Estudando o Espiritismo

Observe os links ao lado. Eles podem ter artigos com o mesmo tema que você está pesquisando.

domingo, 10 de junho de 2012

Homossexualidade à luz da Doutrina Espírita


Homossexualidade à luz da Doutrina Espírita

1. Homossexualidade – Por que este assunto?
Por ser um assunto pouco compreendido de um ponto de vista moral: Ser gay é um defeito que deve ser corrigido? É uma virtude que deve ser incentivada? O gay é menos evoluído espiritualmente? Ser gay é uma provação para o Espírito? Uma obsessão espiritual? Pode ser revertido?
À luz da doutrina espírita, porque estaremos tomando o espiritismo como referência. Em O Livro dos Espíritos , como em nenhuma das obras básicas, encontramos alguma referência direta à questão homossexual. Provavelmente porque não era algo muito cogitado no tempo de Kardec, apesar de os relacionamentos homossexuais remontarem à Antiguidade, havendo referências ao assunto em escritos de grandes filósofos, como Platão. Mesmo assim, encontramos nas informações dos espíritos da codificação, revelações sobre a sexualidade humana que podem nos ajudar a constituir uma opinião “espírita” acerca deste tema, atualmente tão em voga.
Também nas obras complementares encontraremos esclarecimentos da espiritualidade sobre o assunto, aos quais recorremos para referendar posturas espíritas que poderemos adotar.
Não vamos nos deter nas explicações psicológicas, genéticas etc., por não ser o objetivo desta palestra. O que desejamos é refletir sobre como pode se posicionar o espírita diante do assunto. Por isso o nome HOMOSSEXUALIDADE À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA.

2. Vamos começar falando de sexo à luz do Espiritismo.
Quando abordamos este assunto, imediatamente nos remetemos à pergunta n.º 200 de O Livro dos Espíritos :

“Os Espíritos têm sexo? – Não como o entendeis, porque os sexos dependem da constituição orgânica. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos."

Muita gente entende a partir desta resposta que os Espíritos não têm sexo. Mas não é o que está expresso. A resposta é “não como o entendeis”, porque nós, encarnados, definimos os sexos a partir da “constituição orgânica”. E o Espíritos, não.
Pensemos o sexo como energia, que podemos chamar libido, que a própria psicologia define como sendo a energia utilizada não apenas na realização do ato sexual, mas em toda ação criadora.
Esta energia sexual, segundo o Espírito André Luiz, na obra Evolução em Dois Mundos, está presente em todos os reinos da natureza.

• Nos minerais manifesta-se como a força que sustenta o intercâmbio entre as cargas positivas e negativas do átomo;

• Nos vegetais já se manifesta como feminino e masculino;

• Nos animais apresenta-se como instinto, e como as primeiras nuances de sentimentos;

• Nos humanos o sentimento se fortalece e o instinto a ele se sujeita;

 Nos espíritos de luz é o sentimento do amor por excelência, sem a interferência dos instintos (como se o amor tivesse se tornado o instinto).

Em suma, a energia sexual ou força de amor é aquela que promove a união criativa entre pólos opostos de uma mesma realidade. O diagrama do Tai Chi, aqui ilustrado, é muito conveniente para explicar a relação entre os opostos. Significa que os contrários emergem um do outro. Como no diagrama, nós enquanto espíritos imortais, possuímos ambos os pólos sexuais, que são o feminino e o masculino. O equilíbrio consiste em manter esta harmonia de relação entre os contrários. No Taoísmo as polaridades são denominas Yin e Yang. No espiritismo, qualidades passivas e positivas. Uma prova disso é a frase de André Luiz, do livro “Ação e Reação”:

“(...) o sexo, na essência, é a soma das qualidades passivas ou positivas do campo mental do ser (...).”

Agora que já sabemos que do ponto de vista espiritual somos femininos e masculinos, podendo reencarnar como homens ou mulheres, segundo as necessidades de desenvolvimento, vamos compreender um pouco a sexualidade do ponto de vista da vida carnal.

3. Na dimensão da carne a sexualidade pode ser determinada:

• Pelo sexo biológico: Homens possuem o par de cromossomos XY que determina as características do sexo masculino; mulheres possuem o par de cromossomos XX que determina o fenótipo feminino.

• Pela orientação sexual: Uma duradoura atração emocional, romântica, afetivo-sexual. Atualmente três formas de atração afetivo-sexual são consideradas normais:

- A heterossexualidade – atração pelo sexo biológico oposto
- A homossexualidade – atração pelo mesmo sexo biológico
- A bissexualidade – atração por ambos os sexos biológicos

4. Falemos, então, da homossexualidade:
O adjetivo homossexual significa literalmente "mesmo sexo", sendo um híbrido formado a partir de Grego homo- (uma forma de homos "mesmo"), e "sexual" do latim medieval sexualis. Preferimos usar a palavra Homossexualidade no lugar de Homossexualismo porque o sufixo "ismo" é preferencialmente utilizado para referenciar posições filosóficas ou científicas sobre algo. Em alguns dicionários, o homossexualismo aparece definido por prática de atos homossexuais, enquanto o termo homossexualidade é aplicado a atração sentimental e sexual. A homossexualidade, como dissemos, é uma das variantes da sexualidade humana, cujo reconhecimento possui o seguinte histórico:

• Em 1869 foi criado o termo homossexualidade por um psiquiatra húngaro chamado Karoly Benkert; nesta época a Alemanha prendia como criminosos os homens que praticavam sexo com outros homens, mas Benkert argumentou que não era caso de prisão, e sim tratamento, pois se tratava de uma doença mental. Com o termo nasceu o seu oposto,heterossexualidade. Durante quase um século o estudo da homossexualidade foi efetivado dentro dos hospitais psiquiátricos e apenas com os estudos feitos com homossexuais estáveis e bem adaptados à sociedade é que se começou a pensar na possibilidade de não se tratar de uma doença;
• Em 1973 a Associação Americana de Psiquiatria deixou de catalogar a homossexualidade como doença, seguida em 1975 pela Associação de Psicologia Americana;
• Em 1993 a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da lista das doenças mentais;
• Em 1995, no Brasil, o Conselho Federal de Medicina deixou de reconhecer a homossexualidade como doença mental, mas manteve a definição de distúrbio psicológico e passível de tratamento psicoterápico;
• Em 1999 o Conselho Federal de Psicologia estabeleceu que a homossexualidade não pode ser vista como desordem psíquica e qualquer profissional que se proponha a curá-la está ferindo o Código de Ética dos Profissionais de Saúde.

Atualmente o CID – 10 estabelece que a orientação sexual, por si só, não pode ser considerada determinante de transtorno psíquico. Significa que, para todos os efeitos, segundo as leis que regem a atuação dos diversos profissionais de saúde, a HOMOSSEXUALIDADE NÃO É DOENÇA!

5. Mas, enfim, se não é doença, não é desvio, como se explica a homossexualidade?
A grande verdade é que, do ponto de vista científico, não existe uma explicação definitiva de porque alguns indivíduos sentirem atração afetivo-sexual por outros do mesmo sexo ou de ambos os sexos. O que a Ciência conseguiu identificar, até agora, é que o comportamento sexual sofre influência de fatores genéticos, educacionais, ambientais; mas nada conclusivo.
Como espíritas, porém, sabemos que a dificuldade explicativa da Ciência deve-se ao fato de não reconhecer a existência do Espírito. Como dissemos, a sede do sexo está no Espírito.
Mas, mesmo entre os espíritas, há muita dúvida sobre como se posicionar ante a questão da homossexualidade. É normal ou não? Esta é a pergunta central, que se encontra por detrás de outra, bem mais significativa do ponto de vista religioso:

É CONTRÁRIA ÀS LEIS DE DEUS?

Bem, vamos refletir um pouco sobre esta pergunta. Uma explicação espírita para a homossexualidade está nos casos de inversão. O que é isso?
Dissemos que a sede do sexo está no espírito, não por uma determinação biológica. Biologicamente, os espíritos não têm sexo, mas psicologicamente possuem os dois. A questão 202 de O Livro dos Espíritos afirma que os espíritos tanto podem encarnar homens como mulheres, dependendo da experiência que devem passar, do aprendizado que precisam adquirir. André Luiz, no livro Ação e Reação diz que é natural que o espírito acentuadamente masculino venha a reencarnar muitas vezes como homem, e o acentuadamente feminino frequentemente como mulher. Entretanto, pode acontecer uma inversão.
Ora, se por muitas encarnações um espírito vivenciou sua sexualidade como homem, envolvendo-se com mulheres, é compreensível que, mesmo reencarnando como mulher, ainda sinta atração sexual por mulheres. Vejamos a frase de André Luiz:

“Inúmeros espíritos encarnam em condições inversivas, seja no domínio de lides expiatórias ou em obediências a tarefas específicas, que exigem duras disciplinas por parte daqueles que as solicitam ou que as aceitam.”

