DAI A CÉSAR SERVINDO A DEUS
A máxima do “Dai a César o que é de César”, é um convite ao cumprimento zeloso de nossos deveres, incluindo as obrigações que temos perante as autoridades e a sociedade.
O verbo “dar” nos conduz à reflexão de Francisco de Assis: “é dando que se recebe”, indicando-nos a certeza da lei de causa e efeito, a qual estabelece que enfrentamos as consequências de nossa conduta, ou seja, colhemos o que plantamos. Mas o que estamos dando a César (instituições e autoridades constituídas)? Em outras palavras, de que modo agimos em relação aos órgãos estatais e pessoas que dirigem nossa sociedade? E também aqui, a colheita é resultado do que se planta.
Quando o que temos para dar a César é a fraude, como ocorre com a sonegação de impostos, comprometemos o funcionamento do Estado e a sua capacidade de suprir as necessidades sociais. Agindo assim, ainda “autorizamos” os agentes políticos a buscarem a vantagem indevida. Outra consequência é a atitude anti-caridosa de sobrecarregar aqueles que fazem sua parte, submetendo-os ao peso de sustentar a estrutura governamental.
Quando damos a indiferença a César, sem fiscalizarmos e acompanharmos a conduta dos agentes públicos, sem emitirmos opiniões ou oferecermos propostas, recebemos, pela lei do retorno, um Estado desorganizado e ineficiente. Atualmente é muito fácil participarmos de grupos sociais que contribuam para a organização estatal: sindicatos, associações de moradores, entidades filantrópicas como o Centro Espírita, que podem fazer parte de congressos ou conselhos, propor audiências públicas, fazer abaixo-assinado, realizar manifestações ou qualquer outra forma de não ser omisso.
Quando damos a César a crítica revoltada e infrutífera, criamos atritos e desentendimentos. Dessa forma, colaboramos para o distanciamento entre irmãos e a desarmonia social. Indignação sadia e desejo profundo de mudança podem ser vividos com diálogos sensatos e responsáveis, porém, a força capaz de transformações mais consistentes decorre de uma conduta digna, a exemplo do que fizeram Ghandi, Martin Luther King e o maior de todos os mestres: Jesus.
Alguns de nós oferecemos a César a ambição controladora, o apego ao poder, o desejo por facilidades e privilégios, movidos pela ânsia de satisfazer os impulsos materiais e egoístas. O resultado é a insatisfação generalizada, a rivalidade doentia, a possibilidade de traição e a descrença quanto à conduta dos dirigentes.
A Doutrina Espírita nos clareia as mentes para que possamos dar a César a nossa participação consciente e responsável (a começar pela escolha de nossos representantes). Também somos instados a realizar a fiscalização firme dos agentes públicos, a oração piedosa em favor dos escolhidos para ocuparem cargos de decisão e a cumprirmos fielmente os nossos compromissos cotidianos frente às organizações públicas. Dessa forma, será inevitável uma sociedade melhor para nós, pois quando agimos em favor de todos, estamos servindo a Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário