias, crimes e ações nefandos que passaram
ignorados ou não justiçados pelos códigos humanos, convertem-se em processos
psicopatológicos que se manifestam em forma de desequilíbrio no endividado, sem
que haja fatores ancestrais que justifiquem o desconcerto. Ao ser processado o
mecanismo do renascimento, o candidato modela, imprime nas células em formação
aquilo de que necessita para recuperar-se, ascender e resgatar... O mesmo se dá
no campo da cultura, da beleza, da arte, em que o Espírito, ao ser submetido
aos implementos celulares, neles trabalha esses equipamentos sutis para responderem
com fidelidade ao ministério para o qual retorna ao corpo, em realizações
nobilitantes. (Tendências, aptidões e
reminiscências, pp. 42 e 43.)
7. As más
tendências devem ser corrigidas - As tendências e aptidões
atuais são, pois, reminiscências do passado de cada indivíduo. Tudo a que se
aspira e se realiza sem a aprendizagem atual procede de experiências passadas,
que se encontram ínsitas no ser e desabrocham como inclinação, impulso, compulsão,
mais poderosos do que o meio onde a criatura se encontra localizada. As aptidões superiores devem ser cultivadas,
tanto quanto não podem ser deixadas sem conveniente tratamento as más tendências, que devem ser disciplinadas, corrigidas a qualquer esforço, para que sejam superadas, oferecendo campo para os primeiros
cometimentos no setor do bem, na
condição de exercício dignificante
em formulação para realizações elevadas e libertadoras no futuro. Todo
empreendimento exige esforço, diretriz e segurança. As tendências doentias,
heranças pessoais dos gravames anteriores, devem ser canalizadas para as
realizações positivas, como experiência inicial que se automatizará, dando margem
às paixões elevadas, aquelas que promovem o indivíduo à sua condição de
conquistador da razão a caminho da intuição, ao tempo em que se liberta do
atavismo primário das imantações do reino animal... Fadado à Grande Conquista,
recorda para elevar-se, superando o mal que nele remanesce, sob o apelo do amor
que o alimenta e é de procedência divina. (Tendências,
aptidões e reminiscências, pp. 43 e 44.)
8. Fatalismo
biológico absoluto não existe - O fatalismo biológico,
estabelecido mediante as conquistas pessoais de cada indivíduo, não é
definitivo em relação à data da sua morte. A longevidade como a brevidade da
existência corporal, embora façam parte do programa adrede estabelecido para
cada homem, alteram-se para menos ou para mais, de acordo com o seu
comportamento e do contributo que oferece à aparelhagem orgânica para a sua
preservação ou desgaste. Necessitando de um período de tempo em cada existência
física para realizar a aprendizagem evolutiva em cujo curso está inscrito, o
Espírito tem meios para abreviar-lhe ou ampliar-lhe o ciclo, mediante os
recursos de que dispõe e são facultados a todos. É óbvio que o estróina desperdiça
maior quota de energias, impondo sobrecargas desnecessárias aos equipamentos
fisiológicos, do que o indivíduo prudente. As ocorrências que lhe sucedam têm
as suas causas no comportamento que se permitem. Igualmente, a forma de
desencarnar, sem fugir ao impositivo do destino que é de construção pessoal,
resulta das experiências que são vividas. O homem imprevidente e precipitado,
desrespeitador dos códigos de lei estabelecidos, torna-se fácil presa de
infaustos acontecimentos, que ele mesmo
se propicia como efeito da conduta arbitrária a que se entrega. Acidentes, homicídios,
intoxicações, desastres de vários tipos que arrebatam vidas, resultam da
imprevidência, da irresponsabilidade, do orgulho dos que lhes são vítimas, na
maioria das vezes e no maior número de acontecimentos. Devendo aplicar a
inteligência e a bondade como norma de conduta habitual, grande parte das
criaturas prefere a arrogância, a discussão acesa, o desrespeito ao dever, a
negligência, tornando-se, afinal, vítimas de si mesmas, suicidas indiretas. Nos
autocídios de ação prolongada ou imediata, a responsabilidade é total daqueles
que tomam a decisão infeliz e a levam a cabo, inspirados ou não por Entidades
perversas com as quais sintonizam. Derrapando em comportamentos pessimistas a
que se aferram, a atitudes agressivas nas quais se comprazem, na fixação de
idéias tormentosas em que se demoram, em ambições desenfreadas e rebeldia
sistemática, a etapa final, infelizmente, não pode ser outra. Com o gesto que supõem
ser de libertação, tombam, por largos anos de dor, em mais cruel processo de
recuperação e desespero, para que aprendam disciplina e submissão contra as
quais antes se rebelaram. (Comportamento e vida, pp. 45 e 46.)
9. As causas que
influem na vida são de duas classes - Depreende-se, portanto,
que o comportamento do homem a todo instante contribui de maneira rigorosa para
a programação da sua vida. São de duas classes as causas que influem na sua
existência, dentro do determinismo da evolução humana: as próximas, desta
reencarnação, na qual se movimenta, e as remotas, que procedem das ações pretéritas.
Estas últimas estabeleceram já os impositivos de reparação a que o indivíduo
não pode fugir, amenizando-os ou vencendo-os através de atuais ações do amor,
que promovem quem as vitaliza e aquele a quem são dedicadas. As primeiras, no
entanto, as da presente existência, vão gerando novos compromissos que, se
negativos, podem ser atenuados de imediato por meio de atitudes opostas, e, se
positivos, ampliados na sua aplicação. O tabagismo, o alcoolismo, a toxicomania,
a sexolatria, a glutoneria, entre outros fatores dissolventes e destrutivos,
são de livre opção atual, não incursos no processo educativo de ninguém. Aquele
que se vincula a qualquer deles, padecer-lhe-á, inexoravelmente, o efeito prejudicial,
não se podendo queixar ou aguardar solução de emergência. O tabagismo responde
por canceres de várias procedências, na língua, na boca, na laringe, e por
inúmeras afecções e enfermidades respiratórias, destacando-se o terrível
enfisema pulmonar. Todo aquele que se lhe submete à dependência viciosa, está
incurso, espontaneamente, nessa fatalidade
destruidora, que não estava no seu programa e foi colocada por imprevidência ou
presunção. O alcoolismo é gerador de distúrbios orgânicos e psíquicos de inomináveis
conseqüências, gerando desgraças que
de forma nenhuma deveriam suceder. É ele o desencadeador da loucura, da
depressão ou da agressividade, na área psíquica, sendo o responsável por distúrbios
gástricos, renais e, principalmente, pela irreversível cirrose hepática.
Através da aguardente ou do whisky, a
alcoolofilia dizima multidões que se lhe entregam espontaneamente. (Comportamento e vida, pp. 46 e 47.)
10. São muitos os
agentes do infortúnio que o homem aceita - A toxicomania desarticula
as sutis engrenagens da mente e desagrega as moléculas do metabolismo orgânico,
lesando vários órgãos e alucinando todos quantos se comprazem nas ilusões
mórbidas que dizem viver. Iniciada a dependência, desdobram-se à frente longos
anos, numa e noutra reencarnação, para que sejam reparados todos os danos que
poderiam ter sido evitados quase sem esforço. A sexolatria gera distonias
emocionais, por conduzir o indivíduo ao reduto das sensações primitivas,
retendo-o nas áreas do gozo insaciável, que o leva à exaustão, a terríveis
frustrações na terceira idade, se a alcança, e a depressões sem conta pelo
descalabro que desorganiza o corpo e perturba a mente. Além desses, são criados
campos de dificuldade afetiva, de responsabilidade emocional com os parceiros
utilizados, estabelecendo-se compromissos desditosos para o futuro. A
glutoneria, além de deformar a organização física, é agente de males que
sobrecarregam o corpo produzindo contínuas disfunções gastrointestinais,
dispepsias, acidez, ulcerações, alienando o homem que vive para comer, quando
deveria comer para viver. São, como se vê, muitos os agentes dos infortúnios
que o homem aceita no seu comportamento, afetando-lhe a vida. Entretanto,
através de outras atitudes e conduta,
ele poderia preservá-la, prolongá-la, dar-lhe beleza, propiciando-lhe
harmonia e felicidade. Além de atingir aquele que elege esta ou aquela maneira
de agir, os resultados alcançam os descendentes que, através das heranças
transmissíveis, conforme as suas necessidades evolutivas, as experimentarão. O
comportamento do Espírito, no corpo ou fora dele, é responsável pela vida,
contribuindo de maneira eficaz na sua programática e interferindo na conduta do
grupo em que se movimenta e onde atua, como dos descendentes que de alguma forma
se lhe vinculam. As ações corretas prolongam a existência do corpo e promovem o
equilíbrio da mente, enquanto as atribuladas e agressivas produzem o inverso.
Nunca será, portanto, demasiado repetir que o homem edificará a sua existência da maneira como pense e aja, vivendo-a de
conformidade com o comportamento escolhido. (Comportamento e vida, pp. 47 a 49.)
11. Os
sofrimentos são desafios colocados em nosso caminho - O primeiro
e mais imediato efeito da fé assentada sobre as bases da razão é a consciência
da responsabilidade. Quando se tem uma visão estreita da vida, limitada aos
curtos horizontes da existência terrena, as aspirações se tornam de breve
período e pequena extensão, tendo em vista o término que se anuncia ante o
advento da morte. Ao contrário disso, considerando-se o corpo como uma veste de
rápida duração e construído para uma finalidade transitória, embora fundamental
ao progresso da alma, as ambições se dilatam e transferem-se para o futuro,
através de um fenômeno natural, sem acomodação ao conformismo, as metas que não
podem ser, de imediato, alcançadas. Os estímulos para a luta fazem-se mais
poderosos e os sofrimentos revelam-se como desafios que são colocados ao longo
do caminho do progresso, com a finalidade de promover o indivíduo e
facultar-lhe a aquisição de valores que, sem esses testes e imposições, permaneceriam
adormecidos. Semeador diligente e responsável, o homem ciente dos seus deveres
não tem pressa, tampouco retarda a marcha, porque sabe que existe época para
preparar o solo, adubá-lo, semeá-lo e, por fim, colher os frutos produzidos.
Ele não tem, desse modo, a presunçosa preocupação de colher em solo não semeado,
assim como não pretende resultados antes do tempo adequado. Cada ação se dá no
seu momento próprio e o que antes se lhe afigurava enigma ou injustiça, cede
lugar a uma ordem natural, com o conhecimento da qual tudo se aclara e revela.
A criança frágil e macerada, enferma e mutilada no corpo ou na mente, não foi
criada, como nenhum ser, no momento do seu nascimento, nem ali se encontra para
punir os pais ou ancestrais mais recuados. Pelo contrário, carpe ela mesma os
seus desatinos, transferidos de uma para outra existência corporal, qual ocorre
com o aluno rebelde e incapaz, que a benefício dele mesmo como da sociedade, ao
invés de ser promovido, o que seria uma injustiça, é conservado na mesma classe
para revisar os assuntos não assimilados e aprender o que lhe permite a ascensão
a outro nível. Cumprido o áspero período de perturbação e reparação dos erros,
aquele ser prisioneiro na dor se liberta e volve à sua individualidade,
prosseguindo em novas etapas de progresso sem o sinete da aflição ou o limite
expiatório. (Destino e responsabilidade,
pp. 51 e 52.)
12. Pais e filhos muita
vez são comparsas dos mesmos delitos - No intervalo entre uma e
outra reencarnação, reintegrado nos seus valores intelecto-morais, o
ex-prisioneiro da dor mantém correspondência mediúnica com os afetos que
permanecem no corpo, animando-os e impulsionando-os ao progresso, mediante o
que volverão mais tarde a reunir-se, felizes, em grupos familiares ou
fraternais. Recuperando a lucidez após a morte do corpo físico, compreende a
necessidade da provação anterior a que foi submetido, bem como as razões que
ligaram seus pais ao quadro de dor, podendo explicar-lhes tais sucessos e
armá-los de valor para procedimentos futuros. A ignorância, a falta de
discernimento, as limitações são corporais, mas logo superadas com a libertação
do cárcere orgânico no qual esteve por breve ou largo período para a redenção
educativa. Pais e filhos crucificados nas traves invisíveis das enfermidades
físicas, psíquicas ou morais são comparsas dos mesmos delitos, novamente
reunidos para a renovação dos propósitos, através do ressarcimento dos débitos
que ficaram após a morte anterior e que não foram saldados. As leis da vida
reúnem os incursos nos mesmos códigos da Justiça e os trazem aos sítios onde delinqüíram,
de modo que, reunidos outra vez, recomponham
a paisagem moral danificada, soerguendo os que ficaram vitimados por sua
tirania ou insensibilidade. Seria um absurdo se a Divina Sabedoria os deixasse
em qualquer lugar de dor eterna, após tanto sofrimento... Se o criminoso não se
depurasse através da reencarnação, permaneceriam nele as marcas dos seus
desvarios, resultado de sua imperfeição espiritual, que as experiências
sucessivas no corpo logram aprimorar, libertando-o da inferioridade. Desse
modo, as inteligências que se compraziam na luxúria e na tirania, retornam nas
patologias da idiotia, assim como os suicidas que esfacelaram o crânio,
esmigalhando o cérebro, volvem nas expressões da excepcionalidade, do
mongolismo, da hidrocefalia, vinculados àqueles que, de alguma forma, se
fizeram comparsas da delinqüência a que se entregaram. Os quadros complexos das
enfermidades que dilaceram os homens restauram-lhes a dignidade perdida e
despertam-nos para a valorização dos recursos da vida, que são malbaratados
quase sempre com leviandade e prepotência, revolta e presunção, que o egoísmo
comanda, soberano. (Destino e responsabilidade,
pp. 52 a 54.)
13. O grande
valor do sofrimento humano - Muitas pessoas ficam, às vezes,
surpresas quando recebem mensagens de filhos desencarnados em tenra idade, bem
como de doentes e limitados mentais, ou mesmo de analfabetos, que se expressam
com fluidez e correção, esquecidas de que tais dificuldades e prejuízos
pertencem ao corpo, não ao Espírito que, após a recuperação moral, assume o
controle dos seus triunfos e pode expressar-se sem os impositivos constritores
do processo de reeducação a que esteve submetido. Ciente dessas verdades, a
responsabilidade assume o comando dos atos atuais do homem que se engaja,
consciente e espontaneamente, num programa de elevação, a que se entrega com
otimismo, por antecipar os resultados do
seu empreendimento, em face das realizações a que se permite. Essa visão
responsável da vida confere ao sofrimento o valor que tem: concitar o Espírito
endividado ao resgate, ou estimulá-lo à conquista de novos títulos de
enobrecimento de que necessita para ser feliz. Não entendendo a linguagem
silenciosa, embora operante, do amor e da beleza, em toda parte presentes, o
homem não se pode furtar à reflexão, ao exame, quando colhido pela dor ou
recambiado ao leito pela provação, ou impedido de seguir conforme lhe apraz,
através da expiação que surge no momento em que menos se espera, como a
cegueira repentina, a paralisia progressiva sem aparente causa lógica, a hemiplegia
ou a paraplegia, a incapacidade para o matrimônio, a reviravolta econômica, que
o leva à escassez de recursos, ou os dramas morais, os tormentos emocionais e
psíquicos que estrugem de um momento para outro, alterando completamente a
programação estabelecida ou o curso dos acontecimentos agradáveis no qual se
encontrava. Em tudo, porém, se apresenta a providencial sabedoria de Deus,
demonstrando a fugacidade da organização física ante a perenidade da vida em si
mesma. A fé, racionalmente adquirida, responsabilizando o homem, é farol que
lhe ilumina o passo em qualquer circunstância, apontando-lhe o rumo seguro por
onde segue. (Destino e responsabilidade, pp. 54 e 55.)
14. O medo pode
produzir graves alienações -
O medo é agente de males diversos, que dizimam vidas e deformam caracteres,
alucinando uns, neurotizando outros, gerando insegurança e timidez, ou levando
a atos de violência irracional. Originário no Espírito enfermo, pode ser
examinado como decorrência de três causas fundamentais: a) conflitos herdados da existência passada, quando os atos reprováveis
e criminosos desencadearam sentimentos de culpa e arrependimento que não se
consubstanciaram em ações reparadoras; b)
sofrimentos vigorosos que foram vivenciados no além-túmulo, quando as vítimas
que ressurgiram da morte açodaram as consciências culpadas, levando-as a
martírios inomináveis, ou quando se arrojaram contra quem as infelicitou, em
cobranças implacáveis; c)
desequilíbrio da educação na infância atual, com o desrespeito dos genitores e
familiares pela personalidade em formação, criando fantasmas e fomentando o temor, em virtude da indiferença pessoal
no trato doméstico ou da agressividade adotada. Em qualquer dos processos
referidos, o medo é uma reminiscência que toma corpo na mente e assoma,
dominador, culminando por prevalecer ante qualquer decisão ou empenho de quem
lhe experimenta a injunção. Remanescente da encarnação passada, libera os
clichês arquivados no inconsciente profundo, estabelecendo alienações
auto-obsessivas, em mecanismo punitivo, de que o ser sente necessidade como
forma de minorar os efeitos danosos dos atos irresponsáveis e arbitrários
praticados. Não obstante, tal mecanismo de redenção em nada libera o culpado,
embora o leve a dores e angústias inomináveis, porque destituído do caráter
recuperador dos prejudicados ou de reparação dos delitos perpetrados. (Medo e responsabilidade, pp. 57 e 58.)
15. O medo pode levar sua vítima ao suicídio -
Se procedente das experiências sofridas fora do corpo, quando na Erraticidade
inferior, as recordações pavorosas criam condicionamentos viciosos que
atemorizam, fixando-as mais e, ao mesmo tempo, produzindo instabilidade em
relação a quaisquer programas de ação, que se apresentam como áreas perigosas,
para a mente em desconcerto, impedindo o rompimento da cortina invisível que se
lhe faz obstáculo. Nascente na vida atual, em face da família castradora e
rude, é ainda o Espírito endividado constrangido a recomeçar a vilegiatura
evolutiva, no meio social de que necessita, a fim de desenvolver os valores da
submissão, da autodisciplina e da humildade, lamentavelmente transformados em
medo. O medo torna o homem irresponsável, fraco e pusilânime. Provação de grave
resultado é instrumento para edificação interior por parte da consciência
comprometida. O medo é tão cruel que, diante de enfermidades irreversíveis e
problemas graves de alto porte, induz a sua vítima à morte pelo suicídio, numa
forma extravagante de expressar o medo de
morrer sob sofrimento demorado, gerando desse modo mais rudes aflições a se
estenderem por tempo indeterminado. Cultivado, torna-se fator asfixiante que
responde por terríveis prejuízos morais, sociais, mentais e humanos. Sendo
muito complexa a sua órbita de atuação, alguns heróis lograram sucessos nos
seus empreendimentos, sofrendo-lhe o impulso, enquanto traidores e desertores
não lhe puderam resistir à indução. O medo está presente na raiz de muitos
males. É indispensável, pois, combatê-lo com urgência, assim que seja notada
sua presença mórbida. Iniciando por pequenos tentames de atividade relevante, a
vítima do medo reconstrói-se interiormente, adquirindo confiança que a encoraja
a experiências mais expressivas, portanto mais difíceis. Passando, de imediato,
a assumir responsabilidade diante dos deveres e atuando com persistência,
adquire segurança íntima que a leva a resgatar os seus atentados contra a Consciência
Cósmica. Se fracassa numa empresa, não se intimida, pois compreende que o
insucesso é exercício para futuros êxitos e que ninguém é tão perfeito e hábil
que não experimente um que outro problema equivalente. (Medo e responsabilidade, pp. 58 e 59.)
16. O medo se combate orando e agindo
- O hábito de desincumbir-se das tarefas nobres cria condicionamentos positivos
que se vão incorporando ao modus operandi
até fazer-se automatismo na área das realizações. O medo recua, na razão direta
em que a disposição de atuar se faz mais forte, da mesma maneira que o inverso
é verdadeiro. Herança moral jacente no Espírito, a este compete o dever de considerar
frontalmente a questão e empenhar-se por vencê-lo. O instinto de conservação da
vida induz, muitas vezes, o homem ao medo racional, compreensível, que assume o
comportamento de cuidado, evitando a precipitação e a imprevidência.
Extrapolando, porém, tal condição normal e natural, é gerador de vários
distúrbios e conflitos que se instalam e revelam na conduta. Transfere-se de
uma vida para outra esse adversário do progresso humano, permanecendo até
quando a firme decisão de elevar-se e ser feliz propele o Espírito à luta sem
quartel para superá-lo. A parábola dos talentos, narrada por Jesus, alude ao homem
que, ao invés de aplicar seu talento, por medo enterrou-o, não logrando multiplicá-lo,
como sucedeu com os demais, motivo por que recebeu o reproche do seu amo, que
lhe tomou o talento e o ofereceu a quem houvera feito aplicação dos recursos
recebidos com proveito e destemor. A consciência da responsabilidade é o
antídoto para o medo, do que se deduz que o desejo de agir, para recuperar-se,
comanda a vontade e desarticula as engrenagens maléficas que o desequilíbrio
fomentou. O medo deve, pois, ser combatido com todos os valiosos recursos ao
nosso alcance, desde a oração à ação feliz. (Medo e responsabilidade, pp. 59 e 60.)
3a. REUNIÃO
(Fonte:
capítulos 10 a 14.)
1. Os flagelos
naturais constituem corretivos morais - Em face do impositivo da
evolução, o homem enfrenta os flagelos que fazem parte da vida. Os flagelos
chamados naturais surpreendem-no,
embora ele não os possa evitar, mesmo tendo meios de os prevenir e remediar
alguns de seus efeitos. Os flagelos irrompem de quando em quando, desafiando-lhe
a capacidade intelectual, ao mesmo tempo em que lhe estimula os valores que
deve aplicar para os conjurar e impedir. Constituem-lhe, assim, corretivos
morais, mecanismos de expiação dos males perpetrados, recursos da Vida para
impulsioná-lo ao progresso sem retentivas com a retaguarda. Muitos deles já
podem ser previstos e têm seus efeitos perniciosos diminuídos, em razão das
conquistas que a Humanidade vem alcançando. Outros -- que constituíam impedimentos
aos avanços e à saúde -- têm sido minorados e até vencidos, com a fertilização
de regiões desérticas, o saneamento de áreas contaminadas, a correção de
acidentes geográficos, a prevenção contra epidemias que dizimavam multidões, e,
graças ao Espiritismo, a terapia preventiva em relação aos processos obsessivos
que dominavam grupos e coletividades... Apesar disso, há os flagelos que o
homem busca através dos vícios, sobrepondo as paixões torpes aos sentimentos de
elevação, vindo a padecer males que poderiam ser evitados com um mínimo de
esforço. O egoísmo, que não cede lugar às aspirações altruístas, comanda a sua
ambição desmedida, levando-o a excessos que o comprometem. Agressivo por
instinto, não abdica da violência que gera atritos domésticos e de
classes, levando as nações às guerras,
cada vez mais danosas e de efeitos imprevisíveis, aumentando a sanha de
desforços, que se tornam causas de novos enfrentamentos, como se da vida
somente lhe interessasse o poder para a destruição... (Flagelos
e males, pp. 61 e 62.)
2. O abuso das
paixões é o agente dos males que nos infelicitam - A inteligência do homem, nesses momentos,
fica obnubilada e os vapores do ódio intoxicam a razão, bloqueando os
sentimentos. O homem, desgovernado, tomba, então, no flagelo por ele mesmo
criado, quando, no entanto, está fadado à glória do bem e ao remanso da paz.
Isso ocorre por efeito da sua imantação animal, desse predomínio da matéria
sobre o Espírito, do enleamento das paixões perturbadoras que cultiva,
atrasando-lhe a marcha que deveria prosseguir sem interrupção ou retardamento.
Está, porém, no desejo dele mesmo evitar os males em que se enreda, caso se
disponha a seguir o Estatuto divino, cujas leis são de fácil acesso e de
perfeita assimilação no seu dia-a-dia. Rebelando-se contra a ordem, afasta o
bem e, ausente este, enxameia o mal. Assim age, por pretender privilégios e
prerrogativas que lhe exaltem o orgulho, fazendo-o posicionar-se acima do seu
próximo, a quem passa a explorar e ferir, distante de qualquer respeito e
dignidade pela vida e pelas demais criaturas. Na raiz desse comportamento
extravagante e insensato encontra-se o atavismo ancestral, cujas imposições
materiais, tendo primazia, dominam por completo a paisagem emocional. O abuso
das paixões -- e não o uso correto que leva aos ideais do amor e ao arrebatamento
pelas causas nobres -- é o agente dos flagelos e males que se voltam contra o
próprio homem e o infelicitam. A dor é, porém, o aguilhão que o propele para a
frente, e é através dela que ele aprende a valorizar as oportunidades de sua
existência corporal e desperta para o bem, a que se entrega, após a exaustão
que o sofrimento lhe impõe. Como o mal não é uma realidade, mas um efeito
transitório, que pode ser alterado a partir do momento que se lhe modifique a
causa, ele transforma-se num futuro bem, porque vacina a vítima, que compreende melhor, a partir daí, a finalidade
da vida na Terra e se empenha por alcançá-la no mais breve prazo. Não tem
importância em que classe social ou posição cultural estagie a pessoa, visto
que a característica nele prevalecente é a de ordem moral, responsável pelo
tipo de aspiração a que se entrega e da conduta que mantém. (Flagelos
e males, pp. 62 e 63.)
3. Não praticar
o mal é o primeiro passo - Lord Byron, por exemplo, poderia
ter-se utilizado dos recursos de que dispunha, para enobrecer-se e felicitar a
vida das pessoas. Considerado belo e de corpo perfeito, culto e inteligente,
assumiu comportamento excêntrico e individualista, sensual e vulgar, com uma
genialidade asselvajada que ora pertencia às suas personagens e noutros
momentos parecia refletir seu próprio ser. Carlos Steinmetz, por sua vez, com
algumas deformidades físicas, mas belo nos ideais de solidariedade humana,
refugiando-se na América para escapar às perseguições políticas, contribuiu de
maneira extraordinária para o progresso das ciências elétricas, chegando a
patentear duzentas invenções e escrever diversos trabalhos científicos que
promoveram o progresso tecnológico da Humanidade. De acordo com a direção que
dê a seus passos, surgem para o homem os comportamentos que lhe assinalam a
marcha. Tudo é, porém, decorrência de seu mundo mental, característica de seu
estágio evolutivo. Gerando hábitos, a eles se submete, porquanto ninguém há que
viva sem esses condicionamentos. Quem não os tem bons, não fica deles isento,
passando a tê-los maus. O ideal será, então, iniciar-se nas experiências da
vida por uma forma neutra, ou seja, não praticar o mal, o que sabemos não ser suficiente. Mas é um primeiro
passo, que facultará outros mais audaciosos,
até que a atração do bem passa
a envolver o indivíduo, levando-o ao comprometimento com as ações
superiores. Desse modo, evitar o mal, que em nós mesmos reside, e, mediante o
livre-arbítrio, conquistar espaço para as ações meritórias, empenhando-nos por
vivenciá-las a partir de então -- eis o caminho a trilhar. Sentindo-se impelido
ao mal, em virtude dos remanescentes do primitivismo que nele jaz, todo homem
deve e pode evitar praticá-lo, educando a vontade e canalizando as forças
morais para o bem, que nele igualmente se encontra em gérmen, graças à sua
origem divina. Originário do mundo espiritual, para ali retornará um dia,
fadado ao bem vitorioso que conseguirá ao fim das pelejas travadas. (Flagelos e males, pp. 64 e 65.)
4. Inúmeros fatores levam o homem a temer a morte
- O temor da morte resulta de vários fatores inerentes à natureza humana e à
sua existência corporal. Entre eles destacam-se: a) o instinto de conservação
da vida, que lhe constitui força preventiva contra a intemperança, a
precipitação e o suicídio, que são, no entanto, desconsiderados nos momentos de
superlativo desgosto, revolta ou desespero; b) a predominância da natureza
animal, que nos Espíritos inferiores comanda as suas aspirações, tendências e
necessidades; c) o temporário olvido da vida espiritual de onde procede; d) o
conteúdo religioso das doutrinas ortodoxas, que oferecem uma visão distorcida e
prejudicial do que sucede após a ruptura dos laços materiais; e) o receio de
aniquilamento da vida, por falta de informações corretas a respeito do futuro
da alma e daquilo que lhe está destinado. Programado o corpo para servir de
instrumento para o progresso do Espírito, através de cujo cometimento
desenvolve todas as aptidões e valores que nele jazem latentes, o instinto de
conservação é-lhe um instrumento de alto valor, para que seja preservada a
vida, até as últimas resistências. Por isso, o Espírito se imanta ao corpo e
receia perdê-lo, em razão do atavismo ancestral que lhe bloqueia o
discernimento a respeito daquilo cujos dados de avaliação não logram
impressionar-lhe os sentidos. O predomínio da natureza animal desenvolve-lhe o
egoísmo e exacerba-lhe a paixão violenta, acentuando a sensualidade que se
expande engendrando programas de novos gozos, que terminam por exaurir-lhe as
energias mantenedoras dos equipamentos de sustentação orgânica. Assim é que um
leve aceno de prolongamento da vida física ao moribundo fá-lo sorrir e aspirar
pela sua ocorrência, em injustificável apego aos despojos que lhe não permitem
mais largos logros, embora lhe concedam a permanência física. A reencarnação
promove o transitório esquecimento do passado, que é providencial, mas esse esquecimento
constitui também motivo de receio da morte, em razão da falta de elementos que
estruturem a confiança na sobrevivência, com o retorno ao mundo espiritual. (Temor da morte, pp. 67 e 68.)
5. A idéia da
sobrevivência do Espírito é inata em todos nós - O
estabelecimento de prêmios e punições de sabor material, para a vida
post-mortem, tornou-a detestável, não só
pelo medo de uma justiça absurda e impiedosa, como pela indiferença a uma
felicidade estanque, monótona e perpétua, que tem lugar num céu onde o amor não
dispõe de recursos para socorrer os caídos, nem a piedade vige em relação aos
infelizes... O engodo dos sentidos, por fim, anestesia a razão e a leva a
concluir que a morte deles representa a destruição da vida, arrolando o cérebro
como autor do pensamento e elevando os órgãos à condição de causa da existência
do ser. Assim, a desinformação e as concepções erradas sobre a vida futura são
responsáveis pelo temor da morte, que leva muitos indivíduos a estados
neuróticos lamentáveis, como a comportamentos alucinados, nos quais buscam o
esquecimento, fugindo da sua contingência enganosa. É, todavia, inata em todos
os seres a idéia da sobrevivência do Espírito à morte do corpo físico. A
intuição do futuro sempre esteve presente em todos os povos, desde os mais
primitivos, estabelecendo, de algum modo, um código ético de comportamento, que
previne o homem e o prepara para o encontro com a consciência após o traspasse.
Nos indivíduos imediatistas, aferrados aos prazeres físicos, o medo da morte é
maior, em face das sensações que os escravizam à matéria, fazendo-os recear a
perda dos gozos em que se comprazem. À medida, porém, que se aclaram os enigmas
em torno da realidade post-mortem, em que os fatos demonstram o seu
prosseguimento, oferecendo uma visão correta sobre a sua continuação, o temor
cede lugar à confiança e as dúvidas são
substituídas pela certeza da perenidade do ser, que se sente estimulado a
preparar, desde então, esse futuro, no qual a felicidade possui uma dinâmica
que fomenta o progresso incessante, em decorrência do esforço empreendido por
quem deseja alcançá-lo. Essa convicção leva o homem a uma mudança de metas, que
passa a conquistar, esforçando-se pelo trabalho no presente com os olhos postos
no futuro. A saudade dos afetos que o precederam na viagem de volta não mais o
dilacera, porque tem certeza de que irá reencontrá-los. (Temor
da morte, pp. 68 e 69.)
6. O homem deve pensar na morte, como pensa na vida
- Essa certeza faz com que novos estímulos tomem corpo, executando um programa
de promoção para credenciá-lo à convivência ditosa. Graças a esta emulação,
todos os esforços são aplicados com direcionamento positivo, ensejando coragem
para a luta e ânimo para vencer o cansaço ou quaisquer outras dificuldades que
intentem obstaculizar-lhe a marcha. O conhecimento dos objetivos mediatos da
vida e a identificação dos valores que jazem no Espírito, mediante a
concentração no ser real, fazem que a perda do envoltório físico não signifique
quase nada em relação à sobrevivência doadora de todas as bênçãos a que se pode
aspirar. Enquanto perdura o fenômeno orgânico, as impressões da vida espiritual
são fugazes, incompletas. Na razão, porém, em que diminuem os impositivos da
matéria sobre a alma, ampliam-se-lhe as percepções do mundo causal, dando
origem a um secreto desejo de despojar-se do fardo que pesa, às vezes, com
altas cargas de miséria e de dor. Aqueles que tudo depositam na vida física
temem perdê-la, aferrando-se com desespero às suas exigências em prejuízo da
libertação, que se lhes torna penosa e demorada. O exercício mental e o natural
desapego das ilusões favorecem a confiança na sobrevivência, anulando o
injustificável medo da morte. Para isso, é preciso o amadurecimento íntimo que
decorre da vivência equilibrada e do conhecimento que o estudo e a experiência
propiciam, ou resulta do sofrimento, o grande e oportuno fiador dos que se encontram
encarcerados e anelam pela libertação. O
homem deve pensar na morte conforme pensa na vida. Cada dia que passa no
calendário terrestre, adicionando-lhe tempo à existência física, é-lhe um a
menos, a aproximá-lo do portal da morte. Substituir o medo pela expectativa de
como será a vida mais tarde, substituir a incerteza pela conscientização do
prosseguimento espiritual, deve ser um programa bem elaborado para ser vivido
com tranqüilidade, no dia-a-dia do seu peregrinar evolutivo. A vida espiritual
perde assim para ele o seu caráter hipotético, para tornar-se uma realidade, na
qual penetra desde antes da morte, através dos fenômenos mediúnicos que lhe
propiciam essa convicção, especialmente com o intercâmbio dos sempre vivos, que
o vêm emular na preparação da equipagem para o inevitável processo de retorno.
(Temor da morte, pp. 70 e 71.)
7. Um
calidoscópio mágico desfila-nos todos os fatos da existência ora finda
- Quando o homem compreender, em toda a sua magnitude, o fenômeno da morte e o
conseqüente despertar do Espírito, poderá contribuir de maneira eficiente para
o desprendimento dos moribundos no seu leito de agonia. O comportamento
materialista, que o propele a uma existência de imediatismos, faz que, diante
da morte dos seres queridos, se entregue ao desespero, ou à blasfêmia, ou ao
inconformismo, atirando perigosos dardos de ira naquele que necessita de paz,
no momento grave em que se lhe encerra o ciclo biológico, no qual realizou
empreendimento de magna importância para o seu curso de evolução. Os minutos ou
horas que precedem à desencarnação se revestem de muita significação para o ser
em preparativos para seguir à Espiritualidade. O afrouxamento dos laços
perispirituais e o conseqüente desfazimento deles ocorrem entre sensações e
emoções complexas que variam de criatura para criatura, conforme o grau evolutivo que cada qual haja logrado. Desse
modo, deve transcorrer em clima de paz ambiente o processo liberativo, para
que, no instante em que cessem as pulsações orgânicas, nenhum choque vibratório
atinja o recém-desencarnado. Em face do desajuste comportamental do cotidiano,
muitos familiares e amigos criam uma psicosfera agressiva, na qual os petardos
mentais alcançam o convalescente em
estado de sono, perturbando-lhe o repouso que precede ao despertamento. Nas
horas seguintes, porque permanecem as conjunturas tumultuosas, o Espírito se
aturde ante as cenas chocantes que depara, quase sempre tombando em
desequilíbrios equivalentes e injustificáveis. Logo que se dá a ocorrência da
desencarnação, o Espírito acompanha, em calidoscópio mágico, todos os fatos da existência
que acabou de viver, podendo, em breve espaço de tempo, aquilatar a respeito da
conduta que se permitiu, com a automática avaliação de todos os seus atos. Só
então passa a lamentar os erros como a abençoar os sacrifícios e as dores, as
realizações nobres e as lutas travadas em prol dos ideais dignificantes, bem
como as renúncias ocultas, a abnegação e os silêncios que beneficiaram outrem,
como efeito do amor e da caridade a que se afeiçoou. (Ante moribundos, pp. 73 e 74.)
8. O ambiente de
harmonia contribui para tornar ameno o momento da morte - Certamente,
nem todos os desencarnados podem repassar a vida há pouco concluída,
considerando-se que grande número deles, subjugados pelos vícios ou pela
materialidade de sua existência, não se dão conta do que lhes aconteceu e, mesmo quando são levados à reflexão
post-mortem, negam-se a aceitar a contingência, apegando-se às impressões e aos
gozos nos quais se compraziam, embora estes se lhes apresentem, agora, de forma
afligente e angustiante. Essa perturbação se alonga pelo tempo em que as ilusões
cultivadas predominam, impedindo-lhes o despertar da consciência longamente
anestesiada pelos vapores tóxicos da carne... O ambiente de harmonia, saturado de
vibrações benéficas, contribui efetivamente para tornar ameno e compensador o
momento da morte, mesmo para os que não souberam utilizar corretamente os
tesouros da vida, facultando que sobre eles os afetos espirituais possam
exercer ação benéfica e até impeditiva da loucura ou dos pesadelos cruéis que a
muitos assaltam... O momento da reencarnação é sempre aguardado com entusiasmo
e festa no coração, o que constitui bênção para o ser que chega e principia a
nova caminhada na Terra. Encarcerando-se temporariamente no corpo, para o
cumprimento do programa de iluminação, quando chega a hora da libertação seria
de esperar que todos os que compartilharam da experiência proveitosa e o
próprio triunfador se alegrassem, cantando hosanas de felicidade e agradecendo
as dádivas recebidas, que irão contribuir para a plenitude buscada. Em caso de
insucesso da jornada, melhores razões há para criar-se um clima psíquico e
emocional de amor, que proporcione uma revisão tranqüila dos atos e já uma
outra programação para o porvir, em regime de confiança em Deus, na esperança
de melhores oportunidades futuras. (Ante moribundos, pp. 74 e 75.)
9. Ante os que
partem para a vida espiritual devemos agir com dignidade e amor
- Não podendo o Espírito involuir, mesmo quando não logre as vitórias, surgem
áreas de experiências que o beneficiarão mais tarde, nele estabelecendo valores
que serão aproveitados nas ocasiões devidas. A morte é, portanto, momento de
valiosa expectativa para o ser. Desse modo, o velório e o sepultamento prosseguem
merecendo o mesmo respeito e a mesma consideração que se devotavam ao
desencarnado. Mais do que um ato social, em que predominam valores ligados às
vaidades humanas, o velório constitui um apelo ao sentimento fraternal e à
solidariedade espiritual, para ajudar aquele cujos despojos serão levados à
inumação ou à cremação cadavérica. Quando se compreende que morrer é fenômeno
indolor, que faz parte da vida, jamais destruindo-a, compreender-se-á que
naquele momento não se interrompem os intercâmbios afetivos, as necessidades
emocionais ou os anelos do coração... A entrada na Vida que estua noutra
dimensão exige recursos próprios para tornar ditoso o recém-chegado ou
minoradas as penas que o aguardam. Em toda parte vige o intercâmbio psíquico e
emocional, mantendo estruturas ou desarticulando-as, estimulando as aspirações
ou diluindo-as, pois que essa é uma das mais poderosas forças existentes,
infelizmente não canalizada conforme seria de desejar. Devemos agir, portanto,
ante os que se estão desprendendo, com dignidade e amor. A inevitável saudade e
a próxima ausência física, que tanto maceram, não se podem converter em
instrumentos de agressão espiritual ao ser amado. Antes de pensar em si, aquele que fica, se realmente ama, pense em quem segue e ajude-o, para que mais rapidamente possa tê-lo de
volta ao convívio espiritual, onde um
dia todos nos reuniremos sem mais angústia
nem adeus... (Ante moribundos, pp. 75 e
76..)
10. Morte não é sinônimo de desencarnação
- Etimologicamente, morte significa “cessação completa da vida do homem, do
animal, do vegetal”. Genericamente, porém, morte é transformação. Morrer, do
ponto de vista espiritual, nem sempre é desencarnar, ou seja, liberar-se da
matéria e das suas implicações. A desencarnação é o fenômeno de libertação do
corpo somático por parte do Espírito, que, por sua vez, se desimanta dos
condicionamentos e atavismos materiais, facultando a si mesmo liberdade de ação
e de consciência. A morte é o fenômeno biológico, término natural da etapa
física, que dá início a novo estado de transformação molecular. A desencarnação
real ocorre depois do processo da morte orgânica, diferindo em tempo e
circunstância, de indivíduo para indivíduo. A morte é ocorrência inevitável, em
relação ao corpo, que, em face dos acontecimentos de vária ordem, tem
interrompidos os veículos de preservação e de sustentação do equilíbrio
celular, normalmente em conseqüência da ruptura do fluxo vital que se origina
no ser espiritual, anterior, portanto, à forma física. A desencarnação pode ser
rápida, logo após a morte, ou se alonga em estado de perturbação, conforme as
disposições psíquicas e emocionais do ser espiritual. De conformidade com a lei da entropia, que estabelece a
necessidade da energia para a manutenção da vida, a morte é o efeito imediato
da carência desse agente, seja a pouco e pouco, pelo envelhecimento dos órgãos,
que já não se renovam, ou mediante a violência, de qualquer modalidade, que lhe
impede a sustentação das moléculas que se aglutinam sob sua força de
coesão. Tendo em vista que o homem
procede do mundo espiritual, a morte é o veículo que o reconduz à sua origem,
onde cada qual ressurge com as características definidoras de suas conquistas.
Morrer é, pois, muito fácil, isto é, interromper o ciclo orgânico, o que não
significa deixar de viver, desde que, indestrutível, a vida ressurge sob outro
aspecto, sem que haja cessação do seu curso ou outra qualquer forma de
aniquilamento. (Morte e desencarnação,
pp. 77 e 78.)
11. No suicídio direto, a morte não liberta a alma
- Tendo em vista que a vida se encontra submetida a leis invioláveis na sua
estrutura íntima, o ato de morrer, não poucas vezes, é precedido de exames e
estudos por parte dos Espíritos encarregados de manutenção da vida, que são os
Mentores dos homens, dedicados a auxiliar no desenvolvimento intelecto-moral a
que todos somos submetidos como encarnados ou desencarnados. Na faixa em que se
encontram os mais simples espiritualmente, cujas vidas se desenvolvem nas áreas
das experiências mais instintivas, quais a alimentação, a reprodução, o repouso
e o prazer, a ocorrência da morte se dá através de automatismos previstos pelo
processo natural da evolução, num ir-e-vir que facultará condições para que
sejam atingidas etapas de maior relevância. Nas fases em que ao instinto mais
dominador sucedem as aspirações do discernimento, dos ideais e dos compromissos
nobres, o livre-arbítrio, comandando muitos dos mecanismos morais, propicia os
cuidados dos Instrutores desencarnados que se encarregam de estabelecer os períodos
de aprendizagem no corpo, de acordo com os compromissos pretéritos no campo das
conquistas e dos prejuízos, adquiridos pelo ser em crescimento. No caso de
indivíduos vinculados a tarefas significativas, da mesma forma que a reencarnação
exige cuidados e planejamento especiais, a morte e a liberação imediata são
conduzidas através de programas mais bem estudados. De acordo com os valores do
indivíduo e o efeito que sua vida causa em outras vidas, a morte pode ser
antecipada ou postergada, considerando-se os benefícios que disso decorram.
Evidentemente, nas outras faixas do processo evolutivo, a morte pode ser
precipitada tanto quanto retardada, graças ao desgaste ou prolongamento das
forças vitais mantenedoras do corpo físico, como resultado do uso que se
permitam as criaturas. No suicídio direto, violento, a morte não liberta a
alma; ao contrário, produz o prolongamento das aflições, aumentadas pelas dores
morais e pelos fenômenos decorrentes da imantação do Espírito ao corpo, pelas
fixações mentais geradoras de sensações novas e rudes, que enlouquecem quase
sempre todo aquele que planejou fugir, sendo pela vida surpreendido mais adiante.
Em menores proporções, mas não menos dolorosas, dá-se o mesmo nos suicídios
indiretos. (Morte e desencarnação, pp. 78 e 79.)
12. O homem de
bem, morto o corpo, desprende-se logo dos despojos físicos - A
desencarnação dá-se também, noutras circunstâncias, mesmo antes da ocorrência
da morte física, quando o ser, voltado para a realidade maior, a causal, começa
a transferir as aspirações e anelos para esta, vivendo e agindo no mundo sem
que se deixe aprisionar aos seus grilhões. Nesse sentido, o sofrimento
resignado tem papel relevante, porque faculta a superação dos condicionamentos,
transformando sensações grosseiras em emoções menos densas que as cargas das
paixões primitivas. Em outros casos, a desencarnação se inicia mesmo durante a
vida física, através das atitudes idealistas, missionárias, em que a abnegação,
a renúncia, o sacrifício e o amor em dimensões mais amplas sutilizam o peso específico da organização
material, transformando as correntes de energia que transitam do ser espiritual
para o corpo e vice-versa, agindo nos implementos orgânicos de forma menos
densa. Biologicamente, começa-se a morrer desde quando se começa a viver, pois
que as transformações celulares se dão incessantemente. A morte deve merecer
estudos e reflexões por parte de todos os homens, mergulhados que estão nas
correntes da vida, temporariamente amortecidas a lucidez e as recordações pela indumentária carnal. Visto o assunto
dessa maneira, entende-se por que, em muitos casos, para morrer e logo
desencarnar e libertar-se é necessário ter merecimento. Permanecer num corpo
mutilado e dorido, sob os camartelos das aflições morais e físicas, constitui
necessidade inadiável, e essa conduta na dor facultará ou não a libertação,
conforme seja vivida. Como cada homem tem a vida de que precisa, na Terra, para
crescer e ser feliz, cada qual tem a morte a que faz jus, em razão dos atos
praticados. O homem de bem, diante dessa proposta, opta evidentemente pela
conduta de libertação, graças à qual, tão logo se interrompa a vida orgânica,
ele se desprende dos despojos físicos e de suas implicações escravocratas,
ensejando-se-lhe a libertação real, no retorno feliz ao lar que o aguarda após
a experiência evolutiva ora concluída. (Morte e desencarnação, pp. 80 e 81.)
13. Aprender a
morrer tornou-se para os orientais uma necessidade ética -
Atribui-se à tradição espiritualista oriental a idéia de que os pensamentos
finais do moribundo, acalentados por hábito natural, se encarregarão de plasmar
o seu futuro corpo, no processo de reencarnação, nele fixando, por aspiração
livre, os valores e recursos necessários para o progresso. Certamente, as
idéias negativas e deprimentes estabeleceriam comportamentos orgânicos e
nervosos em padrões de sofrimento, assim como os anelos nobres dariam gênese a
formas e funções harmônicas na vida seguinte, embora sujeitas às imposições
cármicas decorrentes das ações praticadas. Em face dessa crença, fazia-se
necessário que o homem aprendesse a morrer, cogitando de reflexionar a respeito
da fatalidade biológica em consonância com a harmonia íntima, responsável pelas
futuras experiências carnais. Aprender a
morrer tornou-se, para a cultura oriental ancestral, uma necessidade ética,
filosófica e religiosa, tendo em vista a fragilidade e a pequena duração da
vida carnal. Segundo a mesma doutrina, aprendendo-se a morrer, está-se
aprendendo a viver em níveis superiores de entendimento e ganhos morais,
propiciando-se à criatura humana saúde espiritual, plenitude de vida e
realização interior. O apego à
sensualidade e aos bens transitórios produz o pavor da morte, redundando em
desarmonias internas que de forma alguma impediriam o processo desencarnatório,
às vezes apressando-o, em face dos elementos destrutivos que a mente elabora e
sustenta. No sentido inverso, a aceitação jubilosa do inevitável faculta a
ampliação de tempo nas experiências terrenas, porque o psiquismo compreende que
morrer é prosseguir vivendo, apesar da diferença vibratória na qual se
expressará a realidade. Ninguém, assim, aprenderia a viver, se não fosse
lograda a tarefa de aprender a morrer. De fato, o processo da morte real
inicia-se na plenitude das forças, quando a mente se apega e se apaixona por
pessoas e coisas, enovelando-se em fixações que pretende permanentes,
esquecendo-se da transitoriedade de todas elas enquanto na Terra. (Morrendo para viver, pp. 83 e 84.)
14. A importância
de um curso de psiconáutica - Assim, o exercício da desimantação
e do desprendimento gerará recursos que facilitam o entendimento a respeito da
morte, propiciando, além-túmulo, a continuação dos ideais de sabor eterno.
Examinando-se a questão sob este ponto de vista, alteram-se as estruturas do
comportamento intelecto-moral do homem no mundo. Embora sejam importantes as
conquistas do Espaço, a chegada a algum dos planetas do nosso Sistema e até
mesmo o intercâmbio com outras galáxias, assume relevância maior o
autoconhecimento, a consciente solução dos problemas de comportamento íntimo,
as viagens ao cosmo de si mesmo. As vitórias que se conseguem na transcendência
sobre os valores temporais são muito mais significativas, porque acompanham o
indivíduo eterno em outros esforços de elevação, no sentido vertical do
progresso. A indagação principal que deveria preocupar o homem seria descobrir
quem ele é e, por extensão, qual a finalidade da sua vida na Terra, a fim de
postular de forma equilibrada a identificação do lugar para onde vai. Ao decifrar
essas perguntas, ele inicia automaticamente um curso de psiconáutica, pela meditação e reforma moral, encontrando-se no
ontem e compreendendo o hoje, com o propósito de produzir eficazmente para o amanhã.
As aspirações, o desejos fortes produzem o destino futuro do homem. Conforme
ele desejar, sua vontade será posta em ação, do que resultará conquista ou
perda no comércio moral e espiritual da vida. Os apegos de qualquer
procedência, durante a vida física, impõem que após a morte prossigam interessando
com o mesmo vigor com que foram estruturados antes. A instabilidade no dever,
tanto quanto a fixação nos desejos primários criam aflições e conjunturas
amargas, em razão do seu conteúdo pleno de insatisfação e revolta. Somente a
visão correta dos valores terrenos proporciona a sua utilização equilibrada,
para posteriores avaliações, aceitação ou recusa do seu prosseguimento. O
discernimento, por sua vez, clarifica a mente e liberta o sentimento daquilo
que é prejudicial, inspirando as atividades perenes do amor sem posse,
responsável pela liberdade. (Morrendo
para viver, pp. 84 e 85.)
15. Os
pensamentos são os modeladores do ser humano - Diz o livro de
Provérbios, cap. XXIII, versículo 7: “O homem é aquilo que pensa no seu
coração”. Evidentemente que os últimos pensamentos não irão definir as futuras
engrenagens de que o Espírito se utilizará na porvindoura reencarnação. Mas
contribuirão de forma acentuada, não por serem os finais, mas sim porque
refletem todos os hábitos vividos durante a existência, plasmadores dos
envoltórios necessários, para a reeducação e aquisição de novos títulos de
enobrecimento para o viajor eterno. Os pensamentos são os modeladores do ser,
porque são os promotores dos atos. Do modo como o homem pensa, naturalmente se
comporta. Com exceção feita às aparências mascaradas pela compostura social, o
indivíduo é, em realidade, aquilo que cultiva na mente. A ação do pensamento na
vida do homem que o utiliza é tão vital quanto a do Sol nas células e na
vida... O fatalismo biológico estabelecido mediante o nascer, viver e morrer ou
transformar-se é inexorável. Aprender a utilizar-lhe o ciclo, para formular e
conseguir metas iluminativas para o Espírito eterno, eis o que cumpre realizar,
todos aqueles que se empenham na conquista da vida em si mesma, além das
conjunturas celulares. A morte é, dessa maneira, uma bênção, em cuja presença a
liberdade abre suas asas para o encarcerado, propondo-lhe vôo auspicioso... Não
houvesse tal limite estabelecido pela sabedoria das Leis, e o caos surgiria na
Terra... Todas as épocas, portanto, da trajetória terrestre são de magnitude
para que se considere a morte e se aprenda a morrer, vivendo-se com sabedoria
cada momento, despedindo-se dos fatores infelizes e aspirando-se às conquistas
ideais do Espírito. Procedendo o homem de tal forma, nos momentos finais, o seu
pensamento trabalhará a futura morada e talhará a roupagem formosa para uma
nova reencarnação, na qual poderá concluir o ciclo dos renascimentos corporais,
assim tornando-se um pleno conquistador. (Morrendo para viver, pp. 85 a 87.)
4a. REUNIÃO
(Fonte:
capítulos 15 a 20.)
1. Conforme a
experiência corporal, assim será o desligamento espiritual -
Para desvencilhar-se das amarras do organismo físico, necessita o Espírito de
adestramento e habilidade, que se desenvolvem desde quando deambula encarcerado
no mecanismo da reencarnação. As impressões longamente fixadas e as sensações
vividas com sofreguidão assinalam profundamente os tecidos sutis do perispírito,
impondo necessidades e dependências, que a morte não consegue,
de imediato, interromper. Da mesma forma que o processo reencarnatório se
alonga desde a concepção até os primeiros momentos da adolescência, num
complexo assenhoreamento das células que se submetem aos moldes do corpo de plasma biológico, a liberação
da clausura exige um período de adaptação à realidade de retorno, dependendo,
de certo modo, dos condicionamentos impostos pelo uso das funções
fisiopsicológicas, que geram amarras fortes ou as diluem na sucessão do tempo,
em face do teor vibratório de que se revestem as aspirações vividas ou
acalentadas. A ruptura dos vínculos de manutenção do Espírito ao corpo é
somente um passo inicial na demorada proposta da desencarnação. Normalmente
encharcado de impressões de forte teor material, o Espírito se demora
mimetizado pelas vibrações a que se ambientou, prosseguindo sob estados de
variadas emoções que o aturdem. Quando aclimatado às experiências psíquicas e
mediúnicas, mais fácil se lhe faz o desenovelar-se dos grilhões que o prendem à
retaguarda, readquirindo a lucidez, cuja claridade racional apressa o mecanismo
de libertação. Mesmo assim, necessita de conveniente adaptação, a fim de
readquirir as funções que jaziam bloqueadas pelo corpo ou sem uso conveniente,
em razão do comportamento carnal. A mente responde, assim, por vasta quota de
responsabilidade no fenômeno da morte física. Conforme a experiência corporal,
assim se fará o desligamento espiritual. (Processo
desencarnatório, pp. 89 e 90.)
2. Morrer faz
parte do compromisso da vida -
Nesse transe, para o qual todos os homens se devem preparar, através de
exercícios de renúncia e desapego, torna-se imprescindível o conhecimento da
vida espiritual, que estua, atraente, dando curso a quaisquer empreendimentos
que, por acaso, fiquem interrompidos... O capítulo mais penoso da convalescença
post-mortem é desimpregnar-se das sensações mortificantes que anteriormente o
escravizaram. Acostumado a viciações e hábitos perniciosos, que se comprazia em
vitalizar com atitudes físicas e mentais, vê-se o desencarnado subitamente
interditado de dar-lhes prosseguimento, o que então lhe constitui tormento
inenarrável, levando-o a arrojar-se sobre os despojos em decomposição, ávido de
gozo impossível, nele próprio produzindo estados umbralinos de perturbação
psíquica em que passa a jazer por longo período, ou se atira, por afinidade de
gostos, em intercursos obsessivos, em que suas vítimas lhe emprestam o veículo
para a nefária dependência... (N.R.:
Nefária: nefanda, perversa, abominável.) A morte já não é um ponto de
interrogação, como antes, graças às informações dos que lhe transpuseram a
aduana e retornam para desvelar os aparentes enigmas que a vestiam com o
misterioso e o sobrenatural. O Espírito veste-se e despe-se do corpo obedecendo
ao automatismo das leis do progresso, sendo facultado aos que o desejem, pelo
esforço e estudo, a aprendizagem e o uso das técnicas de renascer e desencarnar
sem choques nem padecimentos, perfeitamente evitáveis. Entendendo que a morte
faz parte do compromisso da vida, o homem arma-se de valores para o momento de
sua própria libertação, como da libertação dos afetos, que voltará a encontrar
na grande pátria de que todos procedemos. Com esse cuidado completa-se o quadro
de auxílio aos desencarnados, por parte dos familiares e amigos que
permanecerão por mais um pouco no corpo, evitando-se as emissões de ondas
mentais de rebeldia e desespero, de mágoa e angústia, que são verdadeiros ácidos que ardem e requeimam naqueles
desencarnados em cuja direção se arremessam tais vibrações de desconforto e
insatisfação. Morrer é desnudar-se diante da vida, é verdadeira bênção que traz
o Espírito de volta ao convívio da família de onde partiu... A experimentação
mediúnica desenvolvida pelo Espiritismo é o mais seguro guia destinado a
esclarecer o transe da morte e preparar os homens para a inevitável decorrência
libertadora, que dependerá, contudo, de cada criatura. (Processo desencarnatório, pp. 90 e 91.)
3. A perturbação após a morte depende de nossa conduta moral
- Partindo-se da experiência espírita que elucida o fenômeno da morte, ressuma
a filosofia comportamental que se alicerça na moral cristã, lavrada no amor a
Deus e ao próximo, a expressar a vivência da caridade sob todas as modalidades
e em cuja prática o Espírito evolve, progredindo sem cessar no rumo da
plenitude. Como efeito da conduta moral e das aspirações a que se vincula o
Espírito, o seu estado de perturbação após a morte do corpo perdura por breve
ou largo tempo, fenômeno natural quanto lógico. Quase todos os desencarnados
experimentam a turbação que sucede ao desprendimento da matéria. A intensidade
e o prazo variam conforme as condições de cada um. As pessoas que viveram para
o prazer, usufruindo sensações e gozos desenfreados, recusam-se a compreender a ocorrência
liberadora, já que prosseguem fixados aos sentidos e apetites a que se vincularam, sofrendo
inenarráveis angústias por não serem atendidos nos hábitos antigos, mesmo que
se esforcem até quase à exaustão. Outros indivíduos, que eliminaram da mente qualquer
possibilidade de sobrevivência ao cadáver, hibernam-se, experimentando
inconcebíveis pesadelos que decorrem
dos fenômenos biológicos em contínua transformação e que neles se impõem por
tempo indeterminado. Os onzenários e egoístas, os delinqüentes de qualquer
tipo, vêem a tragédia do mau uso que os seus herdeiros ora fazem dos bens
avaramente acumulados, assim como as consciências criminosas enfrentam suas
vítimas, algumas das quais as perdoam, tornando-se insuportável a presença
delas. (Processo desencarnatório,
pág. 92, e Perturbação no Além-Túmulo,
pág. 93.)
4. O homem diligente e caridoso tem um despertar suave e
rápido - Pior ainda é-lhes a sujeição que passam a sentir sob as
vítimas que os descobriram no mundo espiritual e -- inferiores que são --
buscam vingar-se com agressividade, não lhes dando tempo a que recuperem sequer
a lucidez a respeito da própria situação. Os que foram arrebatados por morte
violenta, por imprevidência, precipitação ou desleixo, em atos suicidas,
continuam imantados aos despojos putrescíveis por muito tempo. Os suicidas são
aqueles que mais penosa perturbação experimentam, como conseqüência da rebeldia
que os alucinou, alongando-se-lhes o drama do momento final, quase que
infinitamente, pela impossibilidade mental e emocional de dimensionarem o
tempo. A tranqüilidade espiritual na ultratumba deve ser trabalhada adredemente,
qual ocorre em qualquer realização, cujo clímax é o resultado de uma programação
cuidadosa. Encerrando a vida biológica apenas, a morte, na condição de hábil
cirurgiã, interrompe somente os laços que prendem o Espírito ao corpo físico,
dependendo daquele a liberação emocional deste último. Quem jamais se preocupou
com essa lei da fatalidade orgânica, sofre, com a surpresa que o assalta, as
conseqüências do medo, das imagens fantasistas a que se acomodou e da realidade
pujante da qual não se pode furtar. O inverso igualmente se dá, facultando ao
homem justo e diligente, honesto e caridoso, um suave e rápido despertar,
recepcionado pelos amores que o anteciparam e o aguardam felizes... De alguns
minutos apenas ou de poucas horas é-lhe a duração do estado aflitivo,
perturbador, ou passado em sono agradável, do qual desperta em festa de alegria
pelos reencontros formosos. As enfermidades de longo curso, os sofrimentos e
provações bem suportados propiciam ao Espírito o lento desprender-se dos
condicionamentos mundanos, favorecendo o pensamento com projeções da vida triunfante,
que constata com facilidade e rapidez. Todo e qualquer hábito longamente
cultivado impregna o indivíduo que se lhe submete, mesmo quando dele deseja
libertar-se. (Perturbação no Além-Túmulo,
pp. 94 e 95.)
5. Para
ninguém existe exceção em qualquer lugar onde se encontre -
Desse modo, determinadas viciações, longamente mantidas, exigem tempo idêntico
ao da fixação para que, além do corpo, se desimpregnem do Espírito. Não há
porque estranhar o fato, recordando-se que, na área da reeducação, diante de
hábitos extravagantes e perniciosos, o processo é o mesmo, sempre penoso quão
demorado. No que tange ao ser eterno, este fica tão condicionado e intoxicado
que o processo de liberação impõe-se lento, forma, aliás, salutar de se
evitarem danos mais graves. Muitos religiosos, informados equivocadamente sobre
a vida espiritual, experimentam, após a morte, grande choque, por não
encontrarem comitê de recepção constituído pela Divindade e por anjos,
tombando, quando presunçosos, em terrível mágoa, decepção ou revolta que os
transtorna por longo período, deixando-os em lamentável perturbação. Aqueles,
porém, que tomaram conhecimento do que sucede após a matéria e não viveram em
conformidade com essa crença, caem em depressão prolongada, assim que constatam
a sobrevivência espiritual. Para ninguém ocorre exceção, em qualquer lugar onde
se encontre. Cada Espírito, seguindo o heliotropismo divino, apressa, estaciona
ou retarda a marcha, não se retendo indefinidamente, pois que o Amor é o mesmo
e invariável para todos no processo evolutivo. Em conseqüência, em toda e
qualquer conjuntura luz a misericórdia de Deus através da presença de Nobres
Mentores e afeiçoados pessoais, que cooperam com o recém-desencarnado, não
interferindo, porém, pela violência, na colheita que a cada qual diz respeito,
em face da sua sementeira terrena. O conhecimento da vida espiritual e as ações
edificantes, trabalhando o metal do caráter humano, são o passaporte e a
passagem que facultam a viagem feliz, com uma chegada ditosa, sem embaraço ou
impedimento na travessia da aduana da morte. O homem deve sempre reservar
alguns momentos diários para meditar a respeito da viagem de volta, e,
conscientemente, reunir a valiosa bagagem que irá conduzir, única de que se
poderá utilizar ao transpor a fronteira do mundo físico. A perturbação
espiritual após a morte é, portanto, o resultado do comportamento de cada
criatura enquanto se encontra sob as imposições orgânicas. (Perturbação no Além-Túmulo, pp. 95 e
96.)
6. As causas
do suicídio residem na alma imatura - O suicídio é remanescente
do primitivismo humano, que permanece arrebanhando as vítimas indefesas, que
lhe tombam nas urdiduras intrincadas. Decorrência da revolta espiritual do ser
ante as circunstâncias, os acontecimentos e os estados da alma que lhe parecem
adversos, é o suicídio solução enganosa a que se deixam conduzir todos aqueles
que preservam os seus conflitos e os fixam na área mental da insatisfação e do
desespero sistemático. A ignorância propositada ou a reação consciente aos
Estatutos divinos, que pessoa alguma, na chamada civilização hodierna, pode
ignorar, produzem a indiferença pelos valores sublimes da vida, liberando o
homem da responsabilidade e do dever de lutar, obstando-lhe a perseverança nos
objetivos relevantes a que se deve entregar. Os “instintos agressivos”, não
disciplinados, explodem-lhe, em rebelião indômita, em face do menor desgosto
real ou imaginário, diante de qualquer insucesso natural em todos os empreendimentos,
fazendo que seja estabelecida uma neurose depressiva de culpa ou de
transferência, acusando-se e autopunindo-se, ou responsabilizando os outros e a
sociedade, assim se arrojando no poço sem fundo da autodestruição, que apenas
atinge o corpo. Os comportamentos materialistas, em modernas escolas de
psicologia, pretendem relacionar o suicídio com baixas cargas de serotonina no
cérebro, facilitando a compreensão do
episódio autocida graças a um
neurotransmissor de natureza química. Sem dúvida, nessas dezenas de
substâncias químicas que atuam como neurotransmissores no controle da atividade
cerebral, respondendo pela área da emoção, defrontamos as causas de muitas
ocorrências psíquicas, emocionais e físicas. Contudo, são, por sua vez, efeito
de outros fatores mais profundos, aqueles que procedem do Espírito que comanda
a câmara cerebral, exteriorizando-se na mente e na fisiologia desses microinstrumentos
que constituem a sede física do pensamento e de outras igualmente importantes
funções da vida humana. É possível que os distúrbios serotônicos respondam pelo
ato alucinado, muito embora não deixem de ser o resultado de agentes
psicológicos mais sutis e graves, como a angústia, a insegurança, os
conturbadores fenômenos psicossociais e econômicos, as enfermidades crucificadoras,
o sentimento de desamparo e de perda, todos com sede na alma imatura e ingrata,
fraca de recursos morais para sobrepô-los às contingências transitórias desses
propelentes ao ato extremo. (Suicídio -
solução insolvável, pp. 97 e 98.)
7. Quem tenta o
suicídio, sem consumá-lo, é candidato à recidiva - O espetáculo
trágico, todavia, assume gravidade e constrangimento maiores, quando crianças
-- que ainda não dispõem do discernimento -- optam pela aberrante decisão.
Amadurecidas precipitadamente, em razão dos lares desajustados e das famílias
desorganizadas; atiradas à agressividade e aos jogos fortes com que a atual
sociedade lhes brinda, extirpando-lhes a infância não vivida, sobrecarregam-se
de angústias e frustrações que as desgastam, retirando-lhes da paisagem mental
a esperança e o amor. Vazias, desprotegidas do afeto que alimenta os centros
vitais de energia e beleza, vêem-se sem
rumo, fugindo, desditosas, pela porta mentirosa do suicídio. Ademais, grande
número delas, suicidas do passado, renascem com as impressões do gesto anterior
e, porque desarmadas, na sua quase totalidade, de equilíbrio, vendo, ouvindo e
participando dos dramas em que se enleiam os adultos que não as respeitam,
repetem o ato infeliz, tombando nas refregas da dor que posteriormente as
trarão de volta em expiações muito laceradoras. Uma análise mais íntima do
fenômeno autodestruidor leva também a sutis ou violentas obsessões que o amor
enlouquecido e o ódio devastador fomentam, além da cortina carnal. O suicídio é
terrível mal que aumenta na Humanidade e que deve ser combatido por todos os
homens. Essa rigidez mental que resolve pela solução trágica é doença complexa.
Conscientizar as criaturas a respeito das conseqüências do ato, no além-túmulo,
das dores que maceram os familiares e do ultraje às Leis Divinas, é método
salutar para diminuir a incidência dessa solução insolvável. Dialogar com
bondade e paciência com as pessoas que têm propensão para o suicídio;
sugerir-lhes dar-se um pouco mais de tempo, enquanto o problema altera a sua
configuração; evitar oferecer bases ilusórias para esperanças fugazes que o
tempo desmancha; estimular a valorização pessoal; acender uma luz no túnel do
seu desespero, entre outros recursos, constituem terapia preventiva, que se
fortalecerá no exercício da oração, das leituras otimistas, nos passes e no uso
da água fluidificada. Aquele que tenta o suicídio e não o vê consumado é
candidato natural à recidiva, que culmina tão logo se lhe apresenta o móvel
desencadeador do desejo... O suicídio é o mais grosseiro vestígio da
fragilidade humana, que ata o homem ao primarismo de que se deve libertar, quando,
em verdade, o homem é a mais alta realização do pensamento divino, na Terra,
caminhando para a glória total, mediante as lutas e os sacrifícios do
dia-a-dia. (Suicídio - solução insolvável, pp. 99 a 100.)
8. A vida é
sempre mutável e o que hoje é dissabor amanhã é bonança - A
cegueira propiciada pelo materialismo, no momento da defecção da matéria, ora
identificada como “energia condensada”, tem levado alguns teóricos das
filosofias pessimistas a proporem o suicídio como solução para os dissabores,
insucessos e sofrimentos defrontados. Fórmula de efeitos contrários,
apresenta-se simplista, como se fora constituída de elementos mágicos
propiciadores para a equação final e definitiva de todos os acontecimentos da
vida. Sonho que se converte em pesadelo inominável, reaparece, na atualidade,
sob emulações alucinadas, fascinando os desencorajados na luta e os fracos de
resistências morais para os enfrentamentos inevitáveis. Selecionam e propõem
esses investigadores da ilusão quais as técnicas mais eficazes para o autocídio
sem dor, induzindo as criaturas desnorteadas para o mergulho da consciência no grande sono, com o conseqüente
aniquilamento do ser. Tal comportamento, pelo insólito de que se reveste, demonstra
a utopia em que foi transformada a vida e a ausência de finalidade a que foi
reduzida. Tomando o efeito pela causa, pensa-se em suprimir aquele sem alcançar
esta, mais complicando a linha das conseqüências, porque os fatores que as
desencadearam permanecem. Malabaristas do imediatismo, esses pensadores
acreditam que a morte do corpo significa o fim da existência. Se se detivessem
a auscultar a Natureza, constatariam que o caos e o nada jamais fizeram parte
do Cosmo e que a ordem é a geratriz de todos os fenômenos, causa de todas as
ocorrências. Nada e pessoa alguma fogem desse equilíbrio, sendo a fraude e a
burla desconhecidas nos soberanos códigos da Criação. Nada deve justificar o
autocídio, porque a sucessão das ocorrências muda a cada instante o quadro em
que se vive. O que ora é desgraça, logo cede lugar à esperança; o que se
apresenta como dissabor, de imediato se converte em bonança; o que se manifesta
como desdita, a seguir se modifica para alegria; o que hoje é dor insuportável,
amanhã é dor aceitável... (Suicídio sem
dor, pp. 101 e 102.)
9. Ao
contrário do que pensa, o suicida não se evade de si mesmo -
Passam as horas e alteram-se as circunstâncias, gerando novos acontecimentos
que mudam a paisagem emocional, física, social, econômica e moral do homem.
Lutar por vencer as vicissitudes é inevitável, desde que a própria injunção
biológica é uma constante faina, em que nascimento, morte, transformação e
ressurgimento se dão por automatismos na maquinaria fisiológica, ensinando à
consciência a técnica do esforço para a preservação da vida. O pretenso
suicida, que consumou a trágica fuga da responsabilidade, jamais se libera,
como é natural, dos resultados nefários do seu gesto, sempre tresloucado, por
ferir, na agressão furiosa, o mecanismo do instinto de conservação da vida, que
governa a existência animal e que o homem possui como fator para sua
preservação. Orgulhoso ou
pusilânime, irresponsável ou não, o suicida
não se evade de si mesmo, da sua consciência; torna-se, aliás, o seu
próprio algoz cujas penas o gesto lhe impõe e que resgatará em injunções mil
vezes mais afligentes do que na forma em que ora se apresentam. A burla que se
permite, através de supostos meios indolores para sofrer a desencarnação, hiberna-o
por algum tempo, em espírito, até o momento em que desperta mais vilipendiado e
agônico, vivo, estuante de vitalidade, padecendo as camarteladas que a
superlativa imprudência provocou. É óbvio que ninguém ludibria a Consciência
Cósmica, que se expressa na harmonia do Universo e vige, pulsante, na
consciência humana individual. Necessário que o homem assuma as
responsabilidades da vida e instrua-se nas leis que lhe regem a existência,
aprimorando-se e reunindo valores de que possa dispor nos momentos-desafio, a
fim de superá-los e reorganizar-se para os futuros cometimentos, até o instante
em que se lhe encerre o ciclo biológico. Estará, então, liberado da matéria,
mas mantido na vida... Nas aparentes mortes sem dor, provocadas pelos que
desejam fugir ou esquecer, o sofrimento moral tem início quando se elabora o
programa da evasão e jamais se pode prever quando terminará. A consciência
humana é indestrutível; portanto, o suicídio de qualquer espécie é arrematada
loucura, um salto no desconhecido abismo da imprevisível desesperação. (Suicídio sem dor, pp. 102 a 104.)
10. Na origem das
enfermidades mentais eis sempre o Espírito e sua culpa - Na
psicogênese profunda das enfermidades mentais, sempre depararemos com um
Espírito assinalado por problemas e dívidas que o afligem, encarcerado na dor
de que se não pode evadir. Isso não se dá, porém, apenas na problemática dos
distúrbios psíquicos, mas em toda e qualquer situação de sofrimento,
particularmente quando no envoltório carnal, sob as graves injunções das
limitações orgânicas. Responsável por si mesmo, é o Espírito quem modela a
aparelhagem de que se utilizará, em cada encarnação, como decorrência imediata
e inevitável do comportamento que se permitiu na experiência anterior...
Somatizando conflitos e dramas, reflete na conduta as patologias mais
condizentes com a sua realidade, da mesma forma que, vinculado a reminiscências
mais vigorosas de ações infelizes do passado, libera no psiquismo atual angústias
e rebeldias, transtornos variados e fixações que o alienam, estabelecendo a
larga e variada gama dos distúrbios de comportamento e os desequilíbrios de
que, hoje, mais do que ontem, padece a sociedade. Neuroses, psiconeuroses,
esquizofrenias multiplicam-se extensamente entre as criaturas, como sinal de
alarme, caracterizando os dias que vivemos, de angústia e descontentamento, de
aflições superlativas e de loucura, que levam o homem à violência contra si
mesmo, contra o patrimônio, contra o próximo e a sociedade, resultando em
guerras particulares e domésticas, de grupos e classes, de partidos e
religiões, de Estados e continentes... Abstraindo-nos do exame dos fatores
psicossociais do momento, bem assim das constrições gerais e de outras causas
endógenas, detemo-nos na análise do homem espiritual, comprometido em si mesmo
pelo despautério e pela leviandade com que se vem conduzindo em relação à vida,
às leis que regem o Universo, sintetizadas na “lei de amor”, que é a
manifestação de Deus na sua expressão mais pura. Delinqüindo, o Espírito
encarcera-se no erro, que procura dissimular, mas de que se não evade, senão
quando recuperado pelo refazimento da ação condigna, anulando o mal antes perpetrado.
(Horas de angústia, pp. 105 e 106.)
11. A obsessão
está presente também nas alienações mentais - A consciência, que
se sedia no ser eterno -- o Espírito --
e se exterioriza pela cerebração, enquanto se está reencarnado, pode adormecer
sob o anestésico da indiferença ou da brutalidade, ou subtrair-se à reparação,
submergindo no oceano dos traumas e dos estados primitivos. No entanto, sempre
despertará, ergastulada ao delito que assoma, avolumando-se com cargas deletérias
na condição de culpa-remorso, amargura-arrependimento que se farão
presentes no futuro corpo carnal, cujo agrupamento cerebral se desequilibra,
dando origem aos distúrbios aludidos, às fobias, às psicoses, à deterioração da personalidade... Quando
aqueles deslizes e crimes envolveram outras criaturas que não tiveram o valor
de perdoar e esquecer, sem atinarem que sofrimento é prova redentora, e se
resolvem pela cobrança inditosa, reencontram, no tempo, sob outra forma que
seja, o infrator que se lhe fez inimigo, passando a investir, furibundos e
inditosos, em desforços que se alongam, gerando quadros de obsessões
dilaceradoras que são adicionados à problemática pessoal do delinqüente em
desequilíbrio. Não descartamos, portanto, nos portadores de alienações mentais
a obsessão, apesar de reconhecermos os fatores atuais catalogados e estudados
pelas “ciências da mente”, neles mesmos encontrando o braço oculto da Justiça
que alcança os infratores, embora estes busquem justificar-se, por não se
recordarem das ações nefastas antes perpetradas. No íntimo, cada portador de
distonia psíquica, quando ainda não perdeu a lucidez do raciocínio, sente a
presença da culpa atormentadora, que os psicanalistas intentam encontrar, no
exame que fazem a partir do momento da fecundação, em suas respeitáveis
pesquisas, culpa que precede, contudo, à própria fecundação, por se encontrar
ínsita no Espírito, esse viajor do tempo incomensurável. Com as luzes do
Espiritismo, abrem-se perspectivas para terapias mais consentâneas com essa
problemática, prenunciando a paz que advirá após as sombrias e graves horas de
tormenta que desaba sobre o homem e o organismo combalido da sociedade. (Horas de angústia, pp. 106 e 107.)
12. É importante
a orientação psicoterápica preventiva - O esforço dos lidadores
das ciências psíquicas tem sido de grande significação para eliminar ou
minimizar os males que decorrem das variadas formas de alienações mentais, que
aumentam assustadoramente nos espaços emocionais da sociedade hodierna. Desde
os antigos conceitos dos humores, de
Galeno, até as incursões mais profundas no inconsciente da personalidade,
superando-se as crendices de que “o cérebro não pode enfermar”, as conquistas
são expressivas, sem que hajam apresentado resultados mais tranqüilizadores para
as criaturas. As estatísticas demonstram que aumenta o número de enfermos
mentais consumidos pelos impositivos
desagregadores da sociedade. Estabelecidas as causas preponderantes,
coercitivas, e as predisponentes, que levam às psicopatologias, os fatores
endógenos e exógenos, ao lado dos traumatismos cranianos e das seqüelas
provenientes de enfermidades virósicas, as pressões psicológicas, com as suas
altas cargas de tensões, respondem pelos elevados índices das neuroses, das psicoses,
das mudanças de comportamento...
Constrições psicossociais,
em desabalado crescimento, estão
ceifando o equilíbrio do homem e conduzindo-o a distúrbios que se agravam. A
falta de orientação psicoterápica preventiva entre os indivíduos deságua nas
aflições injustificáveis, que desencadeiam processos de desagregação da
personalidade, conduzindo à loucura nas suas variadas formas... (Saúde mental, pp. 109 e 110.)
13. É tênue a linha
demarcadora entre saúde e doença mental -
Desestruturado, o indivíduo que não se enriqueceu de valores emocionais para
enfrentar os sucessos ou os dissabores da vida, tomba nas urdiduras da
ansiedade, gerando perturbações psicológicas que se agravam a cada dia, muitas
vezes por influência do próprio meio ambiente, familiar, igualmente desconcertante,
que acelera o distúrbio inicial até a instalação da enfermidade de curso
demorado, quando se apresenta com recidivas constantes ou se transforma em
quadro irreversível. A linha demarcadora entre saúde e doença, no seu curso
sinuoso, encontra, na área das enfermidades mentais, menos campo de limitação,
pelo fato de o indivíduo transitar de um para o outro estado com freqüência e
facilidade. Sendo muito complexa a definição de normalidade mental, os dados
que lhe estabelecem as expressões não podem ser aplicados com êxito, em se
considerando a quase infinita gama de comportamentos humanos. Estabelecidos os
parâmetros da normalidade, quaisquer incursões, em outras faixas de conduta,
chamam a atenção para uma análise que objetiva evitar a queda pela rampa do inabitual até o tombo na alienação.
Examinado o homem na sua legítima realidade, tem-se que considerá-lo como o
resultado de um Espírito imortal que é, a exteriorizar-se mediante o perispírito,
órgão intermediário responsável pela programação e formação do corpo no qual se
movimenta na Terra. Preexistente à vida física e a ela sobrevivente, deve ser
estudado como sendo o resultado das suas multifárias experiências, nas etapas
reencarnatórias do passado de onde procede, graças às quais logrou a saúde temporária
ou a transitória enfermidade. (Saúde
mental, pp. 110 e 111.)
14. O Espírito
encarnado é o agente de suas próprias aflições - Aceitando,
porque legítimas, as explicações da Psicologia, da Psiquiatria e da
Psicanálise, a respeito de saúde mental, não podemos -- os espiritistas --
fixar nessas causas únicas todos os comportamentos alienados, dissociando o
Espírito, qual se ele não existisse... Individualidade eterna, desde quando foi
criado, “é o princípio inteligente do Universo”, responsável pelo próprio
crescimento, na direção da fatalidade para a qual está destinado, que é a
perfeição relativa a atingir. Arquiteto do destino, mediante as leis da justiça
que nele se encontram em germe, representando a Consciência Cósmica, tudo
quanto faz se lhe transforma em bênção ou desdita, conforme a qualidade da ação
desenvolvida. Graças a isso, torna-se herdeiro de si mesmo no largo processo de
evolução no qual se encontra situado. Essa reação se torna mais evidente,
excetuados os fenômenos teratológicos mais chocantes, na área das doenças
mentais. Imprimindo nos implementos constitutivos da cerebração, bem como nos
dos sistemas nervosos e das glândulas de secreção endócrina, os conflitos e
desconfortos, as cargas de crimes não justiçados no ontem, hoje a criatura
humana ressurge incursa nos quadros graves da esquizofrenia, da catatonia, do
autismo, das psicoses profundas. Sem dúvida, por efeito de sintonia vibratória,
vincula-se, no momento da reencarnação, a gametas portadores de genes propiciatórios
de futuros distúrbios ou de porvindoura harmonia psicofísica. A mente culpada,
ao reencarnar-se, fugindo à responsabilidade de antigos crimes, bloqueia o
campo da razão, gerando estados autistas lamentáveis como forma de esquecer ou
destruir os focos de recordações dolorosas e cruéis. Nas manifestações de
fobias, encontramos o Espírito impregnado das emoções rudes que o venceram,
vitimando-lhe o corpo anterior, seja através da catalepsia que o levou à tumba,
seja por outra ocorrência, na qual o pavor se lhe fez tão chocante que agora
ressurge como medo incontrolável que desconcerta e aparvalha. Em toda e
qualquer manifestação anormal do comportamento, o Espírito encarnado é o agente
que responde pela própria aflição. (Saúde
mental, pp. 111 e 112.)
15. Muitos distúrbios
da mente resultam de suicídios no passado - Idiotia,
imbecilidade, atraso mental são remanescentes de suicídios espetaculares,
quando a rebeldia e o orgulho exacerbado estilhaçaram a casa mental em utópica
tentativa de fuga à responsabilidade, assim perdendo o corpo, mas não se
liberando dos fenômenos desencadeados, que ora exigem reparação, recuperação.
Noutros capítulos defrontaremos justas psíquicas entre as vítimas de antanho e
os seres seviciadores, os algozes impenitentes que os infelicitaram, dando
origem a obsessões, ou a intercâmbios mente-a-mente, corpo-a-corpo, em
desforços desditosos... Carregando a consciência culpada, em matrizes que se
fixam no inconsciente profundo -- as telas delicadas da organização
perispiritual --, estabelecem-se os vínculos da desídia perturbadora, a
envolver ambos os litigantes em lutas inglórias, que só o amor consegue pacificar.
Na trama e urdidura das obsessões, os agentes vingadores insistem na pugna, até
que a vítima tombe irremissivelmente, iniciando-se com o desconcerto da emoção
o quadro da loucura. Igualmente se há de considerar que, sendo o Espírito em si
mesmo o responsável pela saúde ou doença de que se torna instrumento, mesmo
quando se estabelece a loucura, quase sempre piorando-lhe o quadro, manifestam-se
perturbações de ordem obsessiva... Imprescindível que se estabeleça em caráter
de urgência uma psicoterapia preventiva para a saúde mental, iniciando-se a
programação através do estudo dos valores ético-morais que devem ser
incorporados pelos indivíduos, mediante o cultivo do otimismo, das conversações
e leituras salutares, da convivência fraternal motivadora de solidariedade, de
afirmação e valorização da vida, elementos esses que propiciam a renovação
interior e a preservação da paz como do equilíbrio, indispensáveis para que
seja estabelecida essa saúde mental, decisiva para o progresso do homem. (Saúde mental, pp. 112 e 113.)
5a.
REUNIÃO
(Fonte:
capítulos 21 a 25.)
1. Vícios estabelecem necessidades poderosas após a morte - No processo de
libertação psíquica dos componentes que constituem a organização somática, após
o fenômeno da morte biológica, há Espíritos que, por falta de educação mental
em relação aos quesitos superiores, se demoram anos e até séculos em
lamentáveis fixações que os infelicitam e perturbam. Desacostumados às emoções
elevadas, vivendo somente os fenômenos da sensação, apegam-se às impressões
perniciosas, negando-se a aceitar a condição de desencarnados, e, graças a tal
conduta, tombam em estados de alucinação, hibernação e doenças que são seqüelas daquelas que lhes vitimaram o corpo. Amor
e ódio, renúncia e apego, bondade e mesquinhez constituem mecanismos de
libertação ou algemas escravizadoras que caracterizam cada ser após o desenlace
físico. A grande maioria das criaturas, embora informada das valiosas lições do
Espiritualismo, vive, não raro, as experiências materialistas que as
acompanham, como demoradas fixações a reclamarem, genericamente, para o
mecanismo da desimpregnação, o mesmo tempo em que delas se tornaram dependência.
Vícios e costumes mórbidos, que encarceraram nas jaulas das paixões os que se
lhes entregaram, continuam como necessidades
poderosas, exigindo que os seus aficionados busquem o prosseguimento da insânia
na vinculação a companheiros terrenos, igualmente descuidados, o que gera obsessões
de largo porte... Outrossim, se não ocorrer essa ligação parasitária, só o
tempo, largo ou breve, conforme maior ou menor envolvimento da vítima, logra
desagregar as partículas morbíficas que penetram o perispírito e nele se
instalam produzindo o prolongamento da desdita. (Enfermagem espiritual libertadora, pp. 115 e 116.)
2.
A psicoterapia propiciada aos Espíritos
pela mediunidade - Compreensível que as realizações e
construções mentais do amor e da caridade, da sabedoria e da abnegação produzam
desintoxicação do psicossoma, liberando de imediato o Espírito dos despojos nos
quais nenhum liame mantém as vísceras aos centros geradores da vida, assim
facultando atingir as Esferas de paz e de renovação, conquista natural essa
decorrente dos esforços empreendidos durante a vilegiatura reencarnacionista.
Quando do advento do Espiritismo, graças à Codificação Kardequiana, a
mediunidade recebeu orientação condigna, tornando-se instrumento de
significativa e nobre utilidade para o intercâmbio entre os homens e os
Espíritos, comprovando a imortalidade da alma e abrindo espaços para o
entendimento de inumeráveis acontecimentos que permaneciam envoltos pelo
sobrenatural e pelo miraculoso. Todos os fenômenos de qualquer natureza estão
no contexto das leis naturais, mesmo quando ignoradas as suas gêneses. O
Espiritismo vem demonstrar pela mediunidade a existência do mundo parafísico,
tão real ou mais do que o transitório mundo material, sendo este, em última
análise, efeito daquele, que é o causal, o verdadeiro, portanto. Verificado que
a sociedade além do túmulo é constituída por seres inteligentes que vivem as
experiências evolutivas, reencarnando e desencarnando, até a perfeição relativa
que a todos nos está destinada, o Espiritismo propicia, pelo intercâmbio
mediúnico, a psicoterapia desalienante em favor dos enfermos espirituais que se
demoram nos círculos mais grosseiros da Erraticidade, recebendo os Espíritos
ajuda e orientação dos homens. Evidentemente, antes dessa enfermagem espiritual
direta, terapêuticas várias já eram utilizadas nas áreas de socorro da
Espiritualidade, conforme ainda hoje acontece. (Enfermagem espiritual libertadora, pp. 116 e 117.)
3.
Benefícios
do intercâmbio mediúnico - Vários benefícios defluem desse intercâmbio,
no consolo e auxílio mediúnico aos desencarnados: a) proporciona aos membros do
grupo socorrista lições proveitosas para eles mesmos; b) possibilita melhor
compreensão da “lei de causa e efeito”, no fluxo-refluxo dos acontecimentos; c)
faculta o exercício da fraternidade, aprendendo os encarnados a conviver com as
dores de quem nem sempre é visto, a fim de mais facilmente auxiliar-se na
diminuição dos sofrimentos de todos aqueles que os cercam e são vistos; d)
porque o perispírito possui os mesmos órgãos que o corpo físico, quando ocorre
o fenômeno da psicofonia, duas ocorrências se dão: 1) durante o acoplamento
perispiritual os desencarnados ajustam a sua organização à do médium e volvem
ao contacto com aqueles que lhes não registravam a presença, não os ouviam, não
os viam, podendo dar expansão aos sentimentos que os atormentavam,
aliviando-se, e, com o atendimento esclarecedor que recebem, modifica-se-lhes o
estado íntimo; 2) no intercâmbio natural, ocorre um choque fluídico, pelo qual as forças anímicas do percipiente
rompem-lhes a crosta ideoplástica que os envolve e lhes absorvem os vibriões mentais, qual esponja que se encharca, diminuindo-lhes, expressivamente, a
psicosfera negativa que respiram, permitindo-lhes o diálogo no qual se dão conta
da morte, remorrendo, para despertamento
posterior em condições lúcidas que
propiciam aos Mentores conduzi-los a postos, hospitais de socorros ou escolas
de aprendizagem, nos quais se capacitam para futuros cometimentos; e) tornam-se
factíveis cirurgias perispirituais enquanto ocorre a psicofonia, ou os
processos socorristas mais específicos que visam beneficiar os agrilhoados às
reminiscências carnais, por eles vitalizadas com a mente viciada e com as quais
constróem os infortúnios que os ferem; f) homens e Espíritos se exercitam na
caridade anônima, já que não se dão conta daquele a quem ajudam ou de quem lhes
chega o auxílio; g) porque -- situados em faixas muito baixas do psiquismo --
muitos Espíritos não conseguem sintonizar com os Benfeitores da
Espiritualidade, só o diálogo com os encarnados os despertará para uma visão
diferente da vida. (Enfermagem espiritual libertadora, pp. 117 e 118.)
4. Quanto mais
serve, mais o médium se aprimora - Há quem objete contra essa
psicoterapia ou enfermagem espiritual aos desencarnados. Pessoas respeitáveis
sugerem outros métodos de doutrinação em massa ou de técnicas mais
sofisticadas, informando que os médiuns de psicofonia, pelos quais se apresentam
os enfermos, sofrem muito. Pretendem poupá-los ao constrangimento e à ação
fluídica desses comunicantes em desequilíbrio. A mediunidade é, no entanto,
instrumento de serviço que, à luz da Doutrina Espírita, se transforma em
mecanismo de promoção e dignificação moral-espiritual do próprio medianeiro.
Quanto mais serve o médium educado nas lides espíritas, mais se aprimora e se
felicita com amplas percepções. O intercâmbio com os Espíritos infelizes e
perversos, nos serviços especializados, de forma alguma gera prejuízo para o
indivíduo portador de mediunidade ou para as suas faculdades. Ao contrário,
fá-lo granjear méritos e amigos que o aguardarão, reconhecidos, posteriormente,
quando lhe ocorrer também a desencarnação. (Enfermagem
espiritual libertadora, pp. 118 e 119.)
5.
Nossos
pensamentos atraem Espíritos que com eles se afinizem - O
inter-relacionamento entre os Espíritos e os homens é mais vasto e constante do
que se pode imaginar. Não sendo a Esfera espiritual senão a realidade primeira,
para ali retornam os que deambulam na roupagem carnal, restabelecendo os
vínculos afetivos e familiares ou sustentando os ódios e animosidades
decorrentes da inferioridade na qual, por acaso, estagiam. Em conseqüência
disso, o intercâmbio se dá automático e natural, circunscrito aos impositivos
da afinidade que vigem em toda parte como decorrência das soberanas Leis da
Vida. Formando grupos que se atraem ou se repelem, os Espíritos reencarnam
obedecendo à programação evolutiva dentro dos quadros de conquistas ou perdas
em que se desenvolvem. Os problemas derivados da convivência humana são
transferidos da Terra para a Erraticidade e de uma para outra reencarnação, dando
curso às simpatias e antipatias, aos afetos profundos como aos ódios
alienantes. O trânsito no século terrestre sempre se dá sob o beneplácito de
tais amores ou a interferência desses adversários. Graças aos registros
mentais, ao cultivo de um como de outro tipo de aspiração emocional, são
atraídos para a convivência psíquica desencarnados
portadores de aptidões e anelos equivalentes, surgindo um relacionamento que se
agrava ou se aprofunda conforme seja a faixa dos interesses existentes. Quando
alguém se afirma responsável absoluto pelos seus pensamentos e atos,
ingenuamente não passa de um presunçoso. Da mesma forma, quando se esconde na
posição de vítima dos Espíritos que lhe comandam a existência, afligindo-a e
levando-a a desacertos, tomba, de igual modo, na irresponsabilidade. (Relações
espirituais, pp. 121 e 122.)
6.
Obsessão
não cuidada transforma-se em parasitose - Inegavelmente, a
interferência espiritual na vida cotidiana dos homens é tão natural quanto a
oxigenação sangüínea para a preservação do corpo... Pelo fato de se fazer
oculta a intercomunicação, isto não significa inexistência, à semelhança da
árvore vetusta, cujas flores perfumadas e frutos saborosos são a conseqüência
das raízes ocultas no milagre do
húmus da terra, mantenedoras de todo o vegetal que esplende acima do solo... Os
homens, em razão das construções mentais, irradiam ondas nas quais intercambiam
uns com os outros, estabelecendo fixações e mandando mensagens, emitindo e
captando forças que são incorporadas à economia emocional, conscientemente ou
não. Da mesma forma sucede o fenômeno da dependência mental entre esses e os
desencarnados, que, invariavelmente, se acercam daqueles que lhes são afins,
fiéis aos postulados que abraçam. Os maus, em razão da predominância dos
instintos e paixões primitivas, fomentam desequilíbrios, dando gênese a
processos obsessivos que, não cuidados em tempo, se transformam em parasitose
perniciosa quão destrutiva. Igualmente a dependência se dá, em caráter oposto,
quando a mente encarnada se fixa naqueles que se desligaram pela morte e que a
ela, mente encarnada, se vêem atraídos, sofrendo-lhe a incidência perturbadora
e rebelde do pensamento enfermiço. (Relações espirituais, pp. 122 e 123.)
7.
Quem
deseje sintonia com os Mensageiros da Luz deve elevar-se moralmente
- Por outro lado, os Benfeitores empenham-se em auxiliar os seus pupilos,
mediante a inspiração e o socorro nos momentos difíceis, tanto quanto através
da proteção constante, de modo que esses pupilos consigam executar os
compromissos a que se vinculam como necessidade evolutiva. Cumpre ao homem
esclarecido selecionar as áreas de aspirações emocionais e os pensamentos que
atraiam os nobres Instrutores que os erguerão às cumeadas da sabedoria e aos
remansos de paz íntima, como prenúncio da felicidade que os aguarda. No
Universo de vibrações, onde pululam ondas, mentes, idéias e aspirações, cada
ser se imanta a outro de teor equivalente,
propiciador de inevitável intercâmbio espiritual. Conforme é lógico, os afetos se esforçam para
auxiliar-se reciprocamente, enquanto os inimigos se armam de sutilezas e
agridem com violência ou não, em desforços inconcebíveis. Na razão em que os
primeiros criam condições favoráveis
ao êxito e impulsionam pessoas generosas para que
ajudem aos seus pupilos, promovendo
circunstâncias promissoras, aqueles outros, os invejosos e perversos, armam
ciladas, emulam às decisões arbitrárias, estimulam os instintos e paixões
inferiores, em cujo processo se comprazem, mais se infelicitando, sem dúvida,
em razão da ignorância na qual permanecem. Elevar-se moralmente, através dos
pensamentos nobilitantes, do estudo libertador e da ação fomentadora do
progresso, deve constituir um mini-roteiro para quem anele por uma sintonia com
os Mensageiros da Luz, já que, a sós, tal é a verdade, ninguém se movimenta no
mundo... (Relações espirituais, pp.
123 e 124.)
8.
O
mediunato tem em Jesus o modelo - A mediunidade tem, como fim
providencial, a elevação espiritual da Humanidade e do planeta que habita. Como
conseqüência, faculta o intercâmbio dos desencarnados com os homens, rompendo a
cortina que aparentemente os separa, destruindo na base a negação e o
cepticismo a que muitos se aferram. Da mesma forma, oferece a correta visão da
realidade de ultratumba, ampliando a compreensão em torno do mundo primeiro e
causal onde todos se originam e para o qual retornam, e dá ensejo ao esforço de
promoção cultural e moral, graças ao qual se torna possível a libertação dos
vícios e dos atavismos mais primários que lhe predominam em a natureza. A faculdade
mediúnica propicia o esclarecimento dos que se demoram na rebeldia espiritual,
num ou noutro lado da vida, auxiliando a terapia das alienações e, sobretudo,
da desagregação interior que resulta do desconhecimento das Leis que os
Espíritos Superiores explicam e ajudam a ser respeitadas, em face da finalidade
que têm de manter a ordem e o equilíbrio, que constituem fundamento primacial
do Universo. Assim, o exercício mediúnico fortalece os laços da fraternidade
entre os habitantes das duas esferas de diferentes vibrações, ampliando a área
do afeto e eliminando o ódio cáustico que infelicita grande faixa de seres;
estimula a humildade, pois que demonstra, diante da grandeza da Vida, a
pequenez do homem, não obstante ser o grande investimento do Amor que o promove
e eleva através dos milênios, trabalhando pelo seu engrandecimento. A
mediunidade bem exercida leva o trabalhador ao mediunato, que tem, em Jesus, o
Modelo, por haver sido, por excelência, o perfeito Médium de Deus, graças à
sintonia ideal mantida com o Pai. (Obstáculos
à mediunidade, pp. 125 e 126.)
9.
O
aprimoramento moral do médium deve ser uma constante - Apesar de
tais objetivos, há escolhos graves que se antepõem ao médium, intentando
impedir-lhe os logros elevados. O mais cruel são as imperfeições morais do
próprio médium, que permitem a interferência dos maus Espíritos como dos
frívolos que com ele se afinam, mantendo identificação de propósitos,
naturalmente de natureza inferior. Concomitantemente, esse intercâmbio de
características negativas ou vulgares determina o aparecimento das síndromes
obsessivas que, não cuidadas em tempo próprio, se transformam em malsinada
fascinação e subjugação, com graves riscos, até mesmo, de vida para o
invigilante. Essa inferioridade em a natureza moral do médium, quando não
encontra conveniente educação e aprimoramento, responde por incontáveis males
que não deixam o medianeiro alcançar o elevado mister a que está destinado. Por
essas razões, variam os graus de mediunidade, em decorrência dos registros que
tipificam as credenciais intelecto-morais de cada um. Da mesma forma, diferem
os tipos de mediunidade, e graças à sua larga faixa, a documentação da
sobrevivência melhor se afirma, fazendo que se esboroem as hipóteses que se lhe
contrapõem com arroubos de negação da sua real procedência. O médium deve, como
efeito dos perigos a que está exposto, trabalhar pelo aprimoramento íntimo
constante, exercendo o seu ministério com abnegação e desinteresse, mediante o
que granjeia a simpatia dos Bons Espíritos, que passam a assisti-lo, ao mesmo
tempo em que haure recursos fluídicos entre aqueles que lhe recebem os
benefícios, adquirindo mais segurança e capacidade de autodoação. Assim se
fortalece e sai das freqüências mais baixas vivenciando, então, os ideais
relevantes e altruísticos. O orgulho e a presunção, a indolência e a
irresponsabilidade, tão do agrado das pessoas descuidadas em relação aos
compromissos de alto porte, não devem viger nas atitudes de quem abraça a
tarefa mediúnica, pois que aquelas qualidades perniciosas do caráter
tornam-se-lhe escolhos perigosos. Vemos, no dia-a-dia, esses indivíduos
instáveis e incorretos, exercendo a mediunidade com insegurança e descontrole,
com altibaixos que bem denotam a sua conduta reprochável e o seu deplorável
estado íntimo. (Obstáculos à mediunidade,
pp. 126 e 127.)
10.
Os médiuns seguros cumprem seus
compromissos com dignidade - Não é a mediunidade responsável por
esses comportamentos ridículos e perigosos, como fazem crer alguns médiuns
inescrupulosos, mas eles mesmos, por serem de constituição moral frágil e
emocionalmente atormentados, renteando com os episódios obsessivos que
terminarão por vitimá-los, mais tarde. Exercem a faculdade mediúnica para
autopromoção, sem escrúpulo nem consciência correta dos próprios atos.
Acreditando-se criaturas especiais, permitem-se contínuas leviandades,
brincando com as forças da vida, que atiram aos jogos espúrios dos interesses
imediatos, descambando para graves situações nas quais se infelicitam e aos demais
prejudicam. Ardilosos, mentem, dissimulam, disfarçando esses sentimentos
inferiores como sendo influência dos Espíritos maus, o que realmente sucede às
vezes, porém pela simples razão de serem eles mesmos os responsáveis pela
ocorrência, em face da afinidade recíproca existente, assim se comprazendo em
permanecer na postura que fingem
deplorar. Os médiuns seguros,
conforme definiu Allan Kardec, ouvem as comunicações de que se fazem
intermediários, aplicando-as em favor do próprio progresso, cônscios dos
compromissos dignos que assumiram e buscam cumprir com dignidade.
São, por isso mesmo, homens honrados, que
mais facilmente se engrandecem pelos exemplos de que dão mostras,
tornando-se merecedores de ser seguidos pelo bem-estar que exteriorizam, porque
o fruem na sua vivência cotidiana. O diluente eficaz para esses obstáculos da
mediunidade é, desse modo, o aprimoramento moral do sensitivo, que encontrará
no trabalho da edificação do bem e da caridade, na oração e no estudo edificante, as forças para romper os impedimentos
próprios da sua natureza em estágio de progresso, alcançando os patamares da
libertação. (Obstáculos à mediunidade,
pp. 127 e 128.)
11.
A prática
da mediunidade requer cuidados especiais - A prática da
mediunidade espírita consciente proporciona inimagináveis satisfações. Não
apenas dulcifica aquele que se lhe propõe ao ministério como enseja a paz
interior que decorre do prazer de servir, repartindo emoções saudáveis e distendendo
esperanças de consolação. Acrescente-se a esses valores o aprendizado que
decorre da convivência psíquica com os Espíritos Superiores e a impregnação de
energias hauridas enquanto se operam os fenômenos nas suas diversas expressões,
e pode-se ter idéia das bênçãos que se recolhem. Para que, contudo, se atinja
essa situação, todo um largo período de experimentação se faz indispensável,
como técnica de educação das forças latentes que devem ser canalizadas com o equilíbrio
próprio para cometimento de tal jaez. A mediunidade, que se encontra presente
em todos os indivíduos, requer cuidados especiais que lhe facultem o
conveniente desabrochar, ou, a posteriori, o correto conduzir. Excetuam-se,
naturalmente, os casos em que ocorrem as obsessões, quando, pela violência, os
sensitivos são dominados pela interferência do invasor da sua casa mental, conforme o grau em que se estabeleça a parasitose psíquica. Outras vezes, em
razão do descurado comportamento moral do médium, há intercorrências que se
estabelecem como condições viciosas, levando-o a estados de alienação ou
dependência perniciosa, nas quais desestrutura a personalidade e marcha para a
consumpção dos objetivos dignificantes da vida. Para que ocorra uma educação desejável,
é necessário o estudo da própria faculdade, assim como da Doutrina Espírita, a
fim de identificar-se o mecanismo das forças de que se dispõe, bem como dos valores
éticos e instrutivos do Espiritismo, que devem ser incorporados ao dia-a-dia,
gerando conquistas morais que libertam o médium das paixões inferiores e atraem
os Seres Espirituais interessados no progresso da Humanidade. (Educação íntima, pp. 129 e 130.)
12.
A
disciplina constitui na mediunidade fator relevante -
Adicione-se a isso a disciplina como fator relevante, graças ao contributo da
qual se fixam os hábitos salutares no exercício da faculdade, para que se
colimem os fins específicos dessa função a que denominam de natureza
extra-sensorial. Outrossim, são fatores de considerável significação a vida
interior do medianeiro, a sua capacidade de concentração, de fixação de
propósitos na área da meditação, com o objetivo de libertação das sensações
mais grosseiras que respondem por vasta cópia de prejuízos na conduta e na
individualidade profunda do ser. Numa sociedade que se apaixona pelos ruídos e
que se movimenta em torno da balbúrdia, atravancando-se de coisas-nenhumas que
perturbam a paz e a integração nos ideais relevantes, faz enorme falta o
silêncio íntimo e o equilíbrio das emoções. Para o conveniente registro das
comunicações espirituais é exigível que se estabeleça, mediante a concentração,
o aquietamento das ansiedades e das turbações constantes, ruidosas e
insensatas, de modo que ocorram espaços mentais silenciosos, nos quais se
captam as informações, os pensamentos das Entidades desencarnadas. A mente deve
tornar-se um espelho que reflita sem sinuosidades nem distorções as imagens que
lhe sejam projetadas, o que requer uma lâmina correta, de elaboração cuidada.
Num psiquismo irrequieto, caracterizado pela irreflexão e por susceptibilidades,
não se encontram áreas de paz, de silêncio, que ensejem a tranqüila captação
das paisagens e mensagens que se lhe transmitam. Certamente, esta não é uma
tarefa para ser realizada de um golpe, em momento de empatia ou de entusiasmo,
antes decorre de um processo de autocontrole de largo curso, que se logra
mediante exercício constante, gerador do clima emocional harmonioso que
favorece o silêncio mental indispensável.
Ninguém estabelece que o médium deva ser um espírito perfeito para
atingir esse estado; contudo é desejável que ele se esforce por melhorar-se
sempre, galgando mais altos degraus da evolução, aspirando por mais
significativas conquistas morais. (Educação
íntima, pp. 130 e 131.)
13.
O estudo
estimula a criação de um estado íntimo otimista - O silêncio
íntimo preserva a paz do indivíduo em todo lugar, sem que ele seja atingido
pelos petardos da ira ou do ciúme, pelos gravames da maledicência ou da
calúnia, que lhe sejam atirados. Da mesma forma, pouco importa a balbúrdia em
sua volta, conseguindo transitar em qualquer clima físico e mental sem
perturbação ou desordem, não se afinando com as ondas de violência que se
entrechocam em torno da sua atividade. O estudo doutrinário estimula a criação
de um estado íntimo otimista, equaciona os problemas afligentes que cedem lugar
à confiança na fatalidade do bem, que a todos se destina. Origina-se aí a
autoconfiança, com o conseqüente libertar-se das preocupações exageradas e da
valorização de insignificâncias que se responsabilizam por muitas aflições.
Nesse campo de harmonia mental estabelecem-se o silêncio, a quietação interior,
a passividade mediúnica, responsáveis pelo registro e fidelidade do
intercâmbio. Os outros fatores morais completam a qualidade do conteúdo da
mensagem, como efeito da sintonia do médium com os seus Instrutores, que se
deixam atrair pelo esforço por ele desenvolvido, assim como pelo aproveitamento
e aplicação das lições recebidas. Não se levando em consideração esses
requisitos mínimos, o fenômeno mediúnico não vai além de trivialidades e
incongruências, perturbações e distonias, quando a função, em si mesma, não
sofre bloqueios decorrentes do baixo teor vibratório das companhias psíquicas
do próprio médium. Desse modo, a prática espírita da mediunidade não se
restringe a momentos, a situações e lugares, mas a um permanente estado de
sintonia com o Alto e de equilíbrio pessoal, porquanto o intermediário, onde se
encontre, não se apresenta dissociado nem liberado das forças e faculdades
paranormais de que está investido. A sua atuação deve ser constante, embora não
se faça necessária a interferência ostensiva dos Espíritos, tendo em vista ser
ele mesmo um Espírito em processo de crescimento para a Vida e para Deus. (Educação íntima, pp. 131 e 132.)
14.
Os
argumentos opostos à realidade das manifestações - A hipótese de
que o subconsciente é o responsável pelas personificações parasitárias e
anômalas foi a primeira levantada contra a mediunidade, dando surgimento às conceituações
negativas apressadas, como patologias inerentes ao indivíduo, por cujo
intermédio pareciam comunicar-se as almas dos mortos. A histeria, por sua vez,
foi posta para coadjuvar tão aberrante diagnóstico, que teria fundamento
fisiológico no polígono cerebral , de Wundt, encarregado de arquivar os
conflitos e as frustrações que se corporificariam como estados de alienação,
credora de tratamento especializado, em detrimento da possibilidade de
comunicação espiritual. Mais tarde, o inconsciente, de Freud, assumiu a
responsabilidade por tal degradação da
personalidade, que ocultava, na sua gênese, qualquer tipo de distúrbio da
libido. Foram adicionadas, além dessas explicações, as hipóteses da fraude, da
dissimulação, da telepatia, da hiperestesia, em vãs tentativas de negar a veracidade
do intercâmbio entre os encarnados e os desencarnados. Não afirmamos que sejam
totalmente destituídas de respeito tais possibilidades, de vez que o fenômeno
anímico é ocorrência presente na estrutura do fenômeno mediúnico, sem prejuízo
para este. Contudo, sobrepondo-se a toda a gama de mecanismos automatistas do
inconsciente e de outras interferências psíquicas, flui cristalina a mensagem
dos Espíritos, confirmando a sua realidade e oferecendo largo campo de estudos
a respeito da vida e do homem em si mesmo. Descartamos as inconsistentes
hipóteses da dissimulação e da fraude, porque são parte integrante de
determinados caracteres morais do homem, sempre presentes nos diversos setores
nos quais se encontram, e que, por aí remanescerem, não invalidam os valores
legítimos e nobres das atividades de outra natureza. (Psiquismo mediúnico, pp. 133 e 134.)
