Idéias Principais:
O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a conservação deles...
A inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade das circunstancias.
É lei da Natureza o instinto de conservação. Todos os seres vivos o possuem qualquer que seja o grau de sua inteligência.
O instinto de conservação é necessário porque todos têm que concorrer para o cumprimento dos desígnios da Providência. Por isso foi que Deus lhes deu a necessidade de viver.
Síntese do Assunto:
Em suas primeiras manifestações no plano físico, através das experiências sucessivas em organismos progressivamente mais complexos, o Espírito automatizou reações aos impulsos exteriores, gravando-as em seu perispírito, de modo a melhor adequar-se ao meio ambiente. Essas reações reflexas incorporaram-se, dessa maneira, ao patrimônio perispiritual do ser e se manifestam no vegetal, no animal e no homem através de atos espontâneos e involuntários, que têm, em geral, uma finalidade útil, tanto para o ser que os realiza, quanto para sua espécie. Podemos identificar esses atos no movimento da planta que se volta na direção dos raios solares, na arte com que a aranha tece sua teia para capturar os insetos de que se nutre, ou no ato da sucção através do qual o bebê se alimenta.
Esses atos inconscientes são o resultado, portanto, do mecanismo coordenado e cada vez mais complexo das ações reflexas, a que denominamos instintos. No vegetal, a estruturação desse mecanismo está em seus primórdios, no animal manifesta-se plenamente e no homem sofre a ação da inteligência, que lhe altera e aperfeiçoa as manifestações.
Podemos, assim, traçar uma demarcação bem nítida entre instinto e inteligência: “o instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a conservação deles”. Nos atos instintivos não há reflexão, nem combinação, nem premeditação. É assim que a planta procura o ar, se volta para a luz, dirige suas raízes para a água e para a terra nutriente; que a flor se abre e fecha alternativamente, conforme se lhe faz necessário. É pelo instinto que os animais são avisados do que lhes convém ou prejudica; que buscam conforme a estação, os climas propícios. No homem, só em começo da vida o instinto domina com exclusividade; é por instinto que a criança faz os primeiros movimentos, que toma o alimento, que grita para exprimir as suas necessidades, que imita o som da voz, que tanta falar e andar. No próprio adulto, certos atos são instintivos, tais como os movimentos espontâneos para evitar um risco, para fugir a um perigo, para manter o equilíbrio do corpo; tais ainda o piscar de pálpebras para moderar o brilho da luz, o abrir maquinal da boca para respirar, etc.
Já a inteligência “se revela por atos voluntários, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade das circunstancias”.
Todo ato maquinal é instintivo; o ato que denota reflexão, combinação, deliberação é inteligente. Um é livre, o outro não o é...
Um dos mais perfeitos atos instintivos é o de viver. O instinto de conservação é por isto mesmo, uma lei da Natureza. Todos os seres vivos o possuem qualquer que seja o grau de sua inteligência. Nuns, é puramente maquinal, raciocinado em outros.
O instinto de conservação é outorgado por Deus às suas criaturas, “porque todos têm que concorrer para o cumprimento dos desígnios da Providência; por isso foi que Deus lhes deu a necessidade de viver. Acresce que a vida é necessária ao aperfeiçoamento dos seres. Eles o sentem instintivamente, sem disso se aperceberem”.
O despertar da necessidade de viver tem por finalidade a manutenção da vida orgânica, necessária ao desenvolvimento físico e moral dos seres, bem como à realização das tarefas de colaboração com a obra divina que Deus, em sua Sabedoria, concedeu a cada um como oportunidade de crescimento para o Bem. O instinto de conservação, portanto, se constitui em mais um dos eficientes instrumentos naturais que cooperam em favor do mecanismo evolutivos dos seres da criação.
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