Estudando o Espiritismo

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sábado, 12 de janeiro de 2019

Do egoísmo ao altruísmo

Do egoísmo ao altruísmo


São considerados flagelos da humanidade, já que não estão sujeitos à ação dos homens: terremotos, maremotos, atividades vulcânicas, períodos de seca, enchentes, nevascas, tornados, furacões e epidemias. Contra os mesmos, pouco ou nada se consegue fazer a fim de evitar que aconteçam. O que se consegue, pelo avanço da tecnologia, é prevenir a população para minimizar os efeitos.

Mas, infelizmente, há flagelos promovidos pelo próprio homem: fome, guerras, desastres ambientais, ignorância, miséria extrema, trabalho escravo, corrupção, entre outros, pois para estes, a lista é bem mais longa.

Por trás deles encontra-se o flagelo mais sutil de todos, no qual estes últimos têm sua origem, considerado como verdadeira chaga da humanidade: o egoísmo, que encontra-se infiltrado não somente no plano individual, mas também em famílias, classes sociais, associações, povos e nações.

O egoísmo tem sua origem no instinto de defesa, presente nos seres primitivos. Em todo ser humano ainda se encontram resquícios desse sentimento primário, cabendo a todos a tarefa de lapidá-lo para que se transforme no sentimento oposto – o altruísmo –, aplicando-se plenamente a regra áurea de Jesus: "Tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o assim também vós a eles, porque esta é a Lei e os Profetas" (Mateus 7:12).

Somente o egoísmo, individual e coletivo, de governantes e governados, é a resposta para perguntas tais como: por que tanta fartura em algumas regiões e tanta miséria em outras? Como explicar tanto conhecimento e cultura em alguns povos e tanta ignorância em outros? Como explicar tantos locais limpos e saudáveis, onde seus habitantes gozam de saúde e bem-estar, enquanto outros padecem em meio à total falta de recursos básicos de higiene e às doenças que delas decorrem?

Enquanto cada um estiver pensando somente em si mesmo, em suas necessidades e aspirações, tais desigualdades poderão perdurar por muito tempo. Em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XI), Blaise Pascal afirma que:

"O egoísmo é a negação da caridade. Ora, sem a caridade não há tranquilidade na vida social, e digo mais, não há segurança. Com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos dadas, essa vida será sempre uma corrida favorável ao mais esperto, uma luta de interesses."

Allan Kardec abordou essa questão com profundidade em O Livro dos Espíritos (questões 913 a 917) e também em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XI). Sobre essas elucidações é que baseamos nossas reflexões sobre o tema.

Os benfeitores espirituais são unânimes em afirmar que, de todos os vícios, o mais radical é o egoísmo e dele deriva todo o mal. Advertem que é contra essa chaga da humanidade que os homens devem dirigir suas forças e sua coragem, já que é preciso mais coragem para vencer a si mesmo do que para vencer os outros. Segundo Kardec: "Deus não criou o mal e todas as suas Leis conduzem ao bem".

Afirmam também que a Terra passará para um estágio mais elevado na categoria dos mundos apenas e tão somente quando o egoísmo tiver sido extirpado do coração de seus habitantes. Parece algo inatingível se considerarmos somente os aspectos da vida presente e os interesses materiais!

O egoísmo gera outros dois sentimentos perigosos: o orgulho e a vaidade. Na atualidade, não se exige do cristão que seja sacrificado nas fogueiras ou devorado pelas feras. O sacrifício maior está em nós mesmos e consiste no combate desses sentimentos. Sairemos vitoriosos se a caridade nos inspirar e uma fé sólida e esclarecida nos sustentar!

Já que o egoísmo está baseado em interesses pessoais de ordem material, parece quase impossível que ele venha um dia a ser eliminado do coração humano. Como isso se dará se até mesmo as instituições humanas alimentam e incentivam o comportamento egoísta? Essa foi a colocação de Kardec aos Benfeitores Espirituais e a resposta se encontra na questão 914, em O Livro dos Espíritos, que convém destacar, ler e refletir sempre: – À medida que os homens se esclarecem sobre as coisas espirituais dão menos valor às materiais; em seguida, é necessário reformar as instituições humanas, que as entretêm e excitam. Isso depende da educação.

Kardec, que também foi professor, conhecia com profundidade a delicada questão da educação, podendo falar com autoridade sobre o assunto. Assim, na questão 917 – "Qual é o meio de se destruir o egoísmo?" – baseado em sua própria experiência como educador, ele teceu os seguintes comentários:

"Não essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem. A educação, se for bem compreendida, será a chave do progresso moral, quando se conhecer a arte de manejar caráteres como se conhece a de manejar inteligências, poder-se-á endireitá-los, da mesma maneira como se endireitam plantas novas."

Falta ainda uma questão a ser resolvida: de que forma o Espiritismo poderá contribuir para a extinção do egoísmo no coração humano? A resposta foi dada por Fénelon, na mesma questão 917: "O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão que o Espiritismo vos dá quanto ao vosso estado futuro real e não desfigurado pelas ficções alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, as usanças e as relações sociais."

O sentimento oposto ao egoísmo é o altruísmo. Por ele, pensamos mais e agimos melhor em favor das necessidades de todos. E os outros, por sua vez, também fariam o mesmo por nós! A palavra altruísmo tem a sua origem no latim alter, que por sua vez deriva de alterum, costumeiramente abreviado para altrum que, em tradução livre para o português, significa o outro, ou seja, amor para com os outros. Uma pessoa altruísta é aquela que se dedica aos outros. O altruísmo também pode ser visto como sinônimo para solidariedade e filantropia. Quem criou o vocábulo, com o intuito de indicar atitudes opostas ao egoísmo, foi o filósofo francês Auguste Comte (1798-1857).

O aperfeiçoamento espiritual é conquistado mais facilmente com as experiências da vida física. A vida material, pela Sabedoria Divina, proporciona uma riqueza de diversidade de gostos, de tendências, de culturas e de costumes que nos auxiliam na prática constante da caridade, do respeito mútuo e da fraternidade. É nessa diversidade que está a beleza da vida no plano físico, proporcionando inúmeras oportunidades de aprendizado, mas apenas com sacrifícios e concessões mútuas será possível manter a harmonia e o bem comum!

O conhecimento e a prática das lições ensinadas por Jesus, sob a luz do Espiritismo, conduzirão à extinção do egoísmo. Segundo Fénelon: "O Espiritismo bem compreendido faz ver as coisas de tão alto que o sentimento de personalidade desaparece de alguma forma perante a imensidade. Ao destruir essa importância, ou pelo menos ao fazer ver a personalidade naquilo que de fato ela é, combate necessariamente o egoísmo".

Maroísa F. Pellegrini Baio

maroisafpb@gmail.com

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