15.
É erro
pensar que a prática mediúnica leva à desarmonia mental - A
mediunidade é expressão fisiopsíquica inerente ao homem, por cujo meio é-lhe
possível entrar em contacto com outras faixas vibratórias, além e aquém
daquelas que são captadas pelos seus equipamentos sensoriais. A percepção
sensorial humana se encontra adstrita a pequena faixa de vibrações. Somente as
eletromagnéticas que transitam entre o vermelho, que é a mais baixa freqüência
visível, e o violeta, que lhe é o oposto, podem ser captadas em razão de
permitirem vibrar as terminais do nervo óptico na retina. As microondas, as
caloríferas, as de rádio, porque não correspondem a freqüências cuja
ressonância atinjam a visão, não são percebidas, embora sejam portadoras da
mesma natureza das cores registradas. Assim, no imenso espectro de freqüências
que abrange as ondas longas de rádio, chegando aos raios gama e cósmicos, a
limitada visão do homem apenas seleciona mui pequena faixa, conforme referido.
A audição, da mesma forma, é-lhe muito reduzida. Captando sons que ocorrem
entre 16 e 20.000 vibrações por segundo, perde a criatura para os animais, com
capacidade muito maior de percepção, qual lhes ocorre também na área da visão.
Apesar disso, a desinformação ou a má vontade teimam em associar à loucura e à
neurose a presença dos registros mediúnicos. As disposições pessoais para os
desequilíbrios são inatas ao homem, que nele estão em gérmen, assomando e
predominando como psicopatologias em todos os campos de atividade nos quais se
encontram esses indivíduos. Desse modo, é destituído de realidade o conceito --
que se vulgariza entre os desconhecedores do Espiritismo e da mediunidade --
que o exercício dessa predisposição leva o seu possuidor à desarmonia mental,
ou lhe propicia má sorte, desconcertos sociais e econômicos. O desenvolvimento
ou educação da mediunidade oferece uma instrumentação a mais, um sexto sentido de grande valor para
complementar a precariedade de recursos e funções de que dispõe o Espírito
encarnado. Evidentemente, um instrumento deixado ao abandono termina por perder
a capacidade para a qual foi construído, danificando-se sob a ação do tempo e
do desmazelo. (Psiquismo mediúnico,
pp. 134 e 135.)
16.
O médium
devotado atrai a proteção dos Bons Espíritos - Com qualquer
função sensorial ou paranormal ocorre o mesmo. O órgão não exercitado se
atrofia, assim como a mediunidade não exercida perde os registros, a percepção
paranormal. Daí a afirmar com leviana convicção que a mediunidade é geradora de
danos e prejuízos vai, porém, uma grande distância. Os danos e insucessos, as
dificuldades e os desafios, que o homem se vê compelido a enfrentar, resultam da
sua conduta passada ou presente que lhe proporciona a colheita equivalente às
ações distribuídas. A atividade mediúnica bem executada, posta a serviço do
engrandecimento das criaturas e da sociedade
-- a mediunidade espírita --, propicia gozos e respeito que felicitam
aquele que a aplica no bem, conforme é fácil de compreender, porquanto a ocorrência
é idêntica nas demais faixas do comportamento humano. Adicione-se que o médium
diligente e generoso, sempre a serviço do bem e da iluminação das consciências,
além das simpatias que granjeia entre as criaturas, atrai a amizade e o
devotamento dos Bons Espíritos, que passam a protegê-lo e guiá-lo com
sabedoria, promovendo-o, moral e espiritualmente, como efeito dos sentimentos
de amor que os une na tarefa que fomenta o progresso de todos. Instrumento
delicado, a mediunidade mais se afirma quanto mais exercida, granjeando
melhores e mais sutis possibilidades como decorrência do exercício a que é
submetida. Não procedem, desse modo, as alegações a respeito de que a mediunidade
é miséria psicológica ou responsável
pelos danos que afligem as pessoas dotadas. O conhecimento de tão peregrina
função ou dom da vida auxilia o crescimento moral e o desenvolvimento psíquico,
criando um clima de paz invejável, que passa a desfrutar aquele que a
respeita e a utiliza corretamente. Allan Kardec
afirmou com altas razões que ela é manifestação anômala, às vezes, na
personalidade humana, porque especial; jamais, porém, de natureza patológica,
visto que “há médiuns de saúde robusta; os doentes o são por outras
causas”. (Psiquismo mediúnico, pp. 135 e 136.)
6a.
REUNIÃO
(Fonte:
capítulos 26 a 30.)
1.
O médium
dedicado atrai a inveja dos Espíritos ociosos - O exercício
saudável da mediunidade resulta de inumeráveis fatores que constituem desafios
ao médium, destacando-se, entre outros, a conduta moral e mental e a disciplina
emocional, que decorrem do conhecimento adquirido em função da faculdade que
possui. Tendo em vista que ele se movimenta entre as duas esferas -- a dos
encarnados e a dos desencarnados --, o médium sofre interferências de ambas,
que geram, em determinados momentos, grandes conflitos e perturbações. Porque
os Espíritos são as almas dos homens com suas qualidades e imperfeições,
experimenta mais normalmente o assédio dos infelizes, em razão de mais
acessível sintonia vibratória, constituindo a mediunidade um calvário
invisível, desde que levada a sério e com elevação. Devendo lutar contra as más
tendências que lhe caracterizam o estado evolutivo, o médium responsável
atém-se a um programa de educação íntima e de realização pessoal muito severo,
através do qual se libera dos próprios débitos, burilando os sentimentos e,
pela aquisição da cultura, iluminando a razão. Nesse tentame, enfrenta aqueles
a quem, porventura, haja prejudicado, que investem, impiedosos, na tentativa de
impedir-lhe a felicidade. Desse modo, inspiram-lhe sentimentos contraditórios,
estimulam-lhe as paixões inferiores, assaltam-no nos momentos de desprendimento
pelo sono, utilizando-se de ardis, mediante os quais esperam colher o
adversário para comprazer-se na sua infelicidade. Por outro lado, a ação
benéfica, desenvolvida pelo médium dedicado, atrai a inveja dos Espíritos
ociosos e açula a revolta daqueles que perseguem o beneficiário da sua
assistência fraternal, os quais se voltam contra o seu trabalho, intentando
prejudicá-lo. (Calvário de Luz, pp.
137 e 138.)
2.
O cerco
contra o médium se faz constante - Nas tarefas de terapêutica
desobsessiva, mais grave se torna essa agressão, porque, sentindo perder a
força da opressão exercida contra a sua vítima atual, o perseguidor se volta em
direção ao fator que lhe obstaculiza o prosseguimento da empresa infeliz. Ele
passa, então, a acompanhar o médium e intenta descobrir-lhe os pontos vulneráveis,
somando as suas reações com a animosidade dos inimigos naturais do mesmo, que
se comprazem ante a ajuda que lhes chega para a execução do desforço
pretendido. Por fim, os contumazes adversários da Doutrina Espírita e das
causas de enobrecimento da Humanidade, dos ideais de libertação humana, dos
programas de elevação da sociedade, e da Doutrina Espírita, que sintetiza os
mais nobres anseios do ser pensante, rebelam-se e correm a assediar e
interferir nos propósitos do trabalhador do bem, que passa a travar rudes
pelejas, chegando a sacrifícios e testemunhos que permanecem desconhecidos dos
outros, porque desencadeados nas paisagens do mundo íntimo, longe do olhar e da
compreensão do próximo. Em face da sua movimentação e impiedade, essas
Entidades vão buscar pessoas insensatas, frívolas e desequilibradas com as
quais mantêm sintonia de gostos e de comportamento, e as atiram contra o
lidador, ou geram campos de afetividade perniciosa, a promoverem situações e
cenas desagradáveis, comprometedoras quão ridículas. Sensível, pela
constituição que lhe é peculiar, o médium regista esses jogos de paixões,
mortificando-se para superá-las, ao mesmo tempo buscando socorrer aqueles que
passam a constituir-lhe motivo de provação e dor. Não fica, porém, aí o cerco, pois
que outros indivíduos são induzidos à malquerença e à inveja, desencadeando
movimentos de censura, calúnia e perseguição gratuita, que encontram fácil
acolhida entre os ociosos e competidores, que pretendem a fama e desprezam o
trabalho, sempre dispostos para as festas e distantes das lutas que lhes
imponham renúncia e sacrifício. (Calvário
de Luz, pp. 138 e 139.)
3. O médium recebe, porém, o apoio dos
Protetores espirituais - Apesar de
toda essa pugna, a conduta e a dedicação do médium atraem a assídua assistência
do seu Espírito-guia, que o encoraja e o fortalece, inspirando-o à perseverança
e à continuidade no trabalho nobre, informando-o a respeito do que lhe está
reservado caso venha a sair-se vitorioso do empreendimento abraçado.
Explica-lhe que tal sucede em razão da sua necessidade de evolução, o que lhe
constitui rara oportunidade de progresso que não deve ser postergada. Por outro
lado, os Protetores daqueles a quem ele ajuda e assiste vêm em seu apoio, movidos
pela simpatia e gratidão ao seu empenho fraternal em favor dos seus pupilos.
Além disso, os que são consolados e esclarecidos pela sua faculdade mediúnica,
e recuperam a paz íntima, se lhes vinculam,
aumentando o grupo de amigos vigilantes que passam a amá-lo. De igual modo, os inspiradores das grandes
causas e Guias da Humanidade, reconhecidos ao seu esforço pelo progresso geral,
acodem-no nos momentos cruciais e definidores da sua existência terrena, influindo nas decisões em favor dos futuros cometimentos que lhe cumpre
executar. Porque a dor o macera e os testemunhos o visitam, nesse calvário
silencioso, há sempre uma ressurreição luminosa a cada morte íntima, a cada
abnegação, propiciada pelos Construtores da felicidade eterna, que jamais
deixam os homens, especialmente aqueles que lhes compartem as elevadas
aspirações, sem o competente apoio e amparo. As concessões de paz íntima e de
bem-estar, passado o primeiro período do exercício mediúnico, o de provas, são
infinitamente maiores e mais compensadoras se fazem, a tal ponto que levam o
medianeiro a anelar por mais esforço e dedicação, de modo a poder fruir mais
intensamente essas emoções. (Calvário
de Luz, pp. 139 e 140.)
4. O calvário dos médiuns é todo de luz e
amor - Qualquer pessoa afeiçoada à
verdade e ao amor, ao trabalho e à caridade, ao heroísmo e à abnegação, conhece
esses momentos de elevação íntima e de vibração indefinível que chegam após as
lutas, quando passam a comungar com as Esferas Superiores. Razões possui o
médium para porfiar e dedicar-se aos rígidos deveres espirituais, jamais se
furtando ao auxílio aos sofredores de ambos os lados da vida, e banindo da
mente a presunção de que não deve vincular-se aos que padecem na Erraticidade
porque a sua faculdade estaria destinada a altos cometimentos e missões especiais
na Terra. Essa vaidade é responsável pelo fracasso de muitos medianeiros
invigilantes, que pretendem regime de conduta especial, acreditando-se adrede
preparados para relacionamentos interplanetários, com Espíritos-mestres e Guias
das regiões sublimes e escusando-se aos labores do doutrinamento e desobsessão,
em cujas faixas se movimentam os desencarnados infelizes. A fascinação os entorpece,
anulando-lhes os sentimentos de amor e de caridade, ao mesmo tempo empurrando-os
para as subjugações terríveis e os fanatismos lamentáveis. Quem desejar o acume
da montanha terá que transitar pelo sopé onde lhe repousam as estruturas de
sustentação. Jesus, que na Terra exerceu a função de Médium de Deus e com seu
pensamento mantinha constante identificação, jamais se escusava de atender à
infelicidade e ao sofrimento de qualquer procedência: manteve diálogo
libertador com os Espíritos malévolos que obsidiavam o gadareno, com os que
levavam a crises epilépticas o jovem lunático, com os que perturbaram moral e
mentalmente a obsessa de Magdala; enfim, atendeu aos enfermos do corpo e aos
enfermos da alma que somos quase todos, e prossegue, tanto tempo após a sua
estada em nosso meio, sem nos abandonar por um momento sequer. A Terra é
estância de provas e de purificação, e a mediunidade de aqui se encontra para
atender à alta finalidade de auxiliar e socorrer os que sofrem, confirmando a
imortalidade da alma e preparando o advento da Nova Era que se aproxima, quando
o mal baterá definitivamente em retirada. O calvário dos médiuns é, pois, todo
assinalado de luz e de amor. (Calvário
de Luz, pp. 140 e 141.)
5.
A
influência do meio é grande nos fenômenos mediúnicos - O meio
ambiente exerce insuspeitadas predisposições e efeitos nos seres vivos,
alterando-lhes a constituição ou preservando-a. Embora o meio sócio-cultural
seja conseqüência da ação do homem, torna-se-lhe fator de vigorosos efeitos no
comportamento, o que tem levado muitas pessoas a concluir “que o homem é o
produto do meio”, salvante, naturalmente, as suas inevitáveis exceções. É
compreensível, pois, que a influência do meio moral e emocional seja prevalente
nos fenômenos mediúnicos. Além da influência do médium, em decorrência de seus
componentes íntimos, o psiquismo do Grupo responde por grande número de resultados
nos cometimentos da mediunidade. Do ponto de vista moral, os membros que
constituem o Núcleo atraem, por afinidade, os Espíritos que lhe são
semelhantes, em razão da convivência mental já existente entre eles. Onde quer
que se apresentem os indivíduos, aí também estarão os seus consócios
espirituais. A simples mudança de lugar por pessoa não altera o tipo das
companhias que a assessoram. De igual modo, o caráter da experiência mediúnica
e a seriedade ou interesse frívolo que lhe é dedicado produzem natural
intercâmbio com Entidades equivalentes. Daí não se ter o direito de transferir
para o médium a responsabilidade total pela ação exercida pelos Espíritos,
assim como pela qualidade moral e cultural dos que por ele se comunicam. O
médium é um indivíduo sensível a determinadas influenciações do Mundo
Espiritual, ao mesmo tempo receptivo a certas ondas mentais que procedem dos
homens, e, não raro, produzem fenômenos de telepatia, com correspondente
resposta anímica aos apelos vigorosos ou aos impulsos-determinações que lhe são
dirigidos. (Influência do meio e do médium,
pp. 143 e 144.)
6. As intenções doentias do médium afastam os Espíritos
dignos - De bom alvitre, pois, que todo aquele que pretende
exercer a mediunidade, estude e exercite os seus recursos de captação e registro,
sem precipitação nem vaidade, considerando-se sempre como sendo instrumento
frágil e vulnerável, a requisitar cuidados contínuos e constante disciplina. A
ansiedade, a agitação nervosa ou estado depressivo e as intenções doentias do
médium produzem-lhe bloqueios compreensíveis, afastando da sua companhia os
Espíritos dignos, que deixam o lugar aos inescrupulosos e vadios, sempre
interessados em prejudicar e gerar desconforto, dando curso à conduta a que se
acostumaram na Terra... O hábito de interiorização deve, além disso, constituir
a forma eficaz para que o médium anule as interferências estranhas e insistentes
que buscam penetrar na sua tela mental com o propósito de predominar em relação
à influência dos desencarnados. As leituras salutares, o cultivo dos bons e
nobres sentimentos, as ações de benemerência e vinculação com o pensamento
divino, graças à oração de recolhimento, inspiradora, abrem-lhe as portas da
percepção, facilitando o intercâmbio seguro, do qual resultam efeitos
bonançosos e edificantes para ele próprio como para os outros. Cabe, desse
modo, ao médium sincero, sobrepor,
às influências do meio onde opera,
as suas conquistas pessoais,
gerando em sua volta uma psicosfera positiva quão otimista, sob todos os
aspectos própria à execução do compromisso a que se dedica. Como não pode ele
antever o meio no qual exercitará a mediunidade, cabe-lhe conduzir o seu clima psíquico favoravelmente ao
evento, fornecendo os elementos hábeis
para os resultados benéficos. (Influência
do meio e do médium, pp. 144 e 145.)
7. Mediunidade bem exercida é roteiro de iluminação
- Variam as condições para o fenômeno, conforme são as diferentes mediunidades.
Não havendo dois médiuns iguais, como ocorre em outros campos de atividade,
cada qual é o resultado das conquistas atuais e pregressas, que lhe ensejam os
recursos indispensáveis à execução do mister abraçado. Assim, há aqueles que
facilmente se comunicam com os Espíritos, em decorrência de suas experiências
iniciais terem ocorrido em outras reencarnações, nas quais treinaram a aptidão
que possuíam. Outros, no entanto, são mais tardos nesse desiderato, o que em
nada lhes diminui o valor; pelo contrário, mais lhes amplia o merecimento, em
face do esforço que empreendem até o coroamento pelo êxito. O importante, num
como noutro, serão os objetivos que perseguem em favor da tarefa espiritual, a
conduta que se impõem, buscando valorizar a vida e a oportunidade na luta pelo
aprimoramento interior, o desinteresse por qualquer retribuição, provinda dos
que se beneficiam com o seu labor, tomando para si as instruções que recebem,
antes que para os outros. A mediunidade bem exercida é roteiro de iluminação,
que proporciona venturas inimagináveis, quando a afeição e o amor a abraçam, em
favor da Humanidade. Assim considerada e vivida, serão superados os fatores do
meio que, ao invés de influenciar sempre, passa a sofrer-lhe a influenciação,
estabelecendo-se psicosfera benéfica quão salutar para todos aqueles que
constituem o Grupo no qual ela se desdobra. Não se descarte, pois, a influência
do meio, que deve ser superior, nem do médium, que se deve apresentar equipado
dos recursos próprios, de modo que se recolham boas e proveitosas comunicações,
ampliando-se o campo de percepção do Mundo Espiritual, causal e pulsante, no
qual se encontra mergulhado, em escala menor, o físico por onde se movimentam
os homens, no processo de crescimento e evolução. (Influência do meio e do médium, pp. 145 e 146.)
8. O despertar no além-túmulo não é igual para todos - Questão grave, a da identificação dos Espíritos, nos
fenômenos mediúnicos. Utilizando-se de um equipamento muito complicado, nem
todos os comunicantes sabem manipulá-lo como seria de desejar. Além disso, as
próprias complexidades e circunstâncias em que ocorre o fenômeno geram desafios
aos mais experientes desencarnados, que se vêem a braços com a vontade e o
caráter do médium, no momento das comunicações. Deve-se também ter em mente que
a morte biológica não é igual para todos, sendo o despertar na ultratumba
conforme o comportamento vivenciado durante a existência corporal. Tomando
consciência da realidade na qual ora se encontram, os Espíritos lúcidos passam
a experimentar verdadeira revolução conceptual, obrigando-se a reconsiderar
opiniões e objetivos aos quais se aferravam antes da libertação. A surpresa que
lhes assinala a consciência ante outros valores, alguns dos quais lhes eram
desconhecidos ou não considerados, fá-los reavaliar o comportamento cultural e
emocional, direcionando-os a novas ações, algumas bem diversas daquelas a que
se habituaram no corpo somático. Ampliam-se-lhes os horizontes da compreensão
humana, e a visão, a respeito do destino, passa a experimentar uma correção de
ângulo, que exige acuradas reflexões e largo esforço reeducativo. Embora não se
modifiquem as áreas afetivas, as dos
interesses antes tão significativos sofrem alterações de magnitude. Os
literatos e poetas, romancistas e pertencentes à faina periodística, vêem
alterados os fins que antes perseguiam, e as temáticas que lhes eram
familiares, carregadas de emoção e paixões específicas, cedem lugar a objetivos
bem diversos daqueles que os impeliam às competições, às lutas nas quais
disputavam projeção e relevo. Deixam de lado, então, porque sem significado, as
láureas e honras humanas, as glórias e homenagens, que os agradavam antes, e
vestem o burel da humildade e reformulam opiniões, agora com idealismo
diferente. (Identificação dos Espíritos,
pp. 147 e 148.)
9. O fenômeno mediúnico é sutil e exige
acurada percepção para ser analisado -
Certamente não lhes esmaece o vigor nem o entusiasmo pela ação promotora do
progresso, o desejo sincero de oferecer cultura e beleza. Mas a forma de
fazê-lo se altera, e os modismos envaidecedores, que os caracterizavam, perdem
a empatia anterior, o interesse central. Mantêm eles o estilo, pois cada ser
possui características próprias, tipificadoras, como resultado da soma das suas
experiências e conquistas, valores esses que lhes exornam a individualidade
eterna. Desinteressam-se, no entanto, pela grafia e até pela gramática, quando
escrevem do Além, embora os mais habilitados no intercâmbio busquem conciliar
tais recursos, unindo ao conteúdo superior de que tratam a forma elegante e
escorreita. Estranham, porém, os críticos do fenômeno mais exigentes, que não
encontram, nos seus autores preferidos, quando em mensagens mediúnicas, aquele
gênio e aquela grandeza que se acostumaram a admirar. Afirmam até que são menos
fecundos e originais, no além-túmulo, do que o foram quando nas lides do
proscênio humano. É destituída de fundamento tal crítica, visto que a diferença
dos temas enfocados, dirigidos agora para outro sentido ético e cultural, faz
que se percam as cores carregadas que antes se encontravam nos escritos fortes
e apaixonados, açulando sensações e lutas encarniçadas com direcionamento para
o orgulho pessoal, o egocentrismo, os partidos e as facções a que pertenciam e
buscavam promover. A morte é a desveladora da vida. O fenômeno mediúnico é
sutil e exige acurada percepção para uma análise adequada, sem as precipitações
dos que opinam sem o conhecer, nem as versões dos que se crêem autoridades, e,
no entanto, não possuem o necessário senso de análise para correta avaliação do
mesmo. A faculdade mediúnica varia de indivíduo para indivíduo, conforme a
aptidão pessoal de cada um, apresentando características especiais que lhe
facultam melhor percepção para um outro tipo de comunicação, sendo sempre, ele
próprio, em Espírito, o intérprete
eficiente ou não da mensagem. O médium, na condição de instrumento, é um
condutor, com todas as virtudes e defeitos de qualquer mensageiro. (Identificação dos Espíritos, pp. 148 e
149.)
10. O médium veste com seus recursos o
pensamento do Espírito - Tomemos como
experiência o envio de simples recado a um destinatário exigente. Chamados vários indivíduos, de diferente formação
cultural, moral e educativa, participe-se a eles a informação, pedindo que cada
um, a seu turno, transmita a mensagem oral que ora se lhes entrega. Sem dúvida,
cada um dará conta da incumbência, não conforme aconteceu, mas consoante sua
capacidade retentiva, sua emoção e lucidez, com variantes tais que produzirão
confusão naquele a quem foi endereçada. Temos aí pálida idéia do que ocorre no
intercâmbio mediúnico. O médium coa o pensamento do Espírito e
veste-o com os seus recursos, num automatismo que o exercício lhe faculta,
decorrente do conhecimento da sua função, da disciplina mental, enfim, de
diversos requisitos indispensáveis a um bom desempenho da tarefa. Mesmo nos
fenômenos de ectoplasmia, quando ocorrem as materializações, os elementos
retirados do médium não ficam em absoluta neutralidade. O som que se
exterioriza de qualquer instrumento, por mais que variem aqueles que o acionam,
não excede à sua própria constituição. A diferença do artista se observará no
virtuosismo, no afinamento melódico, na harmonia das notas, sem que seja
eliminado, porém, o recurso do aparelho gerador. Ocorrem, muitas vezes,
excelentes ditados mediúnicos, belos quanto corretos, na forma e no fundo, através
de pessoas incultas, parecendo invalidar o que afirmamos. Mesmo aí, a
transmissão, Espírito a Espírito, é feita psiquicamente, e as conquistas de
outras reencarnações, latentes no perispírito do instrumento, se encarregam da
exteriorização correta pelo mesmo automatismo já referido. Da mesma forma,
quando se trata de comunicações que procedem de Espíritos que se utilizavam de
outros idiomas, esses Espíritos podem expressar-se tanto na língua-mãe, qual
ocorre na xenoglossia, quanto no idioma do médium, sendo mais fácil esta última
opção, em se considerando que a linguagem dos desencarnados é a do pensamento,
que o médium capta e a que dá forma, no inconsciente, através das expressões
nacionais, de acordo com a linguagem que lhe é comum... Não obstante, nas
ocorrências da xenoglossia, as comunicações somente se dão exatas quando há matrizes no inconsciente profundo do médium,
que terá vivido naquelas regiões onde se falavam aqueles idiomas, em
existências anteriores. (Identificação dos Espíritos, pp. 149 a
151.)
11. O problema da
identificação dos Espíritos é mais aparente do que real - Não há milagre nas leis que regem a vida, igualmente não
o poderia ocorrer nos fenômenos da mediunidade, dilacerando o equilíbrio da
ordem geral, assim invalidando os processos
naturais, embora paranormais, que lhes permitem a ocorrência. A princípio, a
fim de chamar a atenção dos homens para a imortalidade da alma,
materializaram-se os Espíritos, objetivando elevá-los. Agora é o momento de
superar os condicionamentos da matéria, espiritualizando-se cada vez mais as
criaturas. Ocorrem comunicações nas quais a soma expressiva de fatores
probantes, de quem as subscreve, demonstra-lhes a autenticidade. Não se deseje,
porém, reencontrar aqueles que desencarnaram, aferrados, no escrever ou no
falar, aos mesmos modismos e interesses antes cultivados, pois que significaria
retê-los em indefinido atraso, renteando com os limites que os aprisionavam ao
corpo em deplorável situação post-mortem.
O problema, portanto, da identificação dos Espíritos é mais de aparência do
que de realidade, desde que qualquer pessoa que ama não terá dificuldade em
descobrir o seu afeto de retorno em mil pequenos ou grandes informes que os
tipificam, sem a necessidade mórbida de exigir-lhes minudências e sinais de que
eles mesmos desejam libertar-se, a fim de avançarem no rumo de outros valores,
ricos de paz e alento, que lhes acenam felicidades e união, quando aqueles da
retaguarda física, também amados, romperem as algemas da retentiva e seguirem ao
seu encontro, num mundo que já preparam, para que lhes seja melhor do que este
de provas e expiações, de onde procedemos. (Identificação
dos Espíritos, pp. 151 e 152.)
12. Osmose parasitária: um dos
riscos do processo obsessivo - As
obsessões de ordem espiritual, na qual se expressam, em pugna lamentável,
homens e Espíritos, têm, normalmente, curso demorado. Obedecendo a gêneses que
procedem de reencarnações anteriores, traduzem-se por ódios furibundos, amores
apaixonados, cobiças exacerbadas, desforços bem programados, numa esteira de
incidentes que se sucedem sob chuvas de fé e azorragues de loucura. Em todos os
casos, porém, o encarnado possui os condicionamentos que propiciam o nefando
intercâmbio que, muitas vezes, não se interrompe com a morte física. Já que a
divina justiça se encontra insculpida na consciência da criatura, o delinqüente
ou réprobo proporciona os recursos predisponentes ou preponderantes para o
conúbio devastador. Iguais preferências assinalam o perseguidor e o perseguido,
porque do mesmo nível de evolução moral. Temperamentos fortes, em face das
aquisições negativas a que se dedicaram, identidade de interesses mesquinhos,
decorrentes da viciação a que se entregaram, facultam ligações de igualdade
fluídica, entrelaçando os litigantes no mesmo halo de comunhão, ampliando-se a
interdependência na razão direta em que o hospedeiro
se entrega ao albergado psíquico,
interdependência que sempre, quando não cuidada, termina na osmose parasitária aniquiladora. (N.R.: Osmose: passagem de líquidos, íons e
moléculas através de membranas semipermeáveis que separam duas soluções de
desigual concentração. A penetração da água e de sais minerais do solo nas
raízes das plantas e a penetração dos alimentos no sangue através do epitélio
intestinal são regidos em grande parte pelas leis da osmose.) Desde que
conhecidos e afins psiquicamente, o enfermo encarnado recusa a ajuda que lhe é
oferecida, assimilando, prazerosamente, as induções que lhe chegam por via
telepática e que incorpora aos hábitos aos quais se submete. (Fenômenos obsessivos, pp. 153 e 154.)
13. As obsessões enxameiam por toda a parte - Quando a perturbação é causada por antagonista que
ignora as técnicas do vampirismo -- no caso das obsessões simples -- fazem-se
mais fáceis as psicoterapias libertadoras. Todavia, à medida que evolui o
processo desagregador da personalidade, o algoz se adestra em mecanismos de
controle da vontade da sua vítima, muitas vezes sob a orientação de impenitentes
perseguidores outros, que se comprazem em produzir aflições nos homens. São,
então, armadas ciladas contínuas, e inumeráveis tentações se apresentam,
disfarçadas, arrojando os incautos em compromissos mais graves, de
lesa-consciência, graças aos quais perdem os contactos com os possíveis
recursos de auxílio que são propiciados pela Providência. A razão se obnubila e
se turba, fixando-se nas faixas de vinculação nefasta, não deixando claros
mentais para as intuições lenificadoras, nem campo para as recapitulações
positivas que dulcificam o sentimento favorecendo a captação das idéias benéficas.
As obsessões enxameiam por toda parte e os homens terminam por conviver,
infelizes, com essas psicopatologias para as quais, fugindo à sua realidade,
procuram as causas nos traumas, nos complexos, nos conflitos, nas pressões
sociais, familiares e econômicas, como mecanismo de fuga aos exames de
profundidade da gênese real de tão devastadora enfermidade. Não negando a
preponderância de todos esses fatores que desencadeiam problemas de
comportamento psicológico, afirmamos que eles, antes de constituírem causa dos
distúrbios, são, em si mesmos, efeito de atitudes transatas, que o Espírito
imprime na organização fisiopsíquica ao reencarnar-se, porquanto é sempre
colocado no grupo familiar com o qual se encontra enredado, por impositivo de
ressarcimento de dívidas, para o equilíbrio evolutivo. Enquanto o homem não for
estudado na sua realidade profunda -- ser espiritual que é, preexistente ao
corpo e a ele sobrevivente --, muito difíceis serão os êxitos da ciência
médica, na área da saúde mental. As doenças psíquicas, entre as quais se
destacam, pela alta incidência, as obsessões, continuarão ainda a perseguir o
homem. (Fenômenos obsessivos, pp. 154
e 155.)
14. Por que a incidência obsessiva é mais
volumosa - Todo comportamento que se
exacerba ou se deprime, exaltando paixões e comandando desregramentos,
fomentando ódios e distonias, guardam, na sua raiz, graves incidências
obsessivas que merecem cuidados especiais. É indispensável que a compreensão
das finalidades da vida comande o pensamento do homem, oferecendo-lhe as
seguras diretrizes para precatar-se contra essa epidemia voluptuosa, ao mesmo
tempo armando os cultores das ciências da
alma com os valiosos instrumentos para a terapia de profundidade, na qual
ambos os enfermos -- obsessor e obsidiado -- sejam amparados, apaziguando-se e
produzindo no bem, em favor de si mesmos e da comunidade em geral. Não
desejamos transferir para os Espíritos turbados ou maus as ocorrências
desditosas na Terra, isentando os homens da responsabilidade que lhes cabe.
Afirmamos que partilham os desencarnados, mais do que se pensa, dos sucessos e
acontecimentos humanos negativos, por assimilação e vinculação, nos quais se
comprazem os encarnados, que lhes oferecem os meios e a sintonia para que
tenham lugar esses fatos reprováveis. É certo que, no sentido inverso, o
intercâmbio com as Entidades evoluídas também se faz amiúde, num programa de
amor e socorro ao ser humano, como expressão do divino auxílio. Como, todavia,
as manifestações mais primárias predominam nas atividades terrestres, a
incidência obsessiva torna-se mais volumosa, até que a criatura se descubra
como é, filha de Deus, e resolva-se a atender ao chamado paterno, avançando na
sua direção pelas vias do amor. (Fenômenos
obsessivos, pp. 155 e 156.)
15. São múltiplas as moradas espirituais - Certa estranheza invade muitos leitores e pessoas
desinformados a respeito da vida espiritual, quando tomam conhecimento da
estrutura e constituição do mundo parafísico, bem como da sociedade onde se
movimentam os sobreviventes ao túmulo. Acostumados às notícias da teologia
ortodoxa apresentada pelas religiões que estabeleceram regiões estanques para
os Espíritos, quando vencida e superada essa crença armam-se de cepticismo, às
vezes inconscientemente, em torno da organização e do modus vivendi dos que se libertaram do corpo, mas não saíram da
Vida. Um pouco de reflexão bastaria para contribuir de maneira positiva em
favor do entendimento da vida e sua continuidade um passo além do túmulo. Na
Terra mesma, interpenetram-se vibrações e movimentam-se incontáveis expressões
de vida, sem que o homem disso se dê conta. Ondas de freqüência variada cortam
os espaços terrestres, carregadas de mensagens somente percebidas quando
necessariamente transformadas em som e imagem por aparelhos especiais. Raios de
constituição diferente rompem os campos vibratórios em torno do planeta,
auxiliando, estimulando e transformando os fenômenos biológicos sem que se
possa percebê-los, senão através dos seus efeitos ou quando captados por equipamentos
próprios. A vida espiritual não é, conforme alguns pensam, semelhante à física
ou cópia dela. Ocorre exatamente o contrário, sendo a terrena um símile
imperfeito daquela que é causal, preexistente e sobrevivente. Liberada da matéria
densa, a alma não se transfere para regiões excelsas de imediato. Há toda uma
escala de valores a conquistar. Os Espíritos vivem fora do corpo em
conglomerados próprios, em sociedade mais harmônica ou mais atormentada, de
acordo com o grau da evolução que os reúne por automatismo da afinidade vibratória,
que decorre da identidade moral que os retém em campos de igual densidade de
onda. (Moradas, pp. 157 e 158.)
16. As moradas do Além variam em densidade
vibratória - Sendo o pensamento a
força criadora, é natural que este construa
os recintos para habitação e instale, em nome do Pai, programas de ação que
facultam os meios de crescimento para o Espírito, na direção dos mundos
felizes, cuja constituição superior a nós nos escapa. Nas faixas mais próximas
da Terra, a vida se apresenta semelhante ao que se conhece no planeta,
facilitando a adaptação para os recém-chegados e propiciando mais fácil
intercâmbio com aqueles que estão instalados na matéria densa. Conforme sucede
no mundo objetivo, há uma escala de progresso cultural e moral cujos valores
partem das manifestações mais primárias até os índices mais elevados.
Consequentemente, há núcleos que refletem as condições sócio-morais,
sócio-econômicas, sócio-culturais dos seus habitantes, desde choças e furnas
até habitações saudáveis, belas e confortáveis... As moradas do Além igualmente
variam em densidade vibratória correspondente àqueles que as vêm habitar,
felizes e liberados, ou, então, onde se demoram a dor, as misérias morais e as
condições de insalubridade, todas elas em caráter sempre transitórios. Em todo
lugar, todavia, apresenta-se a misericórdia e o socorro do Pai, ao alcance de
quem deseja progredir e ser ditoso, na faixa vibratória em que estacione.
Igualmente, convém considerar que urbanistas e engenheiros, cientistas e
legisladores levam para a Terra as lembranças dos planos onde residiam e a eles
retornam, periodicamente, através do parcial desdobramento pelo sono,
acentuando lembranças que depois materializam em projetos e edificações avançados.
A ascensão dos seres somente ocorre mediante conquistas intransferíveis através
do trabalho, método seguro para a aquisição da plenitude. Movimentando,
portanto, as energias cósmicas presentes no Universo, os Espíritos plasmam os
seus Círculos de realização, nos quais estagiam entre uma e outra reencarnação,
galgando Esferas que se apresentam em graus de evolução quase infinita. “Na
Casa do Pai -- disse Jesus -- há muitas moradas”, não somente nos astros
luminíferos que gravitam nos espaços siderais, mas também, em torno deles, como
estações intermediárias entre uns e outros mundos que pulsam nas galáxias,
glorificando a Criação. (Moradas, pp. 158 e 159.)
Londrina, 1/9/97
Astolfo O. de Oliveira Filho
morte-6.doc
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