Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A REALIDADE DA ALMA


CAP. I: A REALIDADE DA ALMA

O conhecimento que o ser humano pode ter, da realidade da alma, constitui a informação mais importante que venha a adquirir em toda a sua existência, pois inúmeras pessoas desconhecem que, além do corpo físico, cada um tem uma alma imortal que dirige os seus atos. E mesmo os que dizem saber que o ser humano é formado de corpo e alma, desconhecem sua participação na vida humana e que a mesma se manifesta pelo pensamento, pela inteligência, pelo senso de responsabilidade, pelo caráter, pela consciência, pela vontade, pelo livre-arbítrio, pela intuição e pelo anseio, muitas vezes oculto, de ser útil aos seus semelhantes.

A aquisição desse conhecimento pode trazer um enriquecimento do seu ser, advindo-lhe o reconhecimento da unidade da Criação e da responsabilidade pela sua própria existência, e o amor que deve dispensar a todos os seres da Natureza e, especialmente, às criaturas humanas, independentemente de sua idade, raça, condições sociais, econômicas e do seu próprio estado físico. Todo ser humano é uma alma vivente que se identifica pelos seus atributos próprios e não pela sua aparência física ou pelos seus adornos exteriores.
A alma é um ser de constituição energética que apresenta a forma do ser humano, amoldado-se à sua idade, sexo e às características do corpo ao qual imprime sua vitalidade. Tem a individualidade e a grandeza que lhe facultam vida plena, quando se encontra na espiritualidade, ou na condição de estar vivificando um organismo biológico, participando na constituição do ser humano. Nessa situação, a alma comanda todas as atividades da vida humana.

Alma é a denominação dada por Allan Espírito encarnado, como está em O Livro dos Espíritos, página 100, item 134. Essa denominação é simplesmente didática, visto que alma e Espírito designam a mesma entidade, respectivamente, quando está encarnada ou quando se encontra no mundo espiritual . O ser humano, em sua evolução cronológica, tem seu corpo físico vinculado às leis condicionado a uma existência limitada que vai desde o nascimento até a morte. E a alma, que participana formação do seu organismo, pela sua condição de imortalidade, preexiste à formação do corpo, e continua sobrevivendo na espiritualidade depois da desintegração do mesmo.

Na sua evolução antropológica através dos tempos, o organismo humano recebeu a atuação da espiritualidade, ainda na fase pré-anímica de sua formação, preparando o seu corpo para receber a participação da alma como constituinte do ser humano. A conjunção da alma com o organismo já diferenciado do antropóide primitivo constitui o fenômeno mais importante que ocorreu em toda a história da formação do ser humano.

Esse fenômeno tornou possível à alma participar de todos os atos da vida humana e, deste modo, poder atuar positivamente sobre os neurônios encefálicos, desde o momento de sua formação embrionária no interior do útero materno, promovendo o seu aprimoramento a planos progressivamente mais elevados, de modo a possibilitar ao ser humano alcançar cada vez mais, embora lentamente, todo o potencial de energias intelectuais que lhe estão reservadas.

1 - A Alma Segundo a Bíblia

Sua criação e sobrevivência são mencionadas na Bíblia, constando do Gênesis que "o homem foi feito alma vivente" (Gê 2, 7), visto que "criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou". (Gê l, 27) A mensagem segundo a qual "o homem foi feito alma vivente", tem um significado muito importante, evidenciando que o ser humano deve pensar e viver como alma encarnada e não pelos atributos inerentes ao seu corpo físico.

Da alma sabemos, ainda, que desfruta do privilégio da imortalidade, como consta da afirmação contida nos Salmos: "tu, Senhor, livraste a minha alma da morte." (SI 116,8) Do mesmo modo, Jesus lembra que a alma é imortal, afirmando: "Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma". (Mt 10,28)
Falando sobre a alma, Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, página 25, 2° parágrafo, reúne esses dois conceitos, o da existência e o da imortalidade da alma, dizendo que na formação do ser humano há a participação do corpo físico e da alma ou Espírito, afirmando que "o Espírito é o elemento principal dessa união, pois é o ser pensante e que sobrevive à morte, do que um acessório do Espírito, roupagem que ele abandona depois de usar".
Não obstante esteja aparentemente oculta no organismo, a alma é responsável pelas ações boas ou más praticadas pelo ser humano, devendo responder pelas mesmas na espiritualidade ou em vidas futuras.
2 - RESPONSABILIDADE DA ALMA

No Evangelho de São Marcos sobre a conduta das pessoas que, desviadas do bem, podem ser danosas à própria alma, aconselhando o desapego dos valores transitórios da vida, dizendo: "Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder sua alma ?" (Mc 8, 36). Essa mensagem de São Marcos nos faz pensar que o ser humano passa pela vida entretido em preocupações frívolas, sua alma terá que enfrentar as conseqüências de uma vida desperdiçada.

Os diferentes caracteres psicológicos, que qualificam o ser humano, não são determinados por peculiaridades dos seus órgãos físicos, da sua aparência e constituição, mas pelos atributos da alma, que participa em todos os atos da vida. Desse modo, uma pessoa não se torna um cientista porque recebeu hereditariamente circunvoluções cerebrais diferenciadas nesse sentido, mas porque a sua alma é dotada das qualidades de cientista.

Esse conceito está de acordo com o que ensina Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, página 198, item 370: "O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades, e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos". Sendo a alma responsável pelo pensamento, pelo livre-arbítrio, pela conduta das criaturas, é natural que possa exercer influência não apenas sobre seu comportamento, mas também sobre as células do organismo, condicionando os seus estados de saúde ou de doença.

Respeitadas as leis de hereditariedade, a alma atua como Modelo Organizador Biológico do organismo, como afirma Hernani Guimarães Andrade no livro Espírito, Perispírito e Alma, página 54, 2° parágrafo, sendo "capaz de atuar sobre a matéria orgânica e provocar-lhe o desenvolvimento biológico". Essa atuação realiza-se desde a fase de formação da célula-ovo e durante toda a vida do ser humano. Desse modo, a alma é um ser atuante que pode agir continuamente sobre o organismo, vivificando-lhe as células, promovendo a saúde e o bem-estar.

A alma exerce, ainda, importante contribuição à vida humana por conter, no perispírito, o arquivo da memória dos fatos ocorridos em vidas passadas e que se somam aos adquiridos na presente existência. Em virtude de sua natureza espiritual, e na condição de estar vivificando um organismo biológico, a alma realiza, em cada criatura, o encontro entre o humano e o divino.
Como espírito encarnado, o ser humano tem sua dignidade e deve ser respeitado, não obstante a situação em que possa encontrar-se e as faltas que tenha praticado. É um ser em fase de evolução, a caminho do seu aprimoramento, ainda que esteja passando por situações menos dignas. Na prática, cada pessoa pode conduzir livremente sua vida, procurando praticar o bem e desfrutar condições progressivamente melhores, ou optar por uma conduta menos edificante para si mesma, em relação aos demais seres humanos.

O importante é que, diante desses acontecimentos, a alma participa, consciente ou inconscientemente, de todos os atos da vida, e as ações boas ou más que tenha praticado são registradas no arquivo perispiritual e se enquadram na lei de reciprocidade ou de causas efeito e suas consequências, respectivamente, boas ou más, retornam para o mesmo ser, nesta vida ou em vidas futuras, porque as existências são solidárias umas com as outras. As boas ações voltam sob a forma de alegria, saúde e bem-estar, e, as más, como diferentes modalidades de sofrimentos.

3 - RECONHECIMENTO DA ALMA

Nos tempos atuais, há um número crescente de pessoas que procuram dedicar-se à vivência interior,por meio de diferentes recursos, como os religiosos, esotéricos, meditação, grupos de estudo, retiro espiritual e práticas orientais, que a par da realização dos seus anseios, podem levar, ao auto-reconhecimento da alma.

Entre os que se dedicam aos estudos orientais, é comum a prática da meditação através de uma auto-análise, que consiste em dar um mergulho no seu eu interior, num trabalho lento e gradativo que leva ao reconhecimento de sua própria individualidade. Podem, assim, ser descortinadas suas diferentes qualidades, suas aspirações mais íntimas, encontrando as raízes que levam ao reconhecimento do seu ser.

A identificação da alma pode ocorrer espontaneamente nas situações que nos colocam diante de pessoas ou de fatos que fazem lembrar imagens ou situações que já teríamos conhecido em existências pregressas. Seriam lembranças vagas, subliminares, de vidas passadas. Do mesmo modo, esse conhecimento pode ser revelado por pessoa dotada de capacidade mediúnica, durante consultas espirituais seriamente conduzidas.

Ainda, entre os recursos que levam ao reconhecimento da própria alma, não se pode deixar de reconhecer a importância da regressão da memória a vivências passadas, capaz de evidenciar a participação da própria pessoa, vivendo em outras condições, com a mesma individualidade, em épocas diferentes.

Essa modalidade de pesquisa, a par de sua finalidade médica, para o diagnóstico e tratamento de doenças decorrentes de distúrbios da alma, permite chegar a duas importantes conclusões: a da imortalidade da alma, constatada pela continuidade da vida através das gerações, e a da veracidade da reencarnação, em que a mesma criatura participa de organismos distintos em épocas diferentes.
O reconhecimento da imortalidade da alma pode dar, a cada um, um incentivo para as diferentes atividades da vida, levando o ser humano a utilizar seu livre-arbítrio para realizar positivamente a vivência do amor, a prática de boas ações.
4 - DESLIZES DA ALMA

Muitas vezes o ser humano é levado a cometer deslizes, quer seja na satisfação de prazeres supérfluos, ou procurando acumular, indevidamente, bens materiais, cometer ações agressivas ao próximo, ou procurando alcançar, sem merecimento, o poder e a supremacia sobre os seus semelhantes.
São ações que decorrem basicamente da pouca evolução espiritual ou por não ter tido a oportunidade de ser educado nos moldes dos valores que enaltecem a vida humana. Analisando o conceito popular segundo o qual as pessoas podem cometer deslizes porque a carne é fraca, Allan Kardec no livro O Céu e o Inferno, 85, 3° parágrafo, diz: "A carne só é fraca porque o Espírito é fraco, o que inverte a questão deixando àquele a responsabilidade de todos os seus atos.
A carne, destituída de pensamento e vontade, não pode prevalecer jamais sobre o Espírito que é o ser pensante e de vontade própria".
São inúmeras as faltas que os seres humanos cometem, marcadamente pela agressividade tão generalizada, em suas diferentes formas, e que culmina em agressões coletivas e guerras de extermínio.

São ações próprias de almas que ainda não tiveram a oportunidade de assimilar o conteúdo básico do segundo mandamento da Lei de Deus, de amar ao próximo como a si mesmo. Por falta de aprimoramento espiritual, os seres humanos ainda não compreenderam o significado da vida e a oportunidade que desfrutam de realizar-se como almas viventes, para alcançar planos progressivamente mais elevados na escala da evolução.

5 - Correlação com o Cérebro

O cérebro, apesar das aparências, não é o criador dos pensamentos, mas um recurso para a sua manifestação, sendo igualmente responsável pela manifestação de outros atributos da alma, como a vontade, o querer, a determinação, a intuição e a consciência. Para que o cérebro possa desempenhar plenamente suas atribuições, é necessário que esteja em perfeito estado, tanto em sua estrutura anatômica como em suas condições fisiológicas, sem comprometimentos que possam prejudicar a livre manifestação de suas funções.

Entre os fatores que comprometem a massa encefálica, podem estar presentes os acidentes vasculares cerebrais, os tumores, as infecções como a encefalite e a meningite, os traumatismos cerebrais, o uso de drogas ou substâncias que agridem a célula nervosa, bem como os distúrbios congênitos e hereditários. As diferentes modalidades de conhecimento, que adornam a personalidade humana, são importantes, mas podem ser supervalorizadas, levando à vaidade intelectual e ao orgulho altamente prejudiciais ao entendimento da realidade da alma.

Para o reconhecimento dessa realidade, são dispensáveis conhecimentos de alta sabedoria, pois esse é um campo em que os simples e os sábios se identificam. Esse conhecimento, que no passado era revelado apenas a alguns iniciados, começa a ser devendado por um grande número de pessoas, visto que a humanidade se encontra no limiar da realidade, e nada pode manter-se oculto no alvorecer da nova era que se aproxima, a Era do Espírito.
Esse conceito está de acordo com o que consta no Evangelho, que "nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se". (Mt 10, 26)
6 - INDAGAÇOES SOBRE A ALMA
Quem sou eu ? Como conhecer e identificar este ser que está em mim? São perguntas que inquietam os seres humanos desde remota antiguidade. Para se chegar ao conhecimento desta verdade é necessário despojar-se das vaidades intelectuais e se tornar como criança, que se encontra numa fase da vida mais propícia para as manifestações da alma na vida humana. Essa afirmação se identifica com o ensinamento de Jesus quado afirma: "Se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus". (Mt, 18, 3)
Durante a infância, o ser humano tem o dom de expandir as peculiaridades de sua alma, recentemente chegada do reino espiritual e pode, mais facilmente, relatar fatos ocorridos na vida pregressa. E como ainda não assimilou a influência psicossocial do ambiente em que vive é, frequentemente, mais simples e humilde, qualidades enaltecidas por Jesus ao afirmar que "aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus". (Mt 18, 4)

A vivência da realidade da alma se caracteriza pela valorização dos bens espirituais e pelo desprendimento das preocupações voltadas para os bens transitórios da vida. O amor é o recurso para que o ser humano possa viver a realidade da alma, o requisito essencial para que possa alcançar a vida plena como ser vivente. A senda espiritual de cada um é percorrida individualmente, mesmo que esteja participando de treinamentos, em grupos de estudos, ou frequentando as mesmas instituições religiosas, visto que os seres humanos são almas que apresentam graus diferentes de evolução, e têm experiências próprias, individuais e indivisíveis.
E, à medida que vão alcançando graus mais sensíveis de consciência, cada um vai se capacitando para alcançar estados progressivamente mais elevados de percepção espiritual. Mas a fase primeira, para se alcançar o conhecimento da realidade da alma, consiste em admitir sua existência, como parte integrante do organismo humano, responsável pelos seus atributos psíquicos e espirituais, e pelos atos da vida diária.

7 - A Alma Segundo Sócrates

A exploração do mundo interior teve em Sócrates um dos seus mais brilhantes adeptos, e a humanidade teve nesse homem um dos seus mais insignes pensadores. Sua atenção esteve sempre voltada para os problemas que preocupavam particularmente os jovens, a Política e a Moral. Ele viveu em Atenas, no período de 399 a 470 a.C., sendo considerado um dos maiores filósofos gregos, homem de singular sabedoria, de retidão de caráter e de devotado amor à Justiça e aos seres humanos.

Para ele não havia verdadeira filosofia se o homem não se voltasse, reflexivamente, para si mesmo. Suas idéias levavam a uma moral individual, baseada na essência espiritual de cada ser humano, alicerçando a conduta de cada um na plena consciência responsável. Mas, em sua época, os homens estavam voltados para uma falsa política democrática, e consideravam que suas idéias poderiam ser prejudiciais aos jovens que o seguiam com fervor.

E, esse homem que teve por seguidor um contemporâneo como Platão, foi acusado de corromper a mocidade. A razão de Sócrates é a razão que duvida, que investiga e que leva cada um a ter as suas próprias convicções. A bem da verdade, Sócrates não se marginalizou da sociedade. Quando foi convocado para a Guerra entre Esparta e Atenas, pensou muito e ficou uma noite inteira meditando, porque era humilde, obediente e amava a sua comunidade.

Sendo um homem forte e de elevada estatura, foi para a guerra movido por uma extraordinária força interior, e na luta, que era individual entre soldados, procurou defender-se, e não matou nenhum adversário por considerar todos os homens seus verdadeiros irmãos. Sua filosofia é sintetizada no seu ensinamento fundamental que atravessa os séculos e se mantém atualizado: "Conhece-te a ti mesmo". E essa proposição ainda é lembrada como base para o conhecimento do eu interior, a própria alma.

8 - Pensamentos de Descartes

Mais recentemente, no Século XVII da era atual, o eminente pensador francês, René Descartes (1596-1650), centrava suas reflexões no ser imaterial atuante em seu organismo. Reconheceu que o ser humano é formado de corpo e alma, dois princípios completamente distintos, um material e o outro espiritual, e que o pensamento está relacionado ao seu eu espiritual. Teve, assim, a percepção do seu eu espiritual, independente dos seus atributos físicos, chegando à famosa conclusão, ainda não contestada: "Penso, logo existo".
Segundo ele, o corpo manifesta-se pelos seus atributos físicos e a alma pelo pensamento e pela vontade. Há, todavia, uma perfeita harmonia entre ambos, como pode ser observado nas sensações e nos sentimentos, em que a alma recebe os estímulos das impressões corporais e, por sua vez, a vontade impulsiona a dinâmica do corpo.

Partindo do reconhecimento do seu próprio eu, e plenamente convencido do potencial da inteligência humana, acreditou na possibilidade de substituir a fé cega pela razão e pela ciência. Na verdade, Descartes pode ser considerado um precursor do Espiritismo, pois, há alguma semelhança entre certos conceitos, como a expressão: "penso, logo existo" e a afirmação de Allan Kardec, segundo a qual "a alma é um espírito que pensa", como está em O Livro dos Espíritos, página 238, item 460. Outro ponto de convergência é o de considerar que a fé deve ser baseada na razão e na ciência, conceito que se identifica com a "fé raciocinada" de Allan Kardec, Segundo o Espiritismo, página 256, itens 6 e 7.
Há, ainda, outro conceito segundo o qual para Descartes "a glândula pineal é o centro da alma", como está em Fraga Lima e col. no JBM, vol. 65, página 203, e conceito idêntico de André Luiz no livro Missionários da Luz, página 21,4° parágrafo, ao analisar a epífise, como "glândula da vida espiritual do homem.

Contudo, há uma diferença muito grande entre os ensinamentos desses dois insignes pensadores. René Descartes procurou evidenciar a existência da alma tendo por base sua vida na matéria, e vida do espírito na matéria, tendo como ser cósmico universal.

Esse conceito do mestre lionês tem uma dupla conotação: estuda a alma na erraticidade, como espírito, e na vida biológica como ser encarnado, durante certo período de tempo. A situação do espírito viver na Terra, encarnado num corpo físico, é apenas uma das condições, como ser cósmico, de participar da vida humana, mas conhece a mensagem que "na casa do meu Pai há muitas moradas". (Jo 14, 2)

9 - A Alma Segundo Allan Kardec

Na sequência da evolução dos conhecimentos adquiridos sobre a realidade da alma, em diferentes épocas, destaca-se Allan Kardec, o emérito codificador da Doutrina Espírita, nascido em Lion, na França (1804-1869), que transcreve a mensagem revelada pelo Espírito da Verdade à Luz do Cristianismo, onde o ser espiritual que dá vida à criatura humana é muito bem estudado nas diferentes modalidades de sua existência.

Seus ensinamentos vêm adquirindo progressivamente maior número de adeptos, em todas as camadas sociais, em diferentes partes do mundo. Alguns conceitos, contidos em O Livro dos Espíritos, são aqui transcritos livremente no seu conteúdo, por serem indispensáveis à interpretação que se procura dar, no presente trabalho, sobre a realidade da alma e do espírito:

1) Os espíritos são os seres inteligentes da Criação e se caracterizam pela sua individualidade. Foram criados simples e ignorantes e têm a oportunidade de evoluir e de se tornarem perfeitos, (página 77, item 76; página 92, item 115; página 99, item 133).

2) O pensamento, a inteligência, as qualidades morais e a consciência, são atributos da alma. (página 57, item 24; página 81, item 89a; página 161, 2° parágrafo; página 196, item 364).

