Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Prudentes como as serpentes...



Carlos Alexandre Fett
"Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos. Portanto, sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas" (Jesus, no Evangelho de Mateus, capítulo 10, versículo 16).
Esta passagem da vida de Jesus ocorreu quando ele explicava aos seus doze discípulos suas missões. Escolhidos pela Espiritualidade superior para o acompanharem em seu trabalho, os apóstolos deveriam buscar ter uma vida moral sadia em meio a um povo contrário à Lei de Deus, dando exemplo por onde estivessem. Bom senso e humildade deveriam ser sentimentos primeiros em seus atos.
Discute-se na sociedade atual os porquês do alto índice de violência entre os jovens. Os motivos poderiam ser desde a liberdade exagerada que é dada às crianças, onde pseudopedagogos incitam a discordância de vontades entre filhos e pais, até a ansiedade gerada pelo materialismo desvairado que tomou conta dos seres.
O que acontece sim é um estímulo aos instintos vingativos e violentos do ser humano. Não só dos jovens, mas de todo aquele que se diz "homem suficiente para não levar desaforo para casa".
Como se vivêssemos para ter apenas nossos desejos satisfeitos, transformamo-nos em verdadeiras feras quando somos contrariados. Isto é, devemos apenas ser servidos, não servir, nem que para isso tenhamos que nos impor, verbal ou fisicamente.
Diariamente somos bombardeados por filmes, novelas, jornais e programas sensacionalistas que têm nas disputas o principal sustento para suas audiências.
Instigados pelos nossos instintos, chegamos a nos deliciar com cenas de pancadaria, discussões irracionais e desafetos prolongados, como se a desgraça alheia fizesse parte de um mundo em que não vivemos.
Aí é que mora o perigo!
Sem que percebamos, estamos como que contaminados pela atmosfera violenta que vai ao nosso redor. E ajudamos a alimentá-la, fazendo da sociedade um ambiente propício à instalação do desequilibro moral.
E o que isso tudo tem a ver com a passagem de Jesus no início do texto? Tem tudo a ver.
O Mestre foi a excelência em exemplo. Conhecia como ninguém a natureza humana. Sabia das limitações dos homens, tanto dos do seu tempo, como dos contemporâneos. Seus discípulos, por estarem abraçando uma vida diferente da que viviam - tanto os que eram simples pescadores, como Pedro, até homens estudados, como Matheus -, poderiam trair seus novos ideais, deixando-se contaminar pelos interesses pessoais.
Jesus, então, alertava-os, dizendo que deveriam ter a prudência da serpente. Ou seja, procurarem ser discretos em seus atos, comedidos em suas palavras e sábios em suas ações. Não se deixarem levar pelas emoções, mas julgar a tudo, retendo para si o que de bom encontrassem.
Porém, ressalta o Mestre, nem só de prudência vive o homem. É necessária a humildade do sensato. Tem na pomba a simbologia, dizendo que o verdadeiro prudente é simples nas coisas que faz, não se vangloriando de seu saber e respeitando os menos afortunados, moral e intelectualmente.
Vivemos exatamente ao contrário do que ensinou o Cristo. Temos como guia a violência e o orgulho. Estamos sempre em sentido de ataque, desenvolvendo em nosso íntimo a desconfiança e o preconceito.
Ficamos satisfeitos quando respondemos uma agressão de qualquer nível, demonstrando nosso poder de reação. Se pudermos prejudicar quem nos prejudicou, melhor ainda. Tramas são armadas com o objetivo de ferir. Passamos a ser os autores de ciladas ardilosas, onde os participantes sofrem os resultados de um egoísmo anticristão. Legislando em causa própria, escondemo-nos através de desculpas esfarrapadas, que não encontram base no bom senso do Evangelho. Evocamos, sim, costumes de três mil anos atrás, onde o olho por olho, dente por dente era a Lei.
Desprezando as orientações cristãs nós só poderemos colher a tristeza que vai à nossa volta. A explicação para a violência dos jovens vem da falta de educação espiritual dos pais, que têm como símbolo a seguir, não Jesus, um ser que para muitos parece perdido lá em cima, no espaço. Os ídolos vêm da TV, travestidos de heróis do povo, que podem se chamar Ratinho, Márcia, Valter (ligue Djá!) Mercado... Os textos a serem conhecidos não são os da religião, mas os da novela das oito, onde quem pode mais, chora menos.
Mas é a realidade, poderíamos dizer. Sim, é a realidade da ignorância espiritual do povo, trazendo dor e desilusão para quem vive nela.
Prudentes como a serpente, mansos como as pombas. Meditemos nas palavras de Jesus. Saibamos viver no mundo, mas não como o mundo. Isso não significa sermos alheios ao que nos cerca, ou ainda sofrermos mansamente maus tratos.
O cristão deve conhecer seus direitos de cidadão, e defender-se do mal, não deixando que ele prospere. Jesus nunca condenou a defesa, mas sim a vingança. Isso é prudência, isso é mansuetude.
Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo 17, item 10, um bom Espírito deu a seguinte mensagem mediúnica: "Não imaginem que, para viver em permanente comunicação com a Espiritualidade amiga, e sob as vistas de Jesus, seja preciso submeter-se ao sofrimento. Não e não, ainda uma vez! Sede felizes, segundo as necessidades humanas, contanto que nessa felicidade não entre jamais nem ato, nem pensamento ofensivo, ou que faça voltar o rosto dos que vos amam e dirigem. Deus ama e abençoa os que amam santamente".

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