Que duras disciplinas são estas às quais se refere André Luiz? Será que o homossexual deve abster-se de uma vida sexulamente ativa por ser a homossexualidade uma prática contrária às leis de Deus?
Chegamos ao clímax de nossa palestra! Prestemos atenção ao seguinte: ORIENTAÇÃO SEXUAL É DIFERENTE DE COMPORTAMENTO SEXUAL. Há na Bíblia uma frase fantástica, atribuída à Paulo de Tarso:

“Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.

 6. E o que nos convém sexualmente?
Diz Emmanuel, em Vida e Sexo:

“Não proibição, mas educação. Não abstinência imposta, mas emprego digno com devido respeito aos outros e a si mesmo (...).” 

O que nos convém é, portanto, um comportamento sexual saudável, seja qual for nossa orientação sexual.
Pedir a um homossexual que se abstenha é a mesma coisa que pedir a um heterossesexual. E a abstinência involuntária é porta aberta ao desequilíbrio, como na Idade Média, quando o sexo era sinônimo de pecado e somente devia ser praticado com fins procriativos. Quanto desequilíbrio custou esta visão distorcida do celibato! Quantas mulheres prostituídas, crianças vítimas de pedofilia, por conta de nossa ignorância acerca do sexo!
Meu irmãos, se o sexo é a união criativa, é força de equilíbrio, e detê-la é promover o desequilíbrio. Verdade que, quanto mais desmaterializado o ser, menos material será sua sexualidade, e menos polarizada. São os casos de Jesus, de Francisco de Assis. Não é que eles não tivessem energia sexual, mas neles ela foi sublimada, totalmente sutilizada. Porém é um processo evolutivo espontâneo, não imposto.
Mas, a relação sexual entre seres do mesmo sexo, não é contrária à Natureza? Os corpos masculino e feminino não foram feitos no modelo côncavo e convexo justamente para se completarem? E, uma vez que um casal homossexual não pode gerar filhos, qual o sentido de sua união?
O homem, diferentemente de outros animais, tem o poder de alterar a marcha da natureza. Muitas coisas não são ”naturais”, e isso não quer dizer que sejam ruins. Não podemos afirmar que a homossexualidade não seja natural, uma vez que existem relações homossexuais até mesmo entre animais, que são puramente instintivos. Mas a teoria dos corpos côncavo e convexo pode ser um desafio, se não prestarmos atenção ao fato de estarmos sempre extrapolando os limites de nossos corpos.
Nossos corpos não possuem asas e graças a Deus, Santos Dummont não pensou que, por causa disso, não deveríamos voar! Os corpos fazem parte do nosso Ser, mas somos mais que nossos corpos! Parafraseando o Cristo, em sua afirmativa sobre o dia de sábado, podemos dizer: O HOMEM NÃO FEITO PARA O CORPO, MAS O CORPO FOI FEITO PARA O HOMEM. Não é o nosso corpo que dita o que devemos fazer, mas nossa consciência. E a Lei que deve reger nossa consciência é: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.”
Quanto ao sexo para fins procriativos, há casais que não podem ter filhos, assim como os gays. Então, eles também devem abster-se da prática sexual? O sexo é uma troca de energias que, sob a força do amor, torna-se usina de renovação. Não é apenas para procriar que existe. Não somos apenas corpos, repito, mas também espíritos.
O espiritismo, sobre este assunto, se antecipou em anos à Medicina e ao Direito da atualidade, pois em 1963, no livro Sexo e Destino, do Espírito André Luiz, o benfeitor Félix já dizia:

“(...) no mundo porvindouro os irmãos reencarnados, tanto em condições normais, quanto em condições julgadas anormais segundo os valores da sociedade, serão tratados em pé de igualdade, no mesmo nível da dignidade humana (...)”

Esta, meus irmãos, é a marcha do progresso!
Muita paz!


Nenhum comentário:

Postar um comentário