3) As almas são os espíritos encarnados. Fazem parte da constituição dos seres humanos temporariamente, para se purificarem e esclarecerem e fora deles, como espíritos, povoam o mundo invisível, (página 100, item 134 e 134 b).
4) A participação dos espíritos na formação dos seres humanos faz-se através do processo de reencarnação, um fenômeno de associação, advindo-lhes a oportunidade de evoluírem, pois todos os espíritos tendem à perfeição. (página 116, itens 166 a 170);

5) O espírito é revístido por um envoltório de natureza eletromagnética, o perispírito, que no organismo humano constitui o liame entre a alma e o corpo físico, e após a separação, que se realiza no desenlace, o perispírito também se desprende do corpo e se mantém unido ao espírito, (página 82, item 93; páginas 100 e 101, item 135a; página 160, 2° parágrafo);

6) Se os espíritos, como seres encarnados, procederem de modo contrário à Lei de Deus, receberão, como retorno, nesta vida ou em vidas futuras, as provas correspondentes às suas faltas, sob a forma de sofrimentos físicos ou psíquicos, ou dificuldades nos diferentes setores da vida. (páginas 99 e 100, itens 133 e 133a; página 117, item 168);

7) Os atributos da individualidade humana são os do espírito encarnado. Assim, um homem de bem é a encarnação de um espírito bom e um homem perverso a encarnação de um espírito impuro, ignorante, (páginas 195 e 196, itens 361 e 361a);

8) Os seres humanos que cometem faltas, que agridem a Lei, não retrogradam espiritualmente. Mantêm-se estacionários e se não tiverem oportunidade de reparar, na mesma existência, as faltas cometidas, terão que retornar, em encarnações futuras, quantas sejam necessárias, e enfrentar diferentes modalidades de sofrimentos, que constituem formas de reparação de suas faltas, e a oportunidade de refazerem a existência não aproveitada, para alcançar algum progresso espiritual, (página 120, itens 178a e 178b);

9) Os espíritos sofrem, quer no mundo corporal, quer no espiritual, as consequências das suas imperfeições, (página 159, item 255; página 164, 2° parágrafo);

10) Para os espíritos a encarnação pode ser um ato de expiação ou de missão que eles aceitam prazerosamente, com o fim de ajudar os seres humanos a alcançarem mais rapidamente o progresso nos diferentes setores da vida. São almas primorosas que podem reencarnar isoladamente, ou em grupos, e mesmo em diferentes países, distinguem-se pelos seus dotes científicos, artísticos, culturais e outros, e se identificam pelos seus ideais de amor aos semelhantes, procurando incentivar o progresso e o bem-estar dos seres humanos nas diferentes áreas de atuação, motivando a evolução da consciência humana nos ideais de paz, fraternidade e progresso, (página 99, item 132; página 120, item 178).

10 - Evolução da Alma

O ser humano é formado de corpo e alma. O corpo tem uma estrutura biológica que envelhece com o decorrer da idade, durante a vida. A alma, de estrutura energética, não envelhece, mas evolui através das reencarnações. A evolução anímica ou espiritual constitui a aquisição mais importante que pode ser almejada tanto pelas criaturas encarnadas como desencarnadas.
A mesma realiza-se paulatinamente, através das gerações, mediante esforços fundamentados na práticado amor fraterno. O grau de evolução espiritual caracteriza a posição alcançada pelas criaturas na sua caminhada através dos tempos.

Na prática, a evolução espiritual manifesta-se por diferentes atributos como a bondade, a sabedoria, a compreensão, o desprendimento dos bens materiais, a lhaneza no trato com os seus semelhantes, a vivência de pensamentos positivos e a anulação dos pensamentos negativos como os de raiva, de ciúme, de traição, de falsidade, de ódio, de agressividade e de outros da mesma natureza, que deverão ser banidos do planeta Terra, que terá alcançado um nível elevado de vibração espiritual no alvorecer da nova era que se aproxima, em que os homens serão bons e se amarão uns aos outros.
Dr. Roberto Brólio

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