http://www.correioespirita.org.br/categoria-de-materias/ciencia-e-espiritismo/1780-transtornos-da-personalidade
Cláudio Sinoti
São variados os transtornos de personalidade que a OMS – Organização Mundial da Saúde apresenta como “padrões de comportamento profundamente arraigados e permanentes, manifestando-se como respostas inflexíveis a uma ampla série de situações pessoais e sociais”.1 São distúrbios que normalmente comprometem seriamente a qualidade de vida dos seus portadores, cujos primeiros sintomas podem surgir ainda na infância, o que traz sofrimento para eles próprios e àqueles com os quais convivem. Normalmente são pessoas consideradas problemáticas e de difícil convivência.
De forma geral esses transtornos:
- Afetam a organização cognitiva, produzindo uma percepção equivocada da existência e dos fatos;
- Comprometem a manifestação dos impulsos, fazendo com que seus portadores ajam de maneira desproporcional aos acontecimentos;
- Empobrecem as manifestações afetivas, com críticas e reservas excessivas;
- Incluem alto grau de ansiedade, traduzida em alguns casos pelo entusiasmo na autovalorização ou fanatismo.
No Transtorno Paranoide da Personalidade, por exemplo, o indivíduo crê que está sendo explorado ou prejudicado por outras pessoas, criando suspeitas injustificáveis em seu círculo de relacionamentos. Muitas vezes, por conta dessa desconfiança excessiva, prefere manter o afastamento social, o que é muito comum nos portadores de Transtorno Esquizóide de Personalidade. Somam-se os casos de Transtorno Histriônico, Explosivo, Anancástico, Antissocial, etc., cada qual com seus sintomas específicos muito bem catalogados pela psiquiatria.
Muito embora para as pessoas consideradas “normais” possa parecer distante a manifestação desses transtornos, convém recordar que “é muito diáfana a linha divisória entre a sanidade e o desequilíbrio mental” 2, porquanto a maioria de nós apresenta certos comportamentos em desequilíbrio, na condição de espíritos em processo de reparação e reabilitação com as Leis da Vida. Comprometidos que somos com o passado, trazemos sequelas impressas no períspirito, que se transferem para o corpo físico e que podem ressurgir na forma de transtornos de vária ordem, a depender da forma como conduzimos a existência.
Por mais que tenhamos avançado exteriormente, nas ciências, na cultura e na tecnologia, o avanço moral caminhou a passos lentos, e por conta desse descompasso, ao lado de tantas conquistas não raro nos deparamos com comportamentos “neuróticos”, demonstrando o quanto ainda temos que aprender na senda evolutiva.
Sem dúvida alguma, a Psicologia e a Psiquiatria avançaram muito nos diagnósticos e tratamentos disponíveis, proporcionando um ganho considerável de qualidade de vida aos portadores dos inúmeros transtornos catalogados pelas ciências. Mas quando se deseja a compreensão e cura completa do ser, o fator espiritual não pode ser negligenciado. Nesse aspecto, o Espiritismo acresceu um novo olhar à visão do ser e da saúde, e sem negligenciar ou negar as ocorrências de ordem psíquica e física, apresentou um importante componente: o espírito que somos, que tendo reencarnado em diversas etapas do desenvolvimento, traz consigo as marcas do que foi, além das probabilidades futuras do que pode vir a ser.
Além disso, apresenta-nos a obsessão como fator a ser avaliado de forma mais profunda pelos estudiosos da psique, pois na condição de portadores de mediunidade, em maior ou menor grau, nas variadas formas de intercâmbio com as entidades espirituais os transtornos podem ser intensificados, especialmente quando o ser em si não se encontra em estado de equilíbrio. Esse fenômeno dá-se, como recorda Joanna de Ângelis, porquanto há perfeita sintonia entre o agente da perturbação e o paciente, em decorrência da consciência de culpa no indivíduo gerador do transtorno.
Assim sendo, ao lado das terapêuticas médicas e psicológicas, importantíssimas à saúde e que não podem ser negligenciadas, a transformação moral do ser é de fundamental importância para alcançar a saúde integral. A ela aliam-se as ferramentas da oração, da meditação e da prática do bem, como remédios eficazes para almas enfermas, que de alguma forma somos todos. As pílulas médicas podem melhorar os sintomas físicos, mas não melhoram a pessoa, que precisa do esforço pessoal para tal. Mas se somos a causa dos transtornos, somos também a cura. Ao nos conscientizarmos da responsabilidade que temos em conduzir de forma consciente a evolução, e ao transformarmos para melhor nossa forma de ser e agir no mundo, renovando-nos moral e espiritualmente, certamente nos reequilibraremos com as divinas leis e reencontraremos a saúde: física, psíquica e espiritual.
1 Ballone, Geraldo. Psicopatologia e Psiquiatria Básicas
2 Nas Fronteiras da Loucura. Manoel P. de Miranda pelo médium Divaldo Franco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário