ESPIRITISMO: CIENCIA? FILOSOFIA OU RELIGIÃO?
Mas o que é o espiritismo? É ciência como querem alguns? É filosofia ou Religião?
Seu fundador codificou o espiritismo em cinco livros: O livro dos Espíritos (1857), O livro dos Médiuns(1859), O Evangelho Segundo o espiritismo (1863), O céu e o inferno (1865) e a Gênese (1863).
Sua origem data do século XIX, época em que o então professor e pedagogo Hippolyte Léon Denizard Rivail, adotando o pseudônimo de Allan Kardec, concentrou em cinco obras básicas ensinamentos colhidos a partir dos depoimentos de várias pessoas tidas como tendo a faculdade de se comunicar com os chamados “mortos” em vários países, os quais foram atribuídos aos espíritos superiores também denominados espíritos mais evoluídos.
O Espiritismo defende a interação incessante dos seres espirituais, os quais são denominados desencarnados na vida cotidiana e procura expor uma explicação racional comprovável por estudos científicos para diversos fenômenos paranormais, desde a existência e comunicação com os espíritos até a existência de Deus.
O termo espiritismo (do fr. “espiritisme”) surgiu como um neologismo, mais precisamente um “porte-manteau”, criado pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, sob o pseudônimo de “Allan Kardec”, para nomear especificamente o corpo de idéias por ele sistematizadas inicialmente em “O Livro dos Espíritos” (1857). Contudo, a utilização de raízes oriundas da língua viva para compor a palavra (“spirit”: espírito + “isme”: doutrina), que, se por um lado foi um expediente a que Kardec recorreu para facilitar a difusão do novo conjunto de idéias, por outro fez com que o termo fosse rapidamente incorporado ao uso cotidiano para designar tudo o que dizia respeito à comunicação com os espíritos. Assim, por espiritismo, muitos entendem hoje as várias doutrinas religiosas e/ou filosóficas que crêem na sobrevivência do espírito à morte do corpo, e, principalmente, na possibilidade de se comunicar ordinariamente com ele.
A base filosófica para o Espiritismo é o Livro dos Espíritos, o primeiro livro das obras básicas da doutrina dos espíritos. Neste livro, estão inseridas perguntas desenvolvidas por Kardec que teriam sido respondidas pelos espíritos em sessões mediúnicas com técnicas diversificadas de psicografia. Essas questões, numeradas de 1 a 1019, serviram como base para os demais livros.
Com a ajuda de teorias sobre o magnetismo oriundas da época da Revolução Francesa, foram desenvolvidas teorias para a causa dos efeitos paranormais que provocavam o movimento das mesas girantes.
A doutrina tem inspiração cristã, com base filosófica positivista, com concepções teológicas bem diferenciadas no que diz respeito à divindade, à humanidade, salvação, graça e destino. Um elemento fundamental é a crença na reencarnação.
O espiritismo, de um modo geral, fundamenta-se nos seguintes pontos:
o homem é um espírito temporariamente ligado a um corpo (para Kardek esta ligação é feita através de um interface que denomina de perispírito, um envoltório semimaterial que o vulgo denomina como “fantasma”);
a alma é o espírito enquanto se encontra ligado ao corpo;
o espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação, é imortal;
a reencarnação é o processo natural de aperfeiçoamento dos espíritos; o aperfeiçoamento, através das reencarnações (vidas sucessivas), está ligado a uma “Lei de Causa e Efeito”, segundo a qual recebemos na medida do que causamos (bondade e/ou maldade); os espíritos encarnados (“vivos”) e os espíritos desencarnados (“mortos”) podem se comunicar entre si através da mediunidade (em língua inglesa também “channeling”); a Terra não é o único planeta com vida inteligente (pluralidade dos mundos habitados)
1 – ORIGEM
1.1 – Primeiras observações
Os espíritas adotaram como oficial a data de 31 de março de 1848 como o início das manifestações espirituais mais difundidas ao ponto de merecer um estudo mais apurado. Entretanto, segundo a visão dos seguidores da doutrina espírita, fatos e acontecimentos envolvendo espíritos (personalidades sem corpos físicos) existem desde sempre.
Os espíritas citam como exemplo os comentários de Sócrates e Platão ao falarem sobre os “daimons”, os de Moisés, que proibiu as comunicações mediúnicas usadas para diversão, os de Jesus, que os disciplinou para o bem, e os contidos na obras da codificação espírita, organizadas por Allan Kardec.
Segundo os espíritas, as primeiras manifestações inteligentes aconteceram por meio de mesas se lavantando e batendo, com um dos pés, um número determinado de pancadas e respondendo desse modo sim ou não, segundo fora convencionado, a uma questão proposta. Kardec concluiu que não havia nada de convincente neste método para os céticos, porque se podia acreditar num efeito da eletricidade até então desconhecido pela ciência. Foram então utilizados métodos para se obter respostas mais desenvolvidas por meio das letras do alfabeto: o objeto móvel, batendo um número de vezes correspondente ao número de ordem de cada letra, chegava a formular palavras e frases respondendo às perguntas propostas. A precisão das respostas e sua correlação com a pergunta causaram espanto na época. O ser misterioso que assim respondia, quando interrogado sobre sua natureza, declarou que era um Espírito ou gênio, deu o seu nome e forneceu diversas informações a seu respeito.
HISTÓRIA
Os fenômenos mediúnicos são registrados em todas os lugares e épocas da História, desde a Antiguidade, sob diversas formas. Como exemplo refere-se: a prática ancestral de culto aos antepassados, venerando-os ou rendendo-lhes homenagens por meio de diversos rituais; na cultura judaico-cristã encontram-se registrados no Antigo Testamento, nomeadamente a proibição de Moisés à prática da “consulta aos mortos” (evidência da crença judaica nessa possibilidade, uma vez que não se proíbe aquilo que não é praticado) (argumentação espírita), e, no Novo Testamento, a comunicação de Jesus com Moisés e Elias no Monte Tabor (Mt, 17:1-9) (argumentação espírita).
Na cultura da Grécia Antiga, a crença em que as almas dos mortos habitavam o submundo e que era possível entrar em contacto com eles, cuja referência mais conhecida encontra-se na Odisséia. Ali Homero narra que Odisseu (Ulisses), rei de Ítaca realiza um ritual conforme indicações da feiticeira Circe, logrando conversar com as almas de sua mãe e dos seus companheiros, que haviam soçobrado durante a Guerra de Tróia. Em época posterior, registram-se os comentários de Platão sobre o “dáimon” ou gênio que acompanharia Sócrates.
Os povos Celtas acreditavam que os espíritos regressavam ao mundo dos vivos em certas ocasiões (“Samhain”), crença essa que se encontra na origem das populares festas de “halloween”.
na Idade Média, a persistência popular de crenças em superstições e amuletos para obter proteção.
Na Idade Moderna, as narrativas sobre fantasmas e assombração de locais, ilustrada, por exemplo, pela peça de teatro Hamlet, em que o dramaturgo inglês William Shakespeare apresenta o fantasma do rei assassinado demandando vingança ao protagonista, seu filho.
Os xamãs dos povos “primitivos” da Ásia e Oceania, também afirmam ter o dom de comunicação com o além. Entre a população nativa americana, apenas o xamã (feiticeiro) tinha o poder de comunicar com os deuses e espíritos, fazendo a mediação entre eles e os mortais. A principal função do xamã era a de assegurar a ajuda do mundo dos espíritos, incluindo o Espírito Supremo, para benefício da comunidade. Tal como os xamãs, os curandeiros na América Latina, são capazes de aceder ao mundo dos espíritos. A actuação a este nível, envolve não só o uso de orações, mas também a consulta de guias espirituais ou espíritos superiores.
Atualmente é comum adotar-se a data de 31 de março de 1848, início do fenômeno das Irmãs Fox, como marco inicial das modernas manifestações mediúnicas, quando se inicia uma fase de manifestações mais ostensivas e freqüentes do que jamais ocorrera, particularmente nos Estados Unidos da América e na Europa, o que levou muitos pesquisadores a se debruçarem sobre tais fenômenos.
Entre esses pesquisadores destacou-se o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, que mais tarde, sob o pseudônimo de Allan Kardec, com base em uma série de relatos psicografados, publicou O Livro dos Espíritos.
ESPIRITISMO KARDECISTA
Allan Kardec (1804-1869), o codificador da doutrina espírita.
A expressão, criada no Brasil, refere-se à Doutrina espírita, codificada por Allan Kardec e, assim como o neologismo “Kardecismo”, é vivamente repudiada por adeptos mais ortodoxos da doutrina[4].
As expressões nasceram da necessidade de alguns em distinguir o “Espiritismo” (como originalmente definido por Kardec) dos cultos afro-brasileiros, como a Umbanda. Estes últimos, discriminados e perseguidos em vários momentos da história recente do Brasil, passaram a se auto-intitular espíritas (em determinado momento com o apoio da Federação Espírita Brasileira), num anseio por legitimar e consolidar este movimento religioso, devido à proximidade existente entre certos conceitos e práticas destas doutrinas. Seguidores mais ortodoxos de Kardec, entretanto, não gostaram de ver a sua prática associada aos cultos afro-brasileiros, surgindo assim o termo “espírita kardecista” para distinguí-los dos que passaram a ser denominados como “espíritas umbandistas”.
Alguns adeptos de Kardec entendem que o espiritismo, como corpo doutrinário, é um só – aquele que foi codificado por Allan Kardec – o que tornaria redundante o uso do termo “espiritismo kardecista”. Assim, ao seguirem estritamente os ensinamentos codificados por Kardec nas obras básicas, sem a interferência de qualquer outra linha de pensamento que não tenha sido a codificada, ou ao menos prevista pelo mesmo, denominam-se simplesmente “espíritas”, sem o complemento “kardecista”. Em complemento, alegam que o espiritismo, em sua essência, não se liga à figura única de um homem, como ocorre com o cristianismo e o budismo, e a uma coletividade de espíritos que manifestaram através de diversos médiuns.
Históricamente, no Brasil, existiram ainda conflitos entre “kardecistas” e “roustainguistas”, consoante a admissão ou não dos postulados da obra “Os Quatro Evangelhos”, de Jean-Baptiste Roustaing, nomeadamente acerca da natureza do corpo de Jesus.
2 – PRECEITOS BÁSICOS
Segundo os espíritas, existem alguns preceitos básicos do espiritismo:
Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
O Universo é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais.
Além do mundo corporal, habitação dos Espíritos encarnados, que são os homens, existe o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados.
No Universo há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evolução: iguais, mais evoluídos e menos evoluídos que os humanos.
Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais.
O ser humano é um Espírito encarnado em um corpo material. O perispírito é o corpo semimaterial que une o Espírito ao corpo material.
Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e sobrevive a tudo. Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem, intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a atingir a perfeição, onde gozam de inalterável felicidade.
Os Espíritos preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada encarnação.
Os Espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio aprimoramento. Os Espíritos evoluem sempre. Em suas múltiplas existências corpóreas podem estacionar, mas nunca regridem. A rapidez do seu progresso intelectual e moral depende dos esforços que façam para chegar à perfeição.
Os Espíritos pertencem a diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado: Espíritos Puros, que atingiram a perfeição máxima; Bons Espíritos, nos quais o desejo do bem é o que predomina; Espíritos Imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pelo desejo do mal e pelas paixões inferiores.
As relações dos Espíritos com os homens são constantes e sempre existiram. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, sustentam-nos nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os imperfeitos nos induzem ao erro. O homem tem o livre-arbítrio para agir, mas responde pelas conseqüências de suas ações.
A vida futura reserva aos homens penas e gozos compatíveis com o procedimento de respeito ou não à Lei de Deus. A prece é um ato de adoração a Deus. Está na lei natural e é o resultado de um sentimento inato no homem, assim como é inata a idéia da existência do Criador. A prece torna melhor o homem.
3 – PRÁTICA ESPÍRITA
Para os espíritas existem alguns preceitos referentes à prática da doutrina:
1 – Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: Dai de graça o que de graça recebestes. A prática espírita é realizada com simplicidade, sem nenhum culto exterior, dentro do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.
2 – O Espiritismo não tem sacerdotes e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.
3 – O Espiritismo não impõe os seus princípios, expõe. Convida os interessados em conhecê-lo a submeterem os seus ensinos ao crivo da razão, antes de aceitá-los.
4 – A mediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou da diretriz doutrinária de vida que adotem.
5 – A prática mediúnica espírita só é aquela que é exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da moral cristã.
6 – O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor da pele, nacionalidade, crença, nível cultural ou social.
7 – Reconhece, ainda, que o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza.
4 – REUNIÕES E COMPORTAMENTOS EM REUNIÕES ESPÍRITAS
No mínimo um dia por semana, são realizadas reuniões abertas à comunidade em Centros Espíritas:
As reuniões são abertas para todos os interessados ou freqüentadores assíduos;
• Não são adotados símbolos, imagens, acessórios ou qualquer ritual típico de religiões dogmáticas; Os únicos ítens que são utilizados são um aparelho sonoro, onde é reproduzida uma música relaxante e lido um trecho do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”;
• Todos os participantes são orientados a ficar em silêncio ou falar em tom de voz moderado para que ocorra uma harmonização do ambiente. Uma reunião semanal é iniciada pontualmente:
• O representante da associação (em geral o Presidente) inicia com as boas vindas aos participantes, faz os comunicados de interesse dos associados e declara aberta a reunião com uma prece; Após a prece, um palestrante lê um trecho do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e faz uma breve explanação sobre o ponto abordado.
• Os frequentadores assistem a uma palestra proferida que tem como base os fundamentos doutrinários da doutrina espírita; Após a palestra, o médium ou dirigente experiente passa a atividade denominada por fluidoterapia ou tratamento através de fluidos ou passe para quem desejar.
• Os chamados médiuns tarefeiros da casa são convidados a aplicar passes através da imposição de mãos sobre a cabeça do assistido, em uma sala reservada para tal, seguindo uma voz de comando do orador que dita orientações de autocontrole pessoal, otimismo, entre outros. Segue então às vibrações coletivas, onde uma voz de comando pede aos participantes vibrarem ou terem bons pensamentos a favor de pessoas carentes, doentes, países em guerra, pelo planeta, pelos familiares, etc.;
• Ao final da reunião pública, os participantes são convidados ao se retirarem beber um copo de água ou chá que teria recebido um tratamento energético dos espíritos superiores (fluidoterapia